terça-feira, 20 de novembro de 2012

Governo angolano sustenta polícias guineenses com dinheiro dos contribuintes - Miguel Tavares

 Em http://club-k.net/index.php?option=com_content&view=article&id=13640:governo-angolano-sustenta-policias-guineenses-com-dinheiro-dos-contribuintes-miguel-tavares&catid=17:opiniao&Itemid=124

Luanda – Enquanto em muitos hospitais públicos centenas de angolanos perecem por falta de assistência medicamentosa, o governo de Angola decidiu entregar-se a um “entretenimento” que a todos prejudica por sair dos bolsos dos sacrificados contribuintes. O “entretenimento” traduz-se no sustento de uma companhia de polícias da Guiné Bissau em Angola há caminho de um ano.

Fonte: Club-k.net
Esta situação resulta essencialmente da postura de “irmão mais velho” que Angola tentou adoptar em relação à Guiné Bissau de uns anos a esta parte. Explicando melhor: no quadro dessa política, ambos os países assinaram um acordo geral de cooperação, que inclui a formação de um corpo de Polícia de elite, tal como o fez com Cabo Verde.

Ao abrigo do acordo, ainda ao tempo de Carlos Gomes como primeiro-ministro, uma companhia da Polícia da Guiné Bissau veio a Angola para a competente formação, após a qual estaria apta a actuar como polícia de choque, geralmente conhecido entre nós por anti-motim.

Este capítulo do pacto incluía também a construção de um quartel para essa força e outro para a Polícia de Trânsito, sendo inclusivamente que as antigas instalações dessa unidade foram derribadas para se erguer outras de raiz. Outro item era o fornecimento de equipamento para a companhia ora formada, tais como armas de fogo, kits de dissuasãoo (com gás lacrimogénio, algemas, porretes, etc.)

Aconteceu, porém, que a meio da formação deu-se o golpe de estado de Abril último que derrubou as instituições democraticamente eleitas, com o que a balbúrdia e a desordem voltaram a imperar naquele país lusófono. Depois de terminada a formação há meses, o governo angolano acabou ficando com a “batata quente” nas mãos, pois os polícias recusam-se a regressar ao seu país por terem represálias, um cenário que pode ser efectivamente materializado.
Por seu turno, as autoridades guineenses emanadas do golpe de estado de Abril último já fizeram saber (não oficialmente e nem directamente ao governo angolano) que o regresso dos elementos formados em Angola não é visto com bons olhos para si por se tratar de uma “força leal a Carlos Gomes Júnior”, o deposto primeiro-ministro e concorrente à eleição presidencial realizada pouco antes da intentona.

Enquanto isso, esses elementos continuam aquartelados em Luanda – um deles já faleceu de causas naturais – às expensas do governo angolano. Se se tiver em conta que cada soldado não custa menos de AKZ 35.000,00 (equivalente a USD 350), fácil se concluirá que as autoridades angolana estão a jogar dinheiro fora e a usar recursos financeiros provenientes de fontes escusas, uma vez que o dinheiro para o efeito cobria apenas o período de seis meses de formação dos polícias guineenses.

Ao que tudo indica, o governo vai continua a “queimar” dinheiro não cabimentado no Orçamento Geral do Estado (OGE), uma vez que a situação deve arrastar-se por muito mais tempo. Isto porque o governo angolano já decidiu que enquanto a Guiné Bissau não voltar à normalidade constitucional, Angola manterá a sua decisão de cortar todo o apoio àquele país. Um sinal disso mesmo foi retirada do seu embaixador, Feliciano dos Santos, que já está em Luanda praticamente desde a saída do contingente militar angolano, MISSANG, naquele país em Maio último.

O nível da embaixada de Angola foi propositadamente baixado por orientações do Palácio da Cidade Alta, estando a representar o país o primeiro secretário que assume igualmente as funções de encarregado de negócios. Por não ter, contudo, apresentado as competentes cartas de gabinete (equivalente a cartas credenciais para os embaixadores) não está em condições de tratar nenhuma questão em nome de Angola.

Como a situação na Guiné Bissau abeira-se do caos social e nas casernas a inquietude dos militares é grande, há semanas que as autoridades guineenses emanadas do golpe de estado de 13 de Abril último vêm tentado, sem sucesso, contactar o governo angolano a fim de ajudar a resolver problemas diversos como ordenados em atraso e outros. Os golpistas têm tentado vários intermediários para chegar a José Eduardo dos santos, a quem já pediram oficialmente uma audiência mas receberam o silêncio como resposta.

Portanto, é com dinheiro dos contribuintes que o governo angolano paga a factura das sua vaidade balofa de suposta potencia regional ou... continental, conforme os delírios dos aventureiros que apostam em causas perdidas como a da Guiné Bissau ou da Costa do Marfim.

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