Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Vivem-se dias de caça grossa, e o mercado está apetitoso
Desejar o sucesso dos outros não é comum entre humanos, embora a moral e os bons costumes assim o promovam. Cinicamente, pode-se ouvir dizer, mas todos sabemos que poucas vezes assim pretende,
E em política, habitualmente uma selva onde se batem todos contra todos, o que está acontecendo nestes últimos dias prova que existem muitos que não são bem-intencionados com as suas opiniões ou teses.
Os detentores do poder não dormem e, com os próximos pleitos avizinhando-se, recorrem a tudo o que seja artifício para fazer a balança inclinar-se para o seu lado.
Há quem no passado se tenha especializado a ridicularizar os outros em benefício de suas opções políticas, e isso é politicamente aceitável e perfeitamente normal.
O que espanta e deve ser motivo de alerta é que gente com cadastro sujo, criminalmente acusada, seja utilizada para branquear factos e defender o que é manifestamente um atentado contra a democracia política e económica em Moçambique.
Ou aprendemos a fazer política respeitando os preceitos democráticos, ou jamais sairemos do tipo de crise que agora afecta o país.
Contratar “spin doctors" para adulterarem os factos e nos dizerem que fraudes de grande e grave magnitude são irregularidades que não afectam os resultados finais é um disco furado que já não toca música audível.
A avalanche notória de aquisição de meios de comunicação social presta-se a "arrancar vitórias" e não a vencer eleições de forma justa.
Existem condições para a correcção histórica de erros políticos cometidos por pessoas concretas na sua corrida para a conquista do poder.
A insustentabilidade de um regime gerado através de fraudes está mais do que demonstrada. Não vale a pena "remar contra a maré*.
O que era apregoado como *imperativo nacional" descascou-se e enferrujou. Nao é pelo facto de se ter lutado pela independência nacional ou pela democracia que automaticamente se está qualificado para governar ou tacitamente se deve governar perpetuamente.
Outra coisa por demais evidente é que a governação ou a pertença ao Governo não outorga, por si, a propriedade do país e dos moçambicanos. A cultura prevalecente de um afastamento imediato entre governantes e governados serve uma agenda contrária aos interesses nacionais.
Terá havido êxito em criar um Estado, mas tem-se verificado que tal Estado tem visto a sua acção alimentando continuamente redes clientelistas num sistema cada vez mais enraizado.
Corre-se o risco de entornar o caldo e todos ficarmos sem sopa para o almoço.
A arrogância e prepotência que tem sido como que 'marcas registadas" de alguns dos nossos "políticos de proa" são más conselheiras e conduzem à reprodução de modelos de governação ruinosos.
Quando se optou pela confiança politica como critério primordial para a escolha de dirigentes governamentais, montou-se um sistema de obediência primária, em que os escolhidos, mesmo que tecnicamente medíocres, se aperfeiçoaram em servir os seu3 mentores e não trabalhar no sentido de 3ervir o Governo e os governados.
Agora temos o país doente com sistemas vitais corroídos, obsoletos e disfuncionais. Agua, energia eléctrica, sistemas de drenagem, escolas, centros de saúde, está tudo colapsando.
PRM e demai3 forças de defesa estão como todo o mundo vê. Se tivéssemos que combater um adversário externo vizinho, mesmo países como o Malawi, teríamos sérias dificuldades em defender a nossa soberania, porque a mediocridade operacional estende--se a tudo o que os nossos sucessivos Governos têm tocado.
Reformar, emendar a CRM de maneira significativa e não atendendo a previsões de vitória eleitoral ou derrota vai aprimorar o quadro jurídico e ajudar de maneira profunda a que os próximos eleitorais conheçam e tenham resultados credíveis e consensualmente aceites sem crises pós-eleitorais.
Moçambique dispensa vigorosamente mercenários políticos em qualquer forma que se apresentem. Fazedores de opinião, editores de comunicação social, sociólogos, historiadores e filósofos podem juntos a esclarecer, informar e educar o sofrido povo moçambicano.
Deixemo-nos de historietas e de posições completamente insustentáveis, como alguns pretendem apresentar, sob uma alegada superioridade e infalibilidade, pois isso não existe. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 23.02.2017
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