sábado, 13 de junho de 2015

Um mercado cambial com tranquilidade - José Ribeiro


Luanda - A sexta reunião conjunta das Comissões Económica e para a Economia Real do Conselho de Ministros fez, na quinta-feira passada, uma das mais esperadas abordagens dos últimos tempos, nomeadamente sobre a situação do mercado cambial face à pressão crescente que se vinha assistindo e ainda continua a verificar-se.

Fonte: Jornal de Angola

A razão dessa expectativa não era para menos, tendo em conta os gritos de sufoco que fomos ouvindo, aqui e acolá, de vários operadores económicos, estes até com maior poder de intervenção financeira, e até mesmo de cidadãos a título individual, que passaram a encontrar dificuldades acrescidas no acesso às divisas para fazer face aos compromissos assumidos.

A verdade é que, na sequência da queda do preço do petróleo no mercado internacional, de cujas receitas o país depende largamente, várias medidas tiveram de ser tomadas para salvaguardar a estabilidade macroeconómica, de modo a permitir ao Estado enfrentar esse período menos bom com significativa margem de manobra para poder, então, sustentar no futuro próximo, com algum desafogo, os diferentes planos e programas de desenvolvimento traçados pelo Executivo.

Uma situação que não foi de modo nenhum exclusiva de Angola, pois outros países nas mesmas circunstâncias tiveram que encontrar medidas alternativas para evitar que as suas economias entrassem em colapso, porque afinal a queda dos preços do petróleo no mercado internacional vinha acompanhada de outros riscos de ordem política, económica e social.

A Rússia, o Brasil e a Venezuela são alguns dos países que tiveram de realinhar os seus programas económicos e rever em baixa os respectivos Orçamentos Gerais do Estado devido à baixa do preço do petróleo.

Entre nós, uma das consequências imediatas das medidas restritivas anunciadas pelo Executivo foi o défice de oferta de divisas nos bancos comerciais. Como resultado, e porque o fenómeno especulativo ainda marca a economia angolana, como de resto sucede com boa parte das economias emergentes, o dólar e outras divisas dispararam no mercado informal.

A um dado momento, pronunciamentos divergentes sobre a disponibilização de divisas aos bancos comerciais deixaram ainda mais baralhados os operadores económicos.

De modo que a notícia de que o Banco Nacional de Angola recebeu "carta branca" do Executivo para pôr em prática medidas necessárias a fim de reduzir a pressão no mercado cambial, é bem vinda porque encarada como o início de uma nova fase para relançar a actividade comercial, que, sem o pagamento atempado dos serviços prestados, perde o dinamismo de que o comércio sempre precisa para afirmar a sua vitalidade e impulsionar todo um conjunto de sectores que contribui para tornar qualquer economia próspera.

De facto, uma quebra de 30 por cento na venda de divisas aos bancos comerciais, que é, conforme disse o governador José Pedro de Morais, o que se verifica actualmente comparativamente ao período homólogo do ano passado, é uma cifra significativa se tivermos em conta que Angola ainda adquire no exterior uma boa parte dos bens e serviços de que a economia se serve.

A prudência com que as autoridades angolanas estão a enfrentar as dificuldades criadas com a baixa do preço do petróleo no mercado petrolífero internacional - ao contrário do que se pode supor e de conselhos às vezes debitados em público para que se faça recurso às reservas internacionais -, é a atitude mais apropriada ao momento e às circunstâncias. É no mesmo diapasão que alinharam muitas das economias dependentes das receitas de exportação de petróleo, e até mesmo aquelas que, sendo importadoras de crude, ainda assim não se deixaram levar pela baixa do preço do produto no mercado para oferecer ao consumidor gasolina ou gasóleo mais barato. E, agindo assim, fizeram economias para investir noutros programas ou para fazer face aos défices orçamentais, tendo em conta naturalmente os avisos pontuais do Fundo Monetário Internacional e o acompanhamento que fizeram sobre a possibilidade de concretização das suas próprias projecções internas.

Sem pôr em risco os fundamentos da política cambial, sabendo acautelar o que de mal foi feito no passado recente, porém sem excesso de zelo, vamos esperar que as novas medidas que o governador do BNA anunciou que deverão ser implementadas venham trazer a tranquilidade que se espera no mercado.

A situação e as perspectivas em relação ao mercado petrolífero continuam a aconselhar prudência e a pôr de lado optimismos, que podem vir a ser contrariados, de fixação do preço do crude entre 70 a 80 dólares por barril nos próximos meses e em 2016. Apesar das previsões da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que sexta-feira esteve reunida em Viena de Áustria, apontarem para um aumento na procura mundial de crude no segundo semestre deste ano, não é líquido que isso signifique também uma subida nos preços do "ouro negro".

A estratégia da Arábia Saudita e de alguns países da OPEP de expulsar do mercado produtores com custos maiores, recorrendo a uma maior oferta para obrigar as empresas de produção de petróleo e gás de xisto que surgiram nos Estados Unidos a desistirem, aliada ao regresso às exportações de países como a Líbia e o Iraque, indicia que a recuperação dos preços nos níveis atrás referidos pode não acontecer este ano.

O que é avisado é, por conseguinte, partir de uma base de análise assente em menor exposição, de médio a longo prazo, em que a diversificação da economia se apresenta como forte factor que vai contribuir para a estabilidade duradoura.

1 comentário:

Unknown disse...

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