Há turmas com 173 alunos no Niassa; Para suprir défice 32 mil salas em Moçambique Nyusi propôs-se a construir 4.500 |
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Escrito por Adérito Caldeira em 11 Agosto 2017 |
Continua a ser uma utopia a qualidade de educação em Moçambique, desabafa um professor que lecciona uma turma do ensino secundário com mais de cem estudantes. “De algum tempo para cá, o espírito de vontade política moçambicana, tem se alimentado de discursos falaciosos em torno da qualidade de ensino. Entretanto, o cenário é contraditório, porque, ainda encontramos turmas superlotadas, acima do normal” acrescentou o entrevistado do @Verdade. O docente, que falou com o @Verdade na condição de anonimato, não tem ilusões, “o processo de planificação escolar nesta classe sufoca a qualidade e a intervenção eficiente do professor, que acaba sendo o mais sacrificado”. “As turmas acima do normal fazem de nós o profissional menos prestigiado, pois não consegue justificar ao seu patrão satisfatoriamente, por consequência disso somos obrigados a fabricar notas que possam responder a uma percentagem que agrade, quem mal planifica o efectivo escolar anual”, revela o experiente professor secundário na província do Niassa. A nossa fonte relatou que devido à superlotação, que não acontece apenas na sua turma mas também noutras da mesma escola, tem havido supostos desmaios dos alunos durante as aulas, fraco aproveitamento fraca duração do equipamento escolar. O professor sugeriu primeiro melhorar a planificação escolar, depois reduzir o número de estudantes por turma para um máximo 45 e enfatizou a necessidade da construção de mais escolas.
No Niassa existem cinco escolas com turmas com mais de cem alunos
O
director provincial de Educação e Desenvolvimento Humano, Faustino
Amimo, reconheceu esta situação em entrevista ao @Verdade. “É um facto,
como sabe o ensino secundário, sobretudo nos grandes centros urbanos
temos tido esta situação do rácio aluno por turma que extravasa aquilo
que é a média, daí que é um desafio que o sector enfrenta e temos de
continuar a trabalhar para ver se eliminamos essa situação”.Amimo admitiu que existem cinco escolas com turmas com mais de cem alunos. Na escola Secundária Cristiano Paulo Taimo o número de alunos varia entre 137 e 173 alunos por turma, na escola Secundária de Chiulugo há turmas com até 147 alunos, e na escola Secundária de Muchenga existem 1900 estudantes distribuídos em 18 turmas. “A nível do ensino primário existem duas (com turmas de mais de 100 alunos), são a Escola Primária de Chilaula, leciona o 1º e 2º grau para um universo de 1929 alunos em 16 turmas; e temos também a Escola Primária de Chiulugo, leciona o 1º grau com 2474 alunos em 21 turmas”, acrescentou o responsável pela Educação na província do Niassa.
Para suprir défice 32 mil salas Governo de Nyusi propôs-se construir só 4.500
Faustino
Amimo reconheceu ainda que esta situação de turmas superlotadas “não é
nova, a população escolar tem vindo a crescer nos últimos anos, a
demanda como é maior requer uma resposta a altura para a construção de
mais salas de aula para responder a essa demanda”.Entretanto o @Verdade apurou junto do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano que há um défice de 32.687 salas de aulas em Moçambique. Na província do Niassa faltam pelo menos 1.847 salas sendo o défice repartido em 1.478 para o ensino primário e 369 para o ensino secundário. “Uma das estratégias para reverter essa situação ao nível das nossas províncias é construir mais salas de aulas, afectar mais professores isso iria permitir reduzir paulatinamente essa demanda”, explicou o director provincial precisando que para em 2017 “está em curso a construção de 33 salas de aulas, 32 para o ensino primário e uma para o ensino secundário no distrito do Lago”, no ano passado foram construídas somente 26 salas de aulas. A falta de salas de aulas não tem fim à vista pois para suprir o défice o Plano Quinquenal 2015 - 2019, de Filipe Jacinto Nyusi, previu apenas a construção de 4.500 novas salas e, estranhamente, não promete a construção de escolas novas. |
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