No primeiro mundo a política é uma coisa séria. Ou seja, a política é feita por pessoas sérias, inteligentes e que efectivamente trabalham para o povo. No primeiro mundo o povo é patrão no verdadeiro sentido. Dou-vos um exemplo da Inglaterra, que é onde me encontro. Recentemente, o Primeiro- Ministro, David Cameron, numa das suas viagens como atesta a imagem aqui postada, viajou numa classe económica, como a maioria dos passageiros anónimos e nem se fazia acompanhar por ajudantes de campo.
Para poupar, David Cameron, até dispensa secretária nas suas viagens e faz tudo pessoalmente com ajuda de um laptop. Bem que poderia ter optado por viajar na classe executiva com cabines confortáveis, poltronas ergonómicas que podem ser reclinadas à posição horizontal e um espaço maior do que a classe económica. Além disso, é possível contar com flexibilidade de datas e horários, variedade de opções quanto às refeições, equipamentos adicionais de áudio e vídeo e limites maiores de bagagem.
Ou então viajar na primeira classe onde teria a seu dispor privacidade, alto nível de serviços e comodidades exclusivas. Os assentos são confortáveis, luxuosos e se transformam em camas com lençóis novos e de primeira linha. Refeições elaboradas por chefs renomados do mundo inteiro e bebidas de alto padrão são servidas à vontade e sempre que o passageiro pedir. Nos aeroportos, os viajantes da primeira classe contam com salões, bares e restaurantes privados e acesso ao check-in rápido.
O bom de David Cameron deixou de lado estas mordomias todas e viajou na classe económica que é a mais básica e barata. Lá é anónimo como todo o mundo e come o que por lá se serve. Como podem ver, até aparece na imagem a comer “chips”. Mesmo assim não deixa de ser Primeiro-Ministro da Inglaterra, um dos países mais ricos do mundo.
Outro exemplo é do Presidente da Câmara de Londres (município de Londres), Alexander Boris de Pfeffel Johnson. Ao invés de viaturas de luxo ou de alta cilindrada, usa o metro (transporte colectivo de passageiros) para ir trabalhar. Como o podem ver na foto, viaja como um cidadão anónimo sem ajudantes de campo e todas aquelas mordomias que só gastam dinheiro no lugar de aumentar .
Vezes sem conta tenho me cruzado com o Presidente da Câmara de Londres a caminhar sozinho na rua, ou numa estação do metro, e pergunto a mim mesmo: “E no meu país?” por que em Moçambique precisamos de escolta para Verónica Macamo, David Simango, e outros tais? É que isto não nos ajuda em nada como país pobre. Aliás, empobrece-nos ainda mais. Não é a riqueza aparente que nos vai fazer ser respeitados. É o trabalho. Que obra têm esses todos que andam escoltados em Moçambique?
Até o lixo e o capim avolumam-se ali às portas do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, bem nas barbas de David Simango. E ele quando sai entra num Mercedes topo de gama. Qual é a vantagem? Exibicionismo? Até os que estão no primeiro mundo, com direito a jactos particulares dispensam isso . E nós? Carros luxuosos e estradas esburacadas.
Há dias li num dos jornais moçambicanos que o governador de Tete, Paulo Auade, dispensou à sua filha uma viatura do Estado, seguranças pagos pelo Estado, “pocket money” do próprio Estado só para ela viajar ao Malawi. O que é a filha do governador perante o pagante dos impostos? Que categoria ela ocupa no organograma estatal? Do pouco que temos ainda nos damos ao luxo de gastar a torto e a direito para depois estendermos a mão e pedir esmola à comunidade internacional quando as cheias e a seca nos afectam. Vergonha!!!!
Não vou falar dos actuais ministros, mas procurem saber quanto é que gastavam nas suas viagens Luísa Diogo, Aiuba Cuareneia, Aires Aly e tantos outros incompetentes que só desgraçaram Moçambique. Balúrdios de dinheiro. Gastavam até o que não tínhamos só por uma mera visita à Gaza. Era preciso carros todo-terreno, água mineral importada, ajudantes de campo em número indeterminado, dormidas nos melhores locais. E ao fim do dia nem resolviam nada. A população de Gaza continua na mesma pobreza.
E a culpa de tudo isto é nossa. Sim, é do povo. Continua a votar e nem questiona nada. Será que alguém já se perguntou se existe alguma necessidade de o David Simango andar escoltado e com sirenes? E a Verónica Macamo? Mas quem pode fazer mal a estes senhores se andarem como gente normal, ou seja, como a maioria do povo moçambicano? E dizem, a boca cheia, que estão a trabalhar para o povo…
Nini Satar
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