O
recente relatório do Banco Mundial constata que “a quota de
financiamento através de títulos do tesouro desceu, devido à diminuição
da procura provocada pelo agravamento das dificuldades financeiras do
governo. No mais recente leilão, as obrigações do tesouro alcançaram uma
taxa média de 28,3 %. Apesar disso, o nível de subscrição foi de apenas
45 %”.
Efectivamente a Sessão Especial da Bolsa, realizada no passado dia 22 de Maio, destinada ao apuramento dos resultados da subscrição das Obrigações do Tesouro 2017 da 3ª Série registou uma procura global “de 1.111.000.000,00 de MT, tendo a relação procura e oferta sido de 55,55 %, e as respectivas taxas de juro situaram-se entre 27,00% e 29,625%”, pode-se ler num comunicado da Bolsa de Valores de Moçambique.
A economista moçambicana e investigadora do Instituto de Estudos Sociais e Económicos(IESE), Fernanda Massarongo Chivulele, que tem estudado a evolução da Dívida Pública interna, explicou ao @Verdade que a fraca “procura de títulos do Tesouro não surpreende numa altura em que o Estado enfrenta uma crise de liquidez. Os agentes económicos são racionais e acompanham a evolução da economia e neste caso específico da evolução das contas públicas”.
A nossa entrevistada sugere que os investidores podem estar com a percepção de que “Os recursos públicos disponíveis para fazer face as diferentes despesas do governo são limitados. Com várias rubricas a terem baixíssimos níveis de execução. Logo em algum momento a baixa procura pode reflectir receio de que a limitada capacidade financeira leve o Governo a não honrar também com os seus títulos internos, visto que este tem falhado pagamento em relação a títulos externos”.
“Portanto, os investidores podem estar num ponto em que a taxa de juro dos títulos do tesouro ainda que alta não compensa o risco de default por parte dos Estado. Por muito que os agentes tenham preferência por estes títulos em outras cenários”.
Para a economista moçambicana os investidores nacionais, que neste caso incluem os bancos comerciais “podem estar a comparar o investimento em títulos a outras opções menos arriscadas tais como depósitos no Banco de Moçambique, dada a alta taxa de Facilidade Permanente de Depósitos (FPC) ou depósitos em outras instituições financeiras, dadas as altas taxas de juro em vigor”.
Ademais, “esta situação pode também ser reflexo de problemas gerais de liquidez na economia. Mostrando a persistência da corrente crise”.
Entretanto Fernanda Massarongo Chivulele alerta que “embora aparentemente racional, esta decisão é perigosa para os próprios investidores, especialmente os que já tem títulos em carteira pois o Governo financia a dívida interna mobiliária com emissão de nova dívida, numa espécie de ciclo de endividamento”, ao qual apelida de “jogos Ponzi”.
“Se este processo é interrompido poderá haver uma crise de liquidez no sistema financeiro. Dado o peso dos títulos nos recursos que, por exemplo os Bancos comerciais, têm disponíveis para empréstimos (cerca de 20%)”, concluiu a economista.
http://www.verdade.co.mz/destaques/democracia/63000
Efectivamente a Sessão Especial da Bolsa, realizada no passado dia 22 de Maio, destinada ao apuramento dos resultados da subscrição das Obrigações do Tesouro 2017 da 3ª Série registou uma procura global “de 1.111.000.000,00 de MT, tendo a relação procura e oferta sido de 55,55 %, e as respectivas taxas de juro situaram-se entre 27,00% e 29,625%”, pode-se ler num comunicado da Bolsa de Valores de Moçambique.
A economista moçambicana e investigadora do Instituto de Estudos Sociais e Económicos(IESE), Fernanda Massarongo Chivulele, que tem estudado a evolução da Dívida Pública interna, explicou ao @Verdade que a fraca “procura de títulos do Tesouro não surpreende numa altura em que o Estado enfrenta uma crise de liquidez. Os agentes económicos são racionais e acompanham a evolução da economia e neste caso específico da evolução das contas públicas”.
A nossa entrevistada sugere que os investidores podem estar com a percepção de que “Os recursos públicos disponíveis para fazer face as diferentes despesas do governo são limitados. Com várias rubricas a terem baixíssimos níveis de execução. Logo em algum momento a baixa procura pode reflectir receio de que a limitada capacidade financeira leve o Governo a não honrar também com os seus títulos internos, visto que este tem falhado pagamento em relação a títulos externos”.
“Portanto, os investidores podem estar num ponto em que a taxa de juro dos títulos do tesouro ainda que alta não compensa o risco de default por parte dos Estado. Por muito que os agentes tenham preferência por estes títulos em outras cenários”.
Para a economista moçambicana os investidores nacionais, que neste caso incluem os bancos comerciais “podem estar a comparar o investimento em títulos a outras opções menos arriscadas tais como depósitos no Banco de Moçambique, dada a alta taxa de Facilidade Permanente de Depósitos (FPC) ou depósitos em outras instituições financeiras, dadas as altas taxas de juro em vigor”.
Ademais, “esta situação pode também ser reflexo de problemas gerais de liquidez na economia. Mostrando a persistência da corrente crise”.
Entretanto Fernanda Massarongo Chivulele alerta que “embora aparentemente racional, esta decisão é perigosa para os próprios investidores, especialmente os que já tem títulos em carteira pois o Governo financia a dívida interna mobiliária com emissão de nova dívida, numa espécie de ciclo de endividamento”, ao qual apelida de “jogos Ponzi”.
“Se este processo é interrompido poderá haver uma crise de liquidez no sistema financeiro. Dado o peso dos títulos nos recursos que, por exemplo os Bancos comerciais, têm disponíveis para empréstimos (cerca de 20%)”, concluiu a economista.
http://www.verdade.co.mz/destaques/democracia/63000
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