O Grande Maputo e especialmente a cidade de Maputo ficaram completamente às escuras a partir de cerca da meia-noite de sexta-feira, 08 de Fevereiro de 2013. E no momento em que escrevemos este editorial (terça-feira ao fim do dia), devido a um enorme esforço, quase sobre-humano, do pessoal técnico da EDM, está aparentemente remediado o problema, mas não está nem de perto nem de longe resolvido em definitivo, nem estará nos próximos 06 a 09 meses, de acordo com estimativas que nos avançaram especialistas por nós auscultados. E isto é muito grave!
Quando escrevíamos este editorial algumas zonas de Maputo continuavam às escuras, apesar dos bons vaticínios anunciados por quem estará a querer minimizar a gravidade da situação para a economia nacional.
A EDM ainda não explicou as causas da avaria grave mas prometeu para esta quarta-feira, hoje, dia 13 de Fevereiro, um esclarecimento público. Veremos o que nos vai dizer e se nos vai trazer a verdade.
Quando escrevíamos este editorial algumas zonas de Maputo continuavam às escuras, apesar dos bons vaticínios anunciados por quem estará a querer minimizar a gravidade da situação para a economia nacional.
A EDM ainda não explicou as causas da avaria grave mas prometeu para esta quarta-feira, hoje, dia 13 de Fevereiro, um esclarecimento público. Veremos o que nos vai dizer e se nos vai trazer a verdade.
Perante tão grave perturbação aos cidadãos e ao ambiente económico em Maputo – principal centro de negócios do País – é imperioso que a EDM, mas sobretudo o ministro da Energia não negligenciem o que se passou e não pretendam manter as pessoas na ignorância sobre o grave momento por que a capital do país está a passar e vai continuar a passar nos próximos meses, como tudo indica.
A solução encontrada até aqui remete o sistema de distribuição de energia a Maputo para a dependência de equipamentos instalados na Matola e algumas garantias de fiabilidade e crédito no sistema, introduzidas com a inauguração, há alguns anos atrás, do Centro de Despacho automático na Central Térmica de Maputo, deixaram agora de existir, devido à ocorrência de sexta-feira.
E é por isso mesmo que é preciso que se diga toda a verdade, sem rodeios. Voltamos atrás com o desastre que houve e é preciso anunciar as novas contingências.
É preciso que o Governo não omita a verdade como é seu costume fazê-lo para encobrir a sua incapacidade persistente apesar dos anos de experiência governativa que alardeia sistematicamente para desvalorizar eventuais alternativas de poder.
As nossas investigações permitem-nos afirmar que tudo foi causado por negligência e é preciso que o Governo não apareça a pretender desmentir o óbvio.
O sistema de refrigeração ou ar-condicionado da sala de comando da Subestação da Central Térmica estava inoperativo há meses e um aparato que deveria estar a ser operado a controlo-remoto a partir do Centro de Despacho situado no mesmo espaço da Central Térmica estava agora, desde há meses, a ser operado manualmente, exigindo isso a presença de um operador em permanência. É preciso que se explique isto! Em condições normais esta subestação não necessitaria de qualquer operador.
O ar-condicionado era fundamental para que o equipamento não estivesse sujeito a humidade, mas nem mesmo sabendo disso alguém na EDM foi capaz de não negligenciar o facto. E assim permitiu que as coisas chegassem onde chegaram!...
O operador que viria a falecer com a explosão não é de maneira nenhuma responsávelpelo sucedido. Ele teve de acionar um dispositivo que terá explodido por causa da humidade. E ele próprio foi vítima de negligência semelhante à que terá estado na origem da explosão e consequente incendio na SE5, no Campus Universitário, há cerca de um ano. Chamem-lhe “erro de engenharia” ou o que quiserem, mas é preciso que se diga toda a verdade ao País. No caso da SE5 ainda não foi publicado o resultado do inquérito mas sabe-se que foi por “erro de engenharia”.
Revelem toda a verdade!
O apagão geral, em Maputo, ainda que apenas por algumas horas, em Novembro do ano passado, foi um aviso de que ainda pior poderia vir a suceder, mas nem mesmo isso foi suficiente para que quem deveria ter agido, o fizesse em tempo oportuno.
Estamos agora sujeitos a novos apagões quando ocorrer qualquer alteração atmosférica, porque a solução encontrada é extremamente vulnerável.
Voltámos ao sistema de uma década atrás, com a agravante da rede de distribuição que ia aguentando, apesar da sobrecarga de consumo imposta pelos novos consumidores que se pretendeu satisfazer sem os devidos ajustamentos nos equipamentos da rede, agora não pode contar com o equipamento automático do Centro de Despachos e estar por isso de novo muito vulnerável.
Na melhor das hipóteses e como não será possível repor parte do equipamento que ficou destruído, porque a solução terá de ser tecnicamente um todo produzido à medida da necessidade do sistema de distribuição de Maputo, serão necessários entre 06 e 09 meses para instalar novas soluções completas. A ABB, alemã, produtora do equipamento afectado, não terá como colmatar apenas a parte que ficou afectada porque tem de se substituir tudo. A solução terá de ser de raiz e isso levará sensivelmente nove meses a poder acontecer, como nos contam.
É este o filme que nos espera!...
Mas mais do que as consequências imediatas e mais alargadas que ainda estão por avaliar, preocupa-nos o que poderá vir ainda a suceder no mesmo género, daqui em diante, com outro equipamento que agora está a servir de alternativa.
Perante isto tudo não precisamos de elaborar muito para chegar à conclusão de que os que foram eleitos andam a resolver seus problemas pessoais no lugar de governar.
A esta conclusão nos remete tanto o caso do “apagão”,fruto de negligência, como o caso das madeiras em que está acusado de estar envolvido o ministro da Agricultura actual, José Pacheco, e um outro que já ocupou o mesmo cargo, Tomás Mandlate, numa área em que a tutela lhes cabe.
Quem dirige anda primeiro que tudo a olhar para o seu umbigo, em vez de visar as reais necessidades públicas dos cidadãos. Depois ocorrem situações graves que apontam para negligência e pretendem escondê-las, mas felizmente há sempre alguém que os desmascara.
O mais recente relatório da Agência britânica de Investigação Ambiental, de que falamos nesta edição, vem autenticar tal quando cita um ministro que anda a pedir dinheiro a gente de conduta duvidosa em troca de concessões florestais. É nisso que se transformou o nosso Estado muito por culpa de gente de carácter precário a quem confiamos a gestão dos nossos recursos.
É tanta informalidade com irresponsabilidade à mistura a pontificar que andamos com sérias dificuldades de perceber aonde residem os escrúpulos de uma certa corja que nos gere. Sabemos que vão levantar o dogmático jargão de interferência externa, mas as evidências (reprodução de conversas e fotografias) não deixarão o mais estagiário dos incautos cair nessa.
É deprimente vermos um ministro que superintende a área das florestas estar a ajudar, para mais estrangeiros, a roubarem o seu próprio País e meia volta discursarem sobre auto-estima. É todo um mau exemplo de cima a baixo!...
Temos a convicção que é esse o modus operandi de uma certa elite da Frelimo, do topo à base, que enferma das mesmas doenças: negligência ou abuso de confiança.
A lógica é sempre a mesma: primeiro o bolso, depois o País. É assim que concessionaram à Vale a via-férrea até ao Porto. É assim que sacrificaram o povo de Cateme, e é assim que a electrificação é pensada no país, daí que continuamos com energia de má qualidade.
É assim que os processos do nosso Estado são tramitados.
Os senhores Pacheco e Mandlate foram “apanhados” por elevado descuido, mas é assim que funcionam, eles e muitos. Resultado: o desmatamento está a trazer efeitos perversos para o nosso ambiente e em contracena as nossas crianças continuam a sentar-se no chão nas escolas, por falta de carteiras. Os doentes ficam internados no chão enquanto podíamos arranjar soluções atenuantes com a nossa madeira para fazer camas.
A falta de visão de Estado e a mentalidade miserabilista dos altos dirigentes da Frelimo é que nos empobrece. A pobreza não está nas nossas cabeças, como um dia quiseram nos fazer acreditar. A pobreza de espírito de certos senhores é que nos empobrece. A pobreza de espírito está afinal na cabeça de quem nos governa.
Canal de Moçambique – 13.02.2013
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