segunda-feira, 16 de setembro de 2013

QUAL É O TRAJE FORMAL PARA OS MOÇAMBICANOS?

Hoje, como sempre, discute-se e procura-se em vários cantos do saber, um traço que seja comum entre os Moçambicanos. Só que quanto a mim

 julgo que, tirando a Língua Portuguesa, um traço cultural que nos foi imposto pelas circunstâncias da colonização e que mesmo assim e de acordo com a informação fornecida pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), do total dos 24 366 112 habitantes estimados para o corrente ano de 2013, somente um quarto, desta população é que fala Português e desta, apenas 1% (isso mesmo, Um por cento), tem o Português como sua Língua Materna. Daí que, tirando isso, eu acho que uma das maiores manifestações da nossa pobreza identitária é exactamente a falta de um sinal comum, um traje ou indumentária típica que nos possa distinguir no meio doutras Nações como Moçambicanos do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico, como acontece com alguns povos africanos, exemplo do Povo Masai, (deve ler-se Massai), Pátria de orgulhosos e indomáveis Pastores e Guerreiros, localizado entre Sul de Quénia e Norte da Tanzania, que guarda, (o Povo Masai) as raízes de antigas tradições. Por exemplo o homemMasainãodevebeijar asua mulher. Acreditam que aboca foifeita apenas para comer e o acto de usá-la além dessa finalidade é tido como algo abominavel. Também não comem junto ou à vista dasmulheres, por isso, nenhum Guerreiro poderá comer qualquer coisa, que tenha sido tocada por uma mulher. Na presença delas só se pode tomar chá (chai).Por outro lado, as mulheres não devemperguntar aos seus maridos para onde vão, pois isso é problema deles. Elas devem ficar junto aos filhos, enquanto eles se agregam às companhias. Isso sim! É que é uma identidade cultural de um Povo! Quanto à nós Moçambicanos, talvez por sermos uma miscelânea de Povos, não temos possibilidade de nos identificarmos a priori. Daqui que, quando por exemplo o Protocolo Nacionalexige que alguém se apresente em determinadas Cerimónias Oficiais em Traje Formal,dificilmente se consegue reunir consensos, como aconteceria com o Povo Masaique desfilaria com as suas vestes garridas identificando-se com a sua única Língua a “Maa”, ou osAmazuloda África do Sul e Maswati da Swazilândia que orgulhosamente desfilariam vestidos rigorosamente das melhores peles de leopardos, touros, vacas, carneiros ou ovelhas (Emaguxa), e das melhores penas de avestruzes, pavões, corujas e doutras aves que os países deles possuem, munidos naturalmente dos seus arrimos, (Bastões, Cajados, Varapaus, “Swigomba”, etc.). É verdade que existem algunsPovosdentro do grande Povo Moçambicanoque são inconfundíveis através dos seus traços culturais, (ritos de iniciação) exemplo dosEmakonde, pelas suas belas tatuagens, ritos de iniciação e dança Mapico, bem como os Va Ttxopiigualmente pelos ritos de iniciação, que incluem circuncisão (obrigatória, (wukwera/insungi), tatuagens (mihara/Ti ndova) e mbuta (clitoridectomia), estas duas últimas práticas em extinção, e através das suas Timbila, (plural de Mbila). Mas, isso não é bastante para nos identificar como todo um Povo uno e indivisível que somos. Morro de curiosidade por saber quais seriam as vestimentas que o grande Mwenemutapa (Monomotapa), que segundo reza a história, controlava uma grande cadeia de minase de metalurgiade ferroe ouroe dos resistentes Namarrais (Norte), Makombe/Báruè, (Centro) e o imperadorNgungunyana, (Sul), antes dos Árabes trazer-lhes as suas trajes, (Túnicas, Toucas, Aigals, Galabias, Abiéis, Kafias, Pantalonas, etc.). Há quem à surdina me segredou que deviam estar vestidos de peles de hienas, leopardos e leões, mas isso são suposições, pois historicamente ainda não apareceu ninguém a apresentar-me provas materiais palpáveis ou visíveis! Eis a questão. Julgo eu que, a exigência do Traje ou Roupa Formal em certos eventos, é derivada das regras do nosso Protocolo Nacional,inspirado nos protocolos europeus, onde dependendo da época do ano e da cerimónia, geralmente apresentam-se invariavelmente da seguinte forma: festas formais sofisticadas –noite-Homem: Smoking, laço preto, botoeira, sapatos pretos de verniz; - Senhora: Vestido abaixo do joelho, ou saialonga e blusa; se indicado, vestido comprido. Tecidos sem brilhos ou pedrarias.Sendo considerado o seu não-cumprimento como quebra de etiqueta, e falta de respeito para com o anfitrião e/ou homenageado.Frise-se que isto acontece nas Europas, ou se quisermos no Ocidente. Agora, nós Moçambicanos (africanos), nascidos debaixo dum sol escaldante e diversidade religiosa desde animistas (politeístas) a monoteístas, a excepção a regras europeias deveria prevalecer. Por exemplo, os Lideres religiosos, (sejam eles cristãos, budistas, muçulmanos e quejandos), por se considerar que sempre se apresentam e se acham decentes com indumentária religiosa, estariam (e estão) obviamente isentos do cumprimento rigoroso daquelas exigências protocolares. A decência versus decoro é o sentar deles, (como moçambicanamente diríamos). Eles são fiéis imitadores dos seus Líderes Espirituais. Porém, critica-se muito por exemplo a apresentação dos dirigentes muçulmanos em cerimónias protocolares em túnicas. Mas, da pouca investigação que realizei, pude concluir que os praticantes da religião muçulmana:“Sejam diferentes dos politeístas, deixem crescer a barba e cortem o bigode”,e isso não significa que se tornam mais religiosos através das vestes, (túnica, quimono, cofió ou barrete). Pode ser um bom muçulmano sem se expor com roupas ou chapéus espampanantes. De acordo com escritos dum proeminente douto muçulmano chamado ImameTirmidhi,e citado por um outro não menos famoso erudito Abu Dawudi,num volumoso “canhenho” com o título “Os Ensinamentos de Muhammad”traduzido num português brasileiro,segundo eles o Enviado de Alá costumava vestir a roupa que estivesse disponível, fosse de lã, algodão ou linho. “Sua vestimenta preferida era camisa longa.O Profeta usava, com frequência, essências e ele gostava de perfumes.Seu cabelo não era curto, nem longo, mas chegava até aos lóbulos da orelha.(…). Vestia uma túnica Iemenita, de cor verde, larga, com abertura na frente ou atrás, calças, uma faixa na cintura e um manto”(Abu Dawud e Tirmidhi). Concluindo, eu diria que nem a sotaina, batina ou fato completo estará alguém formalmente trajado muito menos a “capulanada”com Mukume ni vembanos torna “trajados formalmente moçambicanos”, para mim o segredo está na Decência e no Decoro. Porque, enquanto não souber qual era o traje típico dos primitivos moçambicanos, (que não se pode considerar fossem selvagens por isso), acharei a exigência, pura europeização (ocidentalização). Disse!

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