terça-feira, 13 de novembro de 2012

Roma e Cabul: um jogo junto do portão da Ásia: Voz da Rússia

Ásia
13.11.2012, 15:11
Imprimirenviar por E-mailPostar em blog
Roma e Cabul: um jogo junto do portão da Ásia
EPA

A presença militar da Itália no Afeganistão será substituída pela sua presença econômica.

Por razões de segurança, Mario Monti chegou ao Afeganistão sem aviso prévio. Em 4 de novembro o primeiro ministro visitou Herat a fim de parabenizar os militares do contingente italiano pela festa das forças armadas. A seguir teve um encontro com o presidente afegão, Hamid Karzai. Depois das conversações Monti declarou que o formato de relações entre Roma e Cabul depois da retirada das tropas em 2014 deve mudar. Fez lembrar que ainda em janeiro os dois países assinaram um acordo de longo prazo que prevê os investimentos italianos neste país.
O grande mestre internacional de xadrez, Vladislav Tkachov, aponta que os italianos estão prontos a dar um passo sábio e, inclusive, - não tenhamos receio de pronunciar esta palavra, - simbólico, - desde que este plano seja realmente cumprido. Aparentemente, todos deviam compreender de há muito que é impossível forçar os afegãos a mudar.
“O Afeganistão que foi outrora o portão da Índia, e, agora é, antes de tudo, um portão que dá para a China e para o Irã, passou a ser considerado por vários jogadores globais como posto avançado situado na encruzilhada das civilizações, como um modo de exercer influência sobre as linhas de comunicação e vias de transporte dos competidores geopolíticos. Esta situação é permanente desde a época do Alexandra, o Grande, até a atual época de chamadas “intervenções humanitárias”, e, a julgar por tudo, não vai mudar também no futuro. Da mesma maneira, aliás, que o resultado desta tal “ajuda ao povo–amigo do Afeganistão”: tudo termina inevitavelmente na evacuação das tropas e tentativas atrasadas de fazer um acordo com as forças de resistência, que podem ser chamadas mujahidins, talibãs, ou de alguma outra maneira.”
Com efeito, o que não falta a potências mundiais, é a “experiência afegã”: a luta entre eles por este “posto avançado” na Ásia é travada já há quase dois séculos. Mas os Impérios Britânico e Russo e, mais tarde, a União Soviética a os EUA, acabam por cair, um após outro, na mesma cilada. Para compreender a razão que acarreta sempre o mesmo resultado, é preciso recordar a própria definição do que é “posto avançado”, - prossegue Vladislav Tkachov.
“Em xadrez assim se chama uma peça defendida que se encontra por trás da linha de demarcação do tablado. A “defendida” significa no presente caso o apoio por parte das forças afeganes locais. Foi aí que todos os invasores sempre caiam em desgraça: a população profundamente religiosa, que vive à custa de economia natural, recusa-se obstinadamente a adotar novos modelos de civilização, - quer se trate do comunismo, democracia ou de mais algo. Afinal das contas, mesmo os talibãs resultaram não certos monstros do inferno mas precursores do islã político que agora encanta um país muçulmano após outro.”
É evidente que os maiores jogadores da geopolítica mundial não deixarão as suas tentativas de “fincar o pé” no Afeganistão. Só que terão que arranjar para isso novos instrumentos, - assevera o grande mestre.
“Os favoritos da corrida afegã serão os que no processo de criação deste posto avançado se apoiarem nas forças internas e não na exportação de idéias, engendradas a milhares de quilômetros do Afeganistão.”

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