quinta-feira, 21 de março de 2019

Ramy, o herói que fingiu rezar em árabe para salvar 51 alunos sequestrados


MIGUEL MEDINA/GETTY

Um adolescente egípcio é apontado como o novo herói em Itália

Ramy Shehata, um estudante egípcio de 14 anos, chegou a Milão em 2005. Na altura tinha poucos meses de vida. Hoje ainda não tem dupla nacionalidade.
Esta quarta-feira, o adolescente foi alvo de várias notícias depois de ter salvo a vida de 51 colegas num autocarro escolar que foram sequestrados pelo próprio motorista em Milão.
O condutor, identificado como Ousseynou Sy, um cidadão italiano de origem senegalesa com antecedentes criminais, resolveu sequestrar o autocarro para protestar contra as mortes de milhares de refugiados no mar Mediterrâneo que tentavam chegar à Europa. “Quero parar esta matança no Mediterrâneo, por isso vou levar a cabo aqui um massacre”, gritou na altura o motorista, prometendo matar todas as crianças que seguiam a bordo do autocarro. “Ninguém vai sobreviver”, insistiu.
Pouco depois, o sequestrador retirou os telemóveis a todos os estudantes, com exceção de Ramy Shehata, que conseguiu esconder o seu aparelho no bolso. Foi nessa altura que o jovem egípcio se lembrou de pedir ajuda ao pai, fingindo contudo estar a rezar em árabe.
Ramy e o pai
Ramy e o pai
MIGUEL MEDINA/GETTY
Resultado? A polícia conseguiu localizar o autocarro e retirar pelo vidro traseiro da viatura todos os alunos antes do sequestrador iniciar um massacre.

POLÍCIA ELOGIA AÇÃO DO JOVEM

“Ele é o nosso herói”, gritaram entusiasmados os alunos. Também a polícia de Milão elogiou a ação corajosa do adolescente, que não hesitou na hora de salvar os seus colegas.
Em declarações ao jornal “La Repubblica”, o pai de Ramy não deixou de esconder o orgulho que sente pelo seu filho, apelando ainda às autoridades italianas para concederem cidadania italiano ao jovem egípcio. “O meu filho fez o seu dever. Assim que o encontrei dei-lhe um grande abraço. Seria ótimo que lhe fosse concedida a nacionalidade italiana. Não tenho dúvida de que ele adoraria ficar neste país”, afirmou o pai.
Itália é um dos países europeus que segue uma política antimigratória, com o ministro do interior, Matteo Salvini, entre os seus principais impulsionadores.

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