As perdas do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) somam 368 milhões de euros e foram acumuladas ao longo dos dez anos de sua existência; informou à agência Angop o Presidente do Conselho de Administração (PCA) do banco, Manuel Neto da Costa. A instituição financeira está prestes a falir.
Um dos motivos, segundo o presidente do banco, seria a concessão de empréstimos: "70 por cento dos projetos não mereciam empréstimos, porque alguns são mal estruturados e outros não apresentam garantias”, revelou da Costa.
Além da atual crise do BDA, já foi criada uma comissão (19.10) para analisar a capacidade do Banco de Poupança e Crédito (BPC) em cumprir compromissos. Esse último é um dos maiores bancos de Angola, mas cujos valores de empréstimos não pagos ultrapassam os 1.100 milhões de euros.
O economista e antigo vice-ministro das Finanças de Angola, Fernando Heitor, acredita que a eminente falência do BDA, a par do BPC, já era de seu conhecimento. Como causas, defende a má gestão do sistema bancário controlado pelo Estado e diz que muitos já estavam em alerta:
"Sabíamos sobre isso e estávamos em alerta. O Presidente da República [de Angola] já falou sobre isso no congresso do MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola], dos empresários que usam e abusam dos fundos públicos”, relata.
O economista diz que o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, governa em prol dos militantes do seu partido e não para a sociedade em geral. Para o economista, a situação piora e o país está a caminho de uma recessão.
Contrariamente, o Presidente [de Angola] afirma que o país não estaria sequer em estagnação, diz o economista Fernando Heitor. "Estes bancos estão falidos e o sistema bancário será afetado como um todo - o que é mais uma prova da gestão pública danosa”, acrescenta.
Responsabilidades
Segundo Fernando Heitor, os gestores públicos envolvidos deveriam ser responsabilizados mas pertencem à mesma família política e por isso protegem-se entre si. A falência da Caixa Geral Agrícola – banco público angolano – seria um outro exemplo em que ninguém foi culpado.
Responsabilidades
Segundo Fernando Heitor, os gestores públicos envolvidos deveriam ser responsabilizados mas pertencem à mesma família política e por isso protegem-se entre si. A falência da Caixa Geral Agrícola – banco público angolano – seria um outro exemplo em que ninguém foi culpado.
Criado em 2006 pelo Governo angolano, o Banco de Desenvolvimento de Angola –BDA- é uma instituição financeira pública, com o propósito de conceder crédito às pequenas e médias empresas do sector agrícola e da indústria. Até agora, o banco já emprestou mais de 800 mil milhões de euros.
DW – 27.10.2016
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