Moçambique vive maior tensão desde fim de guerra civil em 1992
A pouco mais de um mês de eleições municipais, marcadas para 20 de novembro, Moçambique vive, além da crise econômica, seu maior momento de tensão política desde o final da guerra civil no país, em outubro de 1992, incluindo choques entre forças do governo e da oposição.
Antigo grupo militar rebelde e hoje maior força oposicionista, a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), que nunca abandonou totalmente as armas, acusa a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, no governo desde a independência de Portugal, em 1975) de desrespeitar a democratização do país.
A Renamo diz ainda que o governo partidariza instituições públicas, reprime meios independentes de comunicação e pouco faz contra a pobreza. Afirma defender a paz, mas admite o regresso à guerra como última opção.
A Frelimo, por seu lado, nega as acusações, critica a Renamo por incoerência e desafia o grupo a se desmilitarizar.
Os oposicionistas não participarão do pleito de novembro porque discordam da composição do Conselho Nacional de Eleições, órgão que supervisionará a votação.
Para os governistas, não há necessidade de mudanças no conselho eleitoral porque o atual modelo não põe em causa a transparência nos resultados --o MDM (Movimento Democrático de Moçambique), terceira força política do país, está no poder em dois municípios, alega o governo.
CONFLITO ARMADO
Em Maputo, a capital, vendedores de rua, taxistas, garçons, atendentes de lojas e desempregados viraram "analistas políticos". A maioria, porém, não sabe o que esperar das duas grandes forças políticas do país.
A população não esconde um certo nervosismo, principalmente devido ao conflito armado, em abril, entre membros da Renamo e da FIR (Forças de Intervenção Rápida), tropa de elite do governo, na região do Muxungué, no centro do país. Pelo menos cinco agentes da FIR morreram.
Em outubro de 2012, Afonso Dhlakama, líder da Renamo, abandonou Maputo, ao sul, e fixou residência na província de Sofala, também no centro de Moçambique, onde a Renamo concentra grande número de homens armados.
O deslocamento contribuiu para a incerteza política no país --especialmente porque o pequeno povoado de Sathundjira, onde o líder se instalou, abrigava a primeira base militar da Renamo, criada em 1980, durante a guerrilha.
As Forças Armadas aumentaram sua presença na região. A Renamo diz que Dhlakama está cercado por dois batalhões; o governo afirma que só cumpre a responsabilidade de garantir a segurança.
Para setores da sociedade moçambicana, um encontro entre o presidente do país, Armando Guebuza, e o líder da oposição melhoraria o clima político, mas essa possibilidade está longe de acontecer.
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JÚLIO CHITUNDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MAPUTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MAPUTO
A pouco mais de um mês de eleições municipais, marcadas para 20 de novembro, Moçambique vive, além da crise econômica, seu maior momento de tensão política desde o final da guerra civil no país, em outubro de 1992, incluindo choques entre forças do governo e da oposição.
Antigo grupo militar rebelde e hoje maior força oposicionista, a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), que nunca abandonou totalmente as armas, acusa a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, no governo desde a independência de Portugal, em 1975) de desrespeitar a democratização do país.
A Renamo diz ainda que o governo partidariza instituições públicas, reprime meios independentes de comunicação e pouco faz contra a pobreza. Afirma defender a paz, mas admite o regresso à guerra como última opção.
A Frelimo, por seu lado, nega as acusações, critica a Renamo por incoerência e desafia o grupo a se desmilitarizar.
Philippe Wojazer - 30.set.2013/Reuters | ||
O presidente moçambicano, Armando Guebuza (esq.), e o francês, François Hollande, em evento em Cherboug (França) |
Os oposicionistas não participarão do pleito de novembro porque discordam da composição do Conselho Nacional de Eleições, órgão que supervisionará a votação.
Para os governistas, não há necessidade de mudanças no conselho eleitoral porque o atual modelo não põe em causa a transparência nos resultados --o MDM (Movimento Democrático de Moçambique), terceira força política do país, está no poder em dois municípios, alega o governo.
CONFLITO ARMADO
Em Maputo, a capital, vendedores de rua, taxistas, garçons, atendentes de lojas e desempregados viraram "analistas políticos". A maioria, porém, não sabe o que esperar das duas grandes forças políticas do país.
A população não esconde um certo nervosismo, principalmente devido ao conflito armado, em abril, entre membros da Renamo e da FIR (Forças de Intervenção Rápida), tropa de elite do governo, na região do Muxungué, no centro do país. Pelo menos cinco agentes da FIR morreram.
Em outubro de 2012, Afonso Dhlakama, líder da Renamo, abandonou Maputo, ao sul, e fixou residência na província de Sofala, também no centro de Moçambique, onde a Renamo concentra grande número de homens armados.
O deslocamento contribuiu para a incerteza política no país --especialmente porque o pequeno povoado de Sathundjira, onde o líder se instalou, abrigava a primeira base militar da Renamo, criada em 1980, durante a guerrilha.
As Forças Armadas aumentaram sua presença na região. A Renamo diz que Dhlakama está cercado por dois batalhões; o governo afirma que só cumpre a responsabilidade de garantir a segurança.
Para setores da sociedade moçambicana, um encontro entre o presidente do país, Armando Guebuza, e o líder da oposição melhoraria o clima político, mas essa possibilidade está longe de acontecer.
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