Sunday, March 27, 2016

Morreu a jovem moçambicana que queria liderar a ONU

Morre Raquelina Langa, que fez história pelo convite especial de Ban Ki-moon

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Moçambicana, de 20 anos, visitou a sede das Nações Unidas após perguntar ao secretário-geral o que tinha que fazer para uma mulher chegar ao posto; Ban disse ter sido inspirado a apelar as mulheres a sonhar grande.
Após pergunta de Raquelina, Ban apelou às mulheres a sonhar grande. Foto: ONU/Mark Garten.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Morreu esta sexta-feira a moçambicana Raquelinha Langa, que se celebrizou por perguntar ao chefe da ONU o que um menina como ela tinha que fazer para um dia ser secretária-geral. Ela perdeu a vida em Maputo, aos 20 anos, vítima de doença prolongada.
O professor Ernesto Ngomane foi o acompanhante de Raquelina nas Nações Unidas quando ela foi convidada especial do secretário-geral, Ban Ki-moon, em 2014.
Crises
Falando à Rádio ONU, o docente disse que ela vinha sofrendo de crises que a impediram de iniciar as aulas em fevereiro.
“Uma vez hospitalizada, ela teve que receber soro porque ela já vinha muito fraca e estava com problemas de falta de sangue. Durante a noite de quinta-feira recebeu soro. A família quando a deixou no hospital recebeu a informação que depois devia receber sangue. Foi orientada a regressar ao hospital na manhã do dia seguinte, sexta-feira santa. Quando a família lá foi a notícia que teve é que ela já tinha perdido a vida.”
Corajosa
Na visita, Raquelina Langa disse à Rádio ONU que estava determinada a esforçar-se para que como mulher liderasse a organização quando chegou a Nova Iorque para celebrar o 12 de agosto, Dia Internacional da Juventude.
“Se eu lutar creio que sim, sim que não fique mesmo num sonho mas sim uma realidade. (Pergunta : Esta viagem de avião hoje só foi para ter uma ideia do como vai ser porque vai passar muito tempo no avião quando for secretária-geral?)…estou (risos). Fui corajosa para enfrentar esta batalha e não seria medrosa para enfrentar as outras que veem por aí.”
Raquelina questionou a Ban Ki-moon durante a visita que fez à sua escola, em 2013, onde era ativista defensora dos direitos dos jovens.
No reencontro com Raquelina, em Nova Iorque, o secretário-geral disse porque a então adolescente chamou a sua atenção.
Sonhar Grande 
Após Nova Iorque, Raquelina Langa abracou luta contra a violência a mulher e a rapariga como uma das suas bandeiras. Foto: ONU/Mark Garten.
Ban disse que pensou ter sido um bom momento para que, depois de sete décadas das Nações Unidas, se considerasse que uma mulher para liderar a organização.
O chefe da ONU declarou que ele quis enviar uma mensagem forte ao mundo de que através da sua resposta, e da pergunta de Raquelina, uma mulher poderia tornar-se uma secretária-geral. Ban apelou às mulheres a “sonhar grande, de forma ambiciosa e, ao mesmo tempo, prática” sobre como tornar-se numa secretária-geral.
Devoção Especial
O professor Ernesto Ngomane disse que segundo os arranjos iniciais o funeral da ativista será realizado na segunda-feira.
Segundo ele, após a presença a Nova Iorque, Raquelina Langa passou a encarar a luta contra a violência a mulher e a rapariga como uma das suas bandeiras. A sua devoção especial era para temas como a promoção de direitos humanos.
O sonho de Raquelina de vir a ser uma secretária-geral terminou esta sexta-feira, mas vive em milhões de meninas a quem ela tentou alcançar com as suas mensagens no seu país.
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