Escrita por: Vladimir Guepatos
"Ex querido vovó Afonsinho, escrevo essa carta sentado no sofá da casa do meu pai, ele está bem ao meu lado sentado e segurando a droga do controlo remoto da Zap, trocando de canal a cada segundo, na esperança de ver-te como Presidente a empossar os governadores.
Ele deu ao vovô e a ex titia Ivone, muitos dias que respondessem as suas letters mas o vovô e nem a titia fizeram.
Ex vovô Afonsinho, desculpa por te chamar de tu, não sou mal educada mas a minha declaração de passagem da segunda classe não ensina como usar os pronomes pessoais. Sei que não é tua culpa mas acabaria por ser porque a má qualidade de ensino interessa a vocês políticos. Imagina se todos fosse logo assimilados depois da quarta classe? Seríamos todos políticos tal igual como vocês e os combatentes da fortuna.
Ex vovô Afonsinho, o vovô me desiludiu. Eu tenho apenas 7 anos mas percebi que o vovô está blefar. Meu pai também confirmou, ele diz que você anda a blefar desde 94.
Sei que o vovô vai responder essa cartinha, não coloquei teu endereço porque o vovô está sempre de cidade em cidade, blefando os que te elegeram enquanto esperas teu salário de líder da oposição entrar nos finais dos meses.
Ex vovô Afonsinho, eu por vezes falto à escola porque estou envergonhada. Como não devia estar?
Meu pai andou a cometer dívidas nas barracas próxima a minha escola, na esperança de paga-las com os 7 bi (milhões) do fundo distrital.
Os donos das barracas gritam sempre que chego a escola: 'Iwe filha de Guepatos, queremos nosso dinheiro. Se não um dia vamos te penhorar. A RENAMO não vai governar nunca, diz isso ao teu pai'
Sabes vovô Afonsinho, quando o vovô prometeu que íamos 'guvernar' nós ficamos 5 dias consecutivos com nossa mobília na porta da administração.
Eu sonhei todas as noites, com meu quarto cheio de bonecas de de Valentina e Maria Guebuza eu tirando olhos delas.
Meu pai me conta que sonha todos os dias em curtir no Coqueiro, outros dias no Monte Verde, pegar todas Mulatas da Manga, ele me pediu que não contasse nada a minha mãe mas eu contei.
Minha mãe não faria nada porque sabe o quanto sofreram, sabe que ele jamais o abandonaria. Quando meu pai foi 'Tulirwua' (obrigado a casar com minha mãe) ele tinha apenas um emprego, sabes qual era?
Não deixar minha mãe morrer a fome.
Os dois passaram por cada episódio, vendiam ovos de galinha cafrial no Xipamanine alegando ser das galinhas poedeiras híbridas sul-africanas.
Diziam que naquela altura ninguém alugava sua casa à um Chingondo (fazedores da guerra), não importava quantas notas com cara de Chissano você trouxesse.
Se alguém alugasse o secretário do bairro e o seu carrasco, o chefe do quarteirão arrombavam a casa, diziam sempre que não queriam Matsangas na sua jurisdição.
Uma vez arrombaram o cubículo dos meus cotas e pegaram também o dinheiro que meu pai e minha mãe guardavam no açucareiro, debaixo do açúcar. Era dinheiro das propinas, eram cerca de um milhão e quinhentos mil meticais (não te espantes, era da antiga família)
Ei! Ex vovô Afonsinho! Eu vejo o vovô triste, até mesmo quando sorri, quando dá risadas. Consigo ver na tua cara de primata não evoluído, bem no fundo você chorar.
A FRELIXO te deixa azedo nem?
Esses gajos são assim mesmo, agora andam a comprar votos influentes, muitos agora escrevem no Facebook 'Sou da FRELIMO graças a RENAMO' o fundador do Convergência Social também já é da FRELIXO.
Bem! Ex vovô Afonsinho, tchau até mais vezes e espero que retornes essa cartinha. Ficarei a tua espera."
PS: A carta foi escrita pela minha filha em seu caderno de exercícios, apenas fiz a transcrição e retificação de alguns erros, nada acrescentei.
Escrita pelo proprietário da verdade: Vladimir Guepatos
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