Eu não lhe escrevo para desmentir os seus intentos general, nem tão pouco para força-lo a me provar que tem capacidade para isso. Não se trata aqui de uma aposta, mas de uma constatação por mim feita em relação a sua promessa do País de Março e suas características fundamentais.
Eu acho general, que seu governo já está em vigor e ele já mostrou quais são as suas características fundamentais. O seu País de Março, general, é caracterizado pela intransigência e intolerância politica. O senhor prometeu cortar estradas e efectivamente está em marcha o plano de interrupção das vias de acesso; o senhor prometeu atacar viaturas ao longo da estrada nacional, e diariamente chegam vídeos, fotos de cenários desoladores sobre os ataques; o senhor prometeu governar a força “removendo” os dirigentes da Frelimo e já está a fazer, o recente ataque a uma comitiva governamental em Manica é disso um exemplo; o senhor disse que tinha armas para responder com violência as Forças de Defesa e Segurança, a revista as suas residências em Maputo e Beira bem como a sua Sede em Maputo provaram que esconde sim armas.
O país de Março já está em vigor sim e é caracterizado pela desordem social e inversão das leis, sobretudo da Constituição da República e Lei dos Partidos Políticos. Neste país de Março, os partidos políticos e pessoas singulares devem ter armas em casa e a polícia deve as “deixar em Paz”, por mais que estas mesmas estejam a ser usadas em diversos crimes, elas são de pertença de um partido, de um líder, de um membro por isso deve ser respeitados. Creio que está aberto o caminho para que possamos ter muitos países dentro de um país.
Há quem ainda chama a acção da polícia de assalto, roubo de armas nas suas residências, não sei o que as mesmas pessoas diriam em relação as buscas feitas pelos Americanos, Britânicos, Franceses, Russos a casas e/ou propriedades de detentores ilegais de armas. Não sei o que diriam das perseguições naqueles países a todos aqueles que atentam a integridade do estado.
General, é seu direito exigir condições para o diálogo, mas não deve obrigar ninguém a concordar consigo nos moldes em que coloca a questão, nem se quer pode falar de falta de confiança porque o senhor já assinou acordos com dois presidentes cessantes e agora ensaia o terceiro, nenhum deles funcionou.
Nem me venha aqui dizer general, que os outros não foram sérios, acho que devia fazer introspecção e analisar a sua incoerência que tem estado a alastrar o país a uma crise sem precedentes. Para mim é o senhor que não merece confiança, porque nunca honrou com o seu compromisso, aliás, a descoberta de esconderijos de armas, prova claramente que o senhor enganou a comunidade internacional nos acordos de ROMA, não entregou as armas em sua posse e hoje as usa nos seus ataques.
A sua intransigência é resultado do facto do senhor saber que tem armas escondidas, homens escondidos que atacam bens públicos e privados em nome de auto defesa. Pode até haver oportunismo de outros, nos ataques para saques e outros fins, mas eu atribuo a si general enquanto dono e patrono do País de Março, caracterizado pela desordem e desobediência, circulação de armas de fogo de mão em mão e sabotagem a bens públicos e privados.
O senhor, general, vai continuar intransigente e a usar a sua força clandestina para atacar posições governamentais enquanto estiver na oposição e quando estiver no poder (?) vai usar a mesma força para perseguir e matar todos que pensam diferente (sua postura em Tambara onde mandou sequestrar o administrador e o comandante da PRM é disso revelador).
General, o senhor é quem não tem palavra, pois assina acordos sem honestidade suficiente para fazer valer o seu compromisso com a nação. O senhor é patrono de uma federação de quarteirões armados, onde cada um, uma vez detentor de armas pode exigir o que acha ser seu direito.
General, eu já disse em outras ocasiões que as últimas eleições decorreram na base de uma legislação por si imposta porque estava confiante da vitória, mas os seus objectivos falham e agora procura vias administrativas para se impor. As regras não mudam no meio do jogo, em nenhuma parte do mundo. Há muitos que sei que sabem disso, aliás, apoiaram e patrocinaram as suas exigências antes das eleições. Hoje não só o senhor perdeu, como também eles, por isso que eles mesmos também hoje regressam e patrocinam, não só o país de Março, como colocam em questão as leis que eles próprios fizeram em jeito de assessoria a si e ao seu partido. Eles também se tornaram intolerantes (este lázaro pensa que é o quê, vamos lhe ver agora), somente porque seus projectos não vingaram. Assim eles assessoram o hipotético país de Março e fundamentam em vários círculos de interesse a sua lógica paradoxal.
Eu general, não quero este país de Março, juro eu não quero. Eu quero paz general, paz.
Lbamo
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