Na liderança de uma das principais agências da União Europeia aconteceu um “roque” feminino. Em vez da baronesa britânica Catherine Ashton, a responsável pela política externa da UE será a italiana Mogherini, que já tem experiência em dirigir o Ministério das Relações Exteriores de seu país. E por isso pode-se esperar de Mogherini uma linha mais equilibrada e ponderada do que o de sua antecessora.
Segundo admitiu a própria Federica Mogherini, a prioridade-chave em seus esforços no novo cargo será a resolução da crise em torno da Ucrânia, inclusive através das relações no triângulo “Bruxelas-Kiev-Moscou”. Ela já prometeu “apoiar os esforços” de “estabelecimento ” de diálogo entre a Ucrânia e a Rússia. “A Itália assumiu essa obrigação”, e isso “será a minha principal tarefa pessoal”, frisou a Sra. Mogherini.
Este problema não será fácil de resolver. Demasiados problemas se “sobrepuseram” nos últimos meses sobre o problema ucraniano. E um deles é a “guerra de sanções”. Como se sabe, as sanções são mais fáceis de impor do que levantar, e por isso hoje a União Europeia continua refém de suas próprias decisões precipitadas e tendenciosas, em grande parte ditadas por Washington.
O caráter contraproducente, do ponto de vista político e econômico, das sanções é especialmente evidente para aqueles países que tradicionalmente desenvolvem relações mutuamente benéficas com a Rússia, inclusive para a Itália. Este país está atualmente ocupando a presidência rotativa da União Europeia, e foram justamente os dirigentes italianos que, nas últimas semanas, têm feito esforços consideráveis a fim de fazer sair as relações entre a Rússia e a UE do impasse de sanções. O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, durante a cúpula da UE que teve lugar na semana passada, levantou diretamente a questão do abrandamento imediato de sanções antirrussas. No entanto, a Polônia, a Suécia e os países bálticos se pronunciaram “contra”, e a decisão que parecia iminente não foi tomada.
Serão grandes as chances de que a Itália e os seus confederados na UE consigam vencer a resistência das forças antirrussas? A resposta a esta questão depende da influência desse campo. Segundo fontes em Bruxelas, nele, além da Itália, estão Finlândia, Áustria, Bulgária, Eslováquia, Grécia, Chipre, Luxemburgo. Vale a pena acrescentar aqui também a Hungria, bem como, talvez, mais alguns estados.
Falando das posições destes países dentro da UE, há que considerar não só a influência política, mas também a sua força econômica. Isso se aplica à capacidade de um país de não só conduzir uma política externa mais ativa e independente, mas também defender com mais determinação os seus próprios interesses econômicos, de reformar a economia nacional, disse em entrevista à Voz da Rússia o economista Yakov Mirkin.
As sanções antirrussas introduzidas pela União Europeia estão formalmente em vigor até 15 de março de 2015. Para levantá-las, ou pelo menos aliviá-las, é necessário que a UE reavalie seus próprios interesses. E aqui a política e a economia se interligam o mais estreitamente possível.
O fato de que as sanções podem levar muito, muito tempo a levantar é corroborado por um comunicado, divulgado recentemente pela mesma União Europeia, sobre o levantamento das sanções impostas contra o falecido ex-presidente da Sérvia e da Iugoslávia Slobodan Milosevic.
Milosevic foi afastado do poder em 2000 e morreu na cela de detenção do Tribunal de Haia em 2006. E todos os anos subsequentes as sanções introduzidas contra ele continuaram em vigor.
O que se pode dizer? A inércia nos corredores da UE em Bruxelas é muito forte. Só que quem paga por ela com perdas socioeconômicas reais são países específicos, já esgotados pela crise financeira “importada”, aliás, do mesmo ultramar...
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