maio 16, 2016
Redacção VOA
Nelson Mandela (pintura de John Adams)
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Acusação surge um dia depois de um jornal inglês ter publicado que a CIA participou na detenção de Nelson Mandela.
O porta-voz do partido no poder na África do Sul acusou o governo dos Estados Unidos de tentar “desestabilizar o governo democraticamente eleito”, mas representantes dos dois governos desqualificaram a afirmação dizendo que o relacionamento é forte.
Os comentários do porta-voz do Congresso Nacional Africano, Zizi Kodwa, surgiram após o jornal inglês Sunday Times ter reportado, ontem, 15, que a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) ajudou o regime do Apartheid a prender Nelson Mandela, em 1962.
A notícia do Sunday Times cita um agente da CIA já falecido que teria afirmado que os EUA consideravam Mandela como simpatizante do comunismo.
Mandela ficou na prisão 27 anos por lutar contra o Apartheid. Em 1994 foi eleito primeiro presidente negro da Africa do Sul, após a queda do regime racista. É recordado em África e no mundo como defensor da paz e igualdade.
Kodwa disse que as alegações contra a CIA são sérias, e que aquela agência ainda opera na África do Sul. "A CIA ainda colabora com os que querem mudança de regime,” disse.
Kodwa não respondeu às chamadas da VOA para comentar sobre o assunto.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da África do Sul desqualificou de imediato os comentários.
O porta-voz daquele ministério, Clayson Monyela disse que as afirmações de Kodwa não reflectem a posição do governo.
“Do ponto de vista do governo, as nossas relações com os Estados Unidos são fortes e cordiais,” disse.
Os dois países são grandes parceiros comerciais, com um volume de cerca de 21 mil milhões de dólares americanos, conforme dados do governo dos EUA.
Contundo, em 2015, essas relações foram ameaçadas, quando os dois governos tiveram dificuldades de resolver questões comerciais pendentes. O Presidente Obama chegou a ameaçar suspender a participação da África do Sul no AGOA, um acordo que permite a exportação de bens para os Estados Unidos com isenção fiscal.
"África do Sul é um parceiro estratégico e amigo dos Estados Unidos,” disse a porta-voz da Embaixada dos EUA em Pretória, Cindy Harvey.
"Os Estados Unidos não consideram o governo democraticamente eleito da África do Sul, e suas fortes instituições democráticas, como regime,” disse Harvey.
Ela realçou que “as alegações de que procuramos desestabilizar a democracia sul-africana são contrárias ao espirito das relações de longa data que temos com a África do Sul”.
Harvey disse que a Embaixada dos Estados Unidos não tem informação sobre as referidas operações da CIA na década de 1960.
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