Thursday, August 30, 2012

ENFº BALTAZAR CHAGONGA

ENFº BALTAZAR CHAGONGA

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Coluna de João CRAVEIRINHA
email: craveirinhajoao@mail. pt

ARQUIVOS IMPLACÁVEIS (1)

ENFº BALTAZAR CHAGONGA, HERÓI ESQUECIDO e CO-FUNDADOR da FRELIMO
Nesta nova Coluna periódica no CORREIO da MANHÃ a partir da “minha TRIBUNA”, inicio uma série de comentários sobre a consulta feita a arquivos e de testemunhos pessoais relacionados com a luta anti-colonial dos moçambicanos contra o colonialismo português…Iniciamo-la com um dos fundadores da Frente comum de Libertação de Moçambique…Trata-se do Enfermeiro “Baltazar Chagonga” nascido na cidade de Tete em 6 de Janeiro de 1905 e falecido em Maputo em 25 de Setembro de 1988. Outro Herói do nosso tempo…
Foi preso político da PIDE em Lourenço Marques depois de raptado em Malaui em Março de 1965 para Milange na Zambézia… Em Junho de 1974 era enfermeiro no Posto de Socorros nº 2 da Soberana Ordem de Colombo no bairro da Munhuana. Este Posto como muitos outros de solidariedade social no campo da saúde pública, seriam extintos ou nacionalizados pela Frelimo ao tomar o poder. Chagonga em 1961 foi um dos líderes das manifestações anti-coloniais em Tete contra as brutalidades e torturas praticadas pelos administradores coloniais portugueses sobre as populações, em particular a do Administrador do Concelho de Moatize, Edgar Nazi Pereira, cronista na Rádio Clube de Moçambique. Várias décadas mais tarde deixaria escrito o livro “Mitos, Feitiços e Gente de Moçambique”, editado em 1998 pela Caminho de Portugal associada da Ndjira de Maputo. Na altura o seu nome escrevia-se Nazi com Z. Depois do 25 de Abril de 1974 mudou para Nasi…”Mudam-se os tempos mudam-se as vontades – O Tempora – O Mores”…Lá dizia o velho advogado romano, Marco Túlio Cícero, muitos anos antes de Cristo.
Voltando a “Chagonga” este seria preso em 1961 em Moatize – Tete e libertado por ordem do Governador-geral. Funda na clandestinidade em Tete a UNAMI – União Nacional Africana de Moçambique Independente… Continua a ser perseguido pelo administrador Nazi Pereira. Foge para a então Niassalândia onde é protegido pelo médico e líder político – Inguazi, Dr. Kamuzu Banda, futuro Presidente do Malaui da ex- Niassalândia…Ainda em 1961 é enviado por Banda a Dar-es-Salaam …Note-se Malaui (Malawi), Zâmbia e Tanzânia ainda não estavam Independentes… Os líderes nacionalistas de Tanzânia – Julius Kambarage Nyerere e Rashid Kauaua(Kawawa), da TANU, instalam-no no Princess Hotel. Na cidade de Dar-es-Salaam instalar-se-iam outros movimentos políticos de Moçambique : - a UDENAMO de Adelino Guambe e de Machuza (Mahluza), fundada na Rodésia (gente do centro – sul de Moçambique) e a MANU de predominância maconde de Mola e Vanomba de ligações a Tanzânia e a Mombaça – Quénia. Dos três, a UNAMI era o único movimento político fundado em Moçambique e na clandestinidade. Em 1962 Chagonga e outros nacionalistas moçambicanos assistem à Conferência da PAFMECA em Adis- Abeba, na Etiópia do Imperador Hailé Selassie. Orientou a Conferência o então secretário-geral Mbyu Kuinangue. Após a reunião Baltazar Chagonga e outros nacionalistas regressam a Dar-es-Salaam…A PAFMECA era a Pan – African Freedom Movement for East and Central Africa …é mais ou menos isso – Movimento Pan – Africano de Libertação da África Central e Oriental...mais tarde da África Austral…No início era composto por Tanganhica(Tanganyika), Quénia, Uganda, Rodésia do Norte(Zâmbia) e Niassalândia( Nyasaland – Malawi)…De Moçambique além da UNAMI de Chagonga tínhamos a UDENAMO – União Democrática NAcional de Moçambique e a MANU – posteriormente Mozambique African National Union antes MAkonde National Union…decalque da TANU de Tanganhica anterior à Independência de 09.12.1961. No ano seguinte, em 25 de Junho de 1962 é criada a FRE.LI.MO em Dar-es-Salaam. O Uganda Independente em 09.10.1962…Zanzibar a 10.12.1963. Fusão de Tanganhica com Zanzibar em 27.04.1964 passando a Tanzânia. Malaui Independente em 06.07.1964 e a Zâmbia a 24.10.1964…
O Enfermeiro independista, José Baltazar da Costa, conhecido por Chagonga – outro Herói esquecido pela história moçambicana, assistiria como observador convidado a 3 dessas Independências africanas – a do Tanganhica; do Malaui e da Zâmbia que seriam muito importantes para o futuro de Moçambique