Presidente do Fórum dos Desmobilizados está detido desde ontem
Maputo (Canalmoz) – A segunda sessão ordinária do Conselho de Ministros, na última terça-feira, foi algo conturbada. Não pelo que aconteceu dentro da sala, pois disso ninguém sabe. Tudo se passa entre as quatro paredes entre o presidente da República que é o chefe do Governo nos termos da Constituição e os ministros e seus assessores. O ambiente externo é que foi fervescente.
Os desmobilizados de guerra decidiram acampar do lado de fora do edifício do Conselho de Ministros, entoando cânticos exigindo o pagamento do dinheiro das suas pensões e só não chegaram mais próximo do edifício onde decorria a reunião regular do Governo porque a Polícia formou uma barreira para impedir o avanço dos homens liderados por Hermínio dos Santos.
Muito antes da chegada dos membros do Conselho de Ministros, cerca de duas centenas de desmobilizados de guerra, liderados pelo reivindicador incansável, Hermínio dos Santos, já se encontravam no local. Só as forças do Serviço de Segurança e Informação do Estado (SISE) estavam para monitorar os desmobilizados de guerra.
Chegaram mesmo a registar-se alguns incidentes de pancadaria. Um membro do SISE pegou no presidente dos desmobilizados de guerra, Hermínio dos Santos, pelas golas, numa clara tentativa de impedir que ele e a sua “comitiva” prosseguissem rumo ao Gabinete do Primeiro Ministro, onde decorria o Conselho de Ministros.
Acampados do lado do Circuito de Manutenção Física António Repinga, os desmobilizados da guerra civil tentavam avançar para o edifício governamental, mas os homens do SISE não deixaram.
Nestas circunstâncias um dos agentes do SISE, que seguia numa viatura com a chapa de inscrição ABL 294-MC, desceu do carro, pegou pelas golas o presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra, Hermínio dos Santos, e apontou-lhe uma arma de fogo do tipo pistola.
Tudo isso se passou com a Polícia a assistir de perto, mas sem intervir. Quando o grupo dos desmobilizados aproximou-se para acudir o seu líder, o homem do SISE largou Dos Santos, meteu-se na sua viatura e foi-se embora.
Depois da confrontação entre os desmobilizados e o SISE, estes se afastaram e continuou lá a Polícia a fazer corrente para evitar que os desmobilizados avançassem para o edifício-sede do governo.
A Polícia dizia que estava no local a fazer o seu trabalho (evitar distúrbios e garantir a segurança aos cidadãos). Dizia ainda que não estava contra o contacto daqueles cidadãos com o chefe do Governo, mas entendia que o deveriam fazer de forma ordeira.
Queremos 20 mil meticais
A principal causa dos motins havidos na terça-feira no edifício do Conselho de Ministros foi a exigência dos desmobilizados ao Governo. Querem de reforma 20 mil meticais/mês, contra os actuais 600 meticais/mês que auferem. “Queremos 20 mil meticais, porque perdemos a nossa juventude a defender o País, não estudámos e nem trabalhámos. Queremos dinheiro”, desabafou Hermínio dos Santos.
Os desmobilizados continuaram no local até que a sessão do Governo terminou e os ministros foram saindo um a um nos seus Mercedes Benz.
Só depois disso os desmobilizados retiraram-se em grupos cantando pelas ruas, paralisando o tráfego rodoviário no percurso em que seguiam até desaparecerem na baixa da cidade, onde cada um apanhou o transporte semi-colectivo para suas casas.
A luta dos desmobilizados não é nova.
Detido o presidente do Fórum dos Desmobilizados
Entretanto, ao final do dia de ontem chegou informação indicando que o presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique, Hermínio dos Santos, “foi raptado por agentes à paisana e encarcerado na cela do Tribunal Judicial de KaMpfumo”.
“O seu rapto ocorreu pelas 6 horas e 15 minutos do dia 13 de Fevereiro de 2013, na sua residência, tendo as ditas forças entrado à força na sua residência, algemando Herminio e arrastando para um dos 3 carros que com eles vinham”, lê-se num comunicado assinado pelo presidente do Partido Pasomo, Francisco Campira.
Campira e Hermínio dos Santos têm estado juntos nos últimos dias e há poucos meses anunciaram terem assinado um memorando de entendimento para trabalho em conjunto.
Esta não é a primeira vez que Hermínio dos Santos é preso, alegadamente por ordens do Governo. (André Mulungo)
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