segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Democracia e intervenção multiétnica – Alberto Neto

  Em http://www.club-k.net/index.php?option=com_content&view=article&id=13568:democracia-e-intervencao-multietnica-alberto-neto-&catid=17:opiniao&Itemid=124

Jerusalém – Terminaram as eleições nos Estados Unidos da América com a reeleição do Presidente Barack Hussein Obama para mais um mandato de quatro anos. O processo eleitoral foi suficientemente conhecido por todos dispensando da minha parte qualquer observação particular.

Fonte: Club-k.net

Os dois candidatos representando poderosas forças políticas que são o partido republicano cujo candidato foi Mitt Romney para presidente e Paul Ryan, para vice-presidente e o partido democrata foi Barack Obama para presidente e Joe Biden para vice-presidente, deram provas de que a democracia é antes de mais diálogo e confronto de ideias.

A primeira parelha foi de certo modo mal escolhida o que impossibilitou qualquer vitória. Sou de opinião que Mitt Romney devia ter escolhido como seu vice-presidente um representante de uma etnia hispânica ou índia para concorrer e levar a sua mensagem a todas as populações.

Os EUA já não é um país só de brancos e isso tem que ser bem entendido uma vez para sempre. A comunidade hispânica ou índia ou afro americana têm o direito de ser também representadas quer no Congresso (Senado ou na Câmara dos representantes) dado que são parte integrante do tecido familiar americano que de resto Barack Obama compreendeu suficientemente cedo para integrar na sua equipa quer eleitoral quer na governação há quatro anos atrás, elementos de várias comunidades. Assim é que tem que ser!

Por esse motivo o racismo que têm consequência eleitoral premiou pela negativa essa ideia que o “american dream” só é feito para a comunidade branca!

Era necessário compor também com as diferentes crenças, hábitos e costumes de uma nação multiétnica e multilinguística que é a primeira potência do mundo! Mitt Romney cometeu o mesmo erro que Mac Clain, há quatro anos atrás, quando nomeou para sua vice-presidente uma mulher que não estava em condições de recolher o voto mesmo no Alasca!

A democracia americana para ser superada por uma outra precisa de se aperfeiçoar, ou naufragar e é através desses dados que temos que ver que é que está no seu tempo.

O crescente aumento da população hispânica deve ser tomada em consideração e o voto minoritário, não é minoritário sociologicamente, mas permitiu a Barack Obama jogar muito inteligentemente associando-o, afim de construir durante estes quatro anos de mandato uma América mais aberta, mais socialmente afirmativa de que todas as raças vivendo na América são necessárias para o crescimento sócio económico e político.

O exemplo angolano das últimas “eleições” são um contrário extraordinariamente aberrante. Não se constrói assim a unidade nacional, com um governo mais numeroso do mundo e todos oriundos do mesmo partido! É incrível mas é verdade… 90 e ministros!….

Nos meses que se seguem não será fácil o trabalho dos democratas na Congresso devido as impertinência ou políticas de bloqueio dos republicanos. Mesmo que algumas políticas de consenso tenham que ser votadas com a cooperação dos republicanos o Presidente Obama vai necessitar de reestruturar a economia dos Estados Unidos, baixar um défice público, criar mais emprego e taxar os mais ricos.

E qual será a contribuição americana para a democratização de Africa? Será que Barack Obama vai continuar a lua-de-mel com as ditaduras africanas e não pensar que só porque um dado país tem petróleo, pode-se continuar a trocar petróleo bruto que a economia angolana tem para vender com flagrantes violações dos direitos humanos sem agir, no sentido de acabar com a iniquidade existente? Será que durante esse mandato veremos a saída de ditadores apetecidos que se encontram grudados na cadeira do poder em África?

Será que o Presidente Kabila não compreendeu as mensagens e conselhos que lhe foram prodigados por ocasião da Cimeira da Francofonia que decorreu em Kinshasa, no sentido de mudar de política? Será que José Eduardo dos Santos ainda não compreendeu que o seu tempo está no fim que é necessário deixar o poder?

Será que o presidente também não eleito democraticamente na Guiné Equatorial ainda não compreendeu que o tempo de misturar também o Fundo Soberano com os interesses pessoais e familiares já não é só uma maldade, mas já é contra a natura? Que já é tempo de auscultar os ventos da história e não negar a resposta a pergunta?


Ditadura alguma vez foi solução em Africa? Esse terrorismo de estado que constrói mais prisões que escolas não é vergonhoso, enganando através do controlo de Estado (Segurança, forças armadas tribalisadas, e herdeiros corruptos para não falar de monopartidarismos, que destilam a política do mestre no poder?

Será que Obama vai aceitar que bajuladores certificados dessas ditaduras sejam continuamente premiados pelo ditador que lhes assegura o poder, ajudado por executivos temporariamente e vergonhosamente bajuladores e gatunos populares?

Será que os líderes que se grudam no poder no Uganda , nos Camarões, na República do Congo, no Niger, na Eritreia, no Sudão ainda não compreenderam que não podem vender o país, separando as massas populares do poder de tão forma que o desemprego, o sofrimento, a corrupção é a imagem da alma de um povo que clama por justiça e liberdade política e desenvolvimento social seja a forma de resistência, mesmo com menos de dois dólares por dia?

Qual é o canal que pode permitir que a voz desses povos possa chegar a ser ouvida na Casa Branca? Como, quando e onde? Será que os Embaixadores americanos acreditados nessa democracia africana com as pernas ao avesso, estarão cegos e surdos? Será que a Administração Americana vai negar resposta?

Quando é que o Presidente Barack Obama e o establishment americano compreenderá da necessidade histórica de ajudar a pôr fim ao piquenique fascista, cínica, corrupta e antidemocrática dessa lista de governantes que já é longa demais?

Qual é a esperança que podemos dar ao Povo para viver num mundo premiado pela alegria e o progresso social?

Até quando os Estados Unidos da América vão aceitar esse sofrimento profundo do Povo Africano, sem intervir para ajudar a consolidação da democracia? Será que a democracia em África faz parte da agenda prioritária da administração americana durante esses quatro anos? Se sim como?

Como manter essa discriminação nacional africana, como é possível fechar os olhos face as lutas de operários, camponeses, intelectuais, estudantes, jovens africanos que dizem não a polis ditatorial do norte ao sul do leste ao oeste desse continente que produz riqueza para uma minoria internacional que ajuda a através da exploração e roubo das suas matérias primas coltran, ouro, ferro, areias petróleo, cobre, platina, zinco, bauxite, granito, matérias primas superestratégicas como urânio, gás, mercúrio, manganésio, que são retiradas do subsolo por predadores iníquos, com a cumplicidade internacional e nacional!

Como articular tal situação face ao roubo do pescado, algodão, sisal, madeira e da agricultura africana ao serviço de multinacionais?

Como aceitar a criação de estados falhados que na base do narcotráfico, abastecem fornecendo ao primeiro mundo, o prazer de explorar e do lazer turístico das nossas praias, em troca da presença no poder de governantes africanos, cobardes e detestados pelos povos?
Se sim como? Mas, como trazê-los diante das instituições internacionais a fim de serem julgados?

Será que a vida de um africano continua exageradamente a ter menos valor do que qualquer outro ser humano na face da terra? Que alegria tem essas populações de existir quando não são tidas nem achadas?

Será que a Administração vai negar resposta?

UNIDADE FRATERNIDADE DEMOCRACIA

Jerusalém 11/11/2012

Sem comentários: