Os raptos e os raptores: Três boatos
Há três meses, uma amiga que vive fora do país, insistentemente me pede para fazer algum post falando dos raptos. Há um movimento unanime dos moçambicanos na repulsa dos raptos feitos, primeiro contra uma certa comunidade: os moça-asiáticos e depois, contra outras comunidades. De tudo, retenho-me nos três boatos que acompanharam o que ouvi dizer. O primeiro bo...ato diz que os raptores são comandados por alguma gang que está a cumprir uma pena maior por roubo de elevadas somas de dinheiro que resultou na falência de um banco nacional. Segundo esta versão, os ladrões ora presos deram o dinheiro a determinadas famílias ricas com ramificações na Arabia Saudita, Dubai, Qatar, Paquistão, India, só para citar alguns dos países mais sonantes, na promessa de que estas haviam de pagar com juro de 20%. Segundo dizem, uma vez presos, as famílias devedoras, não honraram compromisso. Assim, os raptos são uma forma que os donos do dinheiro obtido com tanto sacrifício encontraram para obrigar os devedores a serem cumpridores da palavra. O valor do resgate é consequência directa do somatório entre o que devem com as taxas de juro combinadas e, claro, com uma dose de vingança.
O segundo boato diz que, em face da situação de instabilidade crescente, resultante das divergências entre a Renamo e o Govern,o o executivo movimentou grande parte do efectivo policial e militar do Sul para a zona Centro do país. Existe uma franja de policiais descontentes por se terem deslocado para o Centro do país onde a vida se torna mais dura em relação ao que era no Sul e sobretudo nas duas cidades, Maputo e Matola. É este grupo de descontentes ligado à segurança do Estado que orquestra esquemas que culminam com o envolvimento de gangs que eles conhecem no sequestro de cidadãos que igualmente conhecem, pela vantagem que gozam de vasculhar a vida alheia em nome dos interesses do Estado. Assim, os raptos servem de pressão ao Governo de modo a devolver os policiais ora em Sofala aos seus lares e deixar livre a Renamo. Aqui, entram também motivações políticas e o G20 e os engomadores também se inseriam neste boato.
O terceiro boato – vou parar por aqui – diz que é uma organização que envolve os raptores e alguns funcionários bancários e de telefonia móvel. Os funcionários bancários ficam a sondar os dinheiros das contas alheias e identificam entre os depositantes, quais podem cair na fita. Normalmente, os depositantes de grandes somas de dinheiro possuem algum elemento de confiança junto do banco para evitar as bichas longas, estas reservadas para os pobres. À medida que a confiança cresce, os convites acompanham a amizade e assim, a rotina do depositante fica conhecida: familiares, endereços, local de emprego, cargos, etc. Seguidamente, os agentes bancários procuram contactar o gang de raptores, que eles próprios ajudaram a formar, para estudar em pormenor toda a vida da próxima vítima. Os funcionários das telefonias fixa e móvel escutam as conversas frequentes da futura vítima e estabelecem as interligações acabando por fornecer os contactos ao gang. Mas a sua missão não termina por ali, são eles que devem, logo que a missão estiver em acção, apagar todos os registos de contactos que possam levar à identificação do gang. Entra-se na perseguição que culmina com o rapto de uma das pessoas ligadas à família do depositante milionário. O agente bancário avisa qual deve ser o valor do resgate e como será a distribuição do fruto final, uma vez ter espreitado a conta da vitima e, provavelmente, das pessoas a ela associadas. E assim se executa o crime mais comovente de que há na memória dos crimes recentes da nossa pátria. Amiga, ainda bem que apenas são boatos!See more
Há três meses, uma amiga que vive fora do país, insistentemente me pede para fazer algum post falando dos raptos. Há um movimento unanime dos moçambicanos na repulsa dos raptos feitos, primeiro contra uma certa comunidade: os moça-asiáticos e depois, contra outras comunidades. De tudo, retenho-me nos três boatos que acompanharam o que ouvi dizer. O primeiro bo...ato diz que os raptores são comandados por alguma gang que está a cumprir uma pena maior por roubo de elevadas somas de dinheiro que resultou na falência de um banco nacional. Segundo esta versão, os ladrões ora presos deram o dinheiro a determinadas famílias ricas com ramificações na Arabia Saudita, Dubai, Qatar, Paquistão, India, só para citar alguns dos países mais sonantes, na promessa de que estas haviam de pagar com juro de 20%. Segundo dizem, uma vez presos, as famílias devedoras, não honraram compromisso. Assim, os raptos são uma forma que os donos do dinheiro obtido com tanto sacrifício encontraram para obrigar os devedores a serem cumpridores da palavra. O valor do resgate é consequência directa do somatório entre o que devem com as taxas de juro combinadas e, claro, com uma dose de vingança.
O segundo boato diz que, em face da situação de instabilidade crescente, resultante das divergências entre a Renamo e o Govern,o o executivo movimentou grande parte do efectivo policial e militar do Sul para a zona Centro do país. Existe uma franja de policiais descontentes por se terem deslocado para o Centro do país onde a vida se torna mais dura em relação ao que era no Sul e sobretudo nas duas cidades, Maputo e Matola. É este grupo de descontentes ligado à segurança do Estado que orquestra esquemas que culminam com o envolvimento de gangs que eles conhecem no sequestro de cidadãos que igualmente conhecem, pela vantagem que gozam de vasculhar a vida alheia em nome dos interesses do Estado. Assim, os raptos servem de pressão ao Governo de modo a devolver os policiais ora em Sofala aos seus lares e deixar livre a Renamo. Aqui, entram também motivações políticas e o G20 e os engomadores também se inseriam neste boato.
O terceiro boato – vou parar por aqui – diz que é uma organização que envolve os raptores e alguns funcionários bancários e de telefonia móvel. Os funcionários bancários ficam a sondar os dinheiros das contas alheias e identificam entre os depositantes, quais podem cair na fita. Normalmente, os depositantes de grandes somas de dinheiro possuem algum elemento de confiança junto do banco para evitar as bichas longas, estas reservadas para os pobres. À medida que a confiança cresce, os convites acompanham a amizade e assim, a rotina do depositante fica conhecida: familiares, endereços, local de emprego, cargos, etc. Seguidamente, os agentes bancários procuram contactar o gang de raptores, que eles próprios ajudaram a formar, para estudar em pormenor toda a vida da próxima vítima. Os funcionários das telefonias fixa e móvel escutam as conversas frequentes da futura vítima e estabelecem as interligações acabando por fornecer os contactos ao gang. Mas a sua missão não termina por ali, são eles que devem, logo que a missão estiver em acção, apagar todos os registos de contactos que possam levar à identificação do gang. Entra-se na perseguição que culmina com o rapto de uma das pessoas ligadas à família do depositante milionário. O agente bancário avisa qual deve ser o valor do resgate e como será a distribuição do fruto final, uma vez ter espreitado a conta da vitima e, provavelmente, das pessoas a ela associadas. E assim se executa o crime mais comovente de que há na memória dos crimes recentes da nossa pátria. Amiga, ainda bem que apenas são boatos!See more
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