Depois de uma habitual literatura semanal sobre o que os escribas, depois de um “aturado trabalho e escolha”, decidem dar a conhecer aos leitores pátrios e não só, entre informação propriamente dita e a recorrente desinformação, cujo os mentores e acólitos, à medida que o tempo passa, parecem à rasca, três pontos chamaram a minha atenção e sobre eles decidi tecer e partilhar este escrito, falo: i) da “assunção” do activismo político-partidário, descarado e à luz do dia, de alguns órgãos de informação, pretensiosamente “apolíticos”, ii) a falsidade de fontes e, iii) a utopia jornalística.
Falara em tempos poucos idos de uma ideia que parece estar a ser criada e a enraizar-se entre nós, em que alguma imprensa estabelecida no nosso solo pátrio, com dizeres de moçambicanidade, parece tudo, todavia, menos pátria. Nessa altura, o termo usado para abordar tal fenómeno foi o de “expatriado”, termo que não foi bem recebido e compreendido nas hostes visadas, que se viram na obrigação de criar antíteses, o que é perfeitamente normal num mundo democrático e em que a liberdade de expressão é uma certeza, como é o nosso país. Todavia, no lugar de ver vertidos argumentos e, ou acções contrários ao “expatriotismo”, assistiram-se e assistem-se a actos que parecem obrigar a corroboração da referida tese, pois, contrariamente ao dever de prestar informação imparcial, factual e observadora de importantes princípios jurídicos, v.g. o da presunção de inocência, o bom nome; alertar e exortar, quer parecer que de facto algumas redacções se transformaram em importantes centros e instrumentos de mobilização e propaganda, onde descaradamente se ataca, errada e, ou falaciosamente, o partido FRELIMO, seus dirigentes e membros, diabolizando-os inclusive.
Exemplo disso, ainda que abstraído de qualquer requiem sobre as técnicas de presunção, em respeito à presunção de inocência, foi ver em “bom plano”, num recorrente jornal “expatriado”, uma notícia sobre a existência de uma tentadora verba pública, que alegadamente serviria para silenciar esse mesmo jornal e outros mais, “alguns”, que consigo parecem pregar a mesma “torpe” missa, procurando por via desse artigo, num quase editorial secundário, há todo o custo, limpar uma imagem já desgastada pelos mesmo, bem como o de clamar razão e licitude à favor da RENAMO e do seu líder (real vivente da liberdade de circulação e fixação), mesmo quando das acções deste partido, à margem da Lei, resultam o ceifar de vidas a civis e militares, portanto atentando contra o próprio povo e o Estado que pretensamente querem informar e servir, não interessando a esses escribas de outra “pátria” refutar e, ou condenar, por exemplo, a militância armada que é contrária a Constituição pátria vigente! Caso para perguntar, de que país sois, e que Constituição vos guia?
O mesmo “expat” (terminologia inglesa de expatriado), perde-se pelo meio, numa incursão a vida interna da FRELIMO, substituindo-se aos militantes, elegendo o assunto sucessão como um dos problemas que o aflige, denunciando, mais uma vez, o seu real interesse político, abrindo, quiçá, espaço para que se possa concluir que para além de uma actividade parapolítica, paire sobre o mesmo uma indefinição ideológica, vendo-se ao de longe, quiçá, alguma promiscuidade política, pela ausência de clareza da vertebra ideológica do “expat”, que no decurso do referido escrito, na continuidade da operação “lavagem de imagem”, procura ainda santificar instituições e seus dirigentes, cujo objecto a que se propõe seguir, de promoção e defesa de direitos…, parece estar ter substituído pela política activa (o que leva a propor que alguns actores sociais ganhem coragem e transformem as suas organizações em partidos políticos e que os pseudo independentes assumam as suas cores partidárias, no lugar de sermos surpreendidos em épocas eleitorais). Ainda nessa variedade informativa, em que a lógica parece perder-se amiúde, faz-se um encosto ao sindicato da área, alegadamente porque nada faz em defesa dos “expats”, o que não deixa de propor indagação, também, sobre se o mesmo sindicato não deve reagir ao activismo político partidário que se verifica em “certas redacções”?
Por outra banda, com o devido rigor, a militância redaccional não deixa de transpirar uma afronta ao povo moçambicano, que dentro da sua consciência escolheu aqueles que julgou capazes de liderar os seus destinos, o que avulta ainda mais a crença de que quem não respeita a vontade do seu povo e procura, ilegitimamente, substitui-se a ele, parecerá mais “expatriado” do que outra coisa.
Sobre as fontes de informação, onde reina o dever ou mandarão as regras do jornalismo que qualquer notícia a ser prestada tenha que ter por base uma fonte, tal como acontece com os escritos em que o rigor é uma premissa, existe a obrigatoriedade de se fazer referência a uma ou várias fontes, grosso modo no que diz respeito a proveniência da informação, ainda que tal fonte não tenha de ser descrita ao detalhe, isto é, que se mantenha no anonimato. Todavia, tal parece não acontecer algumas vezes no que se escreve, pois mais parece que o escriba encena um diálogo consigo mesmo e refugia-se na tese do anonimato, portanto furtando-se das técnicas de recolha e filtração de dados, para emitir sua opinião e acentuar a desinformação!
Para me fazer cumpridor da ideia da pontualidade, resta abordar a ponto sobre a “utopia jornalística”, recordando que não sendo objecto deste escrito, nem de qualquer outra acção, coarctar qualquer direito de formular e difundir opinião por parte dos cidadãos, por acaso escribas, parece que na tarefa de informar reina a obrigação da recolha de informação, filtração e posterior difusão da mesma, estando por isso, em humilde entender e opinião, vedada a emissão de qualquer juízo de opinião que não seja dado ou forçado pelos factos, sobrando aos jornalistas o editorial para que de uma maneira responsável deixem ficar alguma opinião. E tal não se vê e não se viu, por exemplo, no “expat” a que me refiro, que mais parece um “canal entupido” que permite que um cano “nocivo” se faça valer!
Em jeito de fecho, é importante referir que a imprensa joga um papel importante e incontornável na informação e formação dos cidadãos, daí ser míster que não se lhe possa retirar o devido mérito, para tal basta recordar que foi ela, inúmeras vezes, que despoletou questões de interesse nacional, que para além de obrigar a reflexão, desencadeou a tomada de decisões/posições também de interesse nacional. Por isso, ela não é e não pode ser vista como alguma ovelha, porém, dela se exige o rigor que norteia, ou devia nortear a sua acção.
P.S.1 Na tentativa de fugir a umbrella de “expatriados”, nas entrelinhas do “expat”, faz-se referência à inclusão de um compatriota com tons menos claros, que dá nas vistas, para se defender o patriotismo do “libertinagem”.
P.S.2 A curta memória recorda que em tempos ido o maninho convidava o mano para painelista/analista do seu “job” e, numa altura em que nada ou pouco se dizia, hoje o mano vai a uma corrida – oferecendo-se para matar a “ babalaza” dos que em si confiarem - e isso nunca foi problema, porém, patrícios iguais não podem sequer ser convidados para defesa das suas opiniões, que podem ser contrárias as do “expats”, sob pena de se tornam de imediato “engraxadores”!
P.S.3 O nosso direito pátrio obriga a que se garanta apoio jurídico aos nossos concidadãos que são presentes em tribunal, dentre outros estágios processuais, o que leva a crer, quiçá, que por isso alguns “expats” se tenham socorrido dessa prerrogativa e vestido a toga para assessorar, defender e limpar a imagem do indefensável cliente de Satungira e seus acólitos.
P.S.4 Pairará uma dúvida, se dentro do jornalismo existe uma variável que consista em ver e falar apenas do que está errado, ao ponto de quando não exista notícia tenha que se inventar?
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