EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (22)
Bom dia, Presidente. Escrevo-lhe esta carta a partir de Joanesburgo, África do Sul. vim cá para outras obrigações. Por cá as coisas também não estão boas. Aquele bulício que caracteriza “Joburg” esfumou-se: a vida está cara. Os shoppings andam vazios, até o Eastgate. A cidade está a degradar-se a olhos vistos, o que escapa ainda é o Sandton City.
Fiz de propósito. Fui sentar-me ali ao Hillbrow, no meio daquele bulício todo, cruzei as pernas e disse para comigo: vou escrever ao Presidente a partir daqui. Aqui há moçambicanos a sofrer “para o burro”, Presidente.
Deambulam de um lado para o outro. Não têm lugar fixo para pernoitar. As refeições são escassas, mas quando a pergunta é porquê não voltam para casa? A resposta não tarda: “vale a pena sofrer aqui”.
Efectivamente, Moçambique é um País onde nada acontece. Principalmente desde que o senhor ficou Presidente da República. São reuniões, gritos mas nada de resultados. Pior: quando o Presidente viaja para alguma província diz que o balanço foi positivo. Se está a falar do balanço da visita, como político que o senhor é, posso até aceitar que o balanço é positivo. Mas no desiderato realizações, a nota é sempre zero.
E pior: a ACCLN pede armas para combater a Renamo.
Quer dizer, trouxemos os mediadores para nada? É aqui que se nota a sua fraqueza como líder do partido Frelimo. Não reúne consensos, desafiam-lhe em pleno público. Sinceramente agudiza-se a minha desconfiança sobre a sua liderança. A súcia dos camaradas desafia-lhe, sonda-lhe constantemente. Será o meu Presidente um corta-fitas?
Ora, ouvi uma outra coisa que também me deixou triste. A directora do GABINFO, a mando do Presidente da República, deu ordens aos órgãos de informação sob influência do Governo a não darem espaço a Luísa Diogo aparentemente pelo facto de as suas intervenções públicas fazerem sombra ao senhor. Espero, francamente, que isso não seja verdade.
Espero que isso tenha partido da própria directora do GABINFO, por via daquele puxa-saquismo atávico que está institucionalizado em Moçambique.
Alguém quando procura emprego na Função Pública, o que deve se salientar no seu C.V é que é um lambe-botas.
Tarefa ingrata essa, mas fazer o quê?
Que o digam alguns comentaristas de meia-tigela que pululam na rádio e televisão públicas. Com a crise à vista, a graduação dos seus óculos vê um paraíso: cáspite!
Termino esta carta apelando para que o Presidente, querendo deixar uma marca positiva nessa sua presidência questionável, pelo menos traga paz.
Fortalece-se politicamente. Liberte-se das amarras do seu tutor e traga paz.
Assim, moçambicanos, como este que está ao meu lado a me pedir um rand, vão poder voltar para casa. Vão poder vender tomate na esquina de Vanduzi, Nicuadala, Jangamo ou qualquer outro ponto do País.
É difícil? Demite-se!
DN – 09.09.2016
Declarações infelizes que só destroem a imagem do PR
Fernando Faustino pediu armas e Muchanga reage:
As declarações proferidas, esta quarta-feira, no âmbito das comemorações do dia da vitória, pelo Presidente da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLN), Fernando Faustino, não agradaram a Renamo. O facto, recorde-se, é que Fernando Faustino apresentou um discurso bastante violento contra aqueles que os apelidou de “inimigos do povo e da soberania do país”. Segundo ele, estes inimigos podem, actualmente, ser exemplificados através das “atitudes belicistas” da Renamo e da “mão externa” que quer pilhar os recursos nacionais.
Para combater os inimigos por ele referidos, o Presidente da ACLLN pediu armas ao Presidente da República, na qualidade de comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Esta quinta-feira, o porta-voz do partido Renamo, António Muchanga, manifestou, em entrevista ao mediaFAX, a sua indignação a volta dos pronunciamentos de Fernando Faustino. Na ocasião, Muchanga disse que o presidente da ACLLN foi infeliz no seu discurso. E, acrescentou que as declarações proferidas em nome da Associação que ele dirige, só servem para destruir, de forma acelerada, a imagem do Presidente da República.
“O que Faustino fez em nome da Associação, só ajuda para destruir, rapidamente, a imagem do chefe do governo neste momento”, classificou Muchanga, acrescentando que: “Mas porque a Associação dos combatentes é uma instituição com pessoas um pouco razoáveis, depois dos pronunciamentos de Faustino, a reacção não tardou, a reacção apareceu logo, a recusar-se o caminho escolhido por Faustino”, sublinhou.
Aliás, recorde-se, na sua intervenção, o Presidente da República, sem responder directamente ao pedido de alocação de armas solicitado pelo presidente da ACLLN, focou a sua intervenção na necessidade de os moçambicanos buscarem mecanismos de convivência na diversidade, pautando por vias pacíficas para a solução dos problemas e preocupações que assolam a cada moçambicano.
Se a Renamo é pela paz, como diz o porta-voz do partido, questionamos a António Muchanga, por que razão continuamos assistir ataques a vilas e povoações, cujas acções são imputadas a homens armados da Renamo. Peremptório, Muchanga defendeu que muitos ataques que ocorrem no país não são da autoria dos homens de Afonso Dhlakama, mas sim, perpetrados por pessoas que pretendem manchar o nome da Renamo. “A Renamo só ataca quando é atacada”, defendeu. (B. Luís)
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