Friday, February 22, 2013

Escândalo de corrupção na Índia irá ajudar a Rússia?: Voz da Rússia

Aérea
22.02.2013, 17:23, hora de Moscou
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mi-17v5, helicóptero, Rússia
Helicóptero Mi-17V5
© Фото: ru.wikipedia.org/jno/cc-by-sa 3.0

A Índia tenciona substituir os helicópteros italianos de classe VIP por aparelhos russos. O escândalo de corrupção em torno da compra de doze helicópteros italianos Agusta Westland pela Força Aérea indiana promete dividendos inesperados à Rússia. Em vez de convocar um novo concurso, que poderia durar até sete anos, os militares indianos pretendem simplesmente comprar os Mi-17V-5 russos por ajuste direto.

Singularidades do mercado nacional indiano
Esta não é a primeira vez que um escândalo de corrupção sacode o mercado de armas. Escândalos, desde os quase insignificantes até os monumentais, como o famosíssimo caso anglo-saudita de Al-Yamamah, uma história épica que durou vários anos gerando gastos bilionários em subornos e mensalões, ocorrem, de vez em quando, em quase todos os países do mundo. Nenhum dos principais fornecedores de armas hesita, se necessário, em recorrer a métodos similares e não irá perder uma oportunidade de apanhar os concorrentes em flagrante. As instituições públicas dos países compradores encarregadas de combater a corrupção dão um toque de especial delicadeza a todo esse processo.
O problema fulcral originado pelo escândalo indo-italiano consiste no fato de as licitações indianas se estenderem tradicionalmente por períodos bastante longos. Os concursos públicos, inclusive para contratos relativamente pequenos, podem durar seis ou sete anos, enquanto as licitações para negócios de grande vulto se prolongam, às vezes, por dez ou mesmo mais anos. A rescisão do contrato com os produtores italianos, que é bem provável, encerra em si a ameaça de deixar os dirigentes indianos de mais alto nível sem frota de helicópteros de classe VIP.
Nessas circunstâncias, uma compra por ajuste direto dos Mi-171 russos em modificação VIP pode permitir resolver rapidamente o problema. O caso se simplifica ainda mais porque a Índia já tem assinado um contrato com a Rússia para o fornecimento de um grande lote de estes helicópteros para sua Força Aérea e, portanto, o problema poderá ser resolvido reequipando as aeronaves de acordo com os requisitos apresentados a veículos de transporte especiais e acrescentando posteriormente à encomenda outros doze engenhos.
Tomando em consideração a necessidade de munir os helicópteros de distintos equipamentos de telecomunicação adicionais, dotá-los de sistemas de segurança e cabine de luxo, uma remodelação dessa índole poderá custar bastante caro. Assim, o contrato de fornecimento dos doze helicópteros AW-101 atinge mais de 550 milhões de euros, enquanto o preço unitário da versão básica do mesmo AW-101 excede um pouco os 20 milhões. O Mi-171 é, certamente, menos caro do que o helicóptero italiano, mas é pouco provável que o preço de um modelo VIP seja inferior a 30 milhões de dólares. As aeronaves deste tipo têm compartimentos separados para os passageiros VIP e suas comitivas, levam a bordo sofisticados sistemas de comunicação, incluindo telefones satélite, terminais de teleconferência e linhas especiais para chefes de Estado. Além disso, as cabines têm uma melhor proteção contra ruídos e vibrações. Em resumo, diferem dos helicópteros como uma limusine luxuosa difere de um carro standard.
O homem não vive só de escândalos
A empresa Helicópteros da Rússia (Vertolety Rossii, em russo) não pode queixar-se de escassez de clientes: as vendas de aeronaves de fabricação russa continuam crescendo. Não obstante, no próximo decênio, a companhia irá enfrentar um sério desafio de atualizar radicalmente a linha de modelos, pois os Mi-8/Mi-17 projetados há 50 anos atrás, apesar de todas suas virtudes, nem sempre satisfazem os critérios modernos. O lançamento da produção em série de novos modelos – o Mi-38 e, a longo prazo, o Mi-46 e um helicóptero de porte médio que está sendo desenvolvido no âmbito do programa RACHEL para substituir o Mi-8/Mi-17 – deverá assegurar o sucesso da empresa nos mercados internacionais nas próximas décadas.

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