Uma imagem com
corpo ensanguentado
de um catedrático
chocava o país e
o mundo, na manhã de 3 de
Março de 2015. Era o corpo
do constitucionalista franco-
-moçambicano, Gilles Cistac,
estatelado no alcatrão quente
da Avenida Eduardo Mondlane,
na capital do país. Estava
assim eliminada uma autoridade
do direito constitucional
em Moçambique, dias depois
de ter argumentado o enquadramento
constitucional para
a criação de autarquias províncias,
conforme exigia, na
altura, a Renamo, ao contra-
-gosto da Frelimo, o partido
no poder. Ao que as autoridades
judiciais, incluindo o
ministro Basílio Monteiro, do
Interior, prometeram, na altura,
celeridade para o seu esclarecimento,
volvidos mais de 2
anos, continua sem avanço. E
o embaixador francês insiste
que é difícil dissociar o assassinato
de Gilles Cistac dos seus
pronunciamentos públicos.
É difícil imaginar que morte de Cistac não tenha a ver com suas declarações
Mais de dois anos depois do assassinato
do professor GillesCistac,
qual é o ponto de situação das investigações
para o esclarecimento
de um caso que chocou o país e o
mundo?
O que eu posso dizer é que o inquérito
continua em Moçambique
e na França e que as autoridades
judiciárias de ambos países comunicam-se.
Não posso dizer mais, é
papel da Justiça comentar sobre as
investigações.
Desculpa senhor embaixador, mas
esse discurso não é novo. Deve-
-se lembrar que, ano passado,
entrevistamo-lo ainda nesta sala
(N.E: no seu gabinete de trabalho)
e dizia a mesma coisa: que
a justiça está a trabalhar. Mas há
uma percepção de que a França
não está a pressionar o suficiente
para que este caso seja esclarecido.
Estamos a falar de dois anos,
sem avanço algum.
Eu acabo de dizer que a Justiça,
infelizmente, leva tempo. Houve
um assunto criminal conhecido na
França que ressurgiu 30 anos depois,
para dizer que, infelizmente,
quando os assuntos criminais são
complicados, podem levar tempo.
Não posso dizer mais, a única
coisa que posso afirmar é que as
duas Justiças estão em contacto
e o inquérito continua.
Noutra ocasião, o embaixador
classificava o assassinato
de Gilles Cistac como uma
acção que visava impedir que
declarações posteriores dele
pudessem acontecer. Com às
caças às bruxas que assistimos
a seguir, pode-se considerar
Gilles Cistac como a primeira
vítima dos chamados esquadrões
da morte?
Isso eu seria bem incapaz de dizer.
Eu disse na ocasião do primeiro
aniversário da sua morte,
que era difícil imaginar que as
declarações e as posições públicas
que ele tomou não estivessem
associadas ao seu assassinato.
Não posso dizer mais, não
tenho elementos suplementares
para sustentar.
Vai a França permitir que este
assunto termine sem esclarecimento?
Há um inquérito na França e as
duas Justiças estão a trabalhar
juntas.
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