referida e enquadrada na pouca importância que o nosso Governo, em regra, dá ao desporto.
- “Somos uma coisa menor, de tal sorte que a Governadora, convidada com antecedência e depois de confirmar a presença, acabou faltando por razões de agenda. Este não é um sinal, mas uma prova do lugar que se reserva ao desporto na nossa sociedade” – referiu um dos participantes, aplaudido e mais tarde secundado por outros.
Tratou-se, claramente, de uma nota negativa que marcou a Conferência. Mas houve outra, talvez não menos desprezante: Faizal Sidat, o Presidente da Federação, também não se fez presente, nem indigitou qualquer dos seus “vices” para representá-lo.
SINAIS DE PÁRA-QUEDISMO?
Também isso foi referenciado. Só se gosta do que se conhece, de contrário estamos em presença de para-quedistas. É que na história do nosso desporto, não constam sobreposições de agenda quando se trata de deslocações ao estrangeiro, sobretudo para grandes competições. Aí, é vê-los – dirigentes do desporto e não só – disponíveis, mala aviada, preocupados com as datas da partida e os “per-diem”.
No caso da Conferência do Futebol da Cidade de Maputo, parece que se tratava de um assunto menor, para preencher a formalidade de discutir problemas provinciais. O drama do Clube Vulcano ou do Amor da Catembe, que sobrevivem graças ao bolso de “carolas”, não tira o sono à Nação!
A verdade é que a Conferência, pela matéria arrolada, trouxe à tona coisas importantes, pela boca de pessoas que, de facto, gostam de futebol. Resta saber que “ecos”, que ilacções e que aproveitamento serão dados às contribuições de homens experientes, como são os casos de Martinho da Almeida, Lázaro Mate e outros, que falaram com o coração mas sobretudo com preocupação sobre o futuro das áreas que são – ou deveriam ser – os alicerces do futebol nacional.
ARBITRAGEM: SER E… PARECER!
Há actividades em que não basta ser sério. É preciso também parecer sério. É o caso da arbitragem.
Ao enveredar pela actividade do apito, o cidadão tem que ter consciência de que, sem lhe exigirem cursos superiores, ele vai ser investido de um grande poder: o de despedir, por exemplo, sem direito a recurso ao Ministério do Trabalho, profissionais que ganham muito dinheiro.
Com uma simples “apitadela”, o árbitro dita o destino de interesses incalculáveis de futebolistas, suas famílias, clubes e milhões de adeptos.
Na nossa arbitragem, o salto qualitativo que se constata no currículo dos novos árbitros, está em contraponto com o seu comportamento em público e, sobretudo, com a sua forma de estar.
Quero com isto dizer que um juiz, em sua própria defesa, nunca deveria “expor-se”, sobretudo na véspera dos jogos em que vai actuar.
Admitamos que o clima que vivemos é, claramente, de uma corrupção quase generalizada. Os árbitros, com o poder que (de)têm, são um alvo semanal e há equipas com grande poderio económico que jogam “em todas as frentes”.
Imaginemos um juiz limpo, daqueles que não entram em esquemas de corrupção, mas que no dia anterior a uma grande final, é visto na companhia de um ou mais dirigentes de um dos adversários, a tomar uns “copitos” em público. Durante o jogo, uma decisão polémica será o suficiente para inflamar os ânimos, a partir de adeptos que o viram na véspera. As pré-condições para o “carimbo” de corrupto foi ele que as criou e o público apenas lhe atribui o título.
E quando de premeio realizou uma deslocação com uma das equipas e o alojamento foi feito no mesmo hotel, a “pólvora” estará toda lá, sendo só necessário um pequeníssimo rastilho.
Portanto, a solução para estancar as sistemáticas invasões aos campos nos vários campeonatos no País, mas muito em especial no Moçambola, não passa só pelo aumento do contingente policial. É necessário “cavar” um pouco mais fundo e perceber os quês e porquês da agitação colectiva em certos momentos.
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