Nazira prefere "comunicado" em vez de “comunicação humana”?
Na sexta-feira assistiu-se a uma algazarra no Aeroporto Internacional da Beira. De manhã foi concedida a habitual conferência de imprensa que faz a actualização das operações no terreno, um exercício que se tornou rotina e que é até muito aplaudido em vários quadrantes. O governo, através do Ministro Celso Correia, informa, dia a dia, sobre o que está sendo feito pelas autoridades e por várias A organizações. E responde a uma bateria de perguntas atiradas de todos os lados. E por órgãos de referência como a Reuters, a BBC, o Público ou a "Carta de Moçambique".
O governo dá a cara e o peito às balas.
Mas nesta sexta-feira, os jornalistas viram uma inversão nessa forma de comunicação com alma humana. Foram informados que o MISAU iria emitir um Comunicado de Imprensa. Ou seja, já não apareceria o Director Nacional de Saúde, Ussein Isse, a fazer uma "comunicação humana", interagindo em tempo real com jornalistas, tal como ele fizera na véspera, quando revelou o quadro dramático da cólera.
Quem falou na sexta-feira, lendo o comunicado, secamente e sem espaço para discussão, foi o director do Instituto Nacional de Saude, Eduardo Samu Gudo. Nos corredores do aeroporto, a pergunta que não queria calar entre os jornalistas era: a Ministra da Saúde, Nazira Abdula, terá ficado assustada com a aparição do seu subalterno nos órgãos de comunicação social com um tom mais aberto? E optou por recuperar um modelo sisudo de comunicação, no registo mais opaco do estilo do Gabinfo, entidade que fez bem em ficar longe da gestão da comunicação do executivo na Beira?
Na quinta-feira, Ussein Isse tinha sido assertivo na sua intervenção sobre o surto de cólera, na primeira vez que houve um “briefing” exaustivo sobre a vertente sanitária dos danos sanitários do IDAI. E os “briefings” diários do ministro faxina do Governo levaram muitos jornalistas estrangeiros a se interrogarem: mas afinal donde vem a percepção de que este Governo não é amigo da comunicação social?
Pois, vamos ver como vai ser, nos próximos dias, a gestão da comunicação sobre os aspectos sanitários da tragédia. Se se recupera o modelo interactivo iniciado por Ussein Isse ou se se impõe de vez o registo opaco do Gabinfo, bem embebido nalguns ministérios, criando a imagem, que pode ser errónea, de que o governo está a instalar a censura, ao evitar responder sobre questões mais problemáticas do sector da Saúde.
O Maqueto Langa estava certo
Nem 48 horas tinham passado após a devastação da Beira e o Eng. Maqueto Langa, PCE da EMOSE, veio fazer uma espécie de marketing de choque misturado com public awareness, vendendo o peixe que lhe cabe vender. A Beira estava destruída e muitos negócios se tinham perdido. Maqueto então, no meio de responsabilidade social corporativa, disse uma coisa: façam seguro contra todo o tipo de riscos também, que isso minimiza a perda.
Maldita hora! Ele foi logo vexado; estava a vender peixe a gente ferida no âmago, que não precisava daquele peixe naquela altura, mas de caridade pura e simples. Não era tempo de falar em negócios. Era tempo de falar em resgate e na recolha de ajuda.
Na Beira, um grande negócio afectado foi a loja da Minerva. Saqueada até ao último fio do tapete. Computadores, Smart Tvs, impressoras, uma vasta gama de electrónicos. A Minerva foi completamente delapidada por meliantes que se aproveitaram do desgoverno da cidade. A loja ficou rapada. Escaparam apenas livros.
E agora? Agora, enquanto muitos gestores rogam por ajudas do Governo para repor seus negócios, a Minerva está tranquila, quase que de braços cruzados. Ela se tinha precavido há muito tempo. Como? Com seguro! Sua seguradora já foi avaliar os danos e vai repor tudo. Tudinho!
Maqueto Langa estava certo. Segurar negócios contra uma infinidade de intempéries, incluindo a peste da ladroagem, é uma decisão de gestão acertada. Cultura de seguros ainda nos falta. Maqueto falou no momento certo. Tocou na ferida no momento da dor para aceitarmos que ela exista e abraçarmos a cura. O contrário não passa de conversa do politicamente correcto!
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