quinta-feira, 28 de março de 2019

Governo venezuelano ordena regresso ao trabalho mas mantém suspensa atividade educativa


O governo venezuelano anunciou que na sexta-feira serão retomadas "as atividades laborais em todo o país". Irá manter-se, contudo, a suspensão das atividades educativas "a todos os níveis".
As atividades estavam suspensas desde o apagão da semana passada
Rayner Pena/EPA
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  • Agência Lusa
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O Governo venezuelano ordenou esta quinta-feira o regresso ao trabalho a partir de sexta-feira, mantendo, contudo, suspensas as atividades educativas, que estão paralisadas desde o apagão da passada segunda-feira. “O Governo bolivariano informa que amanhã, sexta-feira, 29, se reativam as atividades laborais em todo o país. Mantém-se a suspensão das atividades educativas a todos os níveis”, anunciou o ministro venezuelano de Comunicação e Informação na sua conta na rede social Twitter
Segundo Jorge Rodríguez, o Governo venezuelano encontra-se “no período de defesa e contra-ataque perante o atentado terrorista contra o sistema elétrico”. No Twitter, o ministro reenviou algumas mensagens do Presidente do país, Nicolás Maduro, uma delas em que apela ao povo para se manter “mobilizado e organizado para defender a paz, em cada palmo do território”.
No passado dia 7 de março, uma falha na barragem de El Guri (a principal do país) deixou a Venezuela às escuras durante uma semana. No entanto um novo apagão, que começou pelas 11h locais (15h em Lisboa) de segunda-feira, em várias zonas do sudoeste de Caracas, estendeu-se a outras áreas, sendo que duas horas mais tarde a cidade ficou toda às escuras, constatou a agência Lusa. Em comunicado, o Governo venezuelano explicou que na segunda-feira o Sistema Elétrico Venezuelano foi alvo de dois ataques terroristas, um deles um incêndio na barragem de El Guri.
Na Venezuela são cada vez mais frequentes e prolongadas as falhas no fornecimento de eletricidade, chegando a afetar a totalidade do território. O Governo atribui as falhas a atos de sabotagem de opositores apoiados pelo Estados Unidos, enquanto que a oposição acusa o regime de não fazer os investimentos necessários no setor e tem denunciado, desde há vários anos, falhas na manutenção e ausência de peças de reparação.

Desde 2005 que engenheiros elétricos alertam que o país poderia registar um apagão geral devido às condições precárias do sistema. Segundo a imprensa local, devido à crise política, económica e social, centenas de empregados da Corporação Elétrica Nacional da Venezuela (Corpoelec) abandonaram o país à procura de melhores condições no estrangeiro. Maduro diz que o apagão no país foi obra de snipers e pede aos venezuelanos para rezar

YURI CORTEZ/GETTY IMAGES

É o segundo corte de eletricidade no país e é a segunda ou terceira ou quarta vez que Nicolás Maduro culpa os EUA e o seu “fantoche” Juan Guaidó de intentarem um “ataque terrorista”. Há agora, porém, uma ligeira variação, que se traduz no seu pedido de “máxima espiritualidade cristã”

O novo corte geral na eletricidade na Venezuela foi obra de um grupo de snipers que agiram a mando da direita política venezuelana e agora o que é mesmo preciso é rezar. Assim afirmou Nicolás Maduro, Presidente venezuelano, numa entrevista na quarta-feira à noite à televisão estatal, acusando de novo os EUA de estarem por detrás do apagão. “Só o império norte-americano tem o ódio e a perversidade suficientes para ordenar um ataque como este”, afirmou Maduro. “Isto é uma guerra autêntica. Já que não conseguem invadir a Venezuela, decidiram que vão fazer tudo o que for preciso para minar o país”.
É a segunda vez no espaço de semanas que uma parte do território venezuelano, incluindo a capital, Caracas, fica sem energia elétrica. O novo corte aconteceu na segunda-feira e vários especialistas veem nisso o resultado de anos e anos de desinvestimento e corrupção. Mas Nicolás Maduro não. Na mesma entrevista, voltou a acusar Trump e o seu “fantoche diabólico”, isto é, Juan Guaidó, de serem responsáveis por aquilo a que se referiu como “um ataque terrorista brutal”. O Presidente norte-americano, afirmou ainda, “está obcecado com a Venezuela”.
Resta assim agora aos venezuelanos confiar que Maduro assumirá o controlo da situação e as suas “responsabilidades”, como o próprio afirmou, e também rezar. “Peço a máxima união, a máxima resistência e a máxima espiritualidade cristã”. “Toda a gente deve saber que os danos causados são mais graves do que se possa imaginar”, disse ainda.
A segunda maior cidade venezuelana, Maracaibo, onde se instalou o caos aquando do primeiro apagão, continuava às escuras na quarta-feira à noite. Guaidó, reconhecido como presidente interino do país por cerca de 50 países, incluindo a maioria dos países da União Europeia, desvalorizou as alegações de Maduro e, num comício em Caracas, disse aos seus apoiantes para se prepararem para um novo embate contra o Presidente venezuelano, numa operação designada “Operação Liberdade”. “Estamos simplesmente a lutar por uma vida normal”, afirmou.

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