RIA Novosti
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O grão do café irá subir que nem um louco. Os peritos vaticinam que durante os próximos dez anos, nos preços mundiais do fruto do cafeeiro se registrarão altas vertiginosas.
A safra ruim do robusta, o tipo de café mais comum, e o crescimento da demanda em mercados emergentes resultarão num enorme déficit. Os russos também devem preparar-se para a inevitabilidade de um café expresso custar já este ano uns cinco rublos mais caro.
Recentemente, os contratos futuros de café saltaram quase um ponto percentual na bolsa de mercadorias de Londres. Analistas de mercado acreditam que os preços da segunda bebida mais popular do mundo irão crescer de forma constante durante os próximos 10 anos. As razões disso são várias, comenta Ramaz Tchanturia, diretor geral da associação "Rostchaikofe" (“Chá e café da Rússia”):
"Nos próximos anos, o consumo de café vai crescer no mundo. Se repararmos nos resultados da temporada do ano passado, verificaremos que no presente momento já existe um déficit de café no volume de cerca de 6 milhões de sacas. Ao longo dos próximos anos, continuará um crescimento da demanda na faixa de 2-3% anualmente.Esse crescimento está vinculado ao aumento da população e à elevação dos padrões de vida nas regiões densamente povoadas do mundo, como o Sudeste Asiático e a América do Sul".
Na Rússia, que é um dos mercados emergentes, o consumo per capita é de cerca de 1,5 quilos de café em grão por ano. Para efeito de comparação, na Europa o índice é várias vezes maior. No entanto, uma xícara de cappuccino ou latte custa aí mais barato do que em Moscou. O âmago do problema radica no sistema de formação do preços, continua Ramaz Chanturia:
"Se falarmos no preço do café em estabelecimentos como bares, restaurantes e lanchonetes, não tenho dúvida alguma que vai crescer já este ano, o que se deverá a fatores macroeconômicos, alteração de encargos dos estabelecimentos da alimentação pública à raíz, por exemplo, de aumento das tarifas, reajustes salariais e a inflação".
Além disso, dentro de dois anos expirará o período de transição no âmbito de adesão da Rússia à OMC. Isto significa que o imposto sobre a importação de café em grão, moído e instantâneo irá diminuir 2,5%. E então no mercado interno aparecerá mercadoria ainda mais barata do Brasil e do Vietnã. Porém, não vale a pena represenrar a situação em tons demasiadamente escuros, dizem especialistas. A dinâmica dos preços dos grãos dependerá não só do quadro geral da demanda, mas sim da safra de cada uma das variedades do café, o que é especialmente justo porque este ano os preços da matéria-prima ainda estão no fundo, esclarece Daria Pitchuguina, analista da agência "Investkafe":
"Agora continua a queda no preço do café, em particular, da variedade arábica. É que no ano passado foi registrada uma safra excepcionalmente rica no Brasil. No ano que vem, também se espera uma boa safra. No que toca à robusta, não está numa posição muito boa. Segundo estimativas, a safra deste ano será menor. E a demanda da robusta é muito maior, porque é mais barata".
Na Rússia, bem como em outros países emergentes, está crescendo a cultura de consumo das variedades caras, o que significa que a estrutura da demanda irá mudar. Alguns especialistas prevêem no final da década um significativo déficit de café. Contudo, o clima também pode fazer seus reajustes. Porque prognosticar como será uma safra dentro de três ou cinco anos é a mesma coisa que praticar a cafeomancia, isto é, adivinhar o futuro interpretando as borras de café.
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