China procede à mudança de líderes: Voz da Rússia

Artiom Kobzev

8.11.2012, 16:02

EPA

Em Pequim teve início o XVIII Congresso do Partido Comunista da China. O discurso de abertura foi proferido pelo atual presidente do país, Hu Jintao.

Após o fórum, Hu Jintao renunciará ao posto de secretário-geral do CC, devendo ser sucedido pelo vice secretário-geral, Xi Jinping. Enquanto isso, a capital chinesa vive em regime de elevada segurança.

O Congresso acontece na Casa de Representantes do Povo que se situa na conhecida praça Tiannamen, ou Praça de Paz Celestial. Embora tenha começado em 8 de novembro, o largo já havia sido fechado para turistas na véspera. No dia da abertura, até os jornalistas credenciados tiveram de passar na fila por muito tempo e ultrapassar quatro cordões policiais antes de poderem vir a assistir à reunião dos líderes do maior partido político do mundo.

O próprio evento, sob o pano de fundo de análogos americanos ou russos, parece pouco interessante e monótono. O Congresso dos "comunistas" chineses não se parece, de forma alguma, com um espetáculo rodeado de grande expectativa da mídia, apoiantes agitados com as bandeirinhas, cantores ou atores. Vive-se um ambiente marcado pelo comedimento extremo em que, em termos estilísticos, se enquadra muito bem o relatório de Hu Jintão, apresentado na primeira etapa do Congresso.

"Um tema básico do fórum é avançar por via específica do socialismo chinês e pugnar pela edificação de uma sociedade em que vivam cidadãos de posse média, levando ao alto a bandeira do socialismo, guiando-se pela Teoria de Deng Xiaoping, orientando-se por idéias importantes de representação tripartida e conceito cientifico de desenvolvimento, abrindo a consciência e realizando as reformas, cimentando as forças, conquistando novas alturas e, ao mesmo tempo, superando os empecilhos."

Um momento-chave será a nomeação de Xi Jinping para o cargo de secretário do CC do Partido Comunista. Segundo a tradição, daqui a seis meses, em sessão da Assembléia Nacional de Representantes do Povo ele substituirá Hu Jintao no posto de presidente da República Popular da China. Além disso, nas vésperas do Congresso, os peritos procuravam adivinhar se no fórum seriam feitas declarações realmente estrondosas e relevantes. Supunha-se que do alto da tribuna oficial fosse anunciado algo sobre o início do ciclo de reformas.

Todavia, o primeiro dia do trabalho não foi marcado por declarações sensacionalistas, afirma o chefe do posto de correspondente permanente da RIA Novosti, Aleskei Efimov.

"A julgar pelo discurso feito por Hu Jintao, não se trata de mudanças radicais, capazes de transformar o sistema atual. Nem valia a pena aguardar por tais alterações. Mas o Congresso mal acaba de se iniciar e eu creio que adiante vamos ver eventos e viver dias interessantes."

Enquanto os peritos e jornalistas acompanham de perto o desenrolar de acontecimentos, os cidadãos simples se vêem obrigados a vencer certas inconveniências e problemas diários. A rede da Internet local passou a funcionar em regime menos intenso. Como se sabe, uma série de sites do Ocidente foi inviabilizada. Para não falar de outras dificuldades e medidas restritivas não ligadas à internet. Por exemplo, foram retirados da rede comercial helicópteros-brinquedos teleguiados. Na ótica das autoridades, os dissidentes políticos podem recorrer ao uso deles com a intenção de organizar provocações. A proibição total se estendeu ainda a tudo que pudesse ser lançado para o ar e voar, incluindo balões, pombas e papagaios. Foram realizadas palestras de esclarecimento com os donos de pombais.

Mais uma medida, tomada a fim de manter a ordem na cidade, foi o bloqueio de janelas e portas em assentos de passageiros nos táxis urbanos. Na opinião dos serviços de segurança, se isto não fosse feito, os inimigos do regime poderiam atirar ou distribuir desta forma folhetos de conteúdo "anticomunista".