O campeão paralímpico Oscar Pistorius , acusado de homicídio premeditado da sua companheira no Dia de São Valentim, disse, esta terça-feira, que apenas pretendia defender-se de hipotéticos assaltantes quando baleou mortalmente Reeva Steenkamp.
foto AFP Photo |
Funeral de Reeva Steenkamp |
"Rejeito em absoluto as alegações (de homicídio premeditado) contra mim
feitas. Nada pode estar mais longe da verdade", refere Pistorius numa declaração
lida pelo seu advogado de defesa e que pretende convencer o juíz Desmond Nair a
conceder-lhe liberdade sob o pagamento de fiança até ao início do julgamento.
Na declaração, o atleta explica que acordou a meio da noite e que se dirigiu
à varanda, sem colocar as próteses, quando ouviu ruídos com origem numa casa de
banho contígua ao quarto, onde a companheira dormia também na noite de 13 para
14 de fevereiro.
Pistorius referiu que, nesse momento, se sentiu "dominado pelo terror e pelo
medo", sentimentos amplificados, disse, pelo facto de não ter as próteses
colocadas e por ameaças de morte recebidas anteriormente. Foi então, disse, que
foi buscar uma pistola que guarda debaixo do travesseiro e disparou "um tiro"
através da porta da casa de banho, pensando que um intruso estaria no seu
interior.
O atleta, bi-amputado em tenra idade em consequência de uma malformação
congénita, disse na declaração que foi nessa altura, depois do disparo, que
gritou para que a namorada chamasse a polícia, apercebendo-se então do erro que
tinha cometido.
"Quando voltei à cama apercebi-me de que ela (Reeva Steenkamp) não estava
deitada", disse Oscar Pistorius , explicando que foi nesse momento que se muniu
das pernas prostéticas, foi à varanda gritar por socorro e arrombou a porta da
casa de banho contra a qual tinha disparado com a ajuda de um taco de críquete.
"Reeva estava desfalecida mas viva. Peguei então nela e transportei-a para o
rés-do-chão para a levar para um hospital quando chegou um médico que vive no
complexo. Foi então que ela morreu nos meus braços", explicou o homem que a
Procuradoria acusa de homicídio premeditado.
Defendendo a sua libertação mediante o pagamento de caução, Oscar Pistorius
referiu ser um cidadão sem cadastro, que ama o seu país, com um rendimento de 5
milhões de rands por ano (424 mil euros), e que não tem qualquer intenção de
fugir.
O arguido recordou que a namorada lhe tinha oferecido um presente nessa noite
alusivo ao Dia dos Namorados, que ambos estavam verdadeiramente apaixonados e
que as suas ações na madrugada de 14 de fevereiro tiveram como único objetivo
defender-se a si próprio e à namorada.
Oprocurador Gerrie Nel, que conseguiu na audiência desta terça-feira que o
magistrado aceitasse a acusação de homicídio premeditado contra o arguido com
base nos factos apurados logo a seguir ao crime, garantiu saber qual o motivo
que levou Pistorius a alegadamente assassinar Reeva Steenkamp, mas que só no
início do julgamento o revelará.
Durante a audiência o arguido quebrou emocionalmente e chorou em várias
ocasiões. Numa delas o seu irmão, Carl, que se sentava logo atrás do banco dos
arguidos, colocou um braço sobre os ombros tentando consolá-lo. O juiz pediu a
Oscar Pistorius que se contivesse para que os trabalhos pudessem prosseguir.
A audiência foi interrompida pouco depois das 16 horas (14 horas em Lisboa) e
adiada para quarta-feira, quando alguns requerimentos submetidos pela defesa
serão analisados e o juiz Nair decidirá a sorte imediata do arguido.
Pistorius passará mais uma noite nos calabouços da esquadra de polícia de
Brooklin, Pretória, onde está detido desde 14 a passada quinta-feira.
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