- 26 Outubro 2012
- Política
Lisboa - Más notícias para Portugal numa altura em que o investimento privado, nacional ou estrangeiro, está em queda acentuada e em que a economia, em profunda recessão, precisa urgentemente de captar capitais para inverter um ciclo longo de crise, desemprego e graves problemas sociais.
Fonte: Jornal I
Angola reduz investimento:Aviso feito a Ricardo Salgado
Ricardo Salgado, presidente do BES, esteve a semana passada em Luanda e veio para Portugal com más notícias. O tempo das vacas gordas em matéria de investimento angolano, público ou privado, estão a acabar. Os sinais foram dados ao presidente do BES por responsáveis políticos angolanos, nomeadamente pelo vice-presidente, Manuel Vicente, e pelos ministros Vieira Dias (Kopelipa) e Leopoldino (Dino) Fragoso.
Longe vão ficar os tempos em que os capitais angolanos entraram em força no BCP, em que a Sonangol ainda este mês reforçou a sua posição para 15%, e Isabel dos Santos, filha do presidente José Eduardo dos Santos, investiu no BPI e na Zon, entre outros exemplos da presença angolana em Portugal.
O primeiros sinais da perda de interesse nos investimentos em Portugal foi dado em Maio, quando o então ministro Manuel Vicente, hoje o número dois do regime, afirmou que “o Estado hoje tem outras prioridades. Estamos a olhar mais para os problemas internos que para os problemas externos”, acentuou Manuel Vicente, que falava numa conferência de imprensa para apresentação do balanço das actividades do executivo de Luanda no primeiro trimestre de 2012.
A resposta de Manuel Vicente foi feita à pergunta sobre se Angola iria participar no programa de privatizações previsto em Portugal nos sectores da comunicação e dos transportes, ou se a iniciativa ficaria do lado de empresários privados, como sucedeu nos últimos dias com a empresária Isabel dos Santos, ao comprar posições significativas na banca e nas telecomunicações em Portugal. “Os empresários privados são livres. Onde eles encontrarem oportunidades e virem que há de facto a criatividade e escala para investir, só nos resta, como governo, apoiar essas iniciativas”, acrescentou.
Manuel Vicente justificou na altura a escolha de Portugal para os primeiros investimentos directos do Estado angolano. “Recordo-me dos tempos de presidente da Sonangol. Nós não fomos investir para ir buscar dividendos no fim do ano. O grande objectivo era encontrar uma plataforma financeira que pudesse suportar o grande crescimento da Sonangol e da economia angolana no mundo inteiro”, salientou. Manuel Vicente adiantou que agora, face à globalização da economia, importa não investir num único mercado.
Ainda na última semana, e a propósito da criação do Fundo Soberano de Angola, José Filomeno dos Santos, filho de José Eduardo dos Santos, foi muito evasivo quanto aos investimentos que o fundo poderia fazer em Portugal: “Nós vamos investir com base numa política que será decidida e tornada pública nas próximas semanas, e vamos analisar as oportunidades caso a caso.”
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