sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Em tempo útil

Em tempo útil
Um dos momentos mais emocionantes destas eleições (para mim) foi ver a esposa dum governador provincial a pedir o voto duma vendedeira de mercado. Fiquei eternecido ao ver isso. São muito raros os momentos quando se revertem os papéis e os poderosos precisam dos fracos. O momento foi simbólico, na verdade tão simbólico que acabou suscitando esta reflexão. Afinal, ao que tudo indica, a democracia tem futuro no nosso país. E, o que é mais importante ainda, ela pode servir de regulador da política. A campanha eleitoral está bem renhida e ao que tudo indica cada voto conta. Qualquer que seja o resultado, Moçambique não voltará a ser o mesmo país. O voto vai passar a contar não só durante as eleições como também longe delas. Esta constatação levanta três problemas que gostaria de reflectir e partilhar aqui.
O problema da nossa cultura política
Muitos de nós fomos socializados para pensar que tudo quanto anda mal, anda mal porque nós somos demasiado impotentes para influenciar as coisas. É assim que muitos ficam a mercê daqueles que sabem manipular as rédeas do poder para os seus fins pessoais. Fazem-no com recurso à ideia fantástica dum poder superior que se sobrepõe a tudo e funciona segundo regras próprias. Ministros não apresentam, nem defendem ideias próprias porque a sua missão é cumprir uma missão; juízes não julgam de acordo com a lei porque a sua missão é de julgar de acordo com a vontade desse poder superior; quase tudo e todos fazem sorna porque nada se pode fazer que não esteja de acordo com essa vontade.
Mas a imagem que evoquei da esposa do governador que vai pedir voto a uma vendedeira de mercado mostra justamente o contrário. Ela mostra que a nossa impotência é, no fundo, recusa de assumirmos a nossa cidadania. Ela mostra que a democracia nos deu um instrumento poderoso, nomeadamente o voto, que pode ser a nossa arma secreta nos nossos esforços em prol dum Moçambique melhor. Isto é particularmente pertinente para os partidos da oposição. É interessante notar que nenhum partido da oposição, desde que se abriram alas à democracia no país, tem mostrado interesse em articular a sua política por meio da organização de interesses sociais. Nunca houve, ao que tudo indica, nenhuma tentativa de abordar os vendedores de mercado (por exemplo), auscultar os seus problemas e integrar as suas preocupações na agenda política dos partidos políticos. Considero isto pertinente para os partidos da oposição porque eles, por razões eleitorais legítimas, apresentam-se como aqueles que vão mudar o país para o melhor porque falam em nome do povo. Uma mudança real implicaria em minha opinião não só falar em nome do povo – toda a gente pode fazer isso – mas sim deixar que o povo fale.
O problema da qualidade do debate público
Falta pouco para o dia da decisão e até aqui não houve um debate substancial dos assuntos. Com isto não quero sugerir a ideia de que nunca tenha havido debates substanciais. Os trabalhos do IESE sobre o padrão de acumulação ou sobre a protecção social têm constituído importantes contribuições para o debate de questões reais no nosso país. Curiosamente, nenhuma das questões levantadas nesses trabalhos tem encontrado eco no debate eleitoral. O maior interesse da dita classe pensante no país tem sido em torno de questões banais e óbvias como, por exemplo, se o presente duma associação industrial e comercial ao Chefe de Estado viola a lei da probidade – um dos maiores não-assuntos desta campanha – se multidões significam aderência – outro não-assunto – se os slógans eleitorais fazem sentido ou não, etc. Há até uma espécie de corrida de tartarugas para constatar a primeira “gaffe”, mais uma incongruência, outro exemplo de arrogância de quem está no poder ou de inexperiência de quem aspira ao poder. Esta corrida é protagonizada, sobretudo (pelo menos no Facebook), por pessoas que se consideram “independentes” e, em alguns casos, são simpatizantes alienados do partido no poder.
É uma postura que me incomoda bastante. Os partidos, no poder e na oposição, fazem o que devem fazer neste momento, nomeadamente dizer às pessoas para votarem neles. Se lhes for possível dizer isso sem terem de justificar porquê, tanto melhor para eles. A consequência, porém, é que o povo – em nome de quem todos eles falam – fica abandonado a si próprio. As vendedeiras de mercado têm apenas a sua experiência do quotidiano como base de decisão de voto. Fora disso, não têm mais nada. Os que deviam estar a discutir de que maneira a despartidarização do estado vai ajudar a melhorar as condições de trabalho e de vida das vendedeiras de mercado, porque a mudança na continuidade vai fazer isso ou como um Moçambique para todos vai lograr essa mudança estão entretidos a vasculhar entrevistas de generais na reforma à procura de ameaças à paz, a criticar o Notícias e a TVM pela sua parcialidade (e quase nunca reprovando o jornalismo ideológico e de muito má qualidade que alguma imprensa privada nos serve), a atacar o G-40 (como se os problemas do país decorressem todos da existência deste grupo e, ademais, como se a actuação desse grupo fosse fundamentalmente diferente da actuação do G-23 milhões menos 40 que também participa ideologicamente na política), a celebrar as auto-críticas que se fazem no interior do partido no poder (sem nunca levantar questões em torno dos processos internos dos partidos da oposição) e todo um rol de questões (questões estruturais que muito provavelmente estão acima da acção individual) que, no fundo, fazem parte da ementa de campanha dum partido na oposição. Dito doutro modo, o partido no poder faz campanha contra os seus adversários formais, nomeadamente os partidos de oposição, mas o seu adversário verdadeiro são os “independentes” e simpatizantes alienados que assumem uma postura algo estranha. Já vi alguns a desejarem sorte aos partidos como se o país não lhes dissesse respeito e como se o resultado destas eleições não fosse ter nenhumas consequências sobre a sua própria vida. Ao invés de promoverem uma melhor discussão dos assuntos passam a vida a atacar o partido no poder.
Mais estranho ainda é que muitos dos que se consideram independentes ou simpatizantes alienados têm muito a perder se o pior acontecer e houver uma mudança para o desconhecido. Uma mudança dessas pode colocar no poder pessoas que não vão atacar os problemas de fundo simplesmente porque não fazem ideia de como fazer isso e, pior ainda, porque ninguém lhes perguntou de tão entretidos que estávamos a discutir o Mercedes Benz oferecido ao Chefe de Estado. Espero não estar a ser obscuro. Não estou a dizer que se a oposição vencer as eleições estaremos mal. Essa seria uma posição fatalista que eu não partilho. Moçambique não vai deixar de existir só porque outras pessoas subiram ao poder. A vida pode ficar melhor, ou pior, mas o país (mesmo com a decisão da Renamo de declarar a independência duma região do país) vai continuar a existir. Estou a dizer que se houver mudança em Moçambique seria bom que ela fosse o resultado duma discussão mais substancial sobre o que aqueles que dizem que vão fazer melhor pretendem fazer. Essa é a maior incógnita do momento. Tanto quanto sei, a Renamo e o MDM apenas dizem que vão fazer melhor (o que do ponto de vista eleitoral é legítimo), mas o que significa isso concretamente? Porque é que aqueles que estão descontentes com a Frelimo não se preocupam em saber de que maneira é que a alternativa vai fazer melhor? A vendedeira de mercado agradeceria. Eu também.
O problema da mudança
A julgar pelo tom das discussões (pelo menos no Facebook) o país quer mudança. A questão, como em tudo o resto, porém, é de saber que tipo de mudança e quem vai trazer essa mudança. Parece que a mudança que o país quer é no sentido dum governo mais atento ao eleitorado, menos arrogante e mais respeitador da constituição num sentido lacto (respeito pelos órgãos e bens do Estado, respeito pela integridade profissional, respeito pelo direito que todos têm à riqueza nacional). A questão, mais uma vez e postas as coisas desta maneira, é quem pode garantir essa mudança. Não vejo, do ponto de vista lógico, nenhuma razão para pensar que o partido actualmente no poder não possa ser o agente dessa mudança. O argumento de não ter feito isso em mais de 30 anos no poder parece-me mais político do que lógico. Os problemas não foram sempre os mesmos e muitos foram nascendo à medida que outros eram resolvidos. Algum descontentamento em relação ao que anda mal pode ser, noutras perspectivas, manifestação dum aumento de expectativas que resultou de sucessos. Os cortes de energia eléctrica são um problema porque o acesso à energia deu às pessoas mais opções na organização da sua vida. Quando alguém diz que não se fez nada em 30 anos sem pensar nos contornos aqui mencionados está a fazer política e não o tipo de debate que poderia ajudar às vendedeiras de mercado. Isso é legítimo do ponto de vista eleitoral, mas pouco útil para os eleitores que precisam de melhor informação para votarem. Acima de tudo, não vejo porque esse partido não possa ser o agente dessa mudança porque, pelo que a imagem da esposa da governadora mostra, o potencial de cidadania está presente e pode ser convocado a participar nessa mudança.
A oposição não vai fazer estas mudanças que são necessárias só porque ela não é a Frelimo, não esteve no poder 30 anos ou porque diz que as vai fazer. É preciso que ela diga como vai fazer isso e seria bom que aqueles que estão descontentes com o estado actual das coisas também a interpelassem para que mais pessoas votem com conhecimento de causa. Em nenhuma das matérias que me parecem relevantes em relação à natureza da mudança vejo a oposição que temos hoje como sendo o melhor veículo dessa mudança. A Renamo já demonstrou a sua incapacidade de se governar a si própria (e seu desprezo pela ordem constitucional) e o MDM parece apenas um partido de protesto do que de acção. À volta desses partidos gravitam, do meu ponto de vista, os motivos mais ignóbis que existem na política, nomeadamente ressentimentos regionais e étnicos, fanatismo religioso (este último responsável pelo jornalismo ideológico e pouco respeitador dos órgãos do Estado de alguns sectores da imprensa privada favorável à oposição) e oportunismo político consubstanciado nas formas de recrutamento de militantes. É claro que qualquer um destes partidos pode nos surpreender e, contra toda a previsão, suplantar os seus próprios e fazer melhor. Mas seria bom que isso também fosse discutido ao invés de se assumir a posição intelectualmente preguiçosa de achar que tudo é melhor do que se tem agora.
De alguma maneira, o momento que o país atravessa recorda um pouco as peripécias históricas que envolveram o Império de Gaza. Ngungunyan perdeu a guerra com os Portugueses porque os seus vassalos pensaram que os portugueses fossem libertadores. Ele ainda os avisou a partir da embarcação que o levou ao exílio, mas a sua voz não se ouviu porque estavam todos a gritar de júbilo pelo facto de Mdungazi (o confusionista) ter sido vencido. A história, para perverter Hegel e Marx, repete-se primeiro como tragédia, depois como farsa.
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  • Mc Nota Passe "Ngungunyan perdeu a guerra com os Portugueses porque os seus vassalos pensaram que os portugueses fossem libertadores" sublinhei mais esta expressao...
  • Júlio Mutisse Afinal há quem concorde comigo nos muitos não assuntos promovidos a assunto basilar? Gosto.
  • Manuel J. P. Sumbana Welcome back, pal. Andamos muito renhidos aqui em casa. E nas vésperas do aniversário da paz...
  • Socrates Mayer De facto caro Macamo falta a cultura de debate político, a valorização do voto, por parte do cidadão e uma certa autonomia e desapego as entranhas dos superiores que funcionam como um remote que comanda toda estrutura governamental como se de sua propriedade privada se tratasse. Esta postura dos ministros obedientes e fiéis as vontades do expoente maximo denota a falta de cultura democrática, talvez em parte por desconhecimento da essência do processo democrático, da actividade política e de governação. E mais como assegurar um exercício democrático construtivo se os próprios actores políticos apenas preocupam-se com o dinheiro drenado pela comissão nacional de eleições e somente nesse período mostram alguma acção e depois caem numa enorme monotonia.
  • Augusto Junior Macucule Obrigado professor, por nos brindar “em tempo útil” com esta reflexão. Mostra-nos também, que com exemplos simples podemos reflectir com profundidade. Sou fã da Sociologia.
  • Guilherme Mussane Elísio, Há um dado curioso na sua breve observação sobre a nossa maneira de estar e analisar a politica. Citou o IESE como exemplo paradigmático de um debate verdeiramente intelectual, oportuno e necessário. O Centro de Estudos Africanos, nos tempos de Aquino de Brangança serviu de "pote" para muitas águas decisórias da nossa vida colectiva, em Moçambique. O CEA ainda existe e tem muitos investigadores. A minha pergunta é: por que é que não se pronunciam como instituição?
  • Adolfo Lourenco Tembe A reflrccao fo dr e boa mas tb contribuindo com o meu pensamento diria k concordo numa coisa de k a frelimo esta mais avancada do k os outros na experiencia governativa. Mas para o bem da democracia, do povo e da propria frelimo nos 3stamos a precisar de uma alternativa politica governativa. Com a frelimo na oposicao voltava mais fresquinha, menos arrogante, mais inclusivo. Aquela frelimo k nos conhev3mos e 75 mais comunicativa e pouco capturada pelos endinheirados. Seria uma frelimo mais renovada e seria bom para todo o povo. Nao sou favoravel a governos eternos .por mim nenhum paetido deve ter maioria absoluta para manientar o povo. Tenho as mesmas ideias do padre couto. Bao precisamos de maiorias retumbantes e isso e bom para o pvo. Quando conquistam as maiorias retumbantes faltam respeito aos outris. Do meu lado nao morro de amores com nenhum deles so kero ser bem governado com respeito.
  • Esnaldo Ernesto Magul O debate sobre o voto "consciente" do cidadão leva a varias reflexoes, e a mais preocupante é aquela em que o cidadao sente - se impontente para decidir a vida de uma naçao enorme optando por abster-se de votar.
    De facto a oposiçao está se esforçando e
    m enumerar os males do poder politico actual sem no entanto avançar com possiveis estrategias de soluçao.
    O processo de eleiçoes internas para indicaçao dos candidatos aos pleitos eleitorais demonstram quao " democraticos" sao, com candidatos apontados a dedo.
  • Lindo A. Mondlane nao se pode pedir mangas a laranjeira...o pais 'e, e nao havera milagres, no dia 16, ganhe quem ganhe nao mudara muito, requerira sim muito trabalho.. deveriamos baixar as espectativas...
  • Niz Combe Tambem estou feliz porque este pais esta amadurecer quer na qualidade dos partidos politicos como tambem na roptura tangivel que se verifica com aquele sentido de unidade nacional imposto pelo ideiais artificiais de nachingweia.hoje a frelimo tem que reconhecer que a sociedade mocambicana esta cada vez mais inimanipulavel e mais consciente tendo em conta que a hegemonia no terreno esta sorrir.e bom comecar por desintegrarem o orgulho frelimiano uma das categorias maleovola que levou o partido ao pricipio da ignorancia social.dissolver a camaradagem nas presidencias abertas.acabarem com o discurso de optimismo que nao transforma os probemas sociais isto se ganharem porque o passaro de agoiro esta ai...
  • Filipe Ribas Essa faltosa cultura política afasta o exercicio da cidadania. De modo que a democracia ou o sentimento de estar nela dura o tempo de uma campanha. Os partidos políticos, seja por razões logísticas, seja por impreparação, calam-se, deixam de existir, não têm militantes nem activistas. Este contacto com as vendedeiras os partidos não fazem senão em tempo de campanha eleitoral.
    De modo que intuo que muitos ou alguns não são, de facto, partidos políticos, mas corporações ou grupos que querem curtir o poder. O poder, tipo soba, régulo ou capataz.
    Nesse contexto, Elisio Macamo, é de se entender que a própria classe pensante funcione por indução e se demita de si própria. Tenho notado com alguma tristeza que os intelectuais perdem mais tempo em retórica em torno de irrelevâncias.
    Dito de outro modo, o que se discute são posições em relação a x ou y e não exactamente o conteúdo de um país possivel em face da nossa realidade.
    Ninguém consegue ver Moçambique, pensá-lo em função dos dados concretos que existem e propor algum modelo de governação, para que nós ignaros cidadãos façamos confrontação com as propostas dos partidos políticos. As nossas escolhas teriam um fundamento não tão dependente do panfleto.
    Sempre tenho tentado defender uma linguagem tão chã como a que dá forma ao teu post Amosse Macamo, mas muitos dos intervenientes acabam por resvalar para aquela tendência reprodutivo-citativa de teorias científicas, o que não prova aplicabilidade, nem visão de quem fala. Mas apenas que aprendeu isto mais aquilo.
    Por isso é que perdemos ricas oportunidades de partilhar conhecimentos e pontos de vista. O exemplo de uma discussão sobre as multidões de Dlakama e de Nyusi não só ridiculariza as pessoas, como tende a insinuar a existência de povos moçambicanos, pelo menos dois. O povo consciente e o povo curioso apenas. Cáspite!
    Ainda volto, é só o tempo de ir ao hospital...é hora mesmo
  • Alcídes André de Amaral Escrevi e publiquei por aí este post: "Ouvi e oiço por aí, nos diários da capanha que engoliram todos noticiários das Tvs e das Rádios, Nyusi, o candidato do partido FRELIMO e que almeja ser também um "Suas excelências Camarada Presidente da República Filipe Jacinto Nyusi" (forma de tratamento frelimiana), dizendo que o programa dele é de CONTINUAR com a expansão da corrente elétrica (também de estradas em Tete)! Mas amigos será que se for um outro candidato a ganhar _ um Simango, por exemplo _ vai destruir toda expansão feita até aqui e recomeçar uma nova eletrificação do país ou vai igualmante CONTINUAR? Será que se Nyusi perder vai, como castigo, destruir toda a eletrificação feita até agora de modo a que o vencedor presidencial recomece tudo novamente? Eu acho que Nyusi teria que mudar um pouco do seu discurso porque qualquer candidato, quem quer que seja, vai, querendo ou não, CONTINUAR a fazer o que ele diz que vai CONTINUAR a fazer!". Depois de ler este seu texto caro professor Elisio Macamo descobri que fui parcial _ talvez seja pela minha simpatia político-partidária. Aí eu criticava o discurso de Nyusi que diz querer continuar! Não sei se os outros candidatos, se sairem vencedores não poderam fazer também. Qualquer que seja iria continuar a fazer o que Nyusi diz querer continuar_ não teriam como fazer o contrário. Agora, depois seu texto descobri que também teria que criticar a ideia de mudança e questionar se Nyusi não faria uma mudança também (mas o discurso de Nyusi cinge-se em CONTINUAR seria uma continuação também uma mudança? Ou seria uma forma de mudar? estou dificuldade de pensar!). Mas a sua dica ficou: CONTINUAR ou MUDAR sempre devem ser acompanhados com a pergunta do cidadão: COMO O SENHOR CANDIDATO DO PARTIDO X, Y OU Z PENSA EM FAZER ISSO? Esta pergunta nos falta!
  • Raul Junior E, ainda quase que nos esquecemos que os Ecos dos comicios da oposicao sao em parte resultantes da intervencao do governo da Frelimo em infra-estruturas comunicacionais. Hoje, ha mais possibilidade de ver o que acontece em Angonia, Meluco, Chibabava, Moma, Gurue, Mabote, Machaze, Chibuto, Matutuine, Nipepe, em tempo real. Imagens da TV sao partilhadas em redes sociais. Os mocambicanos estao cada vez mais proximos. Os mocambicanos cada vez mais fiscalizam as actividades do governo, aumentam as suas espectativas. As resolucoes dos problemas, querem que sejam do tipo Aqui e Agora, Como exigem as mulheres. Nada de promessas para o futuro. Mas nao havera nenhum governo que nao vai prometer isto ou aquilo. Mesmo os que dizem que vao dar emprego a todos, esquecem-se de espreitar as estatisticas reais de cada ponto onde realizam as campanhas. como sao os niveis de escolaridade das pessoas que estao ai. Dizer que o governo da Frelimo nada fez, quando no bolso tem um telefone movel, tem uma ponte sobre o zambeze que permite a circulacao do milho que produz, tem escola onde prefere desencorajar o filho de ir aprender alegando que agora ja nao ensinam nada. Quer voltar a estudar no tempo colonial. Tem saudades de Dom Afonso, do Rio Tejo. Esta participacao, estas criticas resultam em parte da governacao da Frelimo. Temos que valorizar o governo que temos. Nao nego que haja outros partidos capazes. Mas negar que a Frelimo bateu-se duro nestes longos anos - com guerras reconhecidas e nao reconhecidas 'e complicado. Mesmo os mortos sabem que a Frelimo teve poucos anos de governacao sem guerra(?).
  • Elisio Macamo não sei, Guilherme Mussane, mas acho que também fazem bom trabalho. penso que o seu expoente máximo é o prof. carlos serra que tem uma obra extensa baseada em pesquisa. o problema talvez seja de tratarem de assuntos menos imediatamente relevantes para a política.
  • Elisio Macamo Adolfo Lourenco Tembe, não consigo ler o seu comentário. está cheio de gralhas.
  • Elisio Macamo sim, Filipe Ribas, esta postura intelectual incomoda bastante. o que mais me incomoda é a atitude de fingir que o resultado das eleições não lhes interessam. parece-me desonesto, sobretudo quando passam todo o tempo a atacar um dos contendores. isso irrita. mas pode ser falta de imaginação para abordar os assuntos. produzi descrições e análises dos manifestos aqui neste espaço, mas a discussão foi muito modesta. mas volta e meio estão a criticar a falta de conteúdo ou a desviar a nossa atenção para coisas supérfluas. bom tratamento.
  • Elisio Macamo é mesmo essa a questão, Alcídes André de Amaral. penso que numa altura em que algumas pessoas não acreditam que o actual governo seja capaz de mudar as coisas para o melhor, seria importante perceber como é que a oposição vai abordar os problemas. parece que a atitude de alguns é de dizer que tudo seja melhor do que o actual governo. parece-me pouco, ainda que aceite como legítima e soberana a decisão de votar sem conhecimento de causa.
  • Elisio Macamo sabe, Raul Junior, as pessoas têm vários motivos para fazerem o que fazem. nem todas elas precisam de fazer sentido. isso incomoda quando vem de gente que se considera intelectual. o que muita gente ainda precisa de aprender é que a aspiração por um futuro melhor é legítima, mas nunca pode ser à custa do que se tem. há muita gente que reclama de boca cheia e vai ser a primeira a choramingar se as suas expectativas forem goradas. daí que eu insista num debate mais substancial.
  • João Carlos Interessante. Aliás muito significativo. Este é o momento em que efectivamente o povo, o cidadão é soberano, e o político um mero e humilde servo. Essa é a grande lição a reter
  • Ofelia Da Silva Tomas Tudo que o Elísio diz cabe na história deste país e na cabeça de cada um de nós. Na verdade todos os candidatos não dão estratégia sobre como vão implementar o que dizem. Aliás, tudo o que dizem é mesmo politica e matéria para campanha. Depois de se ganhar tudo será diferente. Nenhum daqueles que vão aos mercados, andam a pé de porta a porta, abraçam e falam com todos os pobres que este país tem, somente para ter o voto só voltarão a percorrer os mesmos caminhos daqui há cinco anos e os jovens de hoje estarão velhos, e os velhos mais velhos e mais pobres. Nada vai mudar. Por isso mesmo, melhor é cada um votar em quem quiser, o que a cabeça mandar naquele momento e como quer no dia 15 de Outubro de 2014. Aliás, todos nascem como uma tábua rasa. Enfim, há muitos aspectos para discussão aqui, mas haja tempo par a esgrimir argumentos a favor ou contra. Mais importante neste momento é que vamos todos votar porque ...o TEU VOTO CONTA. Boa noite.
  • Manuel J. P. Sumbana Elísio Macamo, sorry pela entrada tardia. Estou ainda a digerir o teu longo texto e vou tentar reagir a ele. mas por enquanto vou apenas responder a apenas um aspecto que tens estado a insistir muito nele. Por agora, só vou responder aos teus dois últimos comentários a este post...

    Háalgum tempo tive a oportunidade de assistir a uma discussão entre um a migo meu, antigo combatente (que tem o ensino superior) com os seus dois filhos que estão a estudar na Universidade. Eles tentavam dar a entender ao pai que havia a possibilidade deles não votarem na Frelimo (penso que estava apenas a fazer "teasing" do velhote) nem no Nhusi porque achavam que o Partido no poder estava a governar mal. Na falta de argumentos, ele ia dizendo: acham que a oposição vai fazer melhor? Acham que se não fosse a Frelimo vocês estariam os dois a estudar na Universidade e teria todos os benefícios que têm? Vocês estão a falar assim porque têm a barrifga cheia. Imagino quando a oposição me retirar todas as regalias que a Frelimo me dá como antigo combatente a ver se não vão chorar...

    Na altura não intervim. Achei que era assunto entre pai e filhos. Mas assim que saímos com ele a acompanhar-me, perguntei-lhe se ele estava a falar a sério. Ele disse-me que sim.

    Perguntei-lhe porque é que ele se tinha juntado à luta armada. Ele respondeu-me que foi porque queria que os moçambicanos tomassem as rédeas do seu destino.

    A seguir perguntei-lhe se durante a luta armada ele tinha a certeza que após a independência as coisas seriam ou não melhores do que sob a dominação colonial. Ele respondeu-me que eles sabiam que governar é difícil mas que era melhor serem mal governados por moçambicanos.

    Perguntei-lhe se alguma vez o risco e ser mal governado pela FRELIMO alguma vez havia enfraquecido o seu vigor de lutar pela independência. Ele disse-me que não. Nunca.

    Aí rematei: porque é que os que estão fartos de nós devem preocupar-se com isso? Não achas que eles saberão lidar com isso melhor do que nós?

    Como resposta, coçou a cabeça e disse que ia pensar no assunto...

    Fomos beber um copo a barraca mais próxima da casa dele (pago por ele, claro!) e falamos alegremente de outras coisas.

    Com ele a pagar os copos não tenho pressa na resposta...
  • Elisio Macamo Manuel, vou jantar agora e pode demorar muito tempo porque estou com muitos amigos. o teu exemplo é muito bom, mas não é sobre o meu post. o meu argumento não é de que quem está farto da frelimo devia pensar no futuro. estar farto da frelimo é uma boa razão para não votar nela. mas o meu assunto é contra quem se considera pensante, independente e simpatizante da frelimo, mas farto, para incentivar uma discussão sobre a alternativa. Incomoda-me, por exemplo, que tu (e outros) estejas toda a hora a apontar os erros de uns e dessa maneira fazeres efectivamente campanha pelos outros. as questões que levantas são pertinentes, mas por honestidade intelectual elas devem prosseguir na reflexão sobre a alternativa. caso contrário estás a fazer campanha de forma camuflada e desonesta. estar insatisfeito é legítimo, mas daí a concluir que mais vale tudo menos estes parece-me incauto. lutar pela independência e lutar pelo voto numa eleição são coisas muito diferentes, se posso acrescentar isso. coloquei no meu post o sentido em que uma mudança faria sentido. discutamos quem reune condições para fazer essa mudança. pode ser a frelimo de nyusi, pode ser a oposição. mas discutamos isso, e não não-assuntos.
  • Manuel J. P. Sumbana E se por alguma razão eu não estar a ver no Nhusi um sinal de qualquer mudança do status quo? E seria legítimo dizer que tu estás a fazer a campanha a favor da Frelimo por te recusares a ver este ponto de vista, seria correcto?
  • Manuel J. P. Sumbana E acho chato ignorar o que o Padre Couto disse recentemente e outros históricos da Frelimo antes bem como intelectuais como Lourenço do Rosário... Não achas, Elísio?
  • Lazaro Mang Prof., não pude apreciar de forma exaustiva os manifestos dos três, mas mantive um breve contacto. Porém, não consegui notar elementos indicativos de mudança, apesar desta parecer o que mais se indica como desejo, pelo menos a nível dos discursos. Isto leva-me a questionar se é sobre a mudança que devemos discutir ou os problemas e a forma como cada partido se propõe abordá-los? saudações
  • Elisio Macamo Manuel, aquilo que eu considero errado na Frelimo exponho. Fiz isso quando discuti os manifestos dos partidos, fiz isso quando discuti o que achava que se devia perguntar aos candidatos presidenciais. As minhas cartas estão na mesa. O que me parece desonesto é estar constantemente a falar de não-assuntos, mas que só afectam um partido e não dizer nada sobre os outros. Se a mudança é necessária muito bem, mas pelo menos que se discuta se os outros vão ser capazes de a fazer. Infelizmente há muitos exemplos de "mudanças" que não levaram a lado nenhum (que os portugueses e espanhois o digam). Isso não foi por causa da incapacidade dos políticos, mas sim porque a análise da natureza do problema e do que tinha realmente que mudar foi mal feita. Não li a famosa entrevista do Padre Couto (se a tiveres peço que me envies), mas seja o que for que ele tiver dito vou avaliar segundo os seus méritos e não não segundo quem ele é. Eu aceito o jogo democrático e, portanto, aceito que os eleitores tomem a decisão que tomarem. Vou ficar decepcionado se a Frelimo não ganhar porque pela análise que faço (e que está aqui no meu mural) a oposição que temos não vai fazer essa mudança necessária. E a julgar pelo discurso regionalista e tribalista e pelo fervor religioso de alguns deles temo muito pela sorte dos seus adversários políticos (e tu estás nesse grupo). Mas é o que digo: vamos também discutir a oposição e os seus planos. É fácil andar a apontar os erros do governo (só erra quem faz) e imprudente não querer saber nada sobre a alternativa. Vamos prestar esse serviço a todos nós. Ninguém me pode acusar de representar mal as posições dos outros. Não é necessário porque uma discussão objectiva vai mostrar as fraquezas dessa alternativa que sem quer por default.
  • Elisio Macamo Caro Lazaro Mang, eu li bem os manifestos e apresentei-os aqui. Pode rever esses textos. Em termos de mensagem são impecáveis. A renamo aposta na despartidarização do estado enquanto o mdm é por um Moçambique para todos. São bons slogans eleitorais. A discussão que devemos fazer é se eles são a solução para os nossos problemas e de que maneira. Como se faz um Moçambique para todos? Como se despartidariza? De que maneira é que isso vai resolver o problema da habitação e emprego para jovens? A renamo diz que não vai exportar os recursos, que eles vão ser transformados aqui. Como? Vamos discutir isso também e não só o que os G-40 andam a dizer. Vamos deixar esse nível político e discutir questões. O objectivo não é de persuadirmos seja quem for, mas sim estarmos melhor informados e votarmos com conhecimento de causa.
  • João Barros De facto Professor, o que se vê e lê no facebook é de bradar os céus. E provém dos mesmos que se julgam mais informados e formados que fazem campanha para um dos três lados, na sua óptica, sem ninguém se aperceber. Mas, quem lê com atenção os posts, facilmente descobre a táctica. Faz dias que escrevi no seu mural que o perigo para Moçambique não são o G40 que já definiram a sua posição (assim como muitos de nós), mas sim estes chefes de campanha. Não discutem a essência? Sim! Porque estão em campanha - essa é a resposta que me aparece.
  • Manuel J. P. Sumbana Elisio, acho que estás a ser desonesto. Eu sou eleitor e pagador de impostos que quero contratar um governo. Eu trabalho como consultor (e uma das âreas e Procurement/Selecçâo de consultores) e quando me contratam é porque os meus empregadores têm um problema para resolver que nâo conseguem resolver por si próprio. E amiude nem sequer sâo capazes de descrever o que querem de mim de forma clara e concreta nos seus Termos de Referëncia. Eu sou obrigado a ajudá-los a definir comentando ou melhorando os seus termos de Referência.
    Mas por vezes eu posso apresentar uma proposta técnica 'bonita' (manifesto) e eu ser rejeitado porque nâo consegui mostrar que realizei trabalhos similares com sucesso. E se os outros concorrentes nâo apresentam propostas satisfatorias todos podem ser rejeitados e o concurso cancelado.. E a eleiçâo nâo pode ser cancelada por estas razoes e o juri (eleitores) nâo está satisfeito com a qualidade dos concorrentes.
    Náo será justo que o juri rejeite liminarmente (desqualifique) o que tem tido oportunidade de fazer trabalhos similares tem obtido resultados nâo satisfatorio e escolha o menos mau dos que restam na base do seu potencial apenas (embora com um risco calculado)?
    Acho que è grave que um governo que está a 40 anos no poder nâo possa apresentar um manifesto substjancialmente melhor do que os seus concorrentes que nunca governaram ou atê existem a muito poucos anos.
    Nâo acho aceitavei que um eleitor informado vote na base de 'better the devil I know than the one we don't'.
    É por isso que no procurement até existe uma modalidade chamada 'beauty contest' (passagem de modelos) que é usada em casos extremos em que se escolhe na base do potencial dos concorrentes quando o trabalho exige muita criatividade. E o debate entre candidatos que tens ajudado a inviabilizar é semelhante a este beauty contes, Elisio Macamo.
  • Manuel J. P. Sumbana E, voltando aos manifestos, pessoalmente acho-os todos péssimos e acho que deve ser por isso que ninguém os quer debater.
    Mas, o que mais me irritou foi alguém da Frelimo ter-me dito que guardou-se o manifesto em sigilo até as vesperas das eleiçôes por
    que já tiveram uma experiência de o manifesto ser plagiado pela concorrência. Isto, declarado por um G40, faz-me acreditar que este péssimo documento é produto dos nossos famosos experts o que penaliza os cerca de 4 milhôes de membros que só tiveram a chance de ler o manifesto ao mesmo tempo que todos nós eleitores.
    Portanto, Elisio, a Frelimo que é um grande partido (e até agora meu partido) tem estado a mostrar razôes para ser rejeitado. E acho que esta é a onda.
    Devo supor que agora passo a ser considerado propagandista da oposiçâo?
  • Ancha Joao Conglo Ancha #Elisio pude ler atentamente o teu discurso exaustivo e exacerbado. quero aqui concordar com alguns pontos que focaste no que concerne a mudanca do pais. eh verdade que estamos em tempo de campanha eleitor e cada partido tenta namorar o seu eleitorado. tenho acompanhado pela TV a campanha de ambos os partidos mas ha uma coisa, a oposicao (MDM) na optica tem apresentado um manifesto um tanto quanto banal, que eh obvio so fala das lacunas do partido no poder ao inves de apresentar-nos os seus pontos focais. e por um lado o partido no poder tem sido claro no seu manifesto. e por seu turno o maior partido da oposicao apresenta-nos um manifesto nao muito objectivo. isto tem suscitado algumas duvidas no tange a capacidade de governar dos candidatos em causa. o povo que sao as massas reclamam tanto da ma governacao do partido no poder, e pensam que este sera o momento opurtuno para a mudanca votando na oposicao. nao obstante pairam duvidas no ar: se a oposicao vencer nos pleitos, o pais pode assim como nao caminhar a um avanco ou a um verdadeiro recuo e a piores situcoes economicas politicas e sociais. sem nos esquecermos de que o partido no poder ja tem raizes profundas no que diz respeito a governacao.
  • Ermenegildo Silvestre Mathe Ilustre Elisio Macamo.

    Sorry to come letter. Mas perminta-se contribuir no seu post!


    Espero que tenhas sido consciêncioso quando tentaste falar dos supostos "feitos" da dita esposa do Governador, porque no não, sou levado a lamentar pela perda de um (bicho sabido que o senhor é) para as ratueiras da DEMAGOGIA política. Pois, a experiência prova-nos que o pacato cidadão (vendedeiras do mercado e os de outros quadrantes), são apenas vitimas desses larapios de VOTO que no fim do dia, levarão um aparato de segurança para fazer compras no mesmo mercado ou pior, vão importar produtos por causa do nojo que tem dos mercados e das vendedeiras!
    Quantas vezes figuras sonantes da nossa política estiveram frente a frente com o "povo" para pedir voto e no dia seguinte, mandar sair da estrada o chapa que transporta o dito amado povo só para dar passagem à essa tal senhora esposa do administrador para ir ao salão fazer manicure?

    Fora isso, acho bastante interessante o convinte a reflexão!

    Volto à comentar!
  • Messias Mahumane Viva Prof. Dr. Elisio Macamo! De facto estas eleições entrarão para a historia da democracia moçambicana, pela forma como foram organizadas, a forma como está sendo dirigida a cne, a força da nova lei eleitoral. vejo muitas iniciativas que antes não eram vistas,...a expurgacao de 6 concorrentes a PR também veio dar nova performance ao processo. Queria lembrar que na maioria das vezes que decorreram este tipo de eleições, apenas tívemos dois candidatos e isso não ajuda, nesse tipo de eleições, pois o mais votado é automaticamente o vencedor e é o que aconteceu. Desta vez podemos ter, pela primeira vez em Moçambique, uma segunda volta, que poderá marcar mais um momento de aprendizagem popular no aperfeiçoamento da democracia, apesar dos custos operacionais, isso porquê há um ligeiro equilíbrio na caça ao voto embora o merschindising de uns tenha mais qualidade e visibilidade que o dos outros. Na hora pode não ser determinante e forçar a 2a volta.

    Mas mais do que isso, devemos caminhar para termos um modelo de democracia que prevê a rotatividade de governação, mais ou menos a moda americana, não é fácil, reconheço. Aí os partidos da esquerda formam um bloco e os da direita outro bloco. Então o país passa a ser governado pelo bloco A ou B durante x mandatos.
    Vejo estas coligações mal ensaiadas aqui, que na verdade estão a tentar estimular algo semelhante, este que apoia, aquele. Mas um dia chegamos mais longe!
    Neste momento a espectativa é dia 15 onde tudo será motivo de festa como no fim de um jogo de futebol, alegria para uns é tristeza para outros mas o importante é conformar-se e reconhecer o resultado.
    Macamo, desculpa ter fugido um pouco da sua linha, quiz aproveitar a sua inquestionável audiência.
    Bem haja o Sr., pena o seu voto não poder ajudar a fazer a diferença, mas por está via ajuda as pessoas a terem consciência do voto.
  • João Barros Pessoalmente, acho péssima a comparação do procurement e o processo eleitoral. 1º se no procurement podem ser rejeitadas todas as propostas, neste processo tal não se pode observar, de todas as propostas tens de seleccionar itens de todas as propostas e forçosamente aceita-las (parlamento e assembleias provinciais e por péssimas que sejam não as podes rejeitar - portanto, uma amalgama) e, não podes rejeitar as três cotações (candidatos); no mínimo rejeitas um e voltas a avaliar os outras duas cotações - e estas não mudam! 2º enquanto dono do concurso não podes fazer claque ou demonstrar simpatia por um dos concorrentes - aqui podes, és livre, aliás, os selfies de uns e boas câmaras fotográficas de outros demonstram isso. 3º no procurement podes ter uma lista negra de concorrentes (a ANE, MOPH, MEducação entre outros têm muitas) mas, antes da sua elaboração faz-se um estudo cuidadoso das causas do mau desempenho anterior. É o ponto que falta em muitos de nós! Hoje, com justeza, falamos do My Love, mas muitos esquecem, outros nem sabem, que neste país já houve uma ROMON, ROMOS, ROMOC e ROMOZA. João Mosca (2005: 216-217), refere que o país chegou a ter perto de 40% da sua população em situação de refugiados e deslocados de guerra; entre 1980-1986 o PIB decresceu mais de 30%; a dívida externa aumentou em quase 500% entre 1994 e 1992; entre 1985-1993, 63% do IDE foi cancelado ou não se iniciou; foram destruídas 15% das barragens, 14% de pequenos sistemas de irrigação, 23% das lojas, 11% dos correios, 22% das administrações distritais, 40% das administrações municipais. O governo de Moçambique (1987) reconhece que os níveis de pobreza absoluta passaram de 15% em 1980, para 60% em 1995. Podia dar muitos exemplos que todos nós conhecemos mas inclino-me mais no do Minter (1998: 347) quando refere que os problemas enfrentados não estavam limitados, para além da falta de capacidade de gestão, apenas e particularmente à sua opção pela ideologia socialista; também eram resultado do conflito regional que fez com que o país ficasse sem disponibilidade de recursos do que por iniciativas específicas falhadas e (1998: 336) "com a guerra o impacto negativo de cada erro político foi multiplicado muitas vezes"; acrescento eu, que não foi apenas a guerra, houve muitas e outras causas que interagiram. Portanto, é necessário estudar e analisar o percurso do teu concorrente e não decidir pela sua exclusão pura e simplesmente. Neste procurement, basta reunires os requisitos para participares, a exclusão é feita com base nos mesmos e antes da selecção dos concorrentes finais, por mais que as propostas não sejam satisfatórias a abertura do concurso é inadiável e têm de ser seleccionados alguns. Continuemos!
  • Elisio Macamo por favor, Ermenegildo Silvestre Mathe, não volte a comentar antes de perceber do que se trata. veja o comentário do João Carlos para ter uma ideia do significado desse momento. não estamos aqui num ambiente de cinismo.
  • Elisio Macamo Manuel, eu retiro tudo quanto disse e congratulo-me por te ter encorajado a colocares as cartas na mesa. ainda não tinha percebido que tinhas feito a tua opção e isso é que me incomodava. esclarecido esse ponto faz sentido que não te interesse a discussão da alternativa. fair enough. não podemos discutir opções políticas. abraços
  • Elisio Macamo caro Messias, de facto esse é outro assunto. mas és bem-vindo para pregar aqui. a minha opinião sobre isso é que democracia consiste na existência da possibilidade de alternância. só isso. cada entidade política vai depois desenvolver a sua própria tradição.
  • Manuel J. P. Sumbana Penso que persistes no erro. Daqui a uma hora volto a ti. Vou almoçar. Mas entretanto podias ir-me esclarecendo se tu jâ fizeste a tua opçâo política e se já estás a promover a tua formaçâo nesta campanha.
  • Viriato Jose Manjate tenho lido com frequencia os suas exposicoes, elas me tem abrido a mente. Na minha opiniao a mudanca deste mocambique esta nas politicas de governacao e nao nas promessas. Quem quer governar bem deve elaborar ou conceber politicas que vao ao encontro das necessidades dos cidadaos mocambicanos e se constatar que tais politicas estao a falhar poder corrigir. A campanha eleitoral peca por nao oferecer formas praticas de operacionalizar os seus manifestos, passando a ser so fala-fala com discursos que ate arrepiam os mais atentos a forma como este pais esta a ser governado. um dos partidos fala em educacao gratuita ate a 12 classe num pais em que, nas grande cidades chega se a pagar 10000 mt no privado para uma crianca na 1 classe. Nenhum deles fala em limitar a actuacao dos privados no que concerne aos valores cobrados no ensino. Nenhum deles esboca estrategias para operacionalizar o sistema nacional de saude ou corrigir o que la anda mal.
  • Manuel J. P. Sumbana Elisio Macamo, no teu último comentário dirigido a mim está:

    "Manuel, eu retiro tudo quanto disse e congratulo-me por te ter encorajado a colocares as cartas na mesa. ainda não tinha percebido que tinhas feito a tua opção e isso é que me incomodava. e
    sclarecido esse ponto faz sentido que não te interesse a discussão da alternativa. fair enough. não podemos discutir opções políticas. abraços"

    Não percebi a que opção política te referes. Só daqui posso determinar se tenho mais a dizer. Podes clarificar?
  • Clayton Johnam Caro professor, o gesto de falar com vendedores de mercado em campanhas eleitorais e pedir o seu voto não começou com esposa do referido governador. Aliás, não sei com quem começou, mas os partidos e os políticos da oposição já o fizeram diversas vezes, Deviz Simango é um deles, neste e anteriores pleitos. A própria Frelimo também já o fez, e nas últimas eleições autárquicas o Ministro Pacheco e o antigo secretário do partido Frelimo, Paunde, usaram deste método para pedir voto. O que já é muito bom. Em relação a campanha que está a decorrer em Mocambique, lembra-me as ultimas eleições primárias disputadas em Portugal no PS (partido socialista) entre José António Seguro e António Costa alargadas a simpatizantes do partido, tendo este ultimo ganho folgadamente. O vencedor destas eleições, que muitos vaticinam ser o próximo primeiro ministro de Portugal, a braços com uma crise económica sem precedentes, não ganhou porque apresentou um melhor projecto ou alternativa ao então líder do Partido, que até tinha vencido 2 eleições (autárquicas e europeias), mas porque foi construída uma imagem dele como sendo capaz de alterar a rota da austeridade económica imposta pelo Governo do PSD por causa da Troika, mesmo sendo ele o número 2 do PS na altura de José Socrátes, que muitos consideram o principal responsável pela crise. As propostas em concreto de Costa para resolver o problema de Portugal até a data das eleições nunca foram conhecidas, mas ganhou folgadamente. No Brasil, as eleições acontecem amanhã, mas a Dilma e o PT são favoritos, apesar dos fortes escândalos de corrupção, criminalidade, política de saúde que ensombraram o governo, mas por causa da forte imagem de Lula associada sua boa governação e liderança no passado, o seu partido tem grandes chances de ganhar. Dei estes exemplos para dizer que em Moçambique o problema não será tanto pela discussão dos manifestos eleitorais e pela capacidade de um ou outro Partido vir melhor a governar o País, mas pela total desconstrução da imagem do Partido no poder alimentando pelo desejo de afasta-lo desse poder sem se olhar muito o que a oposição tem para oferecer como alternativa de governação, mas sim a imagem forte que foi construída em torno dos líderes desses partidos que é transmitida ao eleitorado para debelar um mal que muitos identificam como sendo a Frelimo. Este Partido esta a ser vítima dessa desconstrução, pelos erros que cometeu, mas também por esses erros estarem a ser associados ao facto de estar há muito tempo no poder que lhe criou vícios difíceis de combater. O professor tem muita razão quando diz que a discussão se devia centrar nas mudanças que realmente a tal oposição quer operar, mas não espere isso, pelo menos não aqui no facebook. Aliás, como disse o professor uma vez, é mais o coração do que propriamente a razão que dita o voto. Eu cá sinceramente, arrisco um palpite, a Frelimo vai ganhar, com alguma dificuldade, mas vai ganhar, apesar de toda esta luta para derrota-la, mesmo ter a certeza que o vai fazer, acredito que o Nyusi vai mudar alguma coisa, o discurso dele embora um tanto difuso apela para essa mudança. Uma coisa eh certa vai sofrer muito por causa dos interesses instalados, mas acredito que vai mudar e este é o melhor tempo para mudar a Frelimo por dentro. Eu acho que os resultados destas eleições vão trazer uma nova política para País.
  • Philip Bona Schaade, dass ich den Beitrag nicht verstehen kann (unser koloniales Erbe halt) Dennoch mit den vielen Kommentaren kann ich mir vorstellen, dass es sich um etwas interessantes handelt. Dir eine schöne Zeit in Westafrika.See Translation
  • Philip Bona Ok Ich habe die Übersetzung gelesen.See Translation
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  • Philip Bona sehr guter Beitrag zu Ihr Land - zum Nachdenken.See Translation
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  • Philip Bona Eine starke Botschaft und Analyse, die woanders in Afrika anwendbar ist.See Translation
    23 hrs · Like · 1
  • Elisio Macamo danke, Philip Bona! es wird in zwei Wochen gewählt und die Gemüter sind erhitzt. es geht mir gut in Dakar, danke!See Translation
    21 hrs · Like
  • Elisio Macamo perfeitamente de acordo consigo, Clayton Johnam, quanto ao desgaste da frelimo e quanto à importância da imagem. embora não haja muito interesse em relação à discussão das alternativas, acho que seria útil pelo menos ao nível dos intelectuais e académicos. e é isso que tentei fazer neste post e noutros. esses debates substanciais são importantes. fico triste quando vejo pessoas que podiam estimular esse debate a se deliciarem com fofoca e não-assuntos. reconheço que quem participa nisto ao nível político não tem necessariamente interesse. acho isso legítimo. já não acho legítimo que os intelectuais participem dessa maneira. e repare que não estou a dizer que o intelectual não deva ter preferências. eu tenho as minhas e são claramente a favor do partido no poder. creio, contudo, ter consefuido
    21 hrs · Like · 2
  • Elisio Macamo ... ter conseguido apresentar as questões de forma objectiva que permite a quem lê formar a sua opinião a favor ou contra. não faço o jogo baixo de estar constantemente a falar mal daqueles que eu não gostaria que ganhassem. quando o faço, fundamento e, por isso, dou aos leitores a possibilidade de concordarem ou não.
    20 hrs · Like · 1
  • Elisio Macamo Manuel, obrigado pelo envio das entrevistas. o que é que têm de extraordinário para eu comentar? achei a entrevista do padre couto banal e pouco elucidativa em relação ao partido frelimo. quando muito, revela que ele é membro dum partido que tem processos políticos internos dinâmicos. há conflitos, tensões, debates como devia haver num partido responsável e normal. o que seria interessante para mim era saber como são geridos os processos no dia a dia, isto é que uso os membros fazem dos estatutos para fazerem mudanças. como não sou membro (nem tenciono ser) não posso saber. a peça sobre a graça machel é uma reportagem mal feita. é difícil comentar isso. finalmente, e respondendo à tua questão, percebi que tu estavas a dizer que optaste pela oposição porque vês potencial nela. foi por isso que não vi necessidade de continuar com a discussão e achei que, nessas circunstâncias, seria incorrecto descrever as tuas intervenções como sendo desonestas. esclareça-me, por favor.
    20 hrs · Like
  • Manuel J. P. Sumbana Elisio, só agora pude ver este teu comentário. Já estou esclarecido sobre as tuas percepçôes. Vou responder-te ainda esta manhã.
    4 hrs · Edited · Like
  • Manuel J. P. Sumbana Elisio. A minha resposta é longa e nâo consigo inseri-la aqui. Embora tivesse intençáo tambêm de fazer isso posteriormente postei no meu mural pelas razões que explico. Mas como interessa-me debater aqui vou tentando inserir no teu mural. Estou online.
    3 hrs · Like
  • Manuel J. P. Sumbana No que concerne ao Padre Couto, que tambêm conheces desde os anos de Londres, aliou-se tambèm a oposiçâo?
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  • Julião João Cumbane Elisio Macamo (E.M.) tem uma grande capacidade de trazer para a nossa reflexão assuntos sérios sobre o nosso modo de ser e estar em Moçambique. Bem haja! A sua audiência é bem ampla e representativa dos diversos credos ideológicos. Bem haja, também! 

    No seu 'post' de 3 de Outubro (3/10) corrente (acima), E.M. conta que ficou enternecido ao "ver a esposa de um governador provincial a pedir voto duma vendedeira de mercado". Ele considera esta reversão de papéis—nomeadamente os poderosos fazerem pedidos aos fracos—como indicativo de que a democracia tem futuro em Moçambique, prenunciando que "o voto vai passar a contar não só durante as eleições como também longe delas". No entanto, segundo E.M., esta constatação levanta três problemas, nomeadamente (i) a nossa incúria política, (ii) fraca qualidade do nosso debate político e (iii) a falta de clareza na mudança que queremos ver operada na gestão do Estado e sobre quem pode operá-la. Estes problemas são reais e reconhecidos por nós. Vários comentários ao texto de E.M. atestam que todos estamos conscientes e reconhecemos que convivemos com estes problemas, mas pecam por não sugerir soluções. E.M. sugere que para superar estes problemas devemos (i) ter comunhão de propósito, (ii) estar atentos aos processos de governação e repudiar a hipocrisia, e (iii) interpelar os nossos representantes (governantes e deputados) regularmente e lhes exigir contas sobre a sua prestação. 

    Interpretei bem? Se sim, então vejo um problema. Não se pode ter comunhão de propósito enquanto se aceita a manipulação. O nosso Estado parece estar organizado de tal modo que a classe que se diz pensante não faz mais do que reproduzir o discurso dos representantes, cujos interesses hoje se sobrepõem aos interesses dos representados. A consequência disto que é todos acabamos querendo ser representantes. É isso que reduz o espaço de debate franco, aberto e profícuo em busca de soluções para os problemas que afligem o povo. Enquanto este estado de coisas continuar assim, a comunhão de propósito continuará uma utopia. E sem comunhão de propósito, o debate de ideias continuará pobre, tendencioso, viciado, em vez de pertinente e objectivo. E com isso, a democracia no nosso país será uma farsa. Para aprofundar a democracia, Moçambique precisa de uma classe média forte, comprometida com o desenvolvimento colectivo. Precisa de uma sociedade organizada por grupos de interesse social, onde se debatem assuntos e não pessoas ou partidos políticos. Tal sociedade é possível construir num espaço onde as pessoas rejeitam e penalizam a manipulação. O instrumento de que o povo se pode servir para forçar a construção de tal sociedade é o voto. Aquele mamã vendedeira do mercado que foi abordada pela esposa do governador a pedir o seu voto, referida pelo E. M., precisa de saber não só que o voto dela conta. Precisa igualmente de saber como e para quê o voto dela conta. Só quando ela perceber isso é que o voto dela será consciente, não emocional ou ideológico. Como fazer aquela mamã perceber isto? Eis a questão de fundo.

    Finalmente, não concordo com E.M. quando diz "achei a entrevista do padre couto banal e pouco elucidativa em relação ao partido Frelimo. Quando muito, revela que ele é membro dum partido que tem processos políticos internos dinâmicos. Há conflitos, tensões, debates como devia haver num partido responsável e normal". Temos que reconhecer que tanto a Renamo quanto o MDM têm militantes e simpatizantes que fazem parte do povo de que nós também somos parte. Para mim, ser militante ou simpatizante da Renamo ou do MDM é estar do lado errado, mas isso não significa não ser moçambicano. Julgo ser dessa porção do povo moçambicano que o Padre Couto fala na referida entrevista. Neste país há espaço para todos nós. Porém, eu não quero este país governado pela Renamo ou pelo MDM. Estes partidos têm pecados de que precisam livrar-se antes pensarem ascender ao poder. E isto não tem nada a ver com intolerância. Tem a ver com o potencial de retrocesso que a chegada ao poder de qualquer um destes partidos encerra, pelo menos por enquanto. É um erro pensar-se que a oposição que temos neste país constitui alternativa à Frelimo. Ao que tudo indica, a alternativa à Frelimo só poderá nascer da própria Frelimo. E isso parece não tão longe de ocorrer, a avaliar pelo curso do debate interno no seio da própria Frelimo. Há claramente uma bifurcação da linha ideológia da Frelimo que vai culminar com formação de uma nova força política, tal como aconteceu com o Partido Democrata nos Estados Unidos, com o ANC na África do Sul, e com a Renamo aqui entre nós. A entrevista do Padre Couto pode ser entendida nesta linha de pensamento.
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