Luanda - O chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM), general António José Maria “Zé Maria”, convocou recentemente um encontro para informar os seus subordinados de que o presidente José Eduardo dos Santos cometeu “um erro grave”, ao anunciar a sua retirada política em 2018.
Fonte: Makaangola
Durante o encontro, que se supunha ser de carácter operacional, segundo soube o Maka Angola, o general Zé Maria manifestou-se visivelmente irritado com a decisão presidencial, que o terá apanhado de surpresa.
Para o general, conforme fontes fidedignas, o anúncio foi precipitado dada a volatilidade da situação económica e social, para a qual o executivo carece de soluções. Na análise do referido oficial, o anúncio vem apenas semear a confusão no seio dos partidários do regime, sem que o presidente tenha um plano efectivo para garantir a sua saída sem perturbações políticas ou outras consequências piores.
No entanto, o general também não terá oferecido ideias alternativas, limitando-se a insistir na manutenção do presidente José Eduardo dos Santos no poder.
O general Zé Maria tem sido um dos principais pilares do poder presidencial desde 1979. A forma despótica como exerce as suas funções tornou-se lendária. Em 2013, demitiu de forma ilegal um total de 14 generais, incluindo o inspector-geral do SISM, general Massano, usurpando mesmo as competências do comandante-chefe, José Eduardo dos Santos. Protagonizou episódios que ficaram para a história, como aquela em que obrigou o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, general Geraldo Sachipengo Nunda, a despachar consigo no refeitório do SISM, local que habitualmente substitui o seu gabinete de trabalho.
Com a suposta saída futura do presidente, o general Zé Maria veria também o seu poder chegar ao fim. Por dever de cumplicidade, José Eduardo dos Santos tem protelado a reforma do general Zé Maria, que conta já com 72 anos de idade. Apesar de nos últimos anos o presidente ter aplicado o limite de idade de 65 anos para enviar para a reforma vários generais, não tocou até hoje no indefectível Zé Maria.
É ponto assente que ambos temem reformar-se, pois deixarão de exercer arbitrariamente o poder. Reformarem-se implicaria perderem a impunidade e submeterem-se a eventuais consequências às mãos da justiça.
A reacção do general Zé Maria espelha, de certo modo, a confusão criada pelo anúncio presidencial junto dos seus principais colaboradores, quais órfãos anunciados.
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