quinta-feira, 11 de julho de 2019

O presidente, em tom de arrogância e em jeito de fuga para frente, afirmou várias vezes “eu sou o Presidente da República”

Pericles Maquiavel para Moz Massoko
11 h
Algumas notas sobre a entrevista do Presidente à RTP
Com a postura ou mesmo com a relativa falta dela, o presidente evidenciou de forma latente o seguinte:
1. Arrogância e prepotência
O presidente, em tom de arrogância e em jeito de fuga para frente, afirmou várias vezes “eu sou o Presidente da República”, Como se o facto de ser presidente da republica lhe colocasse acima de qualquer suspeita ou como se, o ser presidente da República fosse sinónimo de ser dono da verdade ou senhor ou Rei absoluto, nos moldes do monarca francês Luís XIV conhecido como "Rei Sol"l e símbolo do absolutismo... célebre por afirmar “o estado sou eu”. Ser presidente numa democracia não é um direito mas é uma função. É ser servo do povo (a soberania reside no povo e não no presidente) ou empregado do Povo.
2. Pouco respeito ao cargo que ocupa.
Ele é o mais alto magistrado da nação e deve agir como tal e deve ser exemplar em tudo.
O presidente representa a nação e deve o fazer de forma exemplar, cortês, didáctica e com responsabilidade. A maneira deselegante como se comportou durante a entrevista manchou não só a imagem dele, mas também a imagem do estado e do povo Moçambicano. É preciso ter a franqueza de reconhecer isso e dar a mão a palmatória. Existe postura típica para cada cargo ou tarefa. Da mesma forma que existe um código de conduta para o exercício de outras funções, também deve haver um código de conduta para nortear o exercício do mais alto cargo da nação. Não se pode exercer àquele cargo a bel-prazer (de qualquer maneira).
3. Pouco respeito as instituições (ao edifício) democráticas.
O direito a informação e a liberdade de imprensa devem ser valorizados e promovidos sobretudo pelo chefe do Estado. A imprensa não deve ser vista como inimiga ou algo a se evitar o máximo possível. O presidente de um estado de direito democrático tem o dever e a obrigação de prestar contas aos seus cidadãos. Os meios de comunicação social são um importante vector de prestação de contas aos cidadãos à par de outras vias formais. O Presidente não devia olhar a imprensa como se fosse um diabo ou bicho de sete cabeças. O melhor é ter a imprensa como aliada como acontecia com o Presidente Chissano, A. Dhlakama e com B. Obama.
4. Mostrou que não é um gentleman/cavalheiro ou não faz questão de sê-lo.
Um presidente deve respeitar as damas (senhoras) sejam elas nacionais ou estrangeiras, do seu partido ou da oposição, ricas ou pobres. Uma senhora, deve sempre ser respeitada. E o presidente deveria ser exemplar nisso. Mandela, Samora Machel, Chissano eram gentleman. Não falo do presidente Guebuza nem de Mondlane neste aspecto porque não disponho informação a respeito. Isso de trocar palavras com senhoras fica muito mal. “Não se ganha uma discussão com mulheres”...dizia um comediante norte-americano (Chris Rock). O presidente devia evitar discutir com mulheres ou transformar uma grande entrevista numa grande discussão.
5. Violou princípios básicos da boa convivência humana, duma boa comunicação e mostrou pouco respeito as jornalistas da RTP.
Não é cordial interromper as pessoas quando falam. Sejam elas quem for e seja você que for. Saber ouvir é uma virtude. Durante uma conversa é preciso evitar fazer julgamentos, acusações e ataques pessoais.
Por: A voz dos sem voz (11/07/2019)
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