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MAHAMUDO AMURANE INAUGURA NOVO AMBIENETE
O Novo Ambiente foi inaugurado hoje, 22 de Julho, na Avenida Eduardo Mondlane em frente ao Sporting Club da Cidade Nampula, pelo edil de Nampula, Mahamudo Amurane, uma cerimonia solene repleta de muita alegria, animação, musica, dança e poesias, manifestando a satisfação pela promessa cumprida pelo edil de Nampula. O Novo Ambiente é uma feira moderna, limpa e saudável, dedicada a venda de frutas, hortícolas, manuais, jornais, flores e tecidos bordados a mão, aberto todos os dias para venda pública.
O Novo Ambiente foi inaugurado hoje, 22 de Julho, na Avenida Eduardo Mondlane em frente ao Sporting Club da Cidade Nampula, pelo edil de Nampula, Mahamudo Amurane, uma cerimonia solene repleta de muita alegria, animação, musica, dança e poesias, manifestando a satisfação pela promessa cumprida pelo edil de Nampula. O Novo Ambiente é uma feira moderna, limpa e saudável, dedicada a venda de frutas, hortícolas, manuais, jornais, flores e tecidos bordados a mão, aberto todos os dias para venda pública.
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PROMESSA FEITA, PROMESSA CUMPRIDA
NOVO AMBIENTE será inaugurada neste sábado dia 22 de Julho, na avenida Eduardo Mondlane em frente ao Sporting pelas 9h, uma feira moderna, limpa e saudável, fruto da promessa feita pelo Edil Mahamudo Amurane para acolher os vendedores de rua tornando a cidade mais limpa e bela.
Participe!
NOVO AMBIENTE será inaugurada neste sábado dia 22 de Julho, na avenida Eduardo Mondlane em frente ao Sporting pelas 9h, uma feira moderna, limpa e saudável, fruto da promessa feita pelo Edil Mahamudo Amurane para acolher os vendedores de rua tornando a cidade mais limpa e bela.
Participe!
terça-feira, julho 18, 2017
O AUTARCA previa a crise do MDM
O Autarca (21/04/11) (primeiro jornal electrónico editado na
cidade da Beira) – Desde o anúncio público
da crise no Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a mais recente formação
política criada no país, que tem a principal base de apoio a cidade da Beira,
onde coincidentemente o Jornal O Autarca tem a sua sede desde 1998, temos sido
confrontados por diversos segmentos da sociedade para emitirmos o nosso
posicionamento em relação ao que se está a passar neste partido que apregoa
“Moçambique para Todos”. Quanto a nós, a crise actual no MDM é apenas uma
pontinha do iceberg. Conhecendo o MDM por perto, não temos receios de afirmar
que este partido já nasceu de crise, por conseguinte é óbvio afirmarmos que vai
continuar a viver de crises. Foi preciso haver crise que afectou alguns membros
da Renamo para os mesmos fundarem o MDM. Portanto, o MDM não foi estruturado
numa base semelhante a outros partidos que são fundados para se tornarem
alternativa política, com pressupostos científicos, mas sim este partido foi
criado numa base de vingança à liderança da Renamo, o principal partido da
oposição moçambicana. Isso que se diga em a bono da verdade, e o que
resultou foi a fragilização antecedida da fragmentação de toda uma oposição
nacional, dando enormes vantagens a Frelimo que governa o país há 36 anos. Foi
preciso os Ismael Mussa, os Dionísio Quelhas e companhia se desentenderem com a
liderança da Renamo para se pensar na criação do MDM. Foi preciso o próprio
Daviz Simango que lidera o partido ser expulso da Renamo para se precipitar
nesse projecto político que de início até teve a felicidade de reunir alguma
simpatia do eleitorado a ponto de conseguir sete assentos na Assembleia da República.
Mas tanto o MDM como o próprio líder todos falharam porque acreditavam que
fosse possível suplantar a Renamo e o seu líder Afonso Dhlakama, o que não
aconteceu, acabando por ficar atrás e com uma diferença enorme. Ou seja, Daviz
Simango não conseguiu tornar-se o segundo candidato mais votado que lhe daria
no mínimo o direito a membro do conselho de estado, e os membros que conseguiu
eleger para Assembleia da República foi necessário um “favor” da Frelimo para
se constituírem em bancada, passando a obter alguns privilégios que a lei
consagra para esse estatuto. De tudo quanto se diz hoje sobre a liderança do
MDM não vemos nada de novo. Os problemas de nepotismo, amiguismo, servilismo,
clientelismo e outros promovidos por Daviz Simango já são sobejamente
conhecidos, a começar da gestão do município da Beira…………..
Exmo Senhor Presidente do Partido MDM
Assunto: Carta dos
Quadros Preocupados
Senhor Presidente (na foto)
A nossa história
política recente de que os moçambicanos têm memória mostrou que a falta de visão
e má fé de alguns homens criaram um ambiente de desconfiança, de desprezo e
desvalorização do “outro” pelas suas diferenças étnicas, regionais e de
pensamento. Esta situação, de algum modo, justificou a necessidade do
surgimento do MDM como um partido congregador e respeitador de valores e
princípios éticos e morais que poderiam renovar, nos moçambicanos, a esperança
de um Moçambique íntegro, inclusivo e democrático; um MOÇAMBIQUE PARA TODOS!
Duvidamos que estes princípios, hoje, constituam a base que norteiam as acções
políticas do MDM e o comportamento dos seus quadros superiores. Nós, membros
fundadores e quadros do MDM, estamos preocupados com o rumo que o nosso partido
está a seguir. Quando se fundou o MDM, estávamos convencidos de que iríamos desenvolver
uma instituição/organização moderna que funcionasse nos moldes verdadeiramente
democráticos e inclusivos. Granjeamos respeito e admiração, dentro e fora de
Moçambique, pelo facto de, em pouco tempo, termos conseguido mobilizar meios
humanos, técnicos e materiais para se formar o partido MDM, em 7 de Março de
2009, na cidade da Beira, província de Sofala, e participarmos, de forma
condigna, nas eleições gerais de 2009. No entanto, o que temos vindo a
verificar é a construção de uma organização política baseada na confiança familiar,
étnica/tribal e regional. Estávamos esperançados que com o decorrer do tempo, o
Partido iria abrir-se para permitir que mais moçambicanos, desejosos de darem a
sua contribuição para o crescimento e fortalecimento da nossa organização
política, se juntassem a nós pelo simples facto de serem moçambicanos e não por
pertencerem a determinada família, etnia ou região. O que vemos hoje a
acontecer é toda uma estratégia camuflada de impedir que tal aconteça e até
mesmo de impedir que os actuais membros do partido (fundadores) que não
partilham da mesma visão estratégica da liderança do Partido e que não se
enquadram nas condicionantes familiares, étnicas e regionais desta liderança
encontrem espaço de acção no seio do
Partido e contribuam efectivamente para o engrandecimento do mesmo, gerando-se
assim um ambiente de desvalorização do outro, desprezo e desconfiança.
Com efeito:
1. Verifica-se hoje que
tanto a liderança como a maioria dos quadros do partido não conhecem aquilo que
é a lei mãe do partido – o seu Estatuto. Consequentemente, estes Estatutos são
repetidamente violados pelos órgãos do Partido particularmente pela Presidência
e pela Comissão Política. Todos os órgãos do Partido têm a obrigação de
conhecer os Estatutos e agir em conformidade com o mesmo;
2. O Presidente do Partido
desconhece ou prefere ignorar os limites das competências estatutárias a si
atribuídas chamando para si competências que não lhe foram atribuídas pelos
Estatutos do Partido agindo assim como dono e senhor do mesmo, passando a
impressão que apenas tolera a existência de outros órgãos no Partido por mera
questão formal e porque a lei impõe a existência destes órgãos;
3. O manifesto eleitoral do
Partido elaborado por alguns dos signatários desta carta e adoptado pelo
Partido antes das eleições e publicitado pelo mesmo não foi alvo de estudo por
parte da liderança do Partido nem dos seus órgãos, consequentemente, muitas das
acções do Partido não se coadunam com aquilo que é a visão do Partido, plasmado
naquele manifesto eleitoral;
4. As deliberações
políticas do Partido são tomadas atropelando os procedimentos estatutários do
Partido. Na última reunião da comissão política esta aprovou, segundo foi
publicitado pelo porta-voz do Partido, o plano estratégico do Partido sem que
tivesse competência para tal atropelando assim os estatutos do Partido;
5. Hoje verifica-se no
Partido a existência de estruturas paralelas, uma gerida pelo Presidente e
outra pelo Secretário-geral. Este facto tem vindo a criar um ambiente de
desgaste, desvalorização das estruturas legitimadas e crise de autoridade bem
como a dispersão de esforços e parcos recursos existentes, como resultado da
existência destas estruturas paralelas;
6. Verifica-se,
actualmente, no seio do Partido a formação de brigadas ditas nacionais, sob as
ordens do Presidente do Partido, sem qualquer intervenção do Secretariado-Geral
que é a entidade competente para coordenar as actividades políticas e
administrativas do mesmo, saídas da Cidade da Beira. Estas para além de serem
um órgão não previsto em termos estatutários, tem criado, nas Províncias que as
recebem, um clima de suspeição, de desconfiança e insegurança por parte dos
dirigentes locais, porque elas tendem a ser vistas como instâncias ou grupos de
“choque” do Presidente para impor a ordem e reestruturar os órgãos de direcção
ao nível provincial e/ou local. Muitas vezes, a formação destas brigadas
baseia-se em critérios subjectivos e clientelistas. Estas brigadas tomam
decisões de forma arbitrária e ilegal uma vez que elas funcionam fora do âmbito
do conhecimento da estrutura executiva do Partido, para além de constituírem
uma sobrecarga financeira para o Partido porque até aqui, as suas actividades
nunca foram objecto de planificação. Ou seja, nunca tiveram cabimento
orçamental;
7. As brigadas ditas
nacionais funcionam como o “olho” do Presidente e, ao mesmo tempo, como a sua
principal estrutura de confiança no terreno, em detrimento das instâncias
legais e legítimas do Partido que aliás, têm merecido pouca confiança e
credibilidade por parte do Presidente;
8. Há falta de
transparência na gestão dos fundos do Partido. Ao secretariado, que deveria
gerir as contas do Partido, pura e simplesmente lhe é vedado o acesso ficando
os mesmos sob gestão directa do Presidente;
9. Hoje verificamos que o modus
operandi da direcção máxima do Partido baseia-se em intrigas e
arbitrariedades onde os problemas de índole administrativa transformam-se em
problemas de âmbito pessoal entre os chamados grupos do Presidente e do Secretário-Geral.
Os mesmos, a não serem atempadamente resolvidos, dentro do Partido, tomarão,
seguramente, uma dimensão política e de difícil solução;
10. Verifica-se um
tratamento diferenciado, por parte da Presidência do Partido, em relação aos
quadros do Partido. Ou seja dá valor a uns em detrimento de outros, muitos dos
quais, sem nenhuma história dentro da Partido, o que de todo viola o princípio
de igualdade;
11. Quadros do Partido, sem
qualquer competência estatutária e sem qualquer mandato dos órgãos competentes
tomam decisões, algumas das quais próprias dos órgãos colegiais do Partido, e
implementam-nas. Nestes casos, dependendo da afinidade do membro com a
liderança do Partido, esta tolera a decisão e nem sequer toma medidas para que
não haja lugar no Partido à usurpação de competências;
12. Os órgãos do Partido,
por falta de leitura dos Estatutos não conhecem as suas atribuições e
competências bem como os limites da mesma, usurpam competências de outros
órgãos e nesta base tomam decisões e implementam nas gerando assim uma total
confusão no seio do MDM;
13. Temos uma Comissão
Política essencialmente dominada pelos membros da família do Presidente e das
suas relações pessoais e de vassalagem. Isto também reflecte-se ao nível de
outros cargos de direcção como o da Bancada Parlamentar do MDM, do Presidente
da Liga da Juventude do MDM, do Gabinete Central de Eleições do Partido e do
Conselho Nacional de Jurisdição;
14. Hoje, grande parte dos
cargos de direcção no seio do Partido foram ocupados por familiares da
liderança do Partido ou por pessoas que de uma forma ou de outra dependem
financeiramente da liderança do Partido criando-se assim um ambiente em que os
comandos da liderança são sempre acolhidos sem qualquer discussão crítica e
minando assim todo o ambiente democrático indispensável aos partidos políticos;
15. Hoje o principal
critério de acesso aos órgãos do Partido é a relação de familiaridade,
dependência financeira, afinidade étnica e regional e não o de competência
técnica e mais-valia em termos de eleitorado, o que de certa forma
impossibilita uma visão mais ampla do país e das expectativas do eleitorado do
MDM. Impossibilita a adopção de estratégias que visem assegurar que o
eleitorado que deuo seu voto de confiança ao MDM nas últimas eleições continue
a apostar no Partido e impede a visibilidade pública e capacidade de acção
destes órgãos;
16. Após as eleições de
2009, como qualquer partido organizado, o MDM deveria ter-se reunido para fazer
um balanço das eleições, analisar os resultados eleitorais e com base neles
desenhar estratégias para consolidar o voto dos eleitores conquistados e
arrecadar mais eleitores. Não obstante a insistência de alguns membros, a
liderança do Partido mostrou-se reticente e pouco interessado nesta análise
recusando-se a fazer pessoalmente a análise dos dados eleitorais chegando mesmo
ao ponto de insistir, sem qualquer base fáctica e estatística de que o
eleitorado do MDM não está nas cidades, mas sim no campo, o que corresponde a
uma negação total e completa dos números constantes dos mapas de apuramento
eleitoral a que o Partido tem acesso;
17. A Comissão Política se
apresenta pouco interventiva e “agressiva” politicamente. Esta situação a torna
pouco visível no cenário político nacional;
18. A nossa Bancada
Parlamentar é, igualmente, pouco interventiva e
“agressiva” dentro da Assembleia e do ponto de vista da actividade de
fiscalização e debate sobre grandes assuntos de interesse nacional;
19. Verifica-se hoje, no
Partido, uma atitude de tolerância e até de encobrimento de situações que podem
ser consideradas de inconstitucionais. O Partido tem hoje um chefe de bancada
parlamentar que possivelmente foi eleito ilegalmente, no entanto, não se
assiste no Partido qualquer debate para colher ideias que ponham cobro a esta situação,
esta atitude de encobrimento de ilegalidades poderá minar as chances do MDM
assumir o seu verdadeiro papel de partido da oposição, dentro e fora da
Assembleia da República;
20. Hoje não se verifica no
Partido o debate de ideias, só as ideias defendidas pela liderança do Partido é
que prevalecem, o que evidencia o caminho antidemocrático que o Partido está a
trilhar;
21. Actualmente temos visto,
através dos media, acusações sobre a gestão pouco transparente do Município da
Beira, sem que no seio do Partido se discuta o impacto deste debate público
para a vida do Partido tendo em conta que o Presidente do Município da Beira é
o Presidente do MDM;
22. Hoje a liderança do
Partido se julga dona do mesmo, age à revelia dos seus órgãos e em certas
circunstâncias violando os Estatutos do Partido e sem coordenação com o órgão
executivo do mesmo;
23. Hoje o Secretariado
Geral do Partido, que é a entidade que coordena as actividades políticas e
administrativas do mesmo, não tem conhecimento das actividades que estão a ser
desenvolvidas no Partido. Estas actividades são ordenadas pela liderança do
Partido e mantidas em sigilo de modo a que o Secretariado não saiba o que de
facto está a ser realizado;
24. Hoje verifica-se no seio
do Partido situações em que determinadas entidades ligadas por laços familiares
à liderança do Partido desrespeitam toda a estratégia definida pelo Partido e
toda a discussão levada a cabo por órgãos competentes do Partido e produzem
documentos contrários ao definido pelos órgãos competentes;
Curiosamente, é isto o
que está a acontecer no MDM.
Sr. Presidente,
Apesar de, por vias
extra-oficiais, termos tomado conhecimento que os nossos adversários políticos
iriam infiltrar-se no seio do Partido e aí criar instabilidade de forma a
destruir o MDM, o nosso sentimento é que este estado de coisas no Partido não
tem necessariamente uma mão externa. Ela resulta da ausência de uma visão clara
e mais realista sobre os rumos que o Partido deve seguir como um partido de
oposição que aspira chegar ao poder. A intransigência e relutância em não
querermos aceitar que há problemas e enfrentá-los com frontalidade está a
reflectir uma cultura de falta de diálogo e/ou debate e, portanto, pouco
democrática. Para além disso, ela reflecte, uma lógica de construção e
constituição da nossa organização baseada na figura central do Presidente em
que o culto à personalidade, à lealdade e à obediência cega minam o
profissionalismo, a competência e a confiança dos militantes e membros do
Partido. Sentimos e temos dito que o Partido caminha para uma direcção
contrária àquela que certamente nos animaram aquando da sua criação, do ponto
de vista dos seus princípios. Estamos cientes de que Moçambique e o actual
Partido no poder bem como o maior partido da oposição estão a atravessar uma
crise sem precedentes na sua história recente. Este factor cria certamente um
ambiente favorável ao MDM, o qual deveria trabalhar para ocupar um espaço no
cenário político nacional e consolidá-lo. No entanto, a liderança do MDM está
precisamente a trabalhar no sentido inverso.
Sr. Presidente,
O rumo que o MDM hoje
está a trilhar, fruto da Vossa arrogância, intolerância, intransigência e falta
de visão estratégica, está a afastar o Partido daquilo que é o seu principal
objectivo – GOVERNAR O PAÍS. Por tudo o que acima foi referido, conclui-se que
no MDM vive-se, hoje, um ambiente de desconfiança, de desprezo e desvalorização
do “outro” pelas suas diferenças étnicas, regionais e de pensamento, pondo,
assim, em causa os fundamentos do seu surgimento no cenário político nacional.
Sr. Presidente,
Não pretendemos e nem é
nossa intenção abandonar o partido porque sentimos que temos todos a
responsabilidade e compromisso perante os moçambicanos que tanto nos apoiaram e
acreditaram em nós como uma forca política emergente e com grandes
potencialidades para sermos um partido de alternância política em Moçambique.
Contudo, sentimos que é, também, nosso dever alertar-lhe sobre a actual
situação interna do partido que pouco ou nada irá contribuir para os sucessos
que pretendemos alcançar. Nesta perspectiva, apelamos ao Sr. Presidente, o bom
senso e que é urgente abrir espaços de diálogo de modo a tornar o Partido mais
inclusivo, mais profissional e menos personalizado; e que o mesmo funcione
respeitando os estatutos do Partido e os princípios constantes nos nossos
Manifestos Politico e Eleitoral. Os subscritores desta carta, preocupados,
estão abertos ao diálogo com o Sr. Presidente porque é nosso desejo levarmos ao
bom porto o projecto MDM.
Juntos pela construção
de um MOÇAMBIQUE PARA
TODOS.
Moçambique, Abril de
2011
Volvidos seis anos…….
O
presidente do Concelho
Municipal da cidade de Nampula (3ª maior cidade e capital da provincia
com o maior círculo eleitoral), Mahamudo Amurane (eleito sob a bandeira
do MDM) , disse (28/06/17) que o Movimento Democrático de
Moçambique, MDM, não constitui uma alternativa no xadrez político do
país
acrescentando que assume nos últimos tempos uma postura de diversão com o
propósito de distrair a população da realização de actividades que visam
suprir
as suas reais necessidades para garantir o seu bem-estar social.
Falando no
decorrer da segunda sessão ordinária da Assembleia Municipal da cidade de
Nampula, Amurane argumentando a sua análise explicou que o MDM não tem, neste
momento, nenhuma agenda para o desenvolvimento do país, senão inspiração para
promover actos de confusão no seio população numa tentativa frustrada de travar
os avanços que a nação tem vindo conquistar. “Agora está a contestar a compra
pela Assembleia da Republica de viaturas Mercedes Benz para afectar aos membros
da comissão permanente do órgão mas a pergunta que qualquer cidadão menos
atento pode fazer é por que razão os membros que compõem a bancada a do
Movimento Democrático de Moçambique não chumbaram o projecto quando estavam no
processo de discussão e aprovação do respectivo orçamento.
É tentativa de
buscar protagonismo por um partido carente em termos imaginativos para fazer
politica”, ajuntou Amurane. O edil de Nampula disse que o país precisa neste
momento de partidos políticos com visão para resolver as questões que possam
promover o desenvolvimento acelerado da economia que tem impacto directo na
melhoria da qualidade de vida das populações. Apontou a descentralização com
enfoque dos processos administrativos e financeiros que contribui para a
melhoria do processo de gestão pública e dos seus órgãos.
segunda-feira, julho 17, 2017
Ângelo e os guarda-redes
Para
os amantes do futebol da zona centro, e nem só, este título, se mais vividos,
os faz recordar o perigosíssimo Ângelo (Jerónimo) do Textáfrica do Chimoio,
que, como ponta de lança exímio, atingiu a esplendorosa marca de trinta e três
(33) golos num único jogo! Se estiver errado, ele ou quem se interesse me
corrija.
Do
estou mesmo certo é que vos vou falar doutro Ângelo. O saudoso Ângelo Rocha de
Oliveira, mais conhecido por Angêlo de Oliveira, jornalista, “nado na linda e
tropicalíssima cidade de Quelimane, nos tempos de futebóis, de que foi um dos
seus mais aptos praticantes”(no Sporting de Lourenço Marques), escreve Jorge
Matine no prólogo do seu, infelizmente, único livro: Isto De Futebóis,
publicado quando contava 62 anos de idade, em 1998.
Sobre
o livro, muito se disse e escreveu na altura, até porque, e sobretudo, o Ângelo
de Oliveira, que tive a honra de conhecer escrevendo ambos no jornal azul
“Desafio”, atingira então “28 anos de profissão nos principais jornais deste
país”, sendo, por isso, que Matine asseverava: “ninguém pode ousar dizer que
passou pela vida anonimamente”. Escrita
a introdução, passemos ao que mais nos interessa, ou seja: porquê “Ângelo e os
guarda-redes”? Teria ele marcado tantos golos, quanto o seu homónimo do
Chimoio?
Na
verdade, sem os ter quantificado, marcou muitos golos, cuja beleza e fascínio
só o livro pode atestar. Agora, o que me atraíu a atenção para o “velho”
jornalista, é que nem a FIFA, organismo supremo do futebol mundial, centra a
sua atenção na magnitude da actuação dos guarda-redes, quando se trata de
escolher o melhor jogador do ano. É, até, como se os guarda-redes fossem
apenas, simples, “apanha bolas”. Mas, o saudoso Ângelo de Oliveira veio a
terreiro debater esta questão (que remédio?) no âmbito estritamente
moçambicano. E fê-lo com dignidade, com isenção, sem a clubite que mal sabia
disfarçar. Aí vai: o melhor guarda-redes?
Quem
terá sido o melhor guarda-redes moçambicano de sempre? De 1941 a esta parte, eu
estou em condições plenas para poder opinar sobre o assunto, dado que me vejo,
desde essa data, a mim próprio assistindo aos jogos de futebol em Moçambique.
Se de imediato me solicitassem uma lista-de-escolha eu não hesitaria:
Mendonça(Desportivo);
Felizardo (Sporting); Costa Pereira (Sporting e, depois, Ferroviário);
Pedro
Santos (Desportivo); Octávio de Sá (Sporting); Nuro Americano (Maxaquene) e
José Luís (Textáfrica). Para os mais antigos, me lembro que Acúrcio Carrelo não
era (nem é) moçambicano. Não é fácil realmente ordenar os melhores, por ordem
decrescente. Haverá, de imediato, uma natural tendência para se colocar no topo
esse “fabuloso” Costa Pereira, isto porque foi aquele que chegou mais longe;
chegou à selecção nacional portuguesa através do Benfica de Lisboa e deixou
nome grande no Maracanã. Mas, para mim, ele não foi o melhor: terá sido, talvez
o número-dois. Quanto a mim, o melhor “keeper” moçambicano de todos os tempos
chamou-se (e chama-se) Pedro Santos. Jogava no Desportivo da nossa capital, nos
anos 50/60, e foi várias vezes, variadíssimas vezes, abordado para ingressar no
profissionalismo. Nunca quis! Pedro Santos era um guarda-redes seguro,
espectacular, com uma extraordinária colocação entre os postes, audacioso e,
sobretudo, elegante e elástico nas suas intervenções. Depois deles, de Pedro
Santos e Costa Pereira, talvez Octávio de Sá, com Nuro Americano na peugada.
Este
é o meu parecer. Quem quiser, que discorde dele, que eu não deixarei de
respeitar-lhe a opinião, sem alterar a minha. Pedro Santos foi um “keeper”
excepcional!”.Isto
mesmo escreveu, corajosamente, digo eu, o saudoso Ângelo de Oliveira, que no
seu livro ainda nos brindou com “À propósito de Pedro dos Santos”. Escreve
sobre um derby Desportivo- Sporting(hoje Maxaquene). “Tinha chovido
torrencialmente e, durante o jogo, continuava chovendo, embora com menos
intensidade”. E o campo era então pelado. Prosseguindo: “Ao intervalo, os
“alvi-negros” ganhavam por 1-0. O golo “leonino” de empate, com que terminaria
a partida, fui eu quem marcou, não sem que tenha mandado um quilo de lama para
o rosto do Pedro Santos, mas não deliberadamente”.E
muito mais escreveu Ângelo de Oliveira. Já agora, por que não um prémio para o
jornalismo desportivo com o nome do conceituado e saudoso A. De Oliveira?!(Tavares
Braz)
sexta-feira, julho 14, 2017
Emirates “abandona” TAAG
O Presidente angolano, José
Eduardo dos Santos, afastou, por decreto, a administração da transportadora
aérea estatal TAAG, liderado por Peter Hill, na sequência da decisão dos árabes
da Emirates, que se retiraram da gestão daquela companhia.A informação consta
de um comunicado enviado esta quinta-feira, em Luanda, pela Casa Civil do
Presidente da República, dando conta que o decreto exarado pelo chefe de Estado
dá como "findo o mandato do conselho de Administração da TAAG", que
havia sido nomeado em 15 de setembro de 2015, "na sequência da rescisão
unilateral" pela Emirates do contrato de gestão com a companhia aérea
nacional.
No mesmo decreto exarado , José
Eduardo dos Santos procede à nomeação de uma comissão de gestão para
"assegurar a continuidade da atividade" da transportadora, que será
coordenada por Joaquim Teixeira da Cunha, antigo presidente do conselho de
administração.Esta comissão de gestão
terá como coordenadores adjuntos Rui
Paulo de Andrade Telles Carreira e Wiliam Rex Boutler, integrando ainda Eric
Zinu Kameni, Nuno Ricardo da Silva Oliveira Pereira, Patrick J. Rotsaert e
Vilupa Mathanga Gunatileka, de acordo com a mesma informação prestada. A transportadora aérea Emirates
anunciou na segunda-feira(10) o "fim imediato" do contrato de
concessão para gestão da companhia de bandeira angolana TAAG face "às
dificuldades prolongadas que tem enfrentado no repatriamento das receitas"
das vendas em Angola.Numa declaração, a transportadora referia igualmente que
está a "tomar medidas no sentido de reduzir a sua presença em Angola"
e que a partir de hoje reduz de cinco para três o número de frequências
semanais para Luanda.Angola vive desde 2014 uma crise
financeira e económica decorrente da quebra nas receitas com a exportação de
petróleo, também com efeitos cambiais, com várias operadoras aéreas a
queixarem-se da dificuldade em repatriar dividendos das vendas em Angola, por
falta de divisas."Esta questão tem-se mantido sem solução, apesar de
inúmeros pedidos feitos às autoridades competentes e garantias de que medidas
seriam tomadas", referiu então a companhia árabe.
"Com efeito
imediato, a Emirates põe fim à sua cooperação com a TAAG - Linhas Aéreas de
Angola - ao abrigo de um contrato de concessão de gestão em curso desde
setembro de 2014", acrescentou a companhia, com sede nos Emirados Árabes
Unidos."Esperamos que a questão do repatriamento de fundos seja resolvida
o mais cedo possível, de modo que as operações comerciais possam ser retomadas
de acordo com a demanda", informou ainda.O contrato de gestão assinado
entre o Governo angolano e a Emirates prevê a introdução de uma "gestão
profissional de nível internacional" na TAAG, a melhoria "substancial
da qualidade do serviço prestado" e o saneamento financeiro da companhia
angolana, que em 2014 registou prejuízos de 99 milhões de dólares (88 milhões
de euros).Em contrapartida, no âmbito do Contrato de Gestão da transportadora
pública angolana celebrado com a Emirates Airlines para o período entre 2015 e
2019, prevê-se dentro de quatro anos resultados operacionais positivos de 100
milhões de dólares.
Em entrevista no
final de 2016, o presidente do conselho de administração da TAAG, Peter Hill,
indicado para o cargo pela Emirates ao abrigo do acordo com o Governo angolano,
anunciou ter cortado 62 milhões de euros em custos no primeiro ano daquela
gestão.
"Nós dissemos, no nosso plano de negócios, que em três anos íamos
reduzir custos em 100 milhões de dólares [89 milhões de euros] e logo no primeiro
ano já poupamos 70 milhões [62 milhões de euros]. Por isso estamos muito
contentes e posso dizer que as finanças da companhia estão a melhorar
dramaticamente", explicou."Herdamos uma companhia não lucrativa, com
muitos trabalhadores, e nos últimos 12 meses estamos a reduzir os custos",
enfatizou o administrador, que assumiu funções em outubro de 2015.Segundo Peter
Hill, a TAAG contava então com cerca de 4.000 trabalhadores, para operar 31
destinos domésticos e internacionais, após uma forte redução, apenas com
programas de reforma.
quinta-feira, julho 13, 2017
Elite tem medo da emergência da classe média!
O
JORNALISMO moçambicano está capaz de agir como uma arte de produzir
conhecimento, mas precisa ter a prudência necessária para assumi-lo apenas como
opinião, deixando que o público, ele próprio, construa a sua verdade. Segundo
tese defendida em Maputo pelo académico Carlos Machili, o jornalismo é uma
profissão de reflexão imediata, de formulação de opiniões que, disseminadas,
motivam o receptor a profundá-las. “Não se pode confundir verdade com opinião.
Que o jornalista ocupe o seu lugar, porque ele produz o conhecimento usando
métodos próprios, diferentes dos usados pelos outros”, diz Machili. Falando ao
SAVANA não se escusou em abordar o momento
do país.
Professor, no geral, como é que vê o país que este mês faz 42 anos?
Vejo um
Moçambique grande e de jovens. Precisamos de ser optimistas e confiar nesta
geração que vem e que precisa de ir ao ensino superior. E é esta geração que
tem de ser dada noções mais profundas do debate participativo político e de
diversidade de ideias e de culturas. Moçambique tem um futuro grande. E porque
estive na Agência de Energia Atómica, sei o que significa a riqueza que tem
este país, mais do que África do Sul.
No seminário sobre Ética e Boa Governação, há duas semanas, dizia que
vivemos num mundo de depressão de instituições, partidos e onde o que conta é o
lobby. Pode decifrar essa tese?
É o
lobby, sim senhores. No mundo contemporâneo, a política faz-se pelas
instituições, pelos partidos e por um grupo potentíssimo de lobbies, de
negociadores, que entra em todo o lado. Na América, os lobbies são feitos no
Capitólio, na Assembleia. Nós os lobbies fazemos nos partidos. Então, somos infiltrados,
há instabilidade institucional e rouba-nos o tempo de sabermos ouvir o outro, a
sua inquietação. Mas a instituição não pode ser abalada. Instituição é uma
organização política, económica, cultural, religiosa, que funciona com normas
precisas para alcançar um objectivo. O partido é igualmente uma organização
onde se entra e se obedece a regras. Se não quer obedecer, funda o seu partido.
Acha que o Estado moçambicano está infiltrado? Quem não é infiltrado hoje! Está. Não se discute
questões fundamentais para a juventude. Porquê vamos discutir qualidade em vez
do acesso? Não é infiltração isso? Chama-se depressão noética, défice
gnosiológico. Estamos muito infiltrados, então, pegamos modelos, que não sei
donde…
Acha que a instituição Frelimo está infiltrada? Porquê não! E a Frelimo tem de ser vigilante para
impedir a infiltração. Na entrevista que fizeram ao Couto, ele disse que
“Dhlakama diz coisas que eu não tenho coragem de dizer”. Quer dizer valorização
do Dhlakama não porque manda matar, mas alguma coisa ele traz de positivo neste
país. Mazula veio dizer “senhores, como estamos neste país, cada um no seu
quintal, temos de pensar num Estado federal”. Eu fui o primeiro acusado, quando
estava na UP, de ser um federalista.
Que manifestações na Frelimo o levam a concluir que o partido está
infiltrado? A incapacidade de entender
que, na fase actual, a Frelimo não pode fazer rasteiras a si mesma. Que a
Frelimo tem de ir ao povo. Que a Frelimo tem de democratizar-se internamente. Que
a Frelimo não é produto das elites, é um partido do povo. Até o próprio
discurso, que é um défice gnosiológico, chama o povo moçambicano de população.
Esse é um discurso economicista. Os moçambicanos já são tratados como números,
como população. É perigoso isso, num país onde 50 a 60% são jovens.
E o que acha que está a falhar no partido? Falta entender o papel actual da Frelimo. Donde vêm
as grandes críticas para escangalhar Guebuza? Não é dentro da Frelimo? Claro
que não é. Os grandes opositores da Frelimo são donde? É Dhlakama? Não. É Daviz
Simango? Não. Nem tão pouco.
Então, o grande inimigo da Frelimo é interno? É interno, sim. Estamos infiltrados. Dizia Samora
Machel, vamos cerrar fileiras para sermos filhos, líderes do povo e o futuro
deste Moçambique. E formar gerações autónomas. Que venham muitos partidos, não
é problema. Que ganhem eles, mas que sejam moçambicanos. A tarefa da Frelimo é
garantir a cidadania do moçambicano. Moçambicano acima de tudo.
E como se revela o elitismo na Frelimo? Através
da fuga do projecto social da Frelimo. Onde é que pára o projecto social da
Frelimo? Onde é que pára o projecto económico da Frelimo? Onde é que pára o
projecto de cidadania da Frelimo? O projecto de construir a nova sociedade?
Naquele tempo chamava-se homem novo, mas foi abandonado e quem hoje defende
esse projecto é considerado comunista. Eu penso que o nosso partido tem de
voltar a resgatar a sua vocação. Não dizer que vai ficar eternamente no poder,
mas o cidadão moçambicano não se negoceia.
E se a Frelimo não resgatar a sua vocação, que preço poderá pagar por
isso? Paga sem dúvidas porque
hão-de vir outros que vão fazer o discurso que a Frelimo não faz para terem
votos. Os municípios, por exemplo. Beira foi, Quelimane foi, Gurúè foi, Nampula
foi. Acham que a juventude de Maputo não pode votar para ficar com o município
de Maputo? Eu gosto porque é democracia. Amigos, o jovem moçambicano vai mesmo
votar na Frelimo ou fica em casa, no município? Atenção, eu como militante digo
cuidado.
Que eleições serão para a Frelimo as de 2018 e 2019? Grande desafio de coerência interna. Resgatar os
princípios fundamentais de servir o cidadão.
Ainda há tempo para o partido se reencontrar com o povo, tendo em conta
o timing que nos separa das eleições? Ainda há
tempo de renegociar porque o voto é renegociado com clareza. Os lobbys é que
estragam o futuro do país.
Moçambique continua a ser colocado na lista negra em matéria de corrupção.
Acha que o país está tomado por corruptos? Não está
tão corrupto como parece. Só que somos muito pobres, temos estô- magos bons e
queremos comer, então, as normas, numa economia de mercado como esta, não
conseguem controlar o dinamismo. Não é porque somos tão corruptos como parece,
somos corruptíveis, muito corruptíveis e perdemos pouco a pouco a segurança
psíquica e intelectual, isto é, somos metidos no lobby e os lobbys é que
estragam o futuro das Nações porque não se vê Nação, vê- -se barriga vazia.
É razoável dizer ao cidadão que não somos tão corruptos, num país em que
há escândalos de dívidas que sugerem corrupção, num país onde ministros estão
metidos em negócios com manifestos conflitos de interesse, num país onde um
Banco Central vende um banco comercial a sim mesmo? Na economia de mercado, o acesso à riqueza exige e
provoca sempre a desconexão. Isso não chamo realmente de corrupção, mas
desconexão, que é a falta de visão ética. E nenhum moçambicano vai aceitar
isso. Quem são os ministros que temos? São filhos de elite ou que estudaram.
Quando se colocam, o que têm em casa antes? O nosso grande problema é este: o
capitalismo e a distribuição da riqueza. E os nossos dirigentes, quando chegam,
mudam de classe e nasce o nosso problema número dois: medo da emergência da
classe média.
E o que acha da actuação da justiça? Perante tamanhas situações de falta
de ética na governação, não seria este um momento para a justiça moçambicana se
impor? A nossa justiça tem um défice
antropológico. As nossas Leis foram concebidas em função de realidades
Europeias. A lei com código português reformulado serve para a nossa cultura?
Não. Mas nós adoptamos as leis, regulamentos, estatutos e tudo. São
regulamentos em função de quê?
Mas há um outro elemento. Ainda há dias, entrevistávamos o juíz João
Trindade que nos dizia que um dos grandes problemas do nosso poder judiciário é
que está a reboque do poder executivo. Está
enganado e equivocado. Nenhuma magistratura está acima do chefe de Estado. Ou é
Estado ou é barraca. O que quer o juiz Trindade? A barraca ou o Estado? Não
está a reboque. O problema é que a identidade cultural e o défice antropológico
dos juízes fazem com que eles peguem aquilo que deve ser a Lei nos Estados
Unidos e em Portugal e tentem aplicar aqui.
Há dias a Dra. Benvinda Levi dizia também que hoje falar de magistrados
é quase a mesma coisa que falar de criminosos. Porque
nós é que pensamos que todo o juiz é criminoso, o que é falso. Mas hoje em dia
há muitos juízes que… Muito bem, é excepção, não há regra sem excepção.
Mas ultimamente temos sido acolhidos quase todos os dias por notícias
sobre juízes envolvidos na comercialização de sentenças. Sem dúvidas, mas não é isso que nos deve fazer
parar de formar juízes. Mas temos de pensar numa Lei de acordo com o nosso
contexto cultural. O défice antropológico é justamente ter princípios que não
se baseiam na sua cultura. Sabe, eu cheguei ao Tribunal (N.R: acusado de desvio
de fundos e abuso de poder na Agência de Energia Atómica) e disse-lhes que
podiam me fuzilar, mas eu não roubei, levei dinheiro porque sei que há muito
equipamento de energia atómica que está nas minas de gás, de carvão e de
petróleo.
Em nenhum país no mundo assuntos de energia atómica são tratado num
Tribunal qualquer porque a energia atómica fica nas mãos do comandante em
chefe. Mas aqui se disse que “Carlos Machile está no banco dos réus, gastou mal
dinheiro, roubou…” não roubei nada. Se quisesse ser rico, sairia rico da
UP…deixei a UP com não menos que um bilião de meticais.
Como tem acompanhado o assunto sobre as dívidas ocultas? Eu como cientista político digo: senhores, este é
um mercado muito apetecível. O grande problema era a liquefacção do gás no mar
ou em terra e vincou a liquefacção no mar. Então, o projecto ligado a isso e
que provoca dívidas ocultas chama-se EMATUM.
Mas também temos Proíndicus e MAM. Mas sem
defesa e Segurança quem vai controlar a tua riqueza? Tu queres fazer de
Moçambique uma barraca?
Mas Professor, o maior problema até pode não ser a operação em si, mas a
forma como ela foi feita? Faz favor, não era para fazer
disto público e despertar o mundo.
O que pensa da auditoria que foi feita e de cujos resultados são
aguardados com bastante expectativa? A
auditoria pode fazer tudo, mas é o início do fim da soberania porque aquele é
um assunto interno. Até quando se esgotou a capacidade dos moçambicanos dizerem
“camarada Guebuza falhou”?
No geral, o que achou dos 10 anos da governação do presidente Guebuza? Eu respeito a ele. Eu era membro do Comité Central.
Ele expandiu-nos o ensino superior para o futuro dos mo- çambicanos, que
ninguém outro na Frelimo tem coragem de o fazer.
E como avalia a governação do presidente Nyusi? É boa. É jovem, colocado para tarefas mais
delicadas porque ele tem de reconciliar a família Frelimo, mas não perder o
norte e saber que o norte da Frelimo é para uma nova geração que não tem muito
défice gnosiológico.
Arrasto põem em risco o habitat do camarão
A sustentabilidade
da indústria de pesca de camarão, uma das principais fontes de divisas do país, está ameaçada. Um
estudo do Fundo Mundial da Natureza (WWF) Mediterrâneo – Portugal indica que o
risco de insustentabilidade da indústria de pesca de camarão deriva duma
combinação de factores em que se destaca a sobrepesca que provoca pressão sobre
o camarão juvenil, a pesca ilegal que defrauda o país em mais de USD60 milhões
por ano, capturas acessórias, alterações climáticas bem como ameaças aos ecossistemas.
Publicado em Portugal e citado pela imprensa espanhola, o estudo revela que a
captura de camarão caiu de nove mil para 1.800 toneladas nos últimos anos,
quando comparado com a década anterior ao ano 2012. Explicando os contornos do
estudo, Maria João Rodrigues, coordenadora do Programa Marinho na WWF Moçambique,
referiu que, como acção imediata, a organização apelou ao mercado europeu,
responsável pelo consumo de cerca de 82% do camarão pescado em Moçambique, para
um consumo mais moderado para além de promover iniciativas que permitam a
sustentabilidade da espécie.
A
organização pediu ao mercado europeu, sobretudo o
espanhol, que é um dos maiores importadores, para
“tomar decisões informadas” e “apoiar”
uma pesca sustentável através de um
consumo responsável. Falando dos factores que
contribuem no agravamento desta
situação, a WWF indica que os pescadores artesanais pescam camarão juvenil
antes deste ter a oportunidade de reproduzir-se. Por outro lado, nas águas profundas,
onde se pratica a pesca industrial,as redes de arrasto põem em risco o habitat
do camarão. De acordo com a WWF, a pesca ilegal é outro problema que sufoca o sector
de camarão e estima-se que grandes quantidades destes crustáceos saem do país
sem nenhum controlo. Estima-se que Moçambique perde entre 36 a 67 milhões de
dólares ano com pesca ilegal do camarão.
O
facto de Moçambique ser um dos países do
continente africano mais vulneráveis às alterações climáticas aumenta a pressão
sobre as populações marinhas.
Perante esta situação, a WWF entende que ainda é
possível colocar a pesca de camarão de Moçambique numa base sustentável
oferecendo melhores rendimentos, impactos reduzidos no meio marinho e maiores
margens de segurança a longo prazo. Para tal, definiu três grandes prioridades
que consistem na sensibilização dos governos, empresas, pescadores e consumidores
sobre os benefícios da sustentabilidade e a reconstrução das populações
marinhas. Nessa linha com o apoio da WWF , Moçambique está a desenvolver um projecto
de melhoria de pescas denominada Marine Stewardship Council. Dados do
Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas, indicam que, em 2016, a pesca de camarão rondou em volta
de três mil toneladas, a mesma cifra conseguida em 2015.
Política e desporto
Ano de
1994, Estádio da Machava, minuto 90. Chiquinho Conde “tira” dois adversários da
jogada, endossa o esférico ao recém-entrado Tico-Tico, que não perdoa.
Moçambique, 3-Guiné Conacri, 1. Os mais de 50 mil espectadores presentes,
rejubilaram.
Na Tribuna de honra, Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama (este pela
primeira vez no futebol), dançaram e abraçaram-se, efusivamente. Já lá vão 24
anos.Será que aquele gesto de paz, após a assinatura dos Acordos de Roma,
poderá repetir-se no final da Taça de Moçambique, fecho da época futebolística
actual, tendo agora como protagonistas o Presidente Nyusi e o líder da Renamo?
Em
países mais desenvolvidos que o nosso, o simbolismo da presença dos mais altos
magistrados faz parte da tradição e da história. Por exemplo: em Espanha é o
Rei, na Inglaterra a Rainha ou seu directo representante, em Portugal é o
Presidente da República quem, obrigatória e tradicionalmente se fazem presentes
na Final da Taça para entregarem ao capitão da turma vencedora, o simbólico
troféu. Nós
seremos dos poucos países do Mundo em que essa tradição entrou em desuso.
Chegou a acontecer na vigência do Presidente Chissano, depois no primeiro ano
de governação de Guebuza. A partir daí, por razões que se desconhece, passou a
estar em desuso.
Estamos
a falar de um “não” casamento em que todos perdem. Porquê?
A “obrigatoriedade”
do retomar desta tradição seria um sinal inequívoco de que o desporto é um
assunto de Estado, símbolo de concórdia e união entre as pessoas, ao mesmo
tempo que se valorizaria, através da Festa da Taça com a presença do Chefe de
Estado, toda a actividade desportiva do país.
Imagine-se
o Estádio do Zimpeto, repleto de alegria, com os adeptos a apoiarem as suas
equipas numa tarde memorável. Todo o
mundo galvanizado: jogadores, árbitros, dirigentes dos clubes e da Federação,
adeptos com as cores das suas colectividades – e não dos partidos políticos –
comunicação social em peso, fotografias para a posteridade!
Uma
tarde que poderia, porque ímpar, (re)motivar e ajudar a melhorar muito o tão
sedento desporto nacional. Ocasião também para quebrar um ciclo cada vez mais
agudo em matéria do desporto, em que os moçambicanos parecem virar as costas à
actividade indígena, encontrando motivação e paixão no que se passa além-fronteiras.No
nosso país, dia-a-dia e infelizmente, a tendência é cultivarem-se mais razões
para tristezas e cada vez menos motivos para, com abraços e saudações,
exaltarmos as virtudes dos nossos melhores executantes! (R.Caldeira)
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