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16 de Abril de 2012
"Se alguma vez nos passou pela cabeça que os políticos e militares portugueses, ganham
fortunas no poder, para nos servir, para nos gerir, para nos salvar, para nos proteger...
Desenganem-se!
Eles ganham fortunas para servir interesses estrangeiros criminosos, para se servirem a eles próprios,
para colocar a nação ao serviço do tráfico, para nos roubar, para nos enganar, para nos falir e para nos
matar... se for preciso.
O clube Bildberg, a CIA, a Maçonaria, o tráfico de armas, os atentados, os partidos ao serviço de tráfico
de armas, parece uma história de países distantes... Ou de filmes americanos!
Mas é afinal... a história de Portugal.
Últimas divulgações do caso Camarate onde surgem nomes sonantes de portugueses e não só.
18 Páginas da confissão do caso Camarate, em Vídeo: (resumo aqui alguns trechos)
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Mário Soares, (o preferido dos traficantes de armas).
Francisco Pinto Balsemão (Do clube Bildberg e maçonaria, o que sabia do
atentado desde o inicio) Agora entendemos como conseguiu impedir a
privatização da RTP e ainda retirar-lhe a publicidade, este homem é muito
poderoso É UM BILDBERG, (o livro proibido em Portugal.)
General Diogo Neto, Coronel Vinhas, Frank Carlluci, etc (os que tramaram
tudo)
PS (referido, pelos americanos, como o partido amigo dos americanos)
Banco BIC de Angola, e o envolvimento do pai (José Pedro Castro) e do filho,
director adjunto do BIC (Bruno Castro), no tráfico de armas.
O segurança pessoal de Sá Carneiro, também envolvido.
Contém ainda a revelação de todos os envolvidos no atentado e no tráfico
de armas.
Nomes das empresas que fabricavam as armas.
General Costa Gomes e Rosa Coutinho lideravam o tráfico para Angola.
Major Otelo Saraiva de Carvalho cuidava do negócio com Moçambique.
Dinis Almeida, Coronel Corvacho, Varela Gomes e Carlos Fabião, outros
nomes dos que enriqueceram com o negócio.
O atentado visava Adelino Amaro da Costa, mais que Sá Carneiro, pois era
ele que insistia em investigar os envolvidos no tráfico de armas.
Foi encontrada a mala dele com a investigação e os nomes, foi dada à PJ,
mas desapareceu.
Etc...Etc...etc...etc...etc só visto porque contado ninguém acredita.
Acesse o Artigo Original:
http://apodrecetuga.blogspot.com/2012/04/camarate-finalmente-trazido-luz-pela.html#ixzz1sEmijfAS
Gentileza do BLOG "APODRECETUGA"!
Publicada por O Bar do Alcides
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22 de Abril de 2012
A TRAIÇÃO A PORTUGAL (1ª PARTE)
TODO O PLANO PARA O ASSASSÍNIO DO DR. FRANCISCO SÁ CARNEIRO E DO ENGº
ADELINO AMARO DA COSTA
(1ª PARTE)
Eu, Fernando Farinha Simões, decidi finalmente, em 2011, contar toda a verdade sobre Camarate.
No passado nunca contei toda a operação de Camarate, pois estando a correr o processo judicial,
poderia ser preso e condenado.
Também porque durante 25 anos não podia falar, por estar obrigado ao sigilo por parte da CIA, mas esta
situação mudou agora, ao que acresce o facto da CIA me ter abandonado completamente desde 1989.
Finalmente decidi falar por obrigação de consciência.
Fiz o meu primeiro depoimento sobre Camarate, na Comissão de Inquérito Parlamentar, em 1995.
Mais tarde prestei alguns depoimentos em que fui acrescentando factos e informações.
Cheguei a prestar declarações para um programa da SIC, organizado por Emílio Rangel, que não chegou
contudo a ir para o ar.
Em todas essas declarações públicas contei factos sobre o atentado de Camarate, que nu nca foram
desmentidos, apesar dos nomes que citei e da gravidade dos factos que referi.
Em todos esses relatos, eu desmenti a tese oficial do acidente, defendida pela Polícia Judiciária e pela
Procuradoria-geral da República.
Nunca tive dúvidas de que as Comissões de Inquérito Parlamentares estavam no caminho certo, pois
Camarate foi um atentado.
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Devo também dizer que tendo eu falado de factos sobre Camarate tão graves e do envolvimento de
certas pessoas nesses factos, sempre me surpreendeu que essas pessoas tenham preferido o silêncio.
Estão neste caso o Tenente Coronel Lencastre Bernardo ou o Major Canto e Castro.
Se, se sentissem ofendidos pelas minhas declarações, teria sido lógico que tivessem reagido.
Quanto a mim, este seu silêncio só pode significar que, tendo noção do que fizeram, consideraram que
quanto menos se falar no assunto, melhor.
Nessas declarações que fiz, desde 1995, fui relatando, sucessivamente, apenas parte dos factos
ocorridos, sem nunca ter feito a narração completa dos acontecimentos.
Estávamos ainda relativamente próximos dos acontecimentos e não quis portanto revelar todos os
pormenores, nem todas as pessoas envolvidas nesta operação.
Contudo, após terem passado mais de 30 anos sobre os factos, entendi que todos os portu gueses tinham
o direito de conhecer o que verdadeiramente sucedeu em Camarate.
Não quero contudo deixar de referir que hoje estou profundamente arrependido de ter participado
nesta operação, não apenas pelas pessoas que aí morreram, e cuja qualidade humana só mais tarde tive
ocasião de conhecer, como do prejuízo que constituiu, para o futuro do país, o desaparecimento dessas
pessoas.
Naquela altura contudo, Camarate era apenas mais uma operação em que participava, pelo que não
medi as consequências.
Peço por isso desculpa aos familiares das vítimas, e aos Portugueses em geral, pelas consequências da
operação em que participei.
Gostaria assim de voltar atrás no tempo, para explicar como acabei por me envolver nesta operação.
Em 1974 conheci, na África do Sul, a agente dupla alemã, Uta Gerveck, que trabalhava para a BND
(Bundesnachristendienst) - Serviços de Inteligência Alemães Ocidentais, e ao mesmo tempo para a
Stassi.
A cobertura legal de Uta Gerveck é feita através do conselho mundial das Igrejas (uma espécie de ONG),
e é através dessa fachada que viaja praticamente pelo Mundo todo, trabalhando ao mesmo tempo para
a BND e para a Stassi.
Fez um livro em alemão que me dedicou, e que ainda tenho, sobre a luta de liberdade do PAIGC na
Guiné-bissau.
O meu trabalho com a Stassi veio contudo a verificar-se posteriormente, quando estava já a trabalhar
para a CIA.
A minha infiltração na Stassi dá-se por convite da Uta Gerveck, em 1976, com a concordância da CIA,
pois isso interessava-lhes muito.
Úta Gerveck apresenta-me, em 1978, em Berlim Leste, a Marcus Wolf, então Director da Stassi.
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Fui para esse efeito então clandestinamente a Berlim Leste, com um passaporte espanhol, que me foi
fornecido por Úta Gerveck.
0 meu trabalho de infiltração na Stassi consistiu na elaboração de relatórios pormenorizados acerta das
“toupeiras" infiltradas na Alemanha Ocidental pela Stassi.
Que actuavam nomeadamente junto de Helmut Khol, Helmut Schmidt e de Hans Jurgen Wischewski.
Hans Jurgen Wischewski era o responsável pelas relações e contactos entre a Alemanha Ocidental e de
Leste, sendo Presidente da Associação Alemã de Cooperação e Desenvolvimento (ajuda ao terceiro
Mundo), e também ia às reuniões do Grupo Bilderberg.
Viabilizou também muitas operações clandestinas, nos anos 70 e 80, de ajuda a grupos de libertação, a
partir da Alemanha Ocidental.
Estive também na Academia da Stassi, várias vezes, em Postdan - Eiche.
Relativamente ao relato dos factos, gostaria de começar por referir que tenho contactos, desde 1970,
em Angola, com um agente da CIA, que é o jornalista e apresentador de televisão Paulo Cardoso (já
falecido).
Conheci Paulo Cardoso em Angola com quem trabalhei na TVA - Televisão de Angola na altura.
Em 1975, formei em Portugal, os CODECO com José Esteves, Vasco Montez, Carlos Miranda e Jorge Gago
(já falecido).
Esta organização pretendia, defender, em Portugal, se necessário por via de guerrilha, os valores do
Mundo Ocidental.
Através de Paulo Cardoso sou apresentado, em 1975, no Hotel Sheraton, em Lisboa, a um agente da CIA,
antena, (recolha de informações), chamado Philip Snell.
Falei então durante algum tempo com Philip Snell.
O Paulo Cardoso estava então a viver no Hotel Sheraton.
Passados poucos dias, Philip Snell, diz-me para ir levantar, gratuitamente, um bilhete de avião, de Lisboa
para Londres, a uma agência de viagens na Av. De Ceuta, que trabalhava para a embaixada dos EUA.
Fui então a uma reunião em Londres, onde encontrei um amigo antigo, Gary Van Dyk, da África do Sul,
que colaborava com a CIA.
Fui então entrevistado pelo chefe da estação da CIA para a Europa, que se chamava John Logan.
Gary Van Dyk, defendeu nessa reunião, a minha entrada para a CIA, dizendo que me conhecia bem de
Angola, e que eu trabalhava com eficiência.
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Comecei então a trabalhar para a CIA, tendo também para esse efeito pesado o facto de ter
anteriormente colaborado com a NISS - National Intelligence Security Service (Agência Sul Africana de
Informações).
Gary Van Dyk era o antena, em Londres, do DONS - Department Operational of National Security (Sul
Africana).
Regressando a Lisboa, trabalhei para a Embaixada dos EUA, em Lisboa entre 1975 e 1988, a tempo
inteiro.
Entre 1976 e 1977, durante cerca de um ano e meio vivi numa suite no Hotel Sheraton, o que pode ser
comprovado, tudo pago pela Embaixada dos EUA.
Conduzia então um carro com matrícula diplomática, um Ford, que estacionava na garagem do Hotel.
Nesta suite viveu também a minha mulher, Elsa, já grávida da minha filha Eliana.
O meu trabalho incluía recolha de informações /contra informações, informações sobre tráfico de
armas, de operações de combate ao tráfico de droga, informações sobre terrorismo, recrutamento de
informadores, etc.
Estas actividades incluem contactos com serviços secretos de outros países, como a Stassi, a Mossad, e a
"Boss" (Sul Africana), depois NISS - National Information Secret Service, depois DONS e actualmete SASS.
Era pago em Portugal, recebendo cerca de USD 5.000 por mês.
Nestas actividades facilita o facto de eu falar seis línguas.
Actuei utilizando vários nomes diferentes, com passaportes fornecidos pela Embaixada dos EUA em
Lisboa.
Facilitava também o facto de eu falar um dialecto angolano, o kimbundo.
A Embaixada dos EUA tinha também uma casa de recuo na Quinta da Marinha, que me estava entregue,
e onde ficavam frequentemente agentes e militares americanos, que passavam por Portugal.
Era a vivenda "Alpendrada".
A partir de 1975, como referi, passei a trabalhar directamente para a CIA.
Contudo a partir de 1978, passei a trabalhar como agente encoberto, no chamado "Office of Special
Operations".
A que se chamava serviços clandestinos, e que visavam observar um alvo, incluindo perseguir, conhecer
e eliminar o alvo, em qualquer país do mundo, excepto nos EUA.
Por pertencermos a este Office, éramos obrigados a assinar uma cláusula que se chamava "plausible
denial" que significa que se fossemos apanhados nestas operações com documentos de identificação
falsos, a situação seria por nossa conta e risco, e a CIA nada teria a ver com a situação.
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Nessa circunstância tínhamos o discurso preparado para explicar o que estávamos a fazer, incluindo
estarmos preparados para aguentar a tortura.
Trabalhei para o "Office of Special Operations ” até 1989, ano em que saí da CIA.
Para fazer face a estes trabalhos e operações, as minhas contas dos cartões de crédito do VISA, American
Express e Dinners Club, tinham, cada uma, um plafond de 10.000 USD, que podiam ser movimentados
em caso de necessidade.
Estes cartões eram emitidos no Brasil, em bancos estrangeiros sedeados no Brasil, como o Citibank, o
Bank of Boston ou o Bank of America.
Entre 1975 e 1989, portanto durante cerca de 14 anos, gastei com estes cartões cerca de 10 milhões de
USD, em operações em diversos países, nomeadamente pagando a informadores, políticos, militares,
homens de negócios, e também traficantes de armas e de drogas, em ligação com a DEA (Drug
Enforcement Agency).
Existiram outros valores movimentados à parte, a partir de um saco azul, “em cash”, valores esses
postos á disposição pelo chefe da estação da CIA, no local onde as operações eram realizadas.
Este saco azul servia para pagar despesas como viagens, compras necessárias, etc.
Posso referir que a operação de Camarate, que a seguir irei transcrever custou a preços
de 1980 entre 750.000 e 1 milhão de USD.
Só o Sr. José António dos Santos Esteves recebeu 200.000 USD.
Estas despesas relacionadas com a operação de Camarate, incluíram os pagamentos a diversas pessoas e
participantes, como o Sr. Lee Rodrigues, como seguidamente irei descrever.
Entre 1975 e 1988, participei em vários cursos e seminários em Langley, Virginia e Quantico, pago pela
CIA, sobre informação, desinformação, contra-informação, terrorismo, contra-terrorismo, infiltrações
encobertas, etc., etc.
(CONTINUA...)
Publicada por O Bar do Alcides
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A TRAIÇÃO A PORTUGAL (2ª PARTE)
TODO O PLANO PARA O ASSASSÍNIO DO DR. FRANCISCO SÁ CARNEIRO E DO ENGº.
ADELINO AMARO DA COSTA
(2ª PARTE)
Trabalhei em serviços de infiltração pela CIA e pela DEA (Drug Enforcement Agency), em diferentes
países, como Portugal, El Salvador, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Peru, Guatemala, Nicarágua, Panamá,
Chile, Líbano, Síria, Egipto, Argélia, Marrocos, Filipinas.
A minha colaboração com a DEA, iniciou-se em 1981, através de Richard Lee Armitage.
Em 1980, Richard Armitage viria também a estar comigo e com o Henry Kissinger em Paris, Richard Lee
Armitage era membro do CFR (Counceil for Foreign Affairs and Relations) e da Organização e
Cooperação para a Segurança da Europa (OSCE), criada pela CIA, Richard Armitage era também membro,
na altura, do Grupo Carlyle, do qual o CEO era Frank Carlucci.
O Grupo Carlyle dedica-se à construcção civil, imobiliário e é um dos maiores grupos de tráfico de armas
no Mundo, junto com o Grupo Haliburton, chefiado por Richard "Dick" Cheney.
O Grupo Carlyle pertence a vários investidores privados dos EUA, por regra do Partido Republicano.
Este grupo promove nomeadamente vendas de armas, petróleo e cimento para países como o Iraque,
Afeganistão e agora para os países da primavera árabe.
A lavagem do dinheiro do tráfico de armas e da droga, era feito, na altura, pelo Banco BCCI, ligado à CIA
e à NSA - National Security Agency.
O BCCI foi fundado em 1972 e fechado no princípio dos anos 90, devido aos diversos escândalos em que
esteve envolvido.
Oliver North pertencia ao Conselho Nacional de Segurança, às ordens de William Walker, ex-embaixador
dos EUA em El Salvador.
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Oliver North seguiu e segue sempre as ordens da CIA, dependente de William Casey.
Oliver North está hoje retirado da CIA, e é CEO de vários grupos privados americanos, tal como Frank
Carlucci.
Da DEA conheci Celerino Castilho e Mike Levine.
Anabelle Grimm e Brad Ayers, tendo trabalhado para a DEA entre 1975 até 1989.
Da CIA trabalhei também com Tosh Plumbey, Ralph Megehee - tenente-coronel da NSA, actualmente
reformado.
Da CIA trabalhei ainda com Bo Gritz e Tatum.
Estes dois agentes tinham a sua base de operações em El Salvador, (onde eu também estive durante os
anos 80, durante o tráfico Irão - Contras), desenvolvendo nomeadamente actividades com tráfico de
armas.
Uma das suas operações consistiu no transporte de armas dos EUA para El-Salvador, que eram depois
transportadas para o Irão e a Nicarágua.
Os aviões, normalmente panamianos e colombianos regressavam depois para os EUA com droga,
nomeadamente cocaína, proveniente de países como a Colômbia, Bolívia e El Salvador, que serviam para
financiar a compra de armas.
Esta actividade desenvolveu-se essencialmente desde os finais dos anos 70 até 1988.
A cocaína vinha nomeadamente da Ilha Normans Cay, nas Bahamas, de que era proprietário Carlos
Lheder Rivas.
Carlos Rivas era um dos chefes do Cartel de Medellin, trabalhando para este cartel e para ele próprio.
Carlos Rivas era, neste contexto um personagem importante, sendo o braço direito de Roberto Vesco,
que trabalhava para a CIA e para a NSA.
Roberto Vesco era proprietário de Bancos nas Bahamas, nomeadamente o Colombus Trust.
Carlos Rivas fazia toda a logística de Roberto Vesco e forneciam armas a troco de cocaína,
nomeadamente ao movimento de guerrilha Colombiano M19.
Roberto Vesco está hoje refugiado em Cuba.
O dinheiro das operações de armas e de droga são lavadas no Banco BCCI e noutros bancos, com o nome
de código "Amadeus".
Há no entanto contas activas nas Bahamas e em Norman's Cay, nas Ilhas Jersey, que gerem contas
bancárias, nomeadamente para o tráfico de armas para os “Contras” da Nicarágua, e para o Irão.
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Como acima referi, muito desse dinheiro foi para bancos americanos e franceses, o que em parte
explicará porquê é que Manuel Noriega foi condenado a 60 anos de prisão, tendo primeiro estado preso
nos EUA, depois em França, e actualmente no Panamá.
Foi preso porque era conveniente que estivesse calado, não referindo nomeadamente que partilhava
com a CIA, o dinheiro proveniente da venda de armas e da venda de drogas.
Noriega movimentava contas bancárias em mais de 120 bancos, com conhecimento da CIA.
Noriega fazia também parte da operação "Black Eagle", dedicada ao tráfico de armas e de droga, que em
1982 se transformou numa empresa chamada Enterprise, com a colaboração de Oliver North e de
Donald Gregg da CIA.
Em face do grau de informações e de conhecimento que tinha, é fácil de perceber porquê se verificou o
derrube e a prisão de Noriega.
Devo dizer que estou pessoalmente admirado que não o tenham até agora “suicidado", pois deve ter
muitos documentos ainda guardados.
Noriega tinha a intenção de contar tudo o que sabia sobre este tráfico, nomeadamente sobre os serviços
prestados à CIA e a Bush Pai, tendo por isso sido preso.
Washington e a CIA são assim veículos importantes do tráfico de armas e de droga, utilizando
nomeadamente os pontos de apoio de South Flórida e do Panamá.
No início dos anos 80 conheci um traficante do cartel de Cali, de nome Ramon Milian Rodriguez, que
depois mais tarde perante uma comissão do Senado Americano, onde falou do tráfico de armas e de
droga, do branqueamento de dinheiro, bem como das cumplicidades de Oliver North neste tráfico às
ordens de Bush Pai e do Donald Gregg.
Muito do dinheiro gerado nessas vendas foi para bancos americanos e franceses.
Este dinheiro servia também para compras de propriedades imobiliárias.
Por estar ligado a estas operações, Noriega foi preso pelos EUA.
Foi numa operação de droga que realizei na Colômbia e nas Bahamas, em 1984, onde se deu a prisão de
Carlos Lheder Rivas, do Cartel de Medallin, em que eu não concordei com os agentes da DEA da estação
de Miami, pois eles queriam ficar com 10 milhões de dólares e com o avião "lear-jet" provenientes do
tráfico de droga.
Não concordando, participei desses agentes ao chefe da estação da DEA de Miami.
Este chefe mandou-lhes então levantar um inquérito, tendo sido presos pela própria DEA.
A partir de aí a minha vida tornou-se num verdadeiro inferno, nomeadamente com a realização de
armadilhas, e detenções, tendo acabado por sair da CIA em 1989, a conselho de Frank Carlucci.
O principal culpado da minha saída da CIA e da DEA foi John C. Lawn, director da estação da DEA e amigo
de Noriega e de outros traficantes.
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John Lawn encobriu, ou tentou encobrir, todos os agentes da DEA que denunciei aquando da prisão de
Carlos Rivas.
Após a minha saída da CIA, Frank Carlucci continuou contudo a ajudar-me com dinheiro, com conselhos
e com apoio logístico, sempre que eu precisei até 1994.
Regressando contudo à minha actividade em Portugal, anteriormente a Camarate e ao serviço da CIA,
devo referir que conheci Frank Carlucci, em 1975, através de duas pessoas: um jornalista Português da
RTP, já falecido, chamado Paulo Cardoso de Oliveira, que conhecera em Angola, e que era agente da CIA,
e Gary Van Dyk, agente da BOSS (Sul Africana) que conheci também em Angola.
Mantive contactos directos frequentes com Frank Carlucci, sobretudo entre 1975 e 1982, de quem recebi
instruções para vários trabalhos e operações.
Os meus contactos com Frank Carlucci mantêm-se até hoje, com quem falo ainda ocasionalmente pelo
telefone.
A última vez que estive com ele foi em Madrid, em 2008, na escala de uma viagem que Frank Carlucci
realizou à Turquia.
Em Lisboa, também lidei e recebi ordens de William Hasselberg - antena da CIA em Lisboa, que além de
recolher informações em Lisboa actua como elo de ligação entre portugueses e americanos.
Tive inclusivamente uma vida social com William Hasselberg, que inclui uma vida nocturna em Lisboa,
em diferentes bares, restaurantes, e locais públicos.
William Hasselberg gostava bastante da vida nocturna, onde tinha muito gosto em aparecer com as suas
diversas “conquistas” femininas.
Trabalhei também com outros agentes da CIA, nomeadamente Philip Agee.
Neste âmbito, trabalhei em operações de tráfico de armas, e em infiltrações em organizações com o
objectivo de obter informações políticas e militares, “Billie” Hasselberg fala bem português, e era grande
amigo de Artur Albarran.
Hasselberg e Albarran conheceram-se numa festa da embaixada da Colômbia ou Venezuela, tendo
Albarran casado nessa altura, nos anos 80, com a filha do embaixador, que foi a sua primeira mulher.
Das reuniões que tive com a embaixada americana em Lisboa, a partir de 1978, conheci vários agentes
da CIA.
O Chefe da estação da CIA em Portugal, John Logan, oferece-me um livro seu autografado.
Conheci também o segundo chefe da CIA, Sr. Philip Snell, Sr. James Lowell, e o Sr. Arredondo.
Da parte militar da CIA conheci o Coronel Wilkinson, a partir de quem conheci o coronel Oliver North e o
Coronel Peter Bleckley.
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O coronel Oliver North, militar mas também agente da CIA e o coronel Peter Bleckley, são os principais
estrategas nos contactos internacionais, com vista ao tráfico e venda de armas, nomeadamente com
países como Irão, Iraque, Nicarágua, e o El Salvador.
Na sequência do conhecimento que fiz com Oliver North, tendo várias reuniões com ele e com agentes
da CIA, por causa do tráfico e negócio de armas.
Estas reuniões têm lugar em vários países, como os EUA, o México, a Nicarágua, a Venezuela, o Panamá.
Neste último país contacto com dois dos principais adjuntos de Noriega, José Bladon, chefe dos serviços
secretos do Panamá, que me disse que praticamente todos os embaixadores do Panamá em todo o
Mundo estavam ao serviço de Noriega.
Blandon pediu-me na altura se eu arranjava um Rolls Royce Silver Spirits, para o embaixador do Panamá
em Lisboa, o que acabei por conseguir.
Em meados de 1980, Frank Carlucci refere-me, por alto, e pela primeira vez, que eu iria ser encarregue
de fazer um "trabalho" de importância máxima e prioritária em Portugal, com a ajuda dele, da CIA, e da
Embaixada dos EUA em Portugal, sendo-me dado, para esse efeito, todo o apoio necessário.
(CONTINUA)
Publicada por O Bar do Alcides
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A TRAIÇÃO A PORTUGAL (3ª PARTE)
TODO O PLANO PARA O ASSASSÍNIO DO DR. FRANCISCO SÁ CARNEIRO E DO ENGº.
ADELINO AMARO DA COSTA
(3ª PARTE)
Tenho depois reuniões em Lisboa, com o agente da CIA, Frank Sturgies, que conheço pela primeira vez.
Frank Sturgies é uma pessoa de aspecto sinistro e com grande frieza, e é organizador das forças anti-castristas, sediadas em Miami, e é elo de ligação com os "contra" da Nicarágua.
Frank Sturgies refere-me então, que está em marcha um plano para afastar, definitivamente, (entenda-se eliminar) uma pessoa importante, ligada ao Governo Português de então, sem dizer contudo ainda
nomes.
Algum tempo depois, possivelmente em Setembro ou Outubro de 1980, jogo ténis com Frank Carlucci
quase toda a tarde, na antiga residência do embaixador dos EUA, na Lapa.
Janto depois com ele, onde Frank Carlucci refere novamente que existem problemas em Portugal para a
venda e transporte de armas, e que Francisco Sá Carneiro não era uma pessoa querida dos EUA.
Depois já na sobremesa, juntam-se a nós o Gen. Diogo Neto, o Cor. Vinhas, o Cor. Robocho Vaz e Paulo
Cardoso, onde se refere novamente a necessidade de se afastarem alguns obstáculos existentes ao
negócio de armas.
Todos estes elementos referem a Frank Calucci que eu sou a pessoa indicada para a preparação e
implementação desta operação.
Em Outubro de 1980, num juntar no Hotel Sheraton onde participo eu, Frank Sturgies (CIA), Vilfred
Navarro (CIA), o General Diogo Neto e o Coronel Vinhas (já falecidos), onde se refere que há entraves ao
tráfico de armas que têm de ser removidos.
Depois há um outro jantar também no Hotel Sheraton, onde participam, entre outros, eu e o Cor. Oliver
North, onde este diz claramente que "é preciso limar algumas arestas" e "se houver necessidade de se
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tirar alguém do caminho, tira-se", dando portanto a entender que haverá que eliminar pessoas que
criam problemas aos negócios de venda de armas.
Oliver North diz-me também que está a ter problemas com a sua própria organização, e que teme que o
possam querer afastar e "deixar cair", o que acabou por acontecer.
Há também Portugueses que estavam a beneficiar com o tráfico de armas, como o Major Canto e Castro,
o Gen. Pezarat Correia, Franco Charais e o empresário Zoio.
Sabe-se também já nessa altura que Adelino Amaro da Costa estava a tentar acabar com o tráfico de
armas, a investigar o fundo de desenvolvimento do Ultramar, e a tentar acabar com lobbies instalados.
Afastar essas duas pessoas pela via política era impossível, pois a AD tinha ganho as eleições.
Restava portanto a via de um atentado.
Passados alguns dias, recebo um telefonema do Major Canto e Castro (pertencente ao conselho da
revolução), que eu já conhecia de Angola, pedindo para eu me encontrar com ele no Hotel Altis.
Nessa reunião está também Frank Sturgies, e fala-se pela primeira vez em "atentado", sem se referirem
ainda quem é o alvo.
Referem que contam comigo para esta operação.
O Major Canto e Castro diz que é preciso recrutar alguém capaz de realizar esta operação.
Tenho depois uma segunda reunião no Hotel Altis com Frank Sturgies e Philip Snell, onde Fran k Sturgies
me encarrega de preparar e arranjar alguns operacionais para uma possível operação dentro de pouco
tempo, possivelmente dentro de 2 ou 3 meses.
Perguntam-me se já recrutei a pessoa certa para realizar este atentado, e se eu conheço algum perito na
fabricação de bombas e em armas de fogo.
Respondo que em Espanha arranjaria alguém da ETA para vir cá fazer o atentado, se tal fosse necessário.
Quem paga a operação e a preparação do atentado é a CIA e o Major Canto e Castro.
Canto e Castro colabora na altura com os serviços Secretos Franceses, para onde entrou através do sogro
na época.
O sogro era de nacionalidade Belga, que trabalhava para a SDEC, os serviços de inteligência franceses,
em 1979 e 1980.
Canto e Castro casou com uma das suas filhas, quando estava em Luanda, em Angola, ao serviço da
Força Aérea Portuguesa.
Em Luanda, Canto e Castro vivia perto de mim.
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Tendo que organizar esta operação, falo então com José Esteves e mais tarde com Lee Rodrigues (que na
altura ainda não conhecia).
O elo de ligação de Lee Rodrigues em Lisboa era Evo Fernandes, que estava ligado à resistência
moçambicana, a Renamo.
Falo nessa altura também com duas pessoas ligadas à ETA militar, para caso do atentado ser realizado
através de armas de fogo.
Depois, noutro jantar em casa de Frank Carlucci, na Lapa, na mansarda, no último andar, onde jantamos
os dois sozinhos, Frank Carlucci diz abertamente e pela primeira vez, o que eu tinha de fazer, qual era a
operação em curso e que esta visava Adelino Amaro da Costa, que estava a dificultar o transporte e
venda de armas a partir de Portugal ou que passavam em Portugal, e que havia luz verde dada por Henry
Kissinger e Oliver North.
Cumprimento ambos, referindo que sou "o homem deles em Lisboa".
Três semanas antes do atentado, Canto e Castro e Frank Sturgies, referem pela primeira vez, que o alvo
do atentado é Adelino Amaro da Costa.
O Major Canto e Castro afirma que irá viajar para Londres.
Frank Sturgies pede-me que obtenha um cartão de acesso ao aeroporto para um tal Lee Rodrigues, que é
referido como sendo a pessoa que levará e colocará a bomba no avião.
Recebo depois um telefonema de Canto e Castro, referindo que está em Londres e para eu ir ter lá com
ele.
Refere-me que o meu bilhete está numa agência de viagens situada na Av. da República, junto à
pastelaria Ceuta.
Chegado a Londres fico no Hotel Grosvenor, ao pé de Victoria Station.
Canto e Castro vai buscar-me e leva-me a uma casa perto do Hotel, onde me mostra pela primeira vez, o
material, incluindo explosivos, que servirão para confeccionar a "bomba" nesta operação.
Essa casa em Londres, era ao mesmo tempo residência e consultório de um dentista indiano, amigo de
Canto e Castro, Canto e Castro refere-me que esse material será levado para Portugal pela sua
companheira Juanita Valderrama.
O Major Canto e Castro pede-me então que vá ao Hotel Altis recolher o material.
Vou então ao Hotel acompanhado de José Esteves, e recebemos uma mala e uma carta da senhora
Juanita, José Esteves prepara então uma bomba destinada a um avião, com esses materiais, com a ajuda
de Carlos Miranda.
O Major Canto e Castro volta depois de Londres, encontra-se comigo, e digo-lhe que a bomba está
montada.
Lee Rodrigues é-me apresentado pelo Major Canto e Castro.
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Alguns dias depois Lee Rodrigues telefona-me e encontramo-nos para jantar no restaurante Galeto,
junto ao Saldanha, juntamente com Canto e Castro, onde aparece também Evo Fernandes, que era o
contacto de Lee Rodrigues em Lisboa.
Fora Evo Fernandes que apresentara Lee Rodrigues a Canto e Castro.
Lee Rodrigues era moçambicano e tinha ligações à Renamo.
Nesse jantar alinham-se pormenores sobre o atentado.
Canto e Castro refere contudo nesse jantar que o atentado será realizado em Angola.
Perante esta afirmação, pergunto se ele está a falar a sério ou a brincar, e se me acha com “cara de
palhaço"- fazendo intenção de me levantar.
Refiro que, através de Frank Carlucci, já estava a par de tudo.
Lee Rodrigues pede calma, referindo depois Canto e Castro que desconhecia que eu já estava a par de
tudo, mas que sendo assim nada mais havia a esconder.
Possivelmente em Novembro, é-me solicitado por Philip Snell que participe numa reunião em Cascais,
num iate junto á antiga marina (na altura não existia a actual marina).
Vou e levo comigo José Esteves.
Essa reunião tem lugar entre as 20 e as 23 horas, nela participando Philips Snell, Oliver North, Frank
Sturgies, Sydral e Lee Rodrigues e mais cerca de 2 ou 3 estrangeiros, que julgo serem americanos.
Nesta reunião é referido que há que preparar com cuidado a operação que será para breve, e falam-se
de pormenores a ter em atenção.
É referido também os cuidados que devem ser realizados depois da operação, e o que fazer se algo
correr mal.
A língua utilizada na reunião é o inglês.
José Esteves recebeu então USD 200.000 pelo seu futuro trabalho.
Eu não recebi nada pois já era pago normalmente pela CIA.
Eu nessa altura recebia da CIA o equivalente a cinco mil US Dólares, dispondo também de dois cartões de
crédito Diner's Club e Visa Gold, ambos com plafonds de 10.000 US Dólares.
Lee Rodrigues pede-me então que arranje um cartão para José Esteves entrar no aeroporto.
Para este efeito, obtenho um cartão forjado, na Mouraria, em Lisboa, numa tipografia que hoje já não
existe.
Lee Rodrigues diz-me também que irá obter uma farda de piloto numa loja ao pé do Coliseu, na Rua das
Portas de Santo Antão.
A meu pedido, João Pedro Dias, que era carteirista, arranja também um cartão para Lee Rodrigues.
17
Este cartão foi obtido por João Pedro Dias, roubando o cartão de Miguel Wahnon, que era funcionário da
TAP.
Apenas foi necessário mudar-se a fotografia desse cartão, colocando a fotografia de Lee Rodrigues.
José Esteves prepara então na sua casa no Cacém, um engenho para o atentado.
Conta com a colaboração de outro operacional chamado Carlos Miranda, especialista em explosivos,
que é recrutado por mim, e que eu já conhecia de Angola, quando Carlos Miranda era comandante da
FNLA e depois CODECO em Portugal.
José Esteves foi também um dos principais comandantes da FNLA, indo muitas vez es a Kinshasa.
Depois do artefacto estar pronto, vou novamente a Paris.
No Hotel Ritz, à tarde, tenho um encontro com Oliver North, o cor. Wilkison e Philip Snell, onde se refere
que o alvo a abater era Adelino Amaro da Costa, Ministro da Defesa.
Volto a Portugal, cerca de 5 ou 6 dias antes do atentado.
É marcado por Oliver North um jantar no hotel Sheraton.
Nesse jantar aparece e participa um indivíduo que não conhecia e que me é apresentado por Oliver
North , chamado Penaguião.
Penaguião afirma ser segurança pessoal de Sá Carneiro.
Oliver North refere que Penaguião faz parte da segurança pessoal de Sá Carneiro e que é o homem que
conseguirá meter Sá Carneiro no Avião.
Penaguião afirma, de forma fria e directa que Sá Carneiro também iria no avião, "pois dessa forma
matavam dois coelhos de uma cajadada!".
Afirma que a sua eliminação era necessária, uma vez que Sá Carneiro era anti-americano, e apoiava
incondicionalmente Adelino Amaro da Costa na denúncia do tráfico de armas, e na descoberta do
chamado saco azul do Fundo de Defesa do Ultramar, pelo que tudo estava, desde o início, preparado
para incluir as duas pessoas.
Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa.
Fico muito receoso, pois só nesse momento fiquei a conhecer a inclusão de Sá Carneiro no atentado.
Pergunto a Penaguião como é que ele pode ter a certeza de que Sá Carneiro irá no avião, ao que
Penaguião responde de que eu não me preocupasse pois que ele, com mais alguém, se encarregaria de
colocar Sá Carneiro naquele avião naquele dia e naquela hora, pois ele coordenava a segurança e a sua
palavra era sempre escutada.
No final do jantar, juntam-se a nós três o Gen. Diogo Neto e o Cor. Vinhas.
18
Fico estarrecido com esta nova informação sobre Sá Carneiro, e decido ir, nessa mesma noite, à
residência do embaixador dos EUA, na Lapa, onde estava Frank Carlucci, a quem conto o que ouvi.
Frank Carlucci responde que não me preocupasse, pois este plano já estava determinado há muito
tempo.
Disse-me que o homem dos EUA era Mário Soares, e que Sá Carneiro, devido à sua maneira de ser,
teimoso e anti-americano, não servia os interesses estratégicos dos EUA.
Mário Soares seria o futuro apoio da política americana em Portugal, junto com outros líderes do PSD e
do PS.
Aceito então esta situação, uma vez que Frank Carlucci já me havia dito antes que tudo estava
assegurado, inclusivamente se algo corresse mal, como a minha saída de Portugal, a cobertura total para
mim e para mais alguém que eu indicasse, e que pudesse vir a estar em perigo.
Isto e a usual “realpolitik" dos Estados Unidos, e suspeito que sempre será.
Três dias antes do atentado há uma nova reunião, na Rua das Pretas no Palácio Roquete, onde
participam Canto e Castro, Farinha Simões, Lee Rodrigues, José Esteves e Carlos Miranda
Carlos Miranda colaborou na montagem do engenho explosivo com José Esteves, tendo ido várias vezes
a casa de José Esteves.
Nessa reunião são acertados os últimos pormenores do atentado.
Nessa reunião, Lee Rodrigues diz que ele está preparado para a operação e Canto e Castro diz que o
atentado será a 3 ou 4 de Dezembro.
Nessa reunião é dito que o alvo é Adelino Amaro da Costa.
No dia seguinte encontramo-nos com Canto e Castro no Hotel Sheraton, e vamos jantar ao restaurante "
O Polícia".
No dia 4 de Dezembro, telefono de um telefone no Areeiro, para o Sr. William Hasselberg, na Embaixada
dos EUA, para confirmar que o atentado é para realizar, tendo-me este referido que sim.
Desse modo, à tarde, José Esteves traz uma mala a minha casa, e vamos os dois para o aeroporto.
Conduzo José Esteves ao aeroporto, num BMW do José Esteves.
Já no aeroporto, José Esteves e eu entramos no aeroporto, por uma porta lateral, junto a um posto da
Guarda-fiscal, utilizando o cartão forjado, anteriormente referido.
Depois José Esteves desloca-se e entrega a mala, com o engenho, a Lee Rodrigues, que aparece com uma
farda de piloto e é também visto por mim.
Depois de cerca de 15 minutos, sai já sem a mala, e sai comigo do aeroporto.
Separamo-nos, mas mais tarde José Esteves encontra-se novamente comigo no cabeleireiro Bacta, no
centro comercial Alvalade.
19
Depois José Esteves aparece em minha casa com a companheira da época, de nome Gina, e com um saco
de roupa para lá ficar por precaução.
Ouvimos depois o noticiário das 20 horas na televisão, e José Esteves fica muito surpreendido, pois não
sabia que Sá Carneiro também ia no avião.
(CONTINUA...)
24 de Abril de 2012
18 de Abril de 2012
A TRAIÇÃO A PORTUGAL (4º PARTE)
TODO O PLANO PARA O ASSASSÍNIO DO DR. FRANCISCO SÁ CARNEIRO E DO ENGº.
ADELINO AMARO DA COSTA
(4ª PARTE)
20
Afirma que fomos enganados!
Telefona então para Lencastre Bernardo, que tinha grandes ligações à PJ e à PJ Militar, e uma Ligação ao
General Eanes, Lencastre Bernardo tem também ligações a Canto e Castro, Pezarat Correia, Charais, ao
empresário Zoio a José António Avelar que era ex-braço direito de Canto e Castro.
José Esteves telefona-lhe, e pede para se encontrar com ele.
Este aceita, pelo que, pelas 23 horas, José Esteves, eu, e a minha mulher Elza, dirigimo-nos para a Rua
Gomes Freire, na PJ, para falar com ele.
Esteves sobe para falar com Lencastre Bernardo que lhe tinha dito que não se preocupasse, pois nada
lhe sucederia.
Passámos contudo por casa de José Esteves pois este temia que aí houvesse já um conjunto de polícias à
sua procura, devido a considerarem que ele estava associado à queda do avião em Camarate.
José Esteves ficou assim aliviado por verificar que não existia aparato policial à por ta de sua casa.
Vem contudo dormir para minha casa.
Alguns dias depois falei novamente com Frank Carlucci.
A quem manifestei o meu desconhecimento e ter ficado chocado por ter sabido, depois de o avião ter
caído, que acompanhantes e familiares do Primeiro-ministro e do Ministro da Defesa também tinham
ido no Avião.
Frank Carlucci respondeu-me que compreendia a minha posição, mas que também ele desconhecia que
iriam outras pessoas no avião, mas que agora já nada se podia fazer.
Em 1981, encontro-me com Victor Pereira, na altura agente da Polícia Judiciaria, no restaurante Galeto,
em Lisboa.
Conto a Victor Pereira que alguns dos atentados estão atribuídos às Brigadas Revolucionárias,
relacionados com a colocação de bombas, foram porém efectuadas pelo Jo sé Esteves, como foram os
casos dos atentados à bomba na Embaixada de Angola, de Cuba (esta última com conhecimento de
Ramiro Moreira), na casa de Torres Couto, na casa do prof. Diogo Freitas do Amaral, na casa do Eng.
Lopes Cardoso, e na casa de Vasco Montez, a pedido deste, junto ao Jumbo em Cascais, para obter
"sensacionalismo" á época, tendo José Esteves espalhado panfletos iguais aos da FP25.
Não falei então com Victor Pereira com Camarate.
Tomei conhecimento no entanto que Victor Pereira, no dia 4 de Dezembro de 1980, tendo ido nessa
noite ao Aeroporto da Portela, como agente da PJ, encontrou a mala que era transportada pelo Eng.
Adelino Amaro da Costa.
Nessa mala estavam documentos referentes ao tráfico de armas e de pessoas envolvidas com o Fundo
de Defesa do Ultramar.
21
Salvo erro, Victor Pereira entregou essa mala ao inspector da PJ Pedro Amaral, que por sua vez a
entregou na PJ.
Disse-me então Victor Pereira que essa mala, de maior importância no caso de Camarate, pelas
informações que continha, e que podiam explicar os motivos e as pessoas por detrás deste atentado,
nunca mais voltou a aparecer.
Esta informação foi-me transmitida por Victor Pereira, quando esteve preso comigo na prisão de Sintra,
em 1986.
Não referi então a Victor Pereira que, como descrevo a seguir, eu tinha já tido contacto com essa mala,
em finais de 1982, pelo facto de trabalhar com os serviços secretos na Embaixada dos EUA.
Também em 1981, uns meses depois do atentado, eu e o José Esteves fomos ter com o Major Lencastre
Bernardo, na Polícia Judiciária, na Rua Gomes Freire.
Com efeito, tanto o José Esteves como eu, andávamos com medo do que nos podia suceder por causa do
nosso envolvimento no atentado de Camarate, e queríamos saber o que se passava com a nossa
protecção por causa de Camarate.
Eu não participo na reunião, fico à porta.
Contudo José Esteves diz-me depois que nessa conversa Lencastre Bernardo lhe referiu que, numa
anterior conversa com Francisco Pinto Balsemão, este lhe havia dito ter tido conhecimento prévio do
atentado de Camarate, pois em Outubro de 1980, Kissinger o informou de que essa operação ia ocorrer.
Disse-lhe também que ele próprio tinha tido conhecimento prévio do atentado de Camarate.
Disse-lhe ainda que podíamos estar sossegados quanto a Ca marate, pois não ia haver problemas
connosco, pois a investigação deste caso ia morrer sem consequências.
*** A este respeito gostaria de acrescentar que numa reunião que tive, a sós, em 1986, com Lencastre
Bernardo, num restaurante ao pé do edifício da PJ na Rua Gomes Freire, ele garantiu-me que Pinto
Balsemão estava a par do que se ia passar em 4 de Dezembro.***
No restaurante Fouchet's, em Paris, Kissinger tinha-me dito, “por alto”, que o futuro Primeiro-ministro
de Portugal seria Pinto Balsemão.
É importante referir que tanto Henry Kissinger como Pinto Balsemão eram já, em 1980, membros
destacados do grupo Bilderberg, sendo certo que estas duas pessoas levavam convidados às reuniões
anuais desta organização.
Deste modo, aquando da conversa com Lencastre Bernardo, em 1986, relacionei o que ele me disse
sobre Pinto Balsemão, com o que tinha ouvido em Paris, em l980.
Tive também esta informação, mais tarde, em 1993, numa conversa que tive com William Hasselberg,
em Lisboa, quando este me confirmou de que Pinto Balsemão estava a par de tudo.
22
Em finais de 1982, pelas informações que vou obtendo na Embaixada dos EUA, em Lisboa, verifico que se
fala de nomes concretos de personalidades americanas como tendo estado envolvidas em tráfico de
armas que passava por Portugal.
Pergunto então a William Hasselberg como sabem destes nomes. Ao fim de muitas insistências minhas,
William Hasselberg acaba por me dizer que a Pj entregou, na embaixada dos EUA, uma mala com os
documentos transportados por Adelino Amaro da Costa, em 4 de Dezembro de 1980 , e que ficou junto
aos destroços do avião, embora não me tenha dito quem foi a pessoa da PJ que entregou esses
documentos.
Peço então a William Hasselberg que me deixe consultar essa mala, uma vez que faço também parte da
equipa da CIA em Portugal.
Ele aceita, e pude assim consultar os documentos aí existentes que consistiam em cerca de 200 páginas.
Pude assim consultar este Dossier durante cerca de uma semana, tendo-o lido várias vezes, e resumido,
à mão, as principais partes, uma vez que não tinha como fotografá-lo ou copiá-lo.
Vejo então, que apesar do desastre do avião, e da pasta de Adelino Amaro da Costa ter ficado queimada,
e ter sido substituída por outra, os documentos estavam intactos.
Estes documentos continham uma lista de compra de armas, que incluía nomeadamente RPG-7, RPG-27,
G3, lança granadas, dilagramas, munições, granadas, minas, rádios, explosivos de plástico, fardas,
kalashniskovs AK-47 e obuses.
Referia-se também nesses documentos que para se iludir as pistas, as vendas ilegais de armas eram
feitas através de empresas de fachada, com os caixotes a referir que a carga se tratava de equipamentos
técnicos, e peças sobresselentes para maquinas agrícolas e para a construção civil.
Esta forma de transportar armas foi-me confirmada várias vezes por Oliver North, no decorrer da década
de 80, até 1988, e quando estive em Ilopango, em El Salvador, também na década de 80, verifiquei que
era verdade.
Nestes documentos lembro-me de ver que algumas armas vinham da empresa portuguesa Braço de
Prata, bem como referências de vendas de armas de Portugal e de países de Leste, como a Polónia e a
Bulgária, com destino para a Nicarágua, Irão, El Salvador, Colômbia, Panamá, bem como para alguns
países Africanos que estavam em guerra, como Angola, ANC da África do Sul, Nigéria, Mali, Zimbawe,
Quénia, Somália, Líbia, etc.
Está também claramente referido nesses documentos que a venda de armas é feita através da empresa
criada em Portugal chamada "Supermarket" (que operava através da empresa mãe "Black - Eagle").
Nos referidos documentos, ví também que as vendas de armas eram legais através de empresas
portuguesas, mas também havia vendas de armas ilegais feitas por empresas de fachada, com a lavagem
de dinheiro em bancos suíços e "off-shores" em nome dos detentores das contas, tanto pessoas civis
como militares.
As vendas ilegais de armas ocorriam por várias razões, nomeadamente:
* Em primeiro lugar muitos dos países de destino, tinham oficialmente sanções e embargos de
armas.
23
* Em segundo lugar os EUA não queriam oficialmente apoiar ou vender armas a certos países,
nomeadamente aos contra da Nicarágua, ou ao Irão e ao Iraque, a quem vendiam armas ao
mesmo tempo, e sem conhecimento de ambos.
* Em terceiro lugar a venda de armas ilegal é a mais rentável e foge aos impostos.
* Em quarto lugar a venda de armas ilegal permite o branqueamento de capitais, que depois
podiam ser aproveitados para outros fins.
Entre os nomes que vi referidos nestes documentos figuravam:
- José Avelino Avelar
- Coronel Vinhas
- General Diogo Neto
- Major Canto e Castro
- Empresário Zoio
- General Pezarat Correia
- General Franco Charais
- General Costa Gomes
- Major Lencastre Bernardo
- Coronel Robocho Vaz
- Francisco Pinto Balsemão
Francisco Balsemão e Lencastre Bernardo eram referidos como elementos de ligação ao grupo Bildeberg
e a Henry Kissinger, Francisco Balsemão pertence também à loja maçónica "Pilgrim", que é anglo -saxónica, e dependente do grupo Bildeberg.
Lencastre Bernardo tinha também assinalado a sua ligação a alguns serviços de inteligência, visto ele ser,
nos anos 80, o coordenador na PJ e na Polícia Judiciária Militar.
(CONTINUA...)
comentários:
Anónimo
Estava tanto a par, que nessa noite decorria um jantar de gala na Quinta da Marinha e quando deu
a notícia na TV, os intervenientes onde se encontrava este caramelo do grupo Bilderberg, limitou-se a um sorriso cínico.
Anónimo
24
Francisco Pinto Balsemão, para além de ser um alcoólico e um frustrado (lembro-me
quando a primeira mulher dele se "enrolou" com o Carlos Cruz) é um grandessíssimo
PATIFE e ORDINÁRIO!
Anónimo
Que dizer destas bestas corruptas e oportunistas, traidores da Pátria e que vivem de
expedientes maçónicos duma sociedade podre e assassina?
25 de Abril de 2012
A TRAIÇÃO A PORTUGAL (5ª E ÚLTIMA PARTE)
TODO O PLANO PARA O ASSASSÍNIO DO DR. FRANCISCO SÁ CARNEIRO E DO ENGº. ADELINO AMARO DA
COSTA
(5ª E ÚLTIMA PARTE)
Entre as empresas Portuguesas que realizavam as vendas de armas atrás referidas, entre os anos 1974 e
1980, estavam referidas neste Dossier:
25
- Fundição de Oeiras (morteiros, obuses e granadas)
- Cometna (engenhos explosivos e bombas)
- OGMA (Oficinas Gerais Militares de Fardamento e OGFE (Oficinas de Fardamento do Exército)
- Browning Viana S.A.
- A. Paukner Lda, que existe desde 1966
- Explosivos da Trafaria
- SPEL (Explosivos)
- INDEP (armamento ligeiro e munições)
- Montagrex Lda, que actuava desde 1977, com Canto e Castro e António José Avelar.
Só foi contudo oficialmente constituída em 1984, deixando, nessa altura, Canto e Castro de fora, para
não o comprometer com a operação de Camarate.
A Montagrex Lda operava no Campo Pequeno, e era liderada por António Avelar que era o braço direito
de Canto e Castro e também sócio dessa empresa.
O escritório dessa empresa no Campo Pequeno é um autêntico “bunker", com portas blindadas,
sensores, alarmes, códigos nas portas, etc.
Canto e Castro e António Avelar são também sócios da empresa inglesa BAE - Systems, sediada no Reino
Unido.
Esta empresa vende sistemas de defesa, artilharia, mísseis, munições, armas submarinas, minas e
sobretudo sistemas de defesa anti-mísseis para barcos.
Todos estes negócios eram feitos, na sua maior parte, por ajuste directo, através de brokers -intermediários, que recebiam as suas comissões, pagas por oficiais do Exército, Marinha, Aeronáutica,
etc.
Nestes documentos era referido que, como consequência desta venda de armas, gerava-se um fluxo
considerável de dinheiro, a partir destas exportações, legais e ilegais.
Estes documentos referiam também a quem eram vendidas estas armas, sobretudo a países em guerra,
ou ligados ao terrorismo internacional.
Era também referido que todas estas vendas de armas eram feitas com a conivência da autoridade da
época, nomeadamente militares como o General Costa Gomes, o General Rosa Coutinho (venda de
armas a Angola) e o próprio Major Otelo Saraiva de Carvalho (venda de armas a Moçambique).
Vi várias vezes o nome de Rosa Coutinho nestes documentos, que nas vendas de armas para Angola
utilizava como intermediário o general reformado angolano, José Pedro Castro, bastante ligado ao
MPLA, que hoje dispõe de uma fortuna avaliada em mais de 500 milhões de USD, e que dividia o seu
tempo entre Angola, Portugal e Paris.
26
O seu filho, Bruno Castro é director adjunto do Banco BIC em Angola.
No referido dossier estavam também referidos outros militares envolvidos neste negócio de armas,
nomeadamente o Capitão Dinis de Almeida, o Coronel Corvacho, o Varela Gomes e Carlos Fabião.
Todas estas pessoas obtinham lucros fabulosos com estes negócios, muitas vezes mesmo antes do 25 de
Abril de 1974 e até 1980.
Era referido que estas pessoas, nomeadamente militares, que ajudavam nesta venda de armas,
beneficiavam através de comissões que recebiam.
Estavam referidos neste Dossier os nomes de "off-shores", que eram usadas para pagar comissões às
pessoas atrás referidas e a outros estrangeiros, por Oliver North ou por outros enviados da CIA.
Estas "off-shores" detinham contas bancárias, sempre numeradas.
Esta referência batia certo com o que Oliver North sempre me contou, de que o negócio das armas se
proporciona através de "off-shores" e bancos controlados para a lavagem de dinheiro.
Vale a pena a este respeito referir que no negócio das armas, empresas do sector das obras públicas
aparecem frequentemente associadas, como a Haliburton, a Carlyle, ou a Blackwater (empresa de
armas, construção e mercenários), entre outras.
Esta relação está referida, há anos, em vários relatórios, nomeadamente nos relatórios do Bribe Payer
Index (índice internacional dos pagadores de subornos), que é uma agência americana.
A indicação deste tipo de práticas foi desenvolvida mais tarde, pela Transparency International e pelo
Comité Norte Americanos de Coordenação e Promoção do Comercio do Senado Americano , que referem
que há muitos anos, mais de 50% do negócio e comércio de armas em Portugal, é feito através de
subornos.
Os americanos sempre usaram Portugal para o tráfico de armas, fazendo também funcionar a Base das
Lajes, nos Açores, para este efeito, nomeadamente depois de 1973, aquando da guerra do Yom Kippur,
entre Israel e os países árabes.
Este tráfico de armas deu origem a várias contrapartidas financeiras, nomeadamente através da FLAD,
que foi usada pela CIA para este efeito.
A FLAD recebeu diversos fundos específicos para a requalificação de recursos humanos.
Não vi contudo neste Dossier observações referindo que estas vendas de armas eram condenáveis ou
que tinham efeitos negativos.
Havia contudo uma pequena nota, em que algumas folhas de que se devia tomar cuidado com tudo o
que aí estava escrito, e que portanto se devia actuar.
Havia também na primeira página um carimbo que dizia "confidential and restricted".
Estas vendas de armas continuaram contudo depois de 1980.
27
Tanto quanto eu sei, estas vendas de armas continuaram a ser realizadas até 2004, embora com um
abrandamento importante a partir de 1984, a partir do escândalo das fardas vendidas à Polónia.
No referido Dossier estavam também referidas personalidades americanas envolvidas no negócio de
armas, nomeadamente Bush (Pai), Dick Cheney, Frank Carlucci, Donald Gregg, vários militares, bem
como a empresas como a Blackwater.
São ainda referidas empresas ligadas aos EUA, como a Carlyle, Haliburton, Black Eagle Enterprise, etc,
que estavam a usar Portugal para os seus fins, tanto pela passagem de armas através de portos
portugueses, como pelo fornecimento de armas a partir de empresas portuguesas.
Tirei apontamentos desses documentos, que ainda hoje tenho em meu poder.
A empresa atrás referida, denominada "Supermarket", foi criada em Portugal em 1978, e operava
através da Empresa-Mãe, de nome "Black-Eagle", dirigida por William Casey, membro do CFR (Counceil
for Foreign Affairs and Relations), ex-embaixador dos EUA nas Honduras e também com ligações à CIA.
A empresa "Supermarket" organizava a compra de armas de fabrico soviético, através de Portugal, bem
como a compra de armas e munições portuguesas, referidas anteriormente, com toda a cumplicidade de
Oliver North.
Estas armas iam para entrepostos nas Honduras, antes de serem enviadas para os seus destinos finais.
Oliver North pagou muitas facturas destas compras em Portugal, através de uma empresa chamada
Gretsh World, que servia de fachada à "Supermarket".
Mais tarde, cerca de 1985, quando se começou a falar muito de Camarate, Oliver North cancelou a
operação "Supermarket" e fechou todas as contas bancárias.
Devo ainda referir que William Hasselberg e outros americanos da embaixada dos EUA, em Lisboa,
comentaram comigo, várias vezes o que estava escrito neste Dossier.
Relativamente a Hasselberg isso era lógico, pois foi ele que me deu o Dossier a ler.
Posteriormente comentei também o que estava escrito neste Dossier com Frank Carlucci, que
obviamente já tinha conhecimento da informação nele contida.
Tanto William Hasselberg, como membro da CIA, como outros elementos da CIA atrás referidos e outros,
comentaram várias vezes comigo o envolvimento da CIA na operação de Camarate e neste negócio de
armas.
Lembro-me nomeadamente que quando alguém da CIA, me apresentava a outro elemento da CIA, dizia
frequentemente "this is the portuguese guy, the one from Camarate, the case in Portugal with the
plane!".
As vendas de armas, a partir e através de Portugal, foram realizadas ao longo desses anos, pois era do
interesse político dos EUA.
A CIA organizou e implementou estas vendas de armas em Portugal, à semelhança do que sucedeu
noutros países, pois era crucial para os EUA que certas armas chegassem aos países referidos, de forma
28
não oficial, tendo para isso utilizados militares e empresários Portugueses, que acabaram também por
beneficiar dessas vendas.
Como anteriormente referi, William Casei e Oliver North estavam, nas décadas de 70 e 80 conluiados
com o presidente Manuel Noriega, no escândalo Irão - contras (Irangate).
Foi sempre Oliver North que se ocupou da questão dos reféns americanos no Irão, bem como da
situação da América Central.
Recebeu pessoalmente por isso uma carta de agradecimentos de George Bush Pai, Vice-presidente à
época de Ronald Reagan.
Devo dizer a este respeito que John Bush, filho de Bush Pai, então com 35 anos, a viver na Florida,
pertencia em 1979 e 1980 ao “Condado de Dade", que era e é uma organização republicana, situada em
South Florida, destinada a angariar fundos para as campanhas eleitorais republicanas.
John Bush era um dos organizadores de apoios financeiros para os "contra" da Nicarágua.
Conheci também Monzer Al Kasser um grande traficante de armas que tinha uma casa em Puerto Banus
em Marbella, e que me foi apresentado, em Paris, por Oliver North, em 1979.
Era um dos grandes vendedores de armas para os “Contra” na Nicarágua, trabalhando simultaneamente
para os serviços secretos sírios, búlgaros e polacos.
Na sua casa em Marbella, referiu-me também que, por vezes, o tráfico de armas era feito através de
África, para que no Iraque não se apercebessem da sua proveniência, pois também vendiam ao mesmo
tempo ao Irão e mesmo a Portugal.
Este tráfico de armas, que estava em curso, desde há vários anos, em 1980, e no começo do caso
Camarate.
Através de Al Kasser conheci, em Marbella, no final de 1981, outro famoso traficante de armas, numa
festa em casa de Monzer, que se chamava Adrian Kashogi.
Kashogi, como pude testemunhar em sua casa, tinha relações com políticos e empresários europeus,
árabes e africanos, por regra ligados ao tráfico de armas e drogas.
Sou preso em 1986, acusado de tráfico de drogas.
Esta prisão foi uma armadilha montada pela DEA, por elementos que nessa organização não gostavam
de mim, por eu ter levado à detenção de alguns deles, como referi anteriormente.
Fui então levado para a prisão de Sintra.
Estou na prisão com o Victor Pereira, que aí também estava preso.
Sei, em 1986, que estavam a preparar para me eliminar na prisão, pelo que peço à minha mulher Elza,
para ir falar, logo que possível com Frank Carlucci.
Em consequência disso recebo na prisão a visita de um agente da CIA, chamado Carlston, juntamente
com outro americano.
29
Estes, depois de terem corrompido a direcção da prisão, incluindo o director, sub-director e chefe da
guarda, bem como um elemento que se reformou muito recentemente, da Direcção Geral dos serviços
Prisionais, chamada Maria José de Matos, conseguem a minha fuga da prisão.
Contribui ainda para esta minha fuga, mediante o recebimento de uma verba elevada, paga pelos
referidos agentes americanos esta directora-adjunta da Direcção Geral dos Serviços Prisionais.
Estes agentes americanos obtêm depois um helicóptero, que me transporta para a Lousã, onde fico
cerca de 20 dias.
Vou depois para Madrid, com a ajuda dos americanos, e depois daí para o Brasil.
As despesas com a minha fuga da prisão custaram € 25.000 Euros, o que na época era uma quantia
elevada.
Só mais tarde no Brasil, depois de 1986, é que referi a José Esteves que sabia que Sá Carneiro ia no avião,
contando-lhe a história toda.
José Esteves, responde então, que nesse caso, tínhamos corrido um grande risco.
Eu tranquilizei-o, referindo que sempre o apoiei e protegi neste atentado.
Dei-lhe apoio no Brasil no que pude.
Assegurei-lhe também o transporte para o Brasil, obtendo -lhe um passaporte no Governo Civil de
Lisboa, entreguei-lhe 750 contos que me foram dados para esse efeito pela embaixada dos EUA, em
Lisboa, e arranjei-lhe o bilhete de avião de Madrid para o Rio de Janeiro.
Na viagem de Lisboa para Madrid, José Esteves foi levado por Victor Moura, um amigo comum.
No Rio de Janeiro ajudei-o a montar uma loja, numa roulotte.
Como trabalhava ainda para a embaixada dos EUA, em Lisboa, estas despesas foram suportadas pela
Embaixada.
Ficou no Brasil cerca de dois anos.
Eu, contudo andava constantemente em viagem.
José Esteves recebe depois um telefonema de Francisco Pessoa de Portugal, onde Francisco Pessoa o
aconselha a voltar a Portugal, e a pedir protecção, a troco de ir depor na Comissão de Inquérito
Parlamentar sobre Camarate.
Esse telefonema foi gravado, mas José Esteves nunca chegou a obter uma protecção formal.
Telefono a Frank Carlucci, em 1987, pedindo-lhe para falar com ele pessoalmente.
Ele aceita, pelo que viajo do Brasil, via Miami, para Washington.
30
Pergunto-lhe então, em face do que se tinha falado de Camarate, qual seria a minha situação, se corria
perigo por causa de Camarate, e se, continuarei, ou não a trabalhar para a CIA.
Frank Carlucci responde-me que sim, que continuarei a trabalhar para a CIA, tendo efectivamente
continuado a ser pago pela CIA até 1989.
Frank Carlucci confirma nessa reunião que puderam contar com a colaboração de Penaguião na
operação de Camarate, e que ele, Frank Carlucci, esteve a par dessa participação.
Em 1994, foi-me novamente montada uma armadilha em Portugal, por agentes da DEA que não
gostavam de mim, por causa da referida prisão de agentes seus, denunciados por mim.
Nesta armadilha participam também três agentes da DCITE - Portuguesa, os hoje Inspectores Tomé,
Sintra e Teófilo Santiago.
Depois desta detenção, recebo a visita na prisão de Caxias de dois procuradores do Ministério Público,
um deles, se não estou em erro, chamado Fernando Ventura, enviados por Cunha Rodrigues, então
Procurador-geral da República.
Estes procuradores referem-me que me podem ajudar no processo de droga de que sou acusado, desde
que eu me mantenha calado sobre o caso Camarate.
Por ser verdade e por entender que chegou o momento de contar todo o meu envolvimento na
operação de Camarate, em 4 de Dezembro de 1980, decidi realizar a presente Declaração, por livre
vontade.
Não podendo já alterar a minha participação nesta operação, que na altura estava longe de poder
imaginar as trágicas consequências que teria para os familiares das vítimas e para o País, pude agora, ao
menos, contar toda a verdade, para que fique para a História, e para que nomeadamente os portugueses
possam dela ter pleno conhecimento.
Não quero, por ultimo, deixar de agradecer à minha mãe, à minha mulher Elza Simões, que ao longo
destes mais de 35 anos, tanto nos bons como nos maus momentos, sempre esteve a meu lado,
suportando de forma extraordinária, todas as dificuldades, ausências, e faltas de dedicação à família que
a minha profissão implicava.
Só uma grande mulher e um grande amor a mim tornaram possível este comportamento.
Quero também agradecer à minha filha Eliana, que sempre soube aceitar as consequências que para si
representavam a minha vida profissional, nunca tendo deixado de ser carinhosa comigo.
Finalmente quero agradecer à minha mãe que, ao longo de toda a minha vida me acarinhou e encorajou,
apesar de nem sempre concordar com as minhas opções de vida.
A natureza da sua ajuda e apoio, tiveram para mim uma importância excepcional, sem, as quais não teria
conseguido prosseguir, em muitos momentos da minha vida.
Posso assim afirmar que tive sempre o apoio de uma família excepcional, que foi para mim decisiva nos
bons e maus momentos da minha vida.
31
Lisboa, 26 de Março de 2012
Fernando Farinha Simões
B.I. n.º 7540306
Publicada por O Bar do Alcides
RAMIRO LOPES ANDRADE Apr 26, 2012
Caro Bar do Alcides
Copiei toda a carta, e estou a envia-la para meus amigos.
Inclusive mandei para a Embaixada americana em Lisboa, e o NSA na América, só para chateá-los..... rsrrsrsrssrs.
São uns cabrões os americanos e os traidores de Portugal!
Até militares do 25 de Abril estão envolvidos no tráfico de armas, é asquerosa a situação, e andam a passear por
aí.
Se bem me lembro, Mário Soares condecorou Frank Carlucci. Soares é um verme.
Em Portugal não há trabalho, como sou engenheiro civil com 49 anos , já estou velho, filhos da p, vou trabalhar
para o Brasil, e ter que deixar minha querida mãe em Portugal com 85 anos, e estes filhas da p com reformas
douradas, cabrões !!!!
Um abraço, e continue assim, cuidado com os filhas da p dos maçons, eles são covardes.
Ramiro Lopes Andrade
32
23 de Abril de 2012
Ainda sobre o ASSASSINATO de Camarate
Estamos a publicar diariamente as declarações do Sr. Fernando Farinha Simões sobre o que realmente
aconteceu no dia 4 de Dezembro de 1980.
Este crime NÃO PRESCREVEU, pois tratou-se de um CRIME CONTRA A HUMANIDADE que está abrangido
pelo Acordo assinado por Portugal com a Corte Penal Internacional, a CPI.
Trata-se de um CRIME abrangido pela imprescritibilidade.
O corpo editorial d' O Bar do Alcides RECLAMA JUSTIÇA IMEDIATA perante estes novos factos.
Está-se a preparar uma QUEIXA-CRIME, a ser entregue na PGR, no MP e na PJ em Portugal, contra os
"operacionais e os mandantes" deste ASSASSINATO!
Em breve postaremos as FOTOGRAFIAS DE TODOS (operacionais e mandantes do crime).
Publicada por O Bar do Alcides
http://pastebin.com/DFR398ZM
2 comments:
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