domingo, 11 de novembro de 2012

O novo tipo de canibalismo

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A questão da doação de órgãos humanos tem sido um assunto muito debatido na sociedade.
Existem questões religiosas bastante sérias acerca da doação de órgãos humanos, ainda que se trate de órgãos doados/recebidos entre parentes próximos.
Muitos juristas islâmicos concordam com a doação de órgãos, bem como com o direito de o doador decidir em vida sobre o destino a dar ao órgão a doar. Contudo, isso é diferente da doação de órgãos como uma prática especulativa geral, em que o corpo humano é reduzido a uma mera comodidade e mercadoria, sendo vendido/comprado, o que no Isslam é proibido.
Entre os mais pobres no Mundo, portanto, os que não têm meios de sobrevivência e não conseguem garantir os meios de sobrevivência para os seus filhos, no momento de desespero total chegam ao ponto de se prontificarem a vender os seus próprios órgãos a fim de melhorarem a sua qualidade de vida, ou mesmo para evitar morrer à fome, pois um corpo saudável num ambiente social e economicamente não saudável, proporciona uma oportunidade para o auto-melhoramento através da venda de órgãos.
Podemos considerar esta prática um novo tipo de canibalismo, dado que se está a viver num ambiente em que a procura e o consumo de órgãos humanos é grande, pois compram-se partes de corpo humano para uso pessoal.
Nos dias que correm, os ricos fazem um “Turismo de Transplante”, que se caracteriza pela viagem dos abastados por países pobres do chamado Terceiro Mundo, para a aquisição de órgãos humanos a custos bastante baixos.
Em termos económicos, podemos dizer que os ricos estão a comprar dos pobres os recursos naturais, já que a doação de órgãos transformou-se numa indústria sujeita às leis da procura e oferta.
Consta que só nos Estados Unidos, 90 mil doentes aguardam a doação de órgãos para o transplante. Desses pacientes, seis mil morrem anualmente.
Só em Nova Iorque morreram desde 1995, mais de quatro mil doentes enquanto aguardavam o transplante de um órgão.
Quando a procura suplanta a oferta, os preços sobem, e aí os oportunistas passeiam a sua classe, quais abutres na mira de carne humana, sempre à procura de potenciais doadores de órgãos.
Por exemplo, hoje em dia, há muita gente com sérios problemas de insuficiência renal, que se traduz na incapacidade de os rins filtrarem o sangue. Nessa caso, para se salvar a vida do doente torna-se necessário um transplante. Mas como é normal em órgãos humanos, há sempre um défice a nível global, o que dá lugar ao aumento constante do número de pacientes necessitando de órgãos, com particular incidência nos que aguardam a disponibilização de rins. E enquanto aguarda por um doador, o paciente fica dependente da hemodiálise, seja em hospitais, clínicas, e até mesmo em casa, para os que dispõem de capacidade financeira estável, que lhes permita instalar o equipamento necessário para o efeito.
De salientar que Deus dotou cada pessoa de dois rins, podendo contudo sobreviver sem grandes problemas com apenas um rim. E no caso particular dos rins, não se coloca nenhum problema de afinidade genética entre doador e beneficiário, o que torna bastante atractivo o tráfico deste tipo de órgãos.
Por conseguinte, os ricos dirigem-se aos pobres, propondo-lhes valores irrisórios em troca de um rim. E, por outro lado, os intermediários e os traficantes desenvolvem redes de tráfico, obtendo rins a preços bastante baixos, para de seguida os venderem aos abastados a preços exorbitantes. Portanto, quem tem disponibilidades financeiras e consegue pagar valores avultados, adquire os rins de que precisa e faz o transplante, enquanto os doentes pobres nos hospitais públicos ficam a aguardar o transplante a partir de órgãos obtidos de forma oficial, durando essa espera tempo indeterminado. Os que não conseguem custear a aquisição de um órgão, acabam por morrer enquanto esperam.
Além disso, há um outro fenómeno que está ocorrendo na nossa terra. Seres humanos/crianças são raptados para posterior tráfico dos seus órgãos, ou para a sua utilização para vários fins supersticiosos e obscuros, seja supostamente para enriquecerem, para curarem alguma doença, para terem mais sorte, para melhorarem o seu desempenho sexual, etc. Enfim, estamos perante um novo tipo de canibalismo.
Deus honrou o Ser Humano e classificou-o como a Sua melhor criatura. Por isso, o Ser Humano merece respeito no seu todo, assim como as partes do seu corpo, vivo ou morto.
Portanto, não se deve permitir qualquer prática que atente contra a dignidade humana, e que o reduza a uma mera mercadoria ou objecto.
E isto vem provar também que o Ser Humano é uma maravilha da criação de Deus, e que ninguém pode criar algo semelhante, nem no seu todo, nem em parte do seu corpo. Por isso, quando alguma parte do corpo humano entra em disfunção, não há maneira de o substituir com algo fabricado pela mão humana. Aliás, o Ser Humano não consegue sequer fabricar uma gota de sangue. Para o transplante, esse precioso líquido só pode ser fabricado no corpo humano.
De facto, nisso há sinais para os que reflectem!

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