© Colagem: Voz da Rússia
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Como se sabe, a visita de peritos da Agência Internacional de Energia Atômica, AIEA, a Teerã não surtiu nenhum resultado concreto, exceto o acordo vago com os representantes do Irã de promover mais um encontro. As centrífugas iranianas de enriquecmento do urânio continuam a funcionar e Israel conta os dias que restam atá o dia em que o Irã alcançará o “limite fatal”.
Está perfeitamente claro que o Irã não quer admitir estranhos, - sejam eles da AIEA ou de alguma outra entidade, - em suas instalações nucleares. Ainda na véspera da vinda de representantes da AIEA a Teerã, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Ali Akbar Salehi, ressaltou que o centro nuclear de Parchin, que os interessa, não constitui elemento do programa nuclear e não faz, portanto, parte da esfera de acordos entre o Irã e a AIEA. No entanto, se esta agência internacional insiste tanto na inspeção de Parchin, Teerã está pronta a discutir os limites da colaboração no tocante a esta estrutura.
Estas declarações de personalidades oficiais iranianas, que não significam evidentemente nenhum compromisso, predeterminaram de antemão o resultado praticamente nulo desta curta viagem dos representantes da AIEA. O representante permanente do Irã nesta organização, Ali Asgara Sultanijea informou que as partes conseguiram ultrapassar certas divergências, concatenar alguns pontos do acordo, tendo acordado um novo encontro. A data concreta do novo turno de conversações não se indica.
Esta política da direção iraniana já se tornou habitual, - constata Leonid Gusev, pesquisador-sênior do Instituto de Pesquisas Internacionais do Instituto Estatal de Moscou de Relações Internacionais junto do Ministério das Relações Internacionais da Federação Russa. – Uma política que consiste, por um lado, em suavizar as suas declarações e falar da disposição de colaborar com a AIEA e com o “sexteto” dos países – participantes das conversações sobre o problema iraniano, e ao mesmo tempo continuar a atuar a critério próprio. Na entrevista à Voz da Rússia Leonid Gusev ressaltou:
"Não é pela primeira vez que isso ocorre. Mais ou menos o mesmo se deu em fins de 2009 – princípios de 2010, quando a Rússia propôs ao Irã enriquecer urânio no território russo, em Angarsk, e Teerã deu duas vezes resposta positiva. Isto aconteceu em novembro de 2009 e, mais tarde, em janeiro de 2010, mas uma semana e meio ou duas semanas mais tarde houve uma recusa brusca. Alegava-se que o Irã não queria transigir com a sua soberania. Aí ocorre mais ou menos ou mesmo. Trata-se, portanto, de certas artimanhas peculiares do governo iraniano. Além disso, aí existe mais um fator bastante importante. Sabemos que estão sendo feitas mudanças na administração do presidente Obama. Já foi nomeado o novo secretário de Estado, o Senhor Kerry, é bem provável que em breve seja nomeado o novo ministro da Defesa. O enfoque destas pessoas em relação ao Irã e ao seu programa nuclear não é agressivo. Enquanto Hillary Clinton e alguns outros representantes da administração americana podiam aprovar praticamente certas operações militares, estas personalidades tendem mais para o processo de conversações com o Irã. O mais provável é que as declarações do Irã de que ele vai portar-se precisamente desta maneira estejam relacionadas precisamente com este fator”.
A tensão em torno do programa nuclear do Irã intensificou-se mais uma vez quando, em meados do ano passado, se soube que o número de centrífugas, destinadas a enriquecer urânio, tinha aumentado de dez para onze mil. Em fins de janeiro, o Ministério das Relações Exteriores desta República Islâmica avisou a AIEA e toda a comunidade internacional que no centro nuclear de Natanz serão instaladas novas centrífugas do tipo mais moderno. Além disso, o Irã confirmou que tinha dado início à transformação de uma parte do seu urânio em combustível nuclear para um reator de pesquisa. O urânio enriquecido até 20% pode ser transformado mediante certas operações tecnológicas bastante simples, - desde que se trate de um país que tenha alcançado o respetivo nível de desenvolvimento técnico-científico, - em urânio com grau de enriquecimento de até 90%. Os peritos afirmam que este é um “recheio” quase pronto para armas atômicas.
Portanto, o Irã continua a desenvolver intensamente, apesar de sanções internacionais, o seu programa nuclear, que, como afirma Teerã, tem um caráter civil. Mais do que isso: em princípios de fevereiro o supremo líder do Irã, Ayatollah Khamenei, renunciou a conversações bilaterais diretas com os EUA, que tinham sido propostas pelo vice-presidente dos EUA, Joe Biden, durante a conferência de segurança de Munique. Como é natural, tudo isso põem nervosos tanto os membros oficiais do clube nuclear, como os não oficiais, especialmente, Israel.
Talvez valha a pena recordar que há algum tempo, Israel, na pessoa do seu primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, praticamente apresentou a Israel um ultimato, tendo estabelecido um “limite fatal”, limite que Teerã não deve ultrapassar. Trata-se da quantidade de urânio enriquecido a partir da qual se pode falar em criação direta de armas nucleares. Caso a República Islâmica viole este limite convencional, Israel arroga-se o direito de destruir as estruturas nucleares iranianas.
A probabilidade de um golpe contra o Irã sempre foi bastante alta mas não é obrigatório que se trate de ataques aéreos ou balísticos, - apontou na entrevista à Voz da Rússia o presidente do Instituto do Oriente Médio, Evgueni Satanovski.
"Existem vírus de computadores e outros meios de influência sobre a economia e o sistema militar de um país. Pois bem, esta guerra já é travada há muito. É perfeitamente possível que o Irã não seja alvo de um golpe com aviões, mísseis ou navios fazendo fogo contra a costa. Existem outras tecnologias. E qual será a resposta do Irã? A resposta pode ter os mais diversos contornos. Pode incluir, em primeiro lugar, ações terroristas contra estruturas vitais, que os chamados “agentes adormecidos” ou “toupeiras”, podem atingir. O seu número é bastante grande em todo o mundo ocidental – e não somente no território dos EUA. Quanto a periferia mais próxima, - tem-se em vista o golfo Pérsico, - pode tratar-se da eliminação de jazidas de gás e de petróleo, de toda esta infraestrutura, a fim de desestabilizar a economia mundial e, mais concretamente, a economia da Arábia Saudita e das pequenas monarquias do golfo – disso já se fala abertamente. Este é de há muito o alvo dos aviões iranianos e das frotas de kamikaze e é, também, o alvo dos mísseis de médio alcance. Portanto, não é absolutamente obrigatório que o Irã ataque os que o atacarem”.
O mais provável é que, enquanto não surgirem informações exatas de que o Irã já criou a bomba atômica ou está prestes a criá-la, não haja nenhum ataque, - supõe Leonid Gusev. Além disso, há que ter em conta que a política da administração americana sofre a influência forte do longo conflito na Síria, cujo desfecho, por enquanto, é totalmente desconhecido. O início de operações militares contra o Irã, - mesmo com a ajuda de Israel, - sem o problema da Síria que seja resolvido antes, - pode acarretar o desenrolar descontrolado de eventos em todo o espaço do Oriente Médio. Portanto, durante um tempo indefinido o problema iraniano estará nos limites do processo de conversações “de curso lento”.
Todavia, na opinião de vários peritos ocidentais e israelitas, o atual ritmo de instalação de novas centrifugas para o enriquecimento do urânio, registrado em junho do ano passado, é capaz de pôr o Irã bem perto deste limite fatal. Agora, saber se isto será ou não seguido por um golpe contra
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