FMI reitera necessidade de uma auditoria externa forense à dívida pública
Falando, hoje, em Maputo, durante o Fórum Público sobre os Desafios Macroeconómicos do país, o
novo representante do Fundo Monetário Internacional em Moçambique, Ari
Aisen, reiterou que é bastante fundamental uma auditoria externa
independente à dívida pública nacional para restaurar a confiança dos
doadores e investidores, peças essenciais para o fim da crise económica.
O FMI considera que ao restaurar a confiança, o país estará livre das pressões actuais caracterizadas por cortes na despesa pública.
Governo admite “medidas dolorosas” para estabilizar economia
O Ministério da Economia e Finanças admitiu hoje que as medidas em curso face à crise económica no país são dolorosas mas também necessárias para a retoma do crescimento da economia moçambicana.
"Os cortes no âmbito das medidas de contenção podem ser dolorosos, no curto-prazo, mas serão benéficos no médio e longo-prazo. São necessários para reequilibrar a economia", disse aos jornalistas em Maputo o director nacional de Estudos Económicos e Financeiros no Ministério da Economia e Finanças, Vasco Nhabinde, à margem do Fórum Público sobre os Desafios Macroeconómicos de Moçambique e da Conjuntura Actual.
Para relançar a economia do país, que registará este ano o seu pior crescimento dos últimos dez anos, prosseguiu Nhabinde, o Governo é obrigado a proceder a cortes em encargos como subsídios, bónus e despesas com viagens.
"Do lado fiscal, tem de haver cortes com peso no Orçamento do Estado, principalmente em despesas não produtivas, salvaguardando os investimentos com um efeito multiplicador na economia", acrescentou o director nacional de Estudos Económicos e Financeiros.
De acordo com Vasco Nhambinde, se os pressupostos para a retoma forem rigorosamente observados, o país tem condições para voltar, a médio-prazo, aos níveis de crescimento económico da última década.
Por seu turno, Valdemar Sousa, administrador e porta-voz do Banco de Moçambique, assinalou que o país poderá fechar o ano com um Produto Interno Bruto (PIB) de 3,5%, situação que exige a mobilização de esforços de todos os segmentos da sociedade moçambicana.
"Os nossos compatriotas são de novo chamados a consentir sacrifícios enormes, sublinho que estamos a viver momentos extremamente dolorosos", acrescentou.
Os gestores da macroeconomia do país, continuou, devem pautar-se por uma ampla flexibilidade no ajustamento dos cenários às dinâmicas internas e externas, que, por vezes, se alteram com muita imprevisibilidade.
Na semana passada, o Banco de Moçambique (BM) reviu a previsão de crescimento económico para 3,5% e a inflação para pelo menos 29% em 2016 e alertou para o "nível crítico" das reservas líquidas, que cobrem apenas três meses de importações.
O valor da previsão de crescimento económico, apresentado em conferência de imprensa pelo governador do banco central, Rogério Zandamela, no final de uma reunião do Comité de Política Monetária, compara com os 6,4% registados no ano anterior e situa-se abaixo dos 4,5% anteriormente estimados pela instituição e pelo Governo e os 3,7% calculados pelo Fundo Monetário Internacional.
A inflação, segundo Zandamela, situou-se em Setembro nos 25%, mas não teve em conta ainda o efeito da subida do preço dos combustíveis, e terá uma "tendência crescente" num intervalo que se deverá situar entre os 29% e os 34% até ao fim do ano.
Os valores da inflação são justificados pela queda do metical (variação anual de 77% face ao dólar, 92,9% face ao euro e 93,4% face ao rand), descida da produção interna, e aumento dos preços de bens na África do Sul.
Zandamela alertou que as reservas internacionais líquidas continuam a deteriorar-se, para uma cobertura de apenas três meses de importações, como resultado da "procura de divisas para importação de bens essenciais e pagamento do serviço dívida externa", num cenário de congelamento da ajuda dos parceiros internacionais.
"Estamos a níveis críticos", observou o governador, que substituiu em Setembro Ernesto Gove no cargo, dando conta da amortização do serviço da dívida, num total acumulado de 397 milhões de dólares em 2016, quando a dívida pública moçambicana disparou para 86% do Produto Interno Bruto (PIB) em resultado da revelação de avultados empréstimos ocultados nas contas públicas.
SAPO – 25.10.2016
O Ministério da Economia e Finanças admitiu hoje que as medidas em curso face à crise económica no país são dolorosas mas também necessárias para a retoma do crescimento da economia moçambicana.
"Os cortes no âmbito das medidas de contenção podem ser dolorosos, no curto-prazo, mas serão benéficos no médio e longo-prazo. São necessários para reequilibrar a economia", disse aos jornalistas em Maputo o director nacional de Estudos Económicos e Financeiros no Ministério da Economia e Finanças, Vasco Nhabinde, à margem do Fórum Público sobre os Desafios Macroeconómicos de Moçambique e da Conjuntura Actual.
Para relançar a economia do país, que registará este ano o seu pior crescimento dos últimos dez anos, prosseguiu Nhabinde, o Governo é obrigado a proceder a cortes em encargos como subsídios, bónus e despesas com viagens.
"Do lado fiscal, tem de haver cortes com peso no Orçamento do Estado, principalmente em despesas não produtivas, salvaguardando os investimentos com um efeito multiplicador na economia", acrescentou o director nacional de Estudos Económicos e Financeiros.
De acordo com Vasco Nhambinde, se os pressupostos para a retoma forem rigorosamente observados, o país tem condições para voltar, a médio-prazo, aos níveis de crescimento económico da última década.
Por seu turno, Valdemar Sousa, administrador e porta-voz do Banco de Moçambique, assinalou que o país poderá fechar o ano com um Produto Interno Bruto (PIB) de 3,5%, situação que exige a mobilização de esforços de todos os segmentos da sociedade moçambicana.
"Os nossos compatriotas são de novo chamados a consentir sacrifícios enormes, sublinho que estamos a viver momentos extremamente dolorosos", acrescentou.
Os gestores da macroeconomia do país, continuou, devem pautar-se por uma ampla flexibilidade no ajustamento dos cenários às dinâmicas internas e externas, que, por vezes, se alteram com muita imprevisibilidade.
Na semana passada, o Banco de Moçambique (BM) reviu a previsão de crescimento económico para 3,5% e a inflação para pelo menos 29% em 2016 e alertou para o "nível crítico" das reservas líquidas, que cobrem apenas três meses de importações.
O valor da previsão de crescimento económico, apresentado em conferência de imprensa pelo governador do banco central, Rogério Zandamela, no final de uma reunião do Comité de Política Monetária, compara com os 6,4% registados no ano anterior e situa-se abaixo dos 4,5% anteriormente estimados pela instituição e pelo Governo e os 3,7% calculados pelo Fundo Monetário Internacional.
A inflação, segundo Zandamela, situou-se em Setembro nos 25%, mas não teve em conta ainda o efeito da subida do preço dos combustíveis, e terá uma "tendência crescente" num intervalo que se deverá situar entre os 29% e os 34% até ao fim do ano.
Os valores da inflação são justificados pela queda do metical (variação anual de 77% face ao dólar, 92,9% face ao euro e 93,4% face ao rand), descida da produção interna, e aumento dos preços de bens na África do Sul.
Zandamela alertou que as reservas internacionais líquidas continuam a deteriorar-se, para uma cobertura de apenas três meses de importações, como resultado da "procura de divisas para importação de bens essenciais e pagamento do serviço dívida externa", num cenário de congelamento da ajuda dos parceiros internacionais.
"Estamos a níveis críticos", observou o governador, que substituiu em Setembro Ernesto Gove no cargo, dando conta da amortização do serviço da dívida, num total acumulado de 397 milhões de dólares em 2016, quando a dívida pública moçambicana disparou para 86% do Produto Interno Bruto (PIB) em resultado da revelação de avultados empréstimos ocultados nas contas públicas.
SAPO – 25.10.2016
O Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou hoje que a dívida pública de Moçambique deve chegar a 112,6% este ano do PIB, depois de em Abril ter previsto que o valor fosse de 87,4%.
De acordo com a edição de Outubro de 2016 do relatório sobre as Perspectivas Económicas Regionais para a África Subsaariana, hoje divulgado em Washington pelo FMI, Moçambique verá a sua dívida pública subir para 112,6% este ano e abrandar para 103,2% em 2017.
Em causa está a divulgação de 1,4 mil milhões de dólares em empréstimos com o aval do Estado mas que não foram divulgados nem ao FMI nem ao Parlamento, não entrando, assim, nas contas públicas.
O relatório hoje divulgado reduz também a previsão de crescimento da economia de Moçambique face ao relatório de Abril, no qual os economistas do FMI antecipavam um crescimento de 6% este ano e uma aceleração para 6,8% em 2017.
Ainda assim, Moçambique é o país africano lusófono com o segundo maior crescimento este ano, apenas ultrapassado pela Guiné-Bissau, que deverá ver a economia expandir-se 4,8% do PIB este ano.
Na sequência da revelação das dívidas escondidas a três empresas públicas, os principais doadores de Moçambique cortaram os seus financiamentos ao país, que tem agora também o desafio de restaurar a confiança da comunidade internacional e melhorar a transparência das suas finanças públicas, observa o relatório.
De acordo com a edição de Outubro de 2016 do relatório sobre as Perspectivas Económicas Regionais para a África Subsaariana, hoje divulgado em Washington pelo FMI, Moçambique verá a sua dívida pública subir para 112,6% este ano e abrandar para 103,2% em 2017.
Em causa está a divulgação de 1,4 mil milhões de dólares em empréstimos com o aval do Estado mas que não foram divulgados nem ao FMI nem ao Parlamento, não entrando, assim, nas contas públicas.
O relatório hoje divulgado reduz também a previsão de crescimento da economia de Moçambique face ao relatório de Abril, no qual os economistas do FMI antecipavam um crescimento de 6% este ano e uma aceleração para 6,8% em 2017.
Ainda assim, Moçambique é o país africano lusófono com o segundo maior crescimento este ano, apenas ultrapassado pela Guiné-Bissau, que deverá ver a economia expandir-se 4,8% do PIB este ano.
Na sequência da revelação das dívidas escondidas a três empresas públicas, os principais doadores de Moçambique cortaram os seus financiamentos ao país, que tem agora também o desafio de restaurar a confiança da comunidade internacional e melhorar a transparência das suas finanças públicas, observa o relatório.
O Governo moçambicano reconheceu no final de Abril a existência de dívidas fora das contas públicas de 1,4 mil milhões de dólares, justificando com razões de segurança e infraestruturas estratégicas para o país.
A revelação de dívidas com aval do Governo levou o FMI a suspender um empréstimo a Moçambique.
O grupo de 14 doadores do Orçamento do Estado também suspendeu os seus pagamentos, uma medida acompanhada pelos EUA, que anunciaram a revisão do seu apoio bilateral.
CRESCIMENTO ECONÓMICO..2016.....2017
Angola..........................0,0....1,5
Cabo Verde..................3,6.....4,0
Guiné-Bissau...............4,8.....5,0
Guiné Equatorial….....-9,9....-5,8
Moçambique................4,5.....5,5
São Tomé e Príncipe...4,0.....5,0
DÍVIDA PÚBLICA.........2016.....2017
Angola...........................77,7.....73,6
Cabo Verde..................119,2....117,8
Guiné-Bissau.................47,3.....45,7
Guiné Equatorial............19,6.....21,9
Moçambique................112,6....103,2
São Tomé e Príncipe......90,8.....96,5
FONTE: Perspectivas Económicas Regionais para a África Subsaariana (Outubro 2016)
SAPO – 25.10.2016
A revelação de dívidas com aval do Governo levou o FMI a suspender um empréstimo a Moçambique.
O grupo de 14 doadores do Orçamento do Estado também suspendeu os seus pagamentos, uma medida acompanhada pelos EUA, que anunciaram a revisão do seu apoio bilateral.
CRESCIMENTO ECONÓMICO..2016.....2017
Angola..........................0,0....1,5
Cabo Verde..................3,6.....4,0
Guiné-Bissau...............4,8.....5,0
Guiné Equatorial….....-9,9....-5,8
Moçambique................4,5.....5,5
São Tomé e Príncipe...4,0.....5,0
DÍVIDA PÚBLICA.........2016.....2017
Angola...........................77,7.....73,6
Cabo Verde..................119,2....117,8
Guiné-Bissau.................47,3.....45,7
Guiné Equatorial............19,6.....21,9
Moçambique................112,6....103,2
São Tomé e Príncipe......90,8.....96,5
FONTE: Perspectivas Económicas Regionais para a África Subsaariana (Outubro 2016)
SAPO – 25.10.2016
No comments:
Post a Comment