quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Parlamento do Burkina Faso incendiado por manifestantes


População não aceita que o Presidente Compaore, há 27 anos no poder, mude a Constituição para permanecer no cargo.
A oposição pedira uma campanha de desobediência civil e uma marcha sobre o Parlamento. A população que esta quinta-feira saiu à rua em Ouagadougou, no Burkina Faso, foi mais longe e incendiou a Assembleia Nacional e tomou de assalto a televisão pública, rejeitando a alteração da Constituição que permitiria ao Presidente Blaise Compaore, no poder há 27 anos, a voltar a candidatar-se.
O Governo anunciou a anulação da votação do decreto que alterava a Constituição. Mas neste momento é incerto o que acontecerá a seguir.
Segundo o relato dos jornalistas da AFP no país, cerca de 1500 pessoas conseguiram romper o cordão de segurança em torno do Parlamento e, no interior do edifício, incendiaram computadores e mobiliário. O Parlamento está a arder.
Outro grupo de manifestantes entrou na sede da televisão pública, cujas emissões estão interrompidas. Não há, para já, notícia de uma intervenção em força da polícia ou do exército (as manifestações tinham sido autorizadas), mas as agências noticiosas dizem que morreu uma pessoa na capital.
Segundo os jornalistas no local citados pelo jornal Le Monde, já depois do anúncio de que a votação fora cancelada, a multidão dirigia-se para a zona dos ministérios e onde está a sede do Governo. Um helicóptero das forças de segurança lançava gás lacrimogéneo contra a multidão.
Blaise Compaore chegou ao poder em 1987 através de um golpe de Estado e, desde então, foi reeleito quatro vezes.
Desde o início da semana que dezenas de milhares de pessoas se manifestavam em Ouagadougou contra a decisão do Presidente que, no dia 21 de Outubro, anunciou pretender alterar o artigo 37 da Constituição que interdita Compaore a candidatar-se pela quinta vez. As forças de segurança lançaram gás lacrimogéneo contra os manifestantes, estes responderam lançando pedras e incendiando pneus e automóveis. O protesto agudizou na quinta-feira e as escolas, lojas e serviços públicos estão encerrados.
"Para a rua", gritou a população na quarta-feira, exigindo que Compaore não volte a ser candidato nas presidenciais de 2015.
"A minha preocupação não é o meu futuro, é o futuro deste país", disse o Presidente, citado pela BBC. Não se sabe, neste momento, que desfecho pode ter esta revolta popular que respondeu aos apelos dos líderes da oposição. Um deles, Bénéwendé Sankara, disse que o Presidente "deve tirar conclusões" do que se está a passar.

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