Criticava imigrantes e defendia ideais de extrema-direita. O ataque aconteceu depois de o primeiro-ministro canadiano se ter disponibilizado a receber refugiados no país.
Um "troll" da internet, antifeminista, anti-imigrantes, apoiante fervoroso de Marine Le Pen e Donald Trump, com ideais "ultranacionalistas e de supremacia branca". É assim que é descrito Alexandre Bissonnette, o principal e único suspeito do ataque terrorista a uma mesquita no Quebeque. Quem o descreve são membros de um grupo local de apoio a refugiados e pessoas próximas do alegado autor do ataque.
Numa publicação partilhada no Facebook, um grupo de apoio a refugiados local descreve as visões de Bissonnette, partilhadas quer nas redes sociais, quer na universidade, como “pró-Le Pen, antifeministas”, geralmente contra os ideais de esquerda, cita o Guardian.
O homem, de 27 anos, estuda Ciências Políticas e Antropologia na Universidade Laval, uma instituição localizada a três quilómetros do Centro Cultural Islâmico da Cidade do Quebeque, alvo do ataque, sendo acusado de homicídio premeditado de seis pessoas e de tentativa de homicídio de cinco pessoas.
Jean-Michel Allard Prus, um dos seus colegas de turma, descreve Bissonnette como um defensor de políticas de direita, com uma posição pró-Israel e anti-imigração. “Tive muitos debates com ele acerca de Trump, de quem era obviamente um apoiante”, recorda Allard Prus. No entanto, nunca equacionou que Bissonnette apoiasse a violência “enquanto arma política”, escreve o Journal de Quebéc.
Também Stéphanie Guimond, uma antiga colega dos tempos de ensino secundário, conta ao jornal local La Presse que Bissonnette era anti-social e se divertia com insultos e confrontos. Por volta dos 14 ou 15 anos, criou um vírus de computador para sabotar as redes de negócios. Outro colega, Marc-André Malenfant, recorda “a sua arrogância”. Recordações diferentes tem Marius Valentino, também colega do secundário, que ficou surpreendido com a notícia.
De acordo com a BBC, o suspeito não apresentou uma defesa quando compareceu no tribunal esta segunda-feira, com um fato de prisioneiro branco e com as mãos e pés algemados.
A identidade das seis vítimas mortais também já é conhecida. Azzedine Soufiane, com 57 anos, um merceeiro conhecido na comunidade. Khaled Belkacemi, um professor no departamento de ciência da alimentação na Uiversidade Laval (a mesma que o suspeito frequentava). Tinha 60 anos. Abdelkrim Hassane, um funcionário do Governo de 41 anos, que trabalhava no departamento de tecnologia. Aboubaker Thabti, com 44 anos, natural da Tunísia, Mamadou Tanou Barry, de 42 anos, e Ibrahima Barry, de 39 anos, ambos da Guiné. Todos eles eram pais.
Durante a noite de segunda-feira, várias pessoas juntaram-se no Centro Cultural Islâmico da Cidade do Quebeque para mostrar a sua solidariedade. As imagens foram partilhadas na página do centro e registadas por várias agências.
Em comunicado, o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, condenou “este ataque terrorista contra muçulmanos" e lamentou a “violência sem sentido”. A imprensa local escreve que o nível de segurança da Universidade Laval já foi aumentado.
O ataque aconteceu depois da decisão de os EUA proibirem a entrada de refugiados e de cidadãos de sete países e de Trudeau ter escrito uma mensagem de boas-vindas aos refugiados. “Aos que fogem à perseguição, ao terror e à guerra, os canadianos dão-vos as boas-vindas, independentemente da vossa religião. A diversidade é a nossa força #BemVindosAoCanadá.
No entanto, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, recorreu precisamente ao ataque no Quebeque para justificar a necessidade de aplicar o decreto presidencial assinado por Trump: “Uma lembrança terrível da razão porque devemos permanecer vigilantes e o porquê de o Presidente estar a dar passos para ser proactivo, em vez de reactivo, quando está em causa a segurança do nosso país."
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