O antigo presidente do PSD Marcelo Rebelo de Sousa considerou hoje que a vitória do independente Rui Moreira no Porto, como indicam as projecções já conhecidas, representa uma «grande derrota» para o líder social-democrata, Pedro Passos Coelho.
As projecções da RTP e SIC apontam para uma vitória da candidatura à Câmara do Porto de Rui Moreira e para uma renovação do mandato do socialista António Costa na Câmara de Lisboa.
Comentando estes dados no Jornal da Noite da TVI, Marcelo Rebelo de Sousa considerou tratar-se de «uma grande vitória» de Rui Moreira, mas também «inequivocamente uma grande vitória daquele sector do PSD, nomeadamente Rui Rio, que apoiou directa ou indirectamente Rui Moreira, e do CDS», que optou por apoiar a candidatura independente.
«E se for assim», acrescentou Rebelo de Sousa, está em causa «uma grande derrota de Pedro Passos Coelho».
Quanto ao candidato do PSD no Porto, Marcelo Rebelo de Sousa considera que Luís Filipe Menezes não sofreu uma «grande», mas «uma esmagadora derrota», referindo que o candidato do PSD pode perder duplamente nesta noite: «Se em Gaia [cujo município liderou durante quatro mandatos] acontece o PSD perder, isso significa que Menezes perdeu a influência que tinha em Gaia e perde fragorosamente no Porto».
Quanto a Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa classificou de «impressionante» a vitória do socialista António Costa, lembrando que caso o resultado seja superior a 44%, tal será «nunca visto» na capital, até porque o PCP e o Bloco de Esquerda «são muito fortes».
Quanto ao resultado de Fernando Seara, candidato do PSD e CDS-PP a Lisboa, caso se confirme um resultado entre os 23 e os 25%, «é uma coisa nunca vista», salientando que «ainda por cima é coligação», disse.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, o PSD «andou mal no começo e no fim do processo» eleitoral autárquico.
Desde logo, referiu o comentador político, Jorge Moreira da Silva (actual ministro do Ambiente) «não tinha grande experiência» na gestão eleitoral autárquica e «houve erros de condução que permitiram o aparecimento de listas independentes, houve uma falta de autoridade, por um lado, e uma falta de percepção de pessoas e de acontecimentos em vários pontos do país».
Na opinião de Marcelo Rebelo de Sousa, problemas causados por um «erro de base: Miguel Relvas devia ter ficado no partido e não ter ido para o Governo».
Por outro lado, acrescentou, o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, cometeu «erros na ponta final da campanha», ao transformar as eleições, sobretudo nos grandes centros urbanos, em eleições nacionais, com «um ziguezague no discurso permanente, quando colocou na ordem do dia os cortes nos pensionistas e o segundo resgate, e ora disse que não havia leituras nacionais ora disse que havia leituras nacionais».
«Isso, nas últimas duas, três semanas, constituiu um factor muito negativo num processo que nasceu mal e que terminou menos bem», afirmou, pouco antes das 22:00, quando ainda faltava apurar os resultados de cerca de dois terços das freguesias.
Sobre os resultados nacionais, Rebelo de Sousa afirmou que Passos Coelho «perdeu» de acordo com qualquer dos critérios de aferição de vitória nas eleições autárquicas – segundo o PS, ganha quem tem mais votos, enquanto para o PSD o partido vencedor é o que conquista mais câmaras.
«O Governo começa a segunda fase do seu mandato mais fraco», sublinhou o comentador, para quem os resultados representam «uma vitória de António José Seguro».
Também na TVI, o eurodeputado Paulo Rangel disse que o resultado no Porto «confirma uma derrota grande para o PSD», com leituras nacionais «para todo o partido e também para o Governo», mas que, na sua opinião, «não põem em causa a liderança de Passos Coelho».
«Uma leitura nacional tem de ser feita, no sentido de pensar o que se pode corrigir na actuação e na comunicação do Governo», defendeu Paulo Rangel, que disputou a liderança do PSD com Pedro Passos Coelho.
Paulo Rangel considerou que os sociais-democratas devem «reflectir» sobre como fizeram «a escolha dos candidatos na segunda e nas terceira cidades». Já em Lisboa, «a escolha não foi a melhor», embora admitindo que fosse difícil ganhar a câmara da capital a António Costa.
O vice-presidente do CDS-PP Nuno Melo, afirmou que com a vitória de Rui Moreira no Porto, o partido é «também vitorioso», mas escusou-se a comentar a derrota do candidato do PSD naquela cidade.
Diário Digital com Lusa
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