Donald Trump acusa a sargento que vai sair da prisão em Maio, graças a uma decisão do ex-Presidente, de ser uma "ingrata traidora" que "nunca devia ser libertada".
Chelsea Manning, a sargento norte-americana condenada a 35 anos de prisão por transmitir documentos confidenciais à WikiLeaks, e que será libertada em Maio deste ano, depois de um perdão decidido por Barack Obama, publica esta quinta-feira um artigo no jornal britânico The Guardian no qual insinua que Obama ficou longe das expectativas, e que o país precisa de um Presidente que defenda sem reservas uma agenda progressista.
Manning, que beneficiou de uma comutação da pena, numa das últimas decisões de Obama, no dia 18 de Janeiro, antes de deixar a Casa Branca, deixa-lhe críticas veladas de ter multiplicado “insinuações de um legado de políticas progressistas” que ficaram por cumprir. “Infelizmente, apesar da sua crença no nosso sistema e do seu balanço positivo que deixa em muitas questões nos últimos oito anos, muito poucas medidas foram concretizadas”, escreve Chelsea Manning.
A sua posição suscitou uma reacção imediata do Presidente Donald Trump que numa mensagem no Twitter acusa Chelsea Manning de ser “uma ingrata traidora”. E aproveita para dizer, pela primeira vez desde a comutação da pena por decisão de Obama, que a militar que “nunca devia ser libertada da prisão” está agora “a chamar o Presidente Obama de fraco”, um gesto que qualifica de “terrível”.
No artigo de opinião no Guardian, Chelsea Manning evoca a noite de 4 de Novembro de 2008, quando Barack Obama foi eleito numa plataforma de “esperança” e “mudança”, e lembra a grande esperança que depositava nele. “Eu vivi uma experiência de despertar político nessa noite. Ao longo dos seus oito anos de mandato, ele enfrentou uma resistência sem precedentes dos seus opositores, muitos dos quais queriam que ele falhasse.”
Mas para Manning, a resistência que teve de enfrentar não desresponsabiliza Obama. Pelo contrário: “Precisamos de alguém que não tenha receio das críticas. Precisamos de alguém pronto a enfrentar todo o ódio e obstinação dos que se opõem a nós. As nossas vidas estão em perigo – especialmente para os imigrantes, os muçulmanos e os negros”, escreve.
“Este legado vulnerável deve lembrar-nos que do que realmente precisamos é de um líder inequivocamente progressista”, continua Manning, que acrescenta: “Do que precisamos também é de um movimento social implacável que responsabilize a liderança.”
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