"Um Awade chamado Paulo"
Que o Governador de Tete era um mau comunicador eu já tinha tido as provas mais do que necessárias, mas a sua inoportuna aparição de ontem superou todas as minhas expectativas de que em Tete existe um governante.
O senhor Governador na verdade é um "aborto político", desafiador e corajoso. Ao dizer que os cidadãos moçambicanos que estão em Malawi não são refugiados está em outras palavras a dizer que o Ministro dos Negócios e Cooperação esteve em Malawi para apanhar sol ou fazer turismo e está ainda a dizer que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados é totalmente incompetente.
E mais, o senhor Awade fez o impensável, desafiou a pessoa que o nomeou ao cargo de Governador, pois, embora o PR nunca tenha dito com todas as letras que são refugiados, já o admitiu que não estão lá por caso. Aliás, o próprio Conselho de Ministros no fim de um encontro disse com todas as letras que no Malawi haviam refugiados, ou seja, o senhor Awade desacreditou toda a estrutura do Governo moçambicano.
A saga do senhor Awade não para e ele ousou de forma vergonhosa desafiar a comunicação social pública e privada. Depois de um trabalho exemplar de Francisco Mandlate (STV) e das reiteradas vezes que a RM e TVM citam a palavra refugiado, o senhor Awade continua a não acreditar e prefere sonhar alto.
Prefiro prensar que ele anda sem assessores, muito desinformado ou ocupado que não lhe resta tempo para ler jornal, acessar Internet ou assistir televisão. Ou, penso que o senhor Awade não sabe diferenciar um refugiado de um deslocado.
Ele é um verdadeiro "Mamparra" e se estivéssemos num país sério, quem o nomeou devia demitir este senhor porque insultou e menosprezou os moçambicanos que sofrem no Malawi e desrespeitou os seus superiores.
Para mim o sensato seria deixar de lamúrias, sair do escritório e dirigir-se ao Malawi para ver de perto o que está a acontecer.
O meu Governador Preferido,
Paulo Awade!
PS: Sempre que ele fala fico com raiva, choro, esperneio mas depois me lembro da minha veia religiosa e dou comigo a dizer: "estás perdoado Sr. (des) Governador, não sabes o que fazes" e, feito isso, durmo descansado.
PS1: Que fez Tete para merecer um desastre não natural?
“As mulheres e crianças no Malawi são familiares de homens da Renamo”
O governador da província de Tete, Paulo Awade, nega que haja refugiados moçambicanos no Malawi, afirmando que as pessoas acomodadas no campo de Kapise são deslocados, na sua maioria malawianos que fogem da fome que assola aquele país.
O governador diz ainda que os poucos deslocados moçambicanos são familiares de homens armados da Renamo e acusa os guerrilheiros de Afonso Dhlakama de terem incendiado casas da população de Nkondezi. Awade diz também que quem ataca nas estradas e destrói propriedades são os guerrilheiros da Renamo, enquanto a população tenta construir o país. Veja a seguir a transcrição da breve entrevista com o governante da província de onde terão saído os mais de sete mil refugiados moçambicanos para Malawi.
O que está a ser feito para evitar que mais moçambicanos se refugiem no Malawi e os que estão lá regressem a casa?
Mas quem está a atravessar para o Malawi?
Os refugiados moçambicanos…
Não me fale de refugiados, porque não há nenhum refugiado. O que existe no Malawi são deslocados e, se nós prestarmos atenção, dia após dia, os números estão a subir. No Malawi há seca, como em Moçambique, e alguns malawianos fazem-se de deslocados em pontos estratégicos da nossa fronteira, portanto, nós não temos nenhum refugiado no Malawi.
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