18/2/2013 17:39
Por Marcelo Bernstein
Por Marcelo Bernstein
Sexo sob demanda e entre amigos. Esta parece ser a tendência destes tempos pós-modernos, onde as pessoas estão conectadas todo o tempo, mas prevalece a solidão o mundo real, onde o contato físico, intimidade e relações afetivas estáveis são práticas quase que esquecidas ou, talvez, para alguns quase pré-históricas nestes tempos de amor líquido, como já comentei em alguns dos meus artigos anteriores nesta coluna.
Uma era onde é mais fácil deletar, do que tentar resolver obstáculos e conflitos dentro dos relacionamentos, onde todos estão ligados a todo mundo, mas poucos conseguem estabelecer relações estáveis e saudáveis, seja do ponto-de-vista afetivo ou sexual.
Um bom exemplo dessas novas relações é um aplicativo que está ganhando uma certa popularidade no Facebook, o Bang with Friends (Faça sexo com seus amigos, em uma tradução livre para o português). O aplicativo criado exclusivamente para esta rede social permite aos usuários escolher parceiros com quem gostariam de ter relações sexuais, entre o leque de seus amigos (e amigos dos amigos…) a quem estes usuários estão conectados. Quando o usuário passa a fazer parte do Bang with Friends, ele visualiza a lista de amigos do Facebook e escolhe quais são seu potenciais objetos de desejo, ou seja, com quem ele gostaria de manter relações sexuais. Se houver correspondência de um outro usuário que o tenha incluído na sua lista de objetos de desejo, o aplicativo manda um e-mail para ambas as partes para que possam interagir diretamente e combinar os detalhes deste novo tipo de encontro sexual.
Segundo os criadores, três jovens da Califórnia que preferem se manter no anonimato, este é um aplicativo para o namoro dessa geração de jovens pós-modernos, uma versão mais juvenil e mais direta de outros tantos sites de relacionamento já existentes como o Harmony, Par Perfeito etc. A diferença é que nestes sites, pessoas de várias faixas etárias procuram encontrar possíveis parceiros para relações afetivas, não apenas relações sexuais, como parece acontecer do Bang with Friends, nas palavras de seus criadores em uma entrevista recente. Como disseram os rapazes à revista Veja, “queremos um aplicativo de namoro para nossa geração. Não devemos ter vergonha de nossa vontade”.
Isso me leva a pensar que, neste novo mundo de relações digitais e fluidas está se criando uma nova geração, que prefere lidar com os relacionamentos virtuais que, à diferença dos relacionamentos reais; pesados, lentos e confusos, são muito mais fáceis de entrar e sair; eles parecem inteligentes e limpos, fáceis de usar, compreender e manusear. Quando o interesse acaba, ou a situação chega a determinado ponto que exige, pelo menos, elaboração, sempre se pode apertar a tecla “delete”. Não sem consequências psíquicas ou com tanta leveza quanto se aparenta, já que a modernidade não chega com esta velocidade ao psiquismo.
Consequências que estão ligadas a este novo padrão de comportamento de uma geração que se considera mais moderna, mais descolada, mais esperta, que as gerações anteriores (na visão deles, somos mais parecidos com os Flintstones do que com os Jetsons). Mas, que no final das contas está ligado à necessidades básicas como enquadrar e se encaixar, ser desejado e amado. Objetivos cultuados de forma praticamente compulsiva, nestes tempos pós-modernos, criando uma pressão social crescente dentro de uma sociedade, onde as pessoas precisam corresponder a estes atributos para que possam se sentir aceitas, amadas, desejadas e acolhidas, já que vivemos em uma sociedade que só valoriza os “vencedores” e praticamente condena ao exílio social aqueles que não se enquadram nestes padrões, os chamados “perdedores”.
O que nos leva a pensar se não chegaremos a assistir a um futuro como que são vislumbrados em filmes como Blade Runner, onde a solidão é vista como um fato concreto, dentro de uma sociedade altamente interconectada, e outros do gênero, onde vamos precisar redescobrir a como nos relacionar uns com os outros, de forma concreta, real e pessoal e não apenas como parte de enormes legiões de amigos virtuais.
* Marcelo Bernstein é jornalista e também atua como psicanalista e terapeuta sexual. Ele pode ser contatado através do e-mail marcelobernstein@hotmail.com e dos telefones (21) 2494-5896/2494-7902(Barra da Tijuca), 2290-9324/2260-7976(Penha) ou (21)7228-4649
Uma era onde é mais fácil deletar, do que tentar resolver obstáculos e conflitos dentro dos relacionamentos, onde todos estão ligados a todo mundo, mas poucos conseguem estabelecer relações estáveis e saudáveis, seja do ponto-de-vista afetivo ou sexual.
Um bom exemplo dessas novas relações é um aplicativo que está ganhando uma certa popularidade no Facebook, o Bang with Friends (Faça sexo com seus amigos, em uma tradução livre para o português). O aplicativo criado exclusivamente para esta rede social permite aos usuários escolher parceiros com quem gostariam de ter relações sexuais, entre o leque de seus amigos (e amigos dos amigos…) a quem estes usuários estão conectados. Quando o usuário passa a fazer parte do Bang with Friends, ele visualiza a lista de amigos do Facebook e escolhe quais são seu potenciais objetos de desejo, ou seja, com quem ele gostaria de manter relações sexuais. Se houver correspondência de um outro usuário que o tenha incluído na sua lista de objetos de desejo, o aplicativo manda um e-mail para ambas as partes para que possam interagir diretamente e combinar os detalhes deste novo tipo de encontro sexual.
Segundo os criadores, três jovens da Califórnia que preferem se manter no anonimato, este é um aplicativo para o namoro dessa geração de jovens pós-modernos, uma versão mais juvenil e mais direta de outros tantos sites de relacionamento já existentes como o Harmony, Par Perfeito etc. A diferença é que nestes sites, pessoas de várias faixas etárias procuram encontrar possíveis parceiros para relações afetivas, não apenas relações sexuais, como parece acontecer do Bang with Friends, nas palavras de seus criadores em uma entrevista recente. Como disseram os rapazes à revista Veja, “queremos um aplicativo de namoro para nossa geração. Não devemos ter vergonha de nossa vontade”.
Isso me leva a pensar que, neste novo mundo de relações digitais e fluidas está se criando uma nova geração, que prefere lidar com os relacionamentos virtuais que, à diferença dos relacionamentos reais; pesados, lentos e confusos, são muito mais fáceis de entrar e sair; eles parecem inteligentes e limpos, fáceis de usar, compreender e manusear. Quando o interesse acaba, ou a situação chega a determinado ponto que exige, pelo menos, elaboração, sempre se pode apertar a tecla “delete”. Não sem consequências psíquicas ou com tanta leveza quanto se aparenta, já que a modernidade não chega com esta velocidade ao psiquismo.
Consequências que estão ligadas a este novo padrão de comportamento de uma geração que se considera mais moderna, mais descolada, mais esperta, que as gerações anteriores (na visão deles, somos mais parecidos com os Flintstones do que com os Jetsons). Mas, que no final das contas está ligado à necessidades básicas como enquadrar e se encaixar, ser desejado e amado. Objetivos cultuados de forma praticamente compulsiva, nestes tempos pós-modernos, criando uma pressão social crescente dentro de uma sociedade, onde as pessoas precisam corresponder a estes atributos para que possam se sentir aceitas, amadas, desejadas e acolhidas, já que vivemos em uma sociedade que só valoriza os “vencedores” e praticamente condena ao exílio social aqueles que não se enquadram nestes padrões, os chamados “perdedores”.
O que nos leva a pensar se não chegaremos a assistir a um futuro como que são vislumbrados em filmes como Blade Runner, onde a solidão é vista como um fato concreto, dentro de uma sociedade altamente interconectada, e outros do gênero, onde vamos precisar redescobrir a como nos relacionar uns com os outros, de forma concreta, real e pessoal e não apenas como parte de enormes legiões de amigos virtuais.
* Marcelo Bernstein é jornalista e também atua como psicanalista e terapeuta sexual. Ele pode ser contatado através do e-mail marcelobernstein@hotmail.com e dos telefones (21) 2494-5896/2494-7902(Barra da Tijuca), 2290-9324/2260-7976(Penha) ou (21)7228-4649
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