Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Fazem avaliações de desempenho do PR, dos ministros e dos governadores com que fim?
Alguém deve estar pagando bem por este serviço de ocasião. Alguém deve ter contratado o que de "melhor" existe na praça para o efeito. Mas também é de considerar que alguns "voluntários" se tenham dado ao serviço de tecer e cozinhar "feijoadas com todos" para o agrado dos visados nas análises e comentários que abundam desde os últimos dias de 2016.
Quando fica difícil contorcerem-se mais, estes nossos analistas optam por fazer "arroz plástico" a que não adicionam sal nem açúcar.
E este tipo de posicionamento que tem atrasado Moçambique.
Não há que optarmos todos pela crítica negativista ou dizermos que tudo está bem. O Governo precisa de ajuda para descobrir o que está sendo mal feito. O PR e os seus ministros são afinal humanos e, como tal, em princípio cometem erros, como os outros humanos. Antes de serem ministros, eram pessoas normalíssimas, ou será que estamos esquecidos disso?
Fazer de conta que estamos caminhando bem, quando, na verdade, estamos numa crise profunda devido a agendas delineadas pelos nossos intocáveis, é a via mais segura para o desastre final.
Compreende-se a dificuldade de alguns analistas olharem com olhos de ver aquilo que é a nossa realidade. O estomacalismo existe e progride a olhos vistos. A esperança de algum cargo de vulto não morre.
Se alguns dos acima citados "especialistas" são produtos de um longo processo de lavagem cerebral e doutrinamento, isso é por demais evidente.
Agora o que não cola é que governantes tidos como competentes e sérios dediquem seu tempo "encomendando elogios".
O problema ou uma parte do problema neste país é a irredutibilidade de muito boa gente, ao ponto de hipotecarem o futuro do país por causa das suas contas bancárias e mansões.
Faz-se folclore político e acusa-se a natureza quando não há produção agrícola.
Com avisos fundamentados de gente informada, passou-se o tempo dizendo que não havia corte abusivo das florestas, e agora, que pouco resta, lançam-se a legislar sobre florestas que já não conseguimos ver.
E a lista poderia estender-se a outros pelouros, porque, um pouco por todos eles, verifica-se uma incapacidade de encontrar soluções para os problemas que os moçambicanos sentem todos os dias.
A governação está sofrendo de falta de ideias, ou elas existem, mas os que as têm estão de mãos atadas.
Ninguém esperava que tudo fosse linear e que corresse tudo às mil maravilhas. Isso não acontece em nenhum país do mundo.
Mas os moçambicanos merecem muito mais do que está sendo feito pelo Governo.
Quando um "bando de corvos" se lança na praça tecendo elogios sobre o que não existe, estamos perante um grande problema...
Quando se dá espaço nobre a pessoas que andam destilando ódios, e outros que embarcaram, há já muito tempo, numa campanha de inferiorizar moçambicanos que não rezam na mesma igreja dos detentores do poder, não se pode ignorar porque esse tipo de coisas acontece.
Há os que jamais desarmaram e que não conseguem dar espaço para que outros moçambicanos surjam e respirem.
Essa sua tentativa de terem primazia choca contra os interesses genuínos dos moçambicanos. Agitam bandeiras de exclusividade quanto ao conhecimento e tudo o que se refira ao país e das suas cadeiras de especialistas até a real história de Moçambique é deturpada a favor das suas agendas pessoais.
E neste confronto de ideias o que sai ganhando são aqueles que controlam o debate público, que comandam os órgãos de comunicação públicos, que determinam agendas e linhas editoriais. A censura foi substituída pela autocensura, que condena milhões de moçambicanos a não tomarem conhecimento da verdade.
E urgente acabar ou eliminar o ninho víboras em que se transformaram certos órgãos de comunicação social, pois, de maneira activa, minam o ambiente sociopolítico nacional.
Compactuar com quem deliberadamente mente e esconde o que os moçambicanos deveriam saber para poderem decidir de forma informada sobre o seu presente e futuro, é cumplicidade com algo que se deve considerar crime de ocultação.
E, como sabemos, a técnica da ocultação foi aprimorada ao longo dos tempos até chegarmos ao nível das dívidas ocultas bilionárias.
Conluios especializados em delinquir passeiam a sua classe sem encontrar oposição activa por parte da PGR e de outros órgãos de soberania.
Sabemos e sentimos que o PR funciona num ambiente polarizado, em que forças poderosas dentro do seu partido de suporte se degladiam em defesa do que consideram serem os seus interesses particulares.
Se o PR já foi aceite por todos, a despeito de todo o quadro nebuloso em que foi eleito, seria lógico que ele também entregasse alguma coisa aos outros que se esforçaram por reconhecê-lo. Sem guerra nem problemas de maior isso, é o que se espera de políticos adultos.
Mas a Comissão Política da Frelimo tem sido um travão activo aos "pronunciamentos" do PR, no que se refere ao processo negocial em curso.
Os que se dizem analistas especializados em assuntos moçambicanos coíbem-se de tocar no assunto, porque isso ofenderia os poderosos e intocáveis.
O colonial-fascismo era intocável e não queria ouvir a palavra do povo sofredor de Moçambique. Agora, são moçambicanos que se bateram contra o colonialismo que se negam a aceitar ouvir os seus compatriotas e de atender aos seus direitos.
Estamos assassinando-nos só porque não nos toleramos e não conseguimos estabelecer as condições mínimas para que a concórdia cubra o solo pátrio.
Precisamos todos de compreender que a adulação e o falso elogio induzem os políticos a erros muito graves.
A grave situação de hoje é o resultado de uma bajulação que já dura há várias décadas. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 25.01.2017
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