quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O Praguismo político e a Oposição Sazonal

Em: http://ambicanos.blogspot.pt/2012/11/a-morte-de-samora-machel-e-o-abandono.html

Desde os acordos de Paz a 4 de Outubro de 1992, em Moçambique assiste-se uma enorme emergência de partidos políticos sem uma agenda económica, social e política clara.
De facto, existe perturbadora evidência de que muitos desses partidos são sem dúvidas “ satélites do poder ”ou mesmo partidos sazonais, que exercem suas actividades políticas duma maneira desajustada em apoio ao partido estado e ao partido - patrão.
Como uma sobrevivência política faz parte de uma estratégia política, o “mutacionismo político” tem uma razão de existência, dai o surgimento de “bloco de orientação construtiva ou uma oposição construtiva”: uma estrutura política nova que rege suas ganâncias materiais com uma politica de coabitação e conivência. Esse bloco não passa nada mais do que “uma estrutura politica servil”- enigmáticos apoiantes ferrenhos e serventes do partido estado; defende princípios de afiliação partidária como uma política de alternativa de sobrevivência económica .
Muitos dos partidos afiliados a este bloco, recorrem a demagogias estranhas, defendem “o partido - patrão detentor de um manifesto moçambicano”; um manifesto que não vem de fora .
De acordo com, José Alberto , o partido apoia a Frelimo porque é o “único comprometido com a causa do desenvolvimento de Moçambique ”. Dentre vários partidos apoiantes dos camaradas incluem: partido SOL, PUP (Partido União Progressista) e vários outros que se fingem fazer politica para o bem da Plebe. Estes partidos vivem e viverão num absurdo teatro da mentira e de satisfação às necessidades individuais em nome do homem comum.
A existência desses partidos não passa mais do que uma resposta a miséria material de que paira nas famílias dos seus líderes e seguidores.
Formar um partido significou “ter acesso aos rendimentos do país, com vista a satisfazer as ganâncias financeiras e combater a pobreza que os atormentava”.
Para a Plebe moçambicana nada os resta, senão recorrer a abstinência total as eleições por que os partidos da oposição não são alternativas políticas.
1.9-O Órgão Legislativo
“Governar não e publicar leis ou decretos cujas razões as massas não compreendem, mas que todos devem executar para não serem punidos”. - Samora Machel.
Falar de órgão legislativo moçambicano é falar de uma instituição distante das realidades do povo que só promulgam leis que satisfazem os interesses individuais dos deputados e ao mesmo tempo defender os interesses dos seus respectivos partidos e líderes partidários.
Por ser um órgão frágil em relação ao partido no poder, que se beneficia da maioria legislativa, os camaradas passeiam a sua classe a ponto de se tornar uma oposição da oposição da oposição minoritária.
Em relação a esta realidade MARP: (2009) aponta que, a maioria confortável da Frelimo na legislatura contribui para a manipular o papel do parlamento em relação ao executivo.
Com esta hegemonia do partido dos camaradas, o órgão legislativo em Moçambique não é uma instituição representativa da plebe ou do homem comum, mas sim “uma subdelegação do partido dos camaradas” que promulga leis ou decretos cujas razões as massas não compreendem.
O órgão legislativo moçambicano é cúmplice de propagação de uma política nepótica e do etnicismo em Moçambique por que não é regulador das políticas do partido estado, mas sim um órgão que encoraja e defende os interesses dos camaradas com objectivo de criar um governo elitista selvagem, por que também são beneficiários desta selvajaria .
Se há uma lição a aprender com este modelo de governação, com este partido-estado e com este órgão é o princípio de “evolução, mutação e sobrevivência” e ao mesmo tempo aprender a política de submissão e estoicidade.
Se há uma possibilidade para a plebe moçambicana criar uma nova república isenta deste modelo democrático em que o órgão legislativo não joga o papel uno-centralista com “ritos de pactos de sangue ” e com uma insuficiência de um saber consciente, talvez o futuro histórico os dará a resposta.
2.0- A Justiça Celularizada
“A justiça, sempre, triunfará. Por isso nós estamos do lado da justiça, do lado dos oprimidos”. – Samora Machel.
Há que reconhecer a deficiência administrativa do órgão judiciário moçambicano que tem tido prática de “obedecer os comandos ocultos da natureza política ”. A estrutura administrativa em Moçambique é uma reincarnação do tribunal militar revolucionário o qual os patrícios moçambicanos desequilibram todo o processo administrativo acusando a plebe mesmo em momento em que esta precisa de uma defesa em momentos de juízo.
De acordo com o Bastonário da ordem dos advogados: 2009, “num estado de direito e dentro do contexto de processo-crime determinado, o procurador é o procurador do cidadão comum”. Muitos dos nossos venerandos juízes, advogados e procuradores, e senão todos, vivem numa ambiguidade do que aprenderam e as práticas de justiça manipulada pelos patrícios e pelo partido estado.
Porque o órgão judiciário partidarizado é frágil e não tem poderes em relação ao partido estado, a criminalidade organizada e violenta tem aumentado duma maneira quantitativa e qualitativa ao ponto em que os criminosos sem rosto se acham donos de Moçambique .
Por outro lado se assiste em Moçambique, uma emergência da degradação da confiança da plebe perante o sistema administrativo da justiça injusta, o que leva a própria plebe a recorrer às práticas de “mob justice” que é uma solução consciente e imediata aos problemas de criminalidades partidarizados e apartidarizados.
Como a força de justiça moçambicana reside na “auto-idolatrização do chefe do Estado ”, é portanto a obrigação desta figura personalizada e venerada dar soluções conscientes e positivas aos problemas administrativos dos órgãos administrativos de justiça para que estes estejam ao dispor de todos, como a CRM rege no seu capítulo VI, art. 161, 162,163.
Se toda alternativa de reajuste e reformas da estrutura administrativa de justiça em Moçambique não responder as expectativas da plebe, e vai em favor da defesa dos interesses dos patrícios contra o primeiro, a plebe reencontrará soluções para uma mudança consciente de direcção.
2.1- A Paz em Queda Livre
“A única alternativa para a paz é a própria paz”. - Armando Guebuza.
Muitos pensadores partidarizados caem no erro de que a conflituosa personalidade do líder da oposição, Afonso Dhlakama, é e será uma ameaça a paz e democracia em Moçambique.
Poderá, portanto, haver uma gama de racionalidade neste modelo de pensar e verbalizar, atendendo que Dhlakama e seus seguidores fazem política num país onde todos os animais políticos têm como fundamento político o que foi combatido e o que se espera combater.
Por um lado, para alguns partidos da oposição o seu saber consciente como oposição e sua prática de uma opção democrática desajustada é um produto de práticas de coabitação, conivência, oportunismo e sobrevivência dentro duma batalha tumultuosa, que ameaça a Paz frágil moçambicana, de dois gigantes: a Frelimo e a Renamo.
Há muito que repensar no que Moçambique, como país soberano e pacífico deve ser e quer ser, atendendo as tendências de reincarnação de princípios comunistas com ritos de pactos de sangue do passado que são uma ameaça à vida da plebe.
Como tantos conflitos têm uma razão de existência, o conflito político de Moçambique reside no “quem fez, que faz e quem fará”. Daí, o desenvolvimento de conceitos como: (…), Libertamos o país do jugo colonial; (…), Pai da Democracia; (…), Arquitecto da unidade nacional; (…), Matou a democracia e pretende acabar com ela continuamente; reaccionários vis -vis revolucionários, etc.
Todos estes conceitos se desenvolvem à volta de um protagonismo e imediatismo selvagem, que ameaçam a boa vontade de ser moçambicano, com objectivo de reclamar para si a memória colectiva e a heroicidade.
Por outro lado, o animal político moçambicano é, sem dúvida, promotor de uma “guerra fria”, por que assim o quer para melhor culpar os factos históricos e usurpar os bens comuns ao seu bem prazer.
Todos os beligerantes têm o medo dos pactos de sangue do passado por que assim o quiseram por uma ignorância e ingenuidade política afiliar-se e digerir ideologias políticas sem um fundamento político positivo.
A plebe moçambicana é vítima da sua própria inocência política e histórica. Consequentemente, vive-se num mundo de uma guerra fria dos “Haves e Have nots”: aqueles que têm o poder, aqueles que procuram tê-lo e aqueles que são coabitantes, coniventes e sobreviventes políticos.
Por uma questão exploratória, o quão se vive numa guerra fria, os eventos pós-eleições de 28 de Outubro de 2009 nos atestam de seguinte: “A polícia militar vigia (…) a residência dos outros membros da Renamo. E devido a frequência de quadros senhores da Renamo na residência do seu líder, Afonso Dhlakama, suspeita-se que estratégias estejam a ser desenhadas na casa de Ricardo Oliveira. Neste momento, montamos uma outra equipa para a vigilância da casa do senhor Ricardo de Oliveira ”.
Como resposta a essas ameaças militares dos camaradas, o líder da oposição remata: “ (…) Eu apenas poderei disparar em legítima defesa, por que a polícia da República de Moçambique vai querer reprimir o povo; a manifestação será feita e se eu, Dhlakama, morrer em frente de uma manifestação pacífica, serei verdadeiro herói ”
MARP: 2009 anota alguns elementos como factores que fragilizam a paz em Moçambique e que põem em risco a vida de muitos moçambicanos. Dentre esses incluem: Desequilíbrios persistentes no desenvolvimento regional; má prática da inclusão e do pluralismo político que é o cerne do AGP; programas inconclusivos de desmobilização e reabilitação; Uso e abuso de fundos doados pela Trust Fund gerido pela PNUD; aumento de criminosos partidarizados sem rosto e a incapacidade dos órgão judiciários conter esse mal social; promulgação de leis e decretos de cobertura com vista a cobrir os males de ritos de pactos de sangue do passado; as condições salariais, habitacionais e alimentares das Forças Armadas de Moçambique leva a muitos desses elementos a revoltarem-se contra os seus cognomino superiores e para alguns a solução é a sua deserção dos quartéis. Muitos dos nossos voluntários optaram por uma regra de fuga ao fisco do “ do baixinho do planalto ” e seus sucessores.
Resolvidos esses e outros casos de divergências políticas, económicas e militares, o caso Maríngue por exemplo, Moçambique será um país modelo de desenvolvimento e de paz. E se esses factores não forem considerados uma ameaça a Paz em Moçambique pelos partidos políticos moçambicanos, a plebe moçambicana viverá com discursos e práticas de uma “guerra fria”: a isso chamaremos “PAZ”.
2.2- A FADM
“As armas são para defender, e não para atacar”- M. Kalashnikov. E, (…), no exército está a semente da unidade nacional – Samora Machel
Recorrendo a historicidade do povo moçambicano, várias comunidades moçambicanas, com suas características próprias, notabilizaram-se, no período colonial, militarmente contra os invasores coloniais – a este processo chamamos de resistência.
Os mais ferozes líderes de resistência contra o colonialismo português foram: Makombe, em Manica; M. Vurai, no norte e Ngungunhana e seus sucessores, no sul de Moçambique. Esses líderes ofereceram uma resistência militar que é própria de um grupo de pessoas e de uma região contra intrusos económicos.
O objectivo dessas resistências, contra a ocupação colonial, estava voltada para a criação de uma coesão económica, política e militar dos seus reinos.
E por razões históricas, esses grupos viriam a integrar-se na história de libertação nacional; quase todos os grupos linguísticos contribuíram, lutaram e produziram a causa comum e a memória colectiva moçambicana.
Com a evolução duma política extrema nas fileiras do partido estado, no contexto colonial, alguns desses grupos reagiram a isso e formaram uma oposição armada necessária contra as ideologias políticas dos camaradas de ontem e de hoje por um período relativamente de 16 anos, mas também um período indeterminado de mudança.
Assinada a paz a 4 de Outubro de 1992, foi formada uma unidade de defesa composta pelos elementos da MRN /RENAMO e antiga FPLM : a FADM . Esta errónea unidade e fusão militar, também está voltada para o combate ao desemprego, iliteracia, pobreza: a coesão social, económica e política de Moçambique. General Lagos Lidimo da Frelimo foi apontado comandante geral e General Mateus Ngonhamo da Renamo como seu assessor.
Hoje, falar da FADM, num período de guerra fria, é falar de hibernação de desgraça, pobreza, iliteracia, desunião e criação de uma elite selvagem. Enquanto alguns nepoticamente e com vincos políticos se beneficiam das academias militares dentro e fora do país, outros são entregues à sorte dos demónios; Ser militar em Moçambique é sobrevir de hipopótamos e crocodilos do rio Zambeze e dos rios adjacentes : as vacas da FADM.
Muitos jovens moçambicanos, que obedientes da Lei 24/97 e o art. 2, de 23 de Dezembro relativa ao Serviço militar vivem literariamente num mendiguismo extremo ; com estruturas habitacionais comparáveis ao bairro das latas do Quénia (KIBERA) muitos sacrificados, e senão todos, recorrem a princípios de Lei da fuga e revolta.
As FADM e suas estruturas militares são uma ameaça a Paz em Moçambique por que só existem e sobrevivem sob uma influência partidária dos patrícios os quais regem o modus operandi dos defensores erróneos da causa comum.
Outrossim, a FADM esta criando uma sociedade extrema sem uma integração social e económica racionalizada. Os militares desmobilizados nas fileiras militares nos últimos anos, sobretudo os jovens não letrados e porque já perderam o vigor escolar, recorrem a violência como métodos de sua integração económica e social: os gatunos militarizados.
A FADM e o partido estado que rege as regras de jogo da ala de defesa frágil moçambicana, sem uma estrutura militara convincente em África, precisa de repensar numa política de integração séria para este grupo de jovens para evitar possíveis revoltas militares no futuro.


2.4- Transparência Económica
“Para a maioria dos moçambicanos, a independência nacional significava, (…) a expulsão da administração colonial, eliminação de formas de opressão, (…), a retomada das terras, (…) para outros, a substituição dos brancos nas burocracias e no poder económico”. - João Mosca
Falar da economia moçambicana de hoje, é mesmo que falar de um sistema económico que não se distingue essencialmente dos sistemas económicos coloniais. Os líderes e economistas partidarizados são num todo, servos de doadores novos e tradicionais, continuadores de exploradores coloniais e promotores de uma mentalidade esclavagista. Uma total reincarnação do primeiro no segundo: uma estrutura nova de burgueses emergentes .
Muitos moçambicanos, se não quase todos, vivem condenados numa condição de vida semelhante, senão dolorosa, à do tempo colonial . Isso equivale afirmar que, as práticas coloniais, num país erroneamente independente, ainda subsistem com todas as suas contradições e vantagens individuais moldados pelo interesse económico do partido estado .
Toda a desgraça económica que à plebe enfrenta, num país rico em recursos naturais e hídricos, é um produto de falta de práticas económicas com uma postura pragmática.
As práticas económicas do partido estado, que residem na gestão dos bens comuns com princípios de experiencias de guerra colonial e de falta de transparência na transacção dos mesmos, levam Moçambique a um nível de países mais corruptos do mundo . Hoje, Moçambique vive num dilema económico de dependência versus transparência transaccional .
O partido estado é confrontando por uma incapacidade de gestão, de produção e de transparência transaccional económica. Esta prática de transparência, de acordo com Castel Branco, citado por Nenane (2009), está longe de ser realidade, porque todas as decisões económicas, segredo do estado patrão, reside nos interesses privados dos patrícios.
A solução consciente e imediata da plebe moçambicana à este fenómeno é a aplicação da perspectiva económica multi-trabalhista: do campo vis - vis mercado informal até que os diabos oferecem alternativas de gestão e transparência transaccional e uma possibilidade objectiva de mudança de direcção.
2.5- Agricultura
“Em geral, a agricultura tradicional é um factor de entrave ao desenvolvimento económico, uma vez que as suas produtividades são muito baixas e os rendimentos estão muito dependentes dos factores naturais”. - Domingos da Cruz
Moçambique possui uma geoestratégia invejável que levara a cobiça colonial a apostar por uma agricultura de rendimentos. E como a vida da plebe moçambicana, tanto nas cidades como no campo, dependeu e depende da produção de géneros alimentares, a falta desta obriga-a a optar por “culturas especulativas para assegurar o essencial” .
Outrossim, como a afluência de produtos alimentares depende do poder económico de cada país , Moçambique enfrenta um dilema de competitividade agrária com os seus países vizinhos, o que obviamente trás um desequilíbrio entre os produtos localmente produzidos por sistema agrário rudimentar ou de subsistência e a produção agrária qualitativa mecanizada sul-africana, do Brasil, etc. Consequentemente, o que se consome não passa mais do que “made in south África”, “made in China”, made in Brazil, etc, -
Embora o partido estado moçambicano tenha apostado desde 1999 numa estratégia agrária de alto nível com vista a “restaurar a produção segundo às vantagens comparativas em relação aos países subscritores da SADC ”, essa estratégia não passa mais que um fracasso. Isso por que o cenário de políticas agrárias moçambicanas coabitam com existência de uma instituição agrária ineficiente, sem políticas agrárias funcionais ou pragmáticas.
As reformas agrárias para o aumento de produção agrária e melhoramento de segurança alimentar com projectos como PROAGRI não passa mais do que uma demagogia política do partido estado para “hipotecar a sua soberania para garantir maior fluxos de ajuda e financiamento externo ”.
Para melhor compreendermos esse cenário agrário moçambicano recorremos ao Maurício Thuswohl. Para Thuswohl: (2004), Moçambique, (…) assim que libertou da dominação portuguesa, realizou uma revolução de cunho socialista que redistribui a terra tomada dos colonizadores para toda a população. Sob o lema “terra para quem a trabalha”, a reforma agrária moçambicana reconheceu um sucesso razoável até 1987, quando o governo do país, (…) decidiu ingressar na economia do mercado. Desde então, as conquistas obtidas pelos trabalhadores rurais de Moçambique vêm sendo revertidas. Sem equipamentos para trabalhar e produzir de forma satisfatória, os camponeses acabam abandonando a terra migrando para as cidades maiores e engrossando os bolsões de miséria. Para piorar, uma lei criada em 1997 passou a permitir que os camponeses em dificuldades económicas pudessem vender suas propriedades para as grandes empresas transnacionais, que se tornaram as principais donas de terra no país.
É por isso que hoje assistimos a maior procura de aquisição e alienação de terra da plebe em favor de benefícios individuais dos patrícios e das grandes empresas.
Os camponeses moçambicanos então na mirra de perder “ o único ouro da reforma agrária pós - independência”: a terra que os vira nascer. Para Ismael Ousmane, citado por Thuswohl, esta realidade está ganhando espaço porque “o governo não implementa qualquer política pública para possibilitar aos camponeses acesso a um maquinário moderno e linhas de crédito agrícola”.
Ousmane argumenta ainda que, o governo diz que, os camponeses não têm condições de trabalhar a terra, então é melhor vendê-la para as grandes empresas. Estamos perdendo a terra para grandes grupos capitalistas, sob o pretexto de que não temos capacidade para utilizá-la, quando, na verdade, a realidade económica impossibilita-nos a produzir.
A todo este fenómeno injusta partidária, o partido estado chama isso de “investimento agrário” ou “uso e aproveitamento de terra”. O que será um país com uma plebe sem terra?
2.6- Contradicões Económicas e as Políticas de Combate a Pobreza
“Os sete milhões apoiaram mudanças de vulto nos distritos. Em algumas zonas onde havia fome, hoje o nosso laboroso povo clama por mercados para comercializar os seus excedentes, clama por instituições financeiras para depositar as suas poupanças ou para buscar recursos financeiros para ampliar os seus negócios. Nalgumas zonas, a bicicleta e a motorizada já não são novidade. Nem o é a oficina onde estes meios de transporte são reparados”. - Armando Guebuza.
Instalada a primeira República em 1975, Moçambique enfrenta uma contradição económica de grande vulto. A continuidade de uma economia colonial mal herdada viria a criar uma crise económica devastadora. Este factor histórico reduzira toda a euforia da independência ao nada ao ponto de que para muitos moçambicanos o novo regime era uma reincarnação, e se não o pior, do primeiro.
Para Mosca, citado por Mundiara, o partido estado, para galvanizar o desenvolvimento económico acelerado, impôs machambas colectivas ou machambas do povo, trabalho voluntário, cooperativas do povo – com o slogan “Estado de operários e camponeses”, (…), mas todos esses projectos impostos e herdados “mostraram-se sem pernas para andar” e mesmo com discursos futuristas, a economia moçambicana fracassou nas mãos dos camaradas.
Hoje, os mesmos camaradas continuam a galvanizar os mesmos erros do passado, com uma política económica de mentira e desajustada - o que Ki-Zerbo considera diversão económica; Moçambique, um país rico em recursos naturais, humanos e hídricos, por causa de más políticas económicas desenvolveu uma economia de dependência dos donativos externos.
De acordo com Mosca, citado por Guente: (2009), 80% do investimento nacional é estrangeiro. O nosso pensador foi mais longe dizendo, 50 % ou mais da estabilidade orçamental provém duma forma directa do exterior. Tem se ainda donativos considerados indirectos que adicionados ao donativo directo perfazem pouco mais de 60%. Dai, a balança orçamental de pagamento moçambicano é externo.
Como podemos combater a pobreza absoluta e urbana se a problemática estrutural e gestão dos bens comuns e de todo balanço orçamental residem nas mãos erradas seleccionadas e dependente dos doadores?
O combate a pobreza absoluta e urbana em Moçambique não depende somente do crescimento económico, mas sim de políticas económicas do governo, e mais importante ainda de tipos de pessoas que governam e administram os bens comuns .
Para os governantes do partido estado moçambicano desenvolvimento e combate a pobreza absoluta e urbana significa acumulação ilícita de riqueza, ver a maioria da plebe moçambicana a andar de bicicletas, com casas precariamente construídas, uma alimentação por dia, uma agricultura tradicional, desempregados, indústrias têxteis na falência e outros “white elephants projects”, estradas precariamente construídas, mineração e exploração hidroeléctrica nepoticamente geridas, escolas sem condições básicas que suscitam uma aprendizagem adequada, o lixo a invadir várias partes das cidades, aquisição ilícita de terra, partidarização dos postos de trabalho, importação massiva de bens de consumo, grande dependência de ajudas externa, desenvolvimento de redes de corrupção, desenvolvimento de instituições partidarizados, ineficiência de PROAGRI e PARPA, criminalidade e insegurança e a propagação de doenças como a malária, tuberculose e HIV-SIDA, (…).
Se desenvolvimento económico moçambicano equivale todo esse desajuste de instituições governamentais que fomentam estruturas económicas de desgraça, então não tem razão de ser, e o conceituado “combate a pobreza absoluta e urbana” será sempre uma política de fracasso.
2.7- Os Mercados Informais
Uma das realidades comuns e vergonhosas de vários países africanos é da existência de mercados informais como alternativa de sobrevivência. As múltiplas razões de existência desses mercados são justificáveis se analisarmos os modelos económicos desajustados adoptados por esses países.
Moçambique não está adestra dessas realidades. É só passar por várias ruas das cidades moçambicanas onde mostra-se claramente que Moçambique está longe de atingir os níveis de desenvolvimento económicos credíveis, por que não existe uma vontade política para dar uma viragem a este cenário.
O problema da economia informal em Moçambique e de desenvolvimento de mercados informais precariamente construídos que são num todo “vectores de transmissão de várias doenças” é a pobreza.
Mosca (2009), no seu artigo, “Pobreza, Economia “Informal”, Informalidade e Desenvolvimento”, anota que a pobreza e as diversas informalidades, incluindo a cidadania, criam mecanismos de sobrevivência do indivíduo enquanto Homem com elementos de resistência e integração marginal, estabelecendo-se relações de diversos tipos com a sociedade e a economia formal em que simultaneamente se reforçam e se atrofiam.
Em Moçambique o mercado informal surge como estratégia de sobrevivência dos pobres por incapacidade, (…), economia “formal” absorver o factor trabalho e de gerar rendimentos. E ainda surgiu como consequência de desequilíbrios, distorções ou ruptura do mercado e de políticas desajustada . Para Mosca “a ausência de políticas ajustadas e com impactos relevantes na transformação da sociedade, geram comportamentos económicos e sociais que reproduzem a pobreza a longo prazo.
De facto, informalidade não é uma opção económica correcta, embora garanta e ofereça alternativas de um auto-sustento débil a curto prazo. A ineficiência desta modelo económico, de que o partido estado denota como alternativa de combate a pobreza urbana e absoluta, trás uma séria consequência estrutural na sociedade . Uma delas é a propagação rápida de uma pobreza criada o que leva as famílias, homens, mulheres, crianças a se lançaram para uma luta de sobrevivência atrás de práticas arbitrárias de compra e venda: destruição do etho familiar; e a segunda é o um crescimento assustador dos defensores destas práticas económicas: beneficiários corruptos da fraqueza económica.
Hoje, a plebe moçambicana é confrontada por uma procura de necessidades de auto-sustento condigno que satisfaz as necessidades básicas e a natureza ineficaz da economia selvagem de que está envolvida. Dai, as ruas das cidades moçambicanas tornam-se mercados informais estratégicos de venda e compra.
Para o partido Estado, manter essa estrutura económica, embora com estratégias de formalizar, significa adquirir mais doações para fins e “decisões condenáveis ”.
A luta contra a pobreza não pode ser ganha enquanto o Estado Patrão continuar a proporcionar uma politica de “diversão económica” que perpetua a “reprodução de pobreza” . Este modelo de economia deve ser rejeitado e propõe-se que o Partido Estado trace estratégias e planos económicos compreensivos que são o ponto de partida na elevação do nível de vida das populações.

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