2.11.2012, 21:30
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EPA
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Tanto a França, como a Rússia não querem que a Síria se desmorone como Estado. As posições de Moscou e de Paris coincidem nesta questão, - declarou o chefe do Ministério das Relações Exteriores da Rússia .
O ministro Serguei Lavrov participou da reunião do Conselho
Russo-Francês de Colaboração em Questões de Segurança. Foi neste plenário que se
soube que os franceses também querem que o tiroteio na Síria pare. Mas com uma
ressalva: Paris não sabe como encetar as conversações sobre o governo de
transição, enquanto Bachar al-Assad continua no poder. Mas, usando a linguagem
diplomática, pode-se constatar que as “partes conseguiram aproximar as suas
posições”.
Ao mesmo tempo, no conflito sírio houve uma reviravolta
inesperada. As unidades armadas dos curdos, que até agora se mantinham neutros,
travaram, de repente, combate com as tropas da oposição na cidade de Aleppo. Os
curdos constituem 10% da população da Síria. E se Bachar al-Assad conseguir
consagrar esta tendência, o balanço de forças na guerra intestina na Síria vai
mudar a seu favor, - afirma o grão-mestre internacional de xadrez, Vladislav
Tkachov.
“Bachar al-Assad pode congratular a si próprio por esta virada no
desenrolar de acontecimentos. Agora as tropas governamentais têm ao seu lado um
grupo nacional influente que habita vários países da região. Além da Síria os
curdos vivem na Turquia, Iraque, Irã e Jordânia.
Pode vir à tona mais um fator importante: os curdos que durante
muitos anos procuram criar o seu próprio Estado, podem agora dar início a
operações de pleno valor já no território da Turquia, - aliado principal da
oposição síria. É sabido que as bases do Partido do Trabalho do Curdistão, que
trava a luta pela separação dos territórios orientais da Turquia, encontram-se
precisamente no limite entre os dois países.”
Nas operações de combate contra a oposição síria estão implicadas,
em primeiro lugar, as tropas do partido Aliança Democrática, que mantém os mais estreitos vínculos com o
Partido do Trabalho do Curdistão, empenhado na luta armada contra as autoridades
da vizinha Turquia. Precisamente a Turquia é o país da região que presta o apoio
mais ativo à oposição síria. Ultimamente, depois de vários incidentes na
fronteira sírio-turca, Ancara ficou à beira do conflito armado com Damasco. A
passagem dos curdos para o lado de al-Assad pode proporcionar um benefício duplo
nesta confrontação, - prossegue Vladislav Tkachov.
“No plano nominal, como ocorre amiúde numa partida de xadrez, as
peças do adversário podem perfeitamente começar a jogar ao lado da direção
síria, proporcionando desta maneira um benefício duplo. É que a confrontação que
se verifica agora no Oriente Médio, pode ser chamada um “jogo com soma zero”, em
que cada novo aliado significa que o inimigo tem um aliado a menos. No caso
desta disposição, a partida que tinha entrado numa fase quente, tem poucas
chances de resultar num desfecho neutro.”
É preciso apontar que as autoridades de Damasco não impedem
absolutamente a separação dos curdos, pois consideram-nos aliados potenciais. Os
analistas são da opinião de que em troca da lealdade das comunidades curdas,
Bachar al-Assad estaria pronto a admitir qualquer grau da sua autonomia,
enquanto que a oposição, tolhida pelos seus compromissos em relação a Ancara,
não pode dar-se ao luxo de proceder com tamanha generosidade.
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