Posted By: CdB
Na anotação que consta da lista é possível ler, logo abaixo do nome da estrada “valor da obra = 68.730.000 (95% do preço DER)”. E, em seguida: “custos c/ Santo = 3.436.500”. ‘Santo’ seria o governador Geraldo Alckmin
Por Redação – de Brasília e São Paulo
Os documentos apreendidos nos escritórios da empreiteira Odebrecht, de posse do executivo da empresa Benedicto Barbosa da Silva Jr., agora apontam para a distribuição de propina para os políticos tucanos no Estado de São Paulo. O governador paulista, Geraldo Alckmin, figura em uma das listas apreendidas sob o codinome ‘Santo’, junto à cifra presumível de R$ 3.436.500,00.
A lista, que por hora segue sob sigilo de Justiça — determinado pelo juiz Sergio Moro, titular dos processos gerados na Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF) —, cita uma “acomodação de mercado” para que as empresas derrotadas no certame realizado para a duplicação da rodovia Mogi-Dutra e aponta um possível pagamento de propina, no total de 5% do valor do contrato, para um suspeito identificado sob o codinome “Santo”. Policiais federais desconfiam se tratar do próprio governador do Estado à época, Alckmin, por sua ligação com setores mais radicais da Igreja Católica, entre eles o ‘Opus Dei’.
O documento foi juntado ao processo como o item de número 53 do auto de apreensão da fase Acarajé da Operação Lava Jato, nas buscas realizadas no escritório do Rio de Janeiro. As planilhas citando supostos repasses do conglomerado a mais de 300 políticos de todo o país estavam no mesmo local.
Na anotação que consta da lista é possível ler, logo abaixo do nome da estrada “valor da obra = 68.730.000 (95% do preço DER)”. E, em seguida: “custos c/ Santo = 3.436.500″. A palavra “Apóstolo” aparece rasurada, com “Santo” escrita por cima.
“Em fevereiro daquele ano, um dia depois da abertura dos envelopes, o deputado estadual Luís Carlos Gondim (então PV, atualmente no Solidariedade), que tem base eleitoral na região de Mogi das Cruzes, anunciou o resultado da licitação vencida pela Construtora Queiroz Galvão, com o menor preço (R$ 68.678.651,60). Na abertura dos envelopes em 2002, a Andrade Gutierrez, a OAS e a Odebrecht apresentaram propostas acima de R$ 70 milhões e foram derrotadas”, afirma o diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, em matéria veiculada neste sábado.
A parte que a Odebrecht deveria dar ao “Santo”, de acordo com a lista apreendida, seria de R$ 687 mil, em parcelas de R$ 60 mil. A primeira deveria ser paga no momento da homologação do contrato, em fevereiro de 2002. A segunda, do mesmo valor, no momento da assinatura do contrato em março daquele ano. O saldo de R$ 567 mil estava projetado para ser liquidado “nas faturas”, isto é, conforme pagamentos feitos pelo governo durante o andamento da obra.
Por meio de nota, a assessoria do governador Geraldo Alckmin diz que não faria comentários sobre o manuscrito que indica a ação de cartel e o suposto pagamento de propina na obra de duplicação da rodovia Mogi-Dutra:
“Quem tem que explicar as anotações mencionadas pela reportagem é quem as fez. A licitação para a referida obra foi vencida pela empresa Queiroz Galvão”, diz a nota.
“Como a regra do governo do Estado é a total transparência, o documento foi enviado para apuração da Corregedoria Geral da Administração”, acrescentou.
A Odebrecht não quis emitir comentários sobre os documentos apreendidos no escritório de seu executivo: “Os esclarecimentos foram prestados durante as oitivas realizadas pela Polícia Federal”, diz.
Fina flor do golpe
Na ‘Lista da Odebrecht’ também constam políticos que lideram a tentativa de golpe contra a presidente Dilma Rousseff, como os deputados Roberto Freire (PPS-SP) e Paulinho da Força (SDD-SP). Ambos aparecem na lista de beneficiários de pagamentos de bônus da empreiteira, segundo reportagem de Mateus Coutinho.
Os documentos foram encontrados na casa do presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Barbosa Silva Junior, no Rio de Janeiro, e revelam “pagamentos via bônus” a partidos e a políticos de sete siglas: PSDB, PMDB, PT, DEM, PPS, PDT e PTB, nas eleições municipais de 2012.
No caso de Roberto Freire, que não foi candidato naquele ano, aparece o valor de R$ 500 mil. O mesmo valor é anotado ao lado do nome de Paulinho da Força e também de outra política do PPS, a ex-vereadora Soninha Francine.
Em 2012, no entanto, não há doações da Odebrecht registradas no Tribunal Superior Eleitoral para o PPS. Freire alega que o dinheiro veio de uma distribuidora de bebidas e que o partido imaginava se tratar da empreiteira.
Freire, nesta manhã, liberou nota na qual afirma:
“Sequer fui candidato a cargo eletivo no pleito eleitoral de 2012. A referência a meu nome na mensagem eletrônica encaminhada pelo senhor tem justificativa apenas e tão somente pelo meu exercício à frente da Presidência do PPS. Sendo a doação em questão endereçada ao partido, por óbvio, apenas se trata da indicação de meu nome como Presidente do PPS Nacional. Outra interpretação seria impossível, vez que sequer disputei as eleições neste ano de 2012. Desconheço o significado da expressão “vizinho” ao lado de meu nome no referido e-mail.
“O valor de R$ 500.000,00 foi doado ao PPS pela construtora Odebrecht em 31.08.2012, e depositado na conta corrente do Diretório Estadual do PPS em Alagoas, e devidamente declarado à Justiça Eleitoral quando da prestação de contas eleitorais, conforme documento público extraído do website do Tribunal Superior Eleitoral, ora anexado.
“Não conheço o Sr. Luiz Eduardo da Rocha Soares, e nunca tratei de solicitação de doações eleitorais com esse senhor. Além disso, é descabido supor que o PPS soubesse da origem – lícita ou ilícita – dos valores doados pela empresa”.
Cunha chafurda
Para a jornalista Helena Sthephanowitz, colunista do site de notícias Rede Brasil Atual (RBA), os documentos apreendidos nos escritórios do executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Júnior, durante a 23ª fase da Operação Lava Jato “demonstra de forma cristalina o que todo o meio político de Brasília sabia, mas faltavam provas materiais: o poder do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre bancadas de parlamentares emanou do dinheiro”.
“Trata-se de uma planilha de controle sobre doações oficiais nas eleições de 2010. Até aí nada de mais – a aberração do financiamento empresarial de campanha deixou de ser legal só no ano passado.
“A novidade é uma coluna da planilha em que é mostrado o beneficiário da doação (veja imagem abaixo). Note que a planilha chama de beneficiário nem sempre a candidatura ou partido que recebe o dinheiro, mas em alguns casos o ‘padrinho’ da doação”.
Leia, adiante, a íntegra do texto:
Eduardo Cunha aparece como beneficiário de uma doação do Grupo Odebrecht de R$ 1,1 milhão para seu partido, o PMDB. Se foi ou não devidamente registrada é outra discussão e deverá ser objeto de novas investigações. O curioso é ele aparecer como “padrinho” de uma doação bem maior, de R$ 3 milhões, para o diretório nacional do PSC, atual partido do deputado Jair Bolsonaro. Cunha aparece também na planilha como “padrinho” de outra doação, de R$ 900 mil, para o PR.
Ou seja, só por essas indicações na planilha, em 2010 Eduardo Cunha operou como captador de R$ 5 milhões – isso apenas junto ao Grupo Odebrecht – para três partidos, justamente os que em Brasília compõem a chamada “bancada do Cunha”, ou seja, o grupo de parlamentares de vários estados que acompanha fielmente a liderança do atual presidente da Câmara em todas as votações.
Ainda não há conhecimento sobre planilhas das eleições de 2014, mas é conversa corrente nos corredores do Congresso que Cunha captou mais doações de campanha para eleger uma bancada bem maior que a de 2010. Daí a facilidade com que se elegeu presidente da Câmara e fez passar projetos do interesse dos financiadores de campanha e contra os trabalhadores, tais como a terceirização ilimitada da mão de obra em toda a cadeia produtiva.
Fez passar também a chamada “PEC da Corrupção”, que tentou constitucionalizar o financiamento empresarial de campanha. Uma forma de perpetuar-se no poder político através do poder econômico, a raiz da corrupção. Mas, neste caso, a vitória virou derrota quando o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional as empresas financiarem candidatos e partidos.
Lideranças políticas captarem doações de campanha, enquanto eram permitidas por lei, não era crime, pelo contrário. Era a regra a ser seguida por todos. Cunha não era o único. O que chama atenção no caso dele é captar quase o triplo para outro partido que não era o seu. E chama mais atenção ainda sua própria atuação parlamentar.
Cunha ficou conhecido por articular emendas e fazer votar matérias muitas vezes contrárias aos interesses de seus próprios eleitores. Na Operação Lava Jato, a Procuradoria-Geral da República o denunciou por usar requerimentos na Câmara como forma de pressão para receber propinas de fornecedores da Petrobras.
Sob sua liderança, o processo de cassação de seu mandato no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, devido ao flagrante de contas clandestinas na Suíça, tem andado a passos de tartaruga, por meio de uma sucessão sem fim de manobras. Enquanto isso, ele continua no comando do golpe do impeachment contra uma presidenta sobre quem não há nenhuma acusação, não tem contas na Suíça e nem cometeu crime de responsabilidade.
As planilhas da Odebrecht mostram pelo menos 316 políticos financiados, de 24 partidos diferentes. Óbvio que valores declarados à Justiça Eleitoral são legais, e óbvio que existem políticos que apenas são desenvolvimentistas para empreiteiras verem sinergia do mandato com suas atividades, sem se envolverem em atos de corrupção.
Mas muitos outros políticos são corruptos e colocam seus mandatos a serviço do dinheiro, enganando seus próprios eleitores. E é óbvio que a Odebrecht é apenas uma das várias grandes empresas, inclusive de outros setores, como o financeiro, que mantêm ou mantiveram esse sistema político impregnado de corrupção, e tão disfuncional que levou Eduardo Cunha à presidência da Câmara, por exemplo.
Mesmo com as ressalvas acima, a lista da Odebrecht mostra com rara clareza que o golpe do impeachment, além de golpe, é uma enorme farsa, pois é a luta de corruptos pela tomada do poder Executivo.
A farsa do golpe é tão grande, que em sua edição de quarta-feira do Jornal Nacional, da TV Globo, censurou nomes de políticos na notícia da lista da Odebrecht. O mesmo fez o Jornal das Dez, do canal global pago, a GloboNews. Um escândalo e uma desfaçatez, já que as planilhas da empreiteira já haviam circulado viralmente pela internet, até que o juiz Sérgio Moro voltou atrás em sua decisão e determinou, tardiamente, o sigilo do material.
A exposição da tal lista iria desmanchar o enredo do golpe. Nela não aparece nem Dilma, nem Lula, mas sim centenas de caciques da oposição no Congresso Nacional – justamente os que votarão no processo de impeachment.
O telejornal se negou a noticiar a lista em detalhes alegando que “não haveria tempo para falar dos mais de 200 nomes da lista”. Ora, para fazer um jornalismo honesto, em vez de golpista, bastaria dizer os principais nomes e os maiores valores, tais como Aécio Neves (PSDB-MG), Geraldo Alckmin e José Serra (PSDB-SP), o próprio Eduardo Cunha, governadores, prefeitos de capitais etc. E no final da notícia dizer que a lista completa estaria no site do telejornal (que aliás não está).
Parece que a blindagem do Jornal Nacional não tem adiantado. Na última manifestação dos adeptos pelo impeachment, no dia 13, Aécio, Alckmin, Agripino e outros foram escorraçados em São Paulo pelo próprio público que neles votou. Em Salvador (BA), o deputado José Carlos Aleluia foi xingado ao discursar e o público atirou garrafas pet nele. No ano passado em Recife (PE), no aeroporto de Guararapes, os deputados Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Sílvio Costa (PTdoB), além do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) foram homenageados por populares aos gritos de “ladrão” e “filho da p…”. Vasconcelos e Bezerra Coelho estão na planilha.
Demonizaram tanto a atividade política, sem fazer as reformas necessárias, que fatalmente a agenda do impeachment volta-se agora contra os próprios políticos.
Lava Jato: PF prende diretor da Odebrecht em Salvador
Ao todo, são 28 mandados de condução coercitiva, nove mandados de prisão temporária e 4 mandados de prisão preventiva, em todo o país
Por Redação, com ABr – de Salvador:
Um dos diretores e funcionário de confiança da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, foi preso preventivamente na manhã desta terça-feira, em Salvador, na Operação Xepa, a 26ª fase da Operação Lava Jato. Conhecido como Bel Silva, o investigado foi dono de uma rede de churrascarias na Bahia. No momento da prisão, ele estava em seu apartamento, no Jardim Apipema, condomínio de luxo, no Horto Florestal.
O executivo é apontado nas investigações como operador de propinas por meio de offshores (empresas abertas em paraísos fiscais). Ele foi levado para a Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde se concentram as investigações.
– A partir das investigações, em planilhas e trocas de e-mails, o executivo foi apontado como um dos chefes de operações estruturadas para pagamento de propina da Odebrecht – disse a delegada Renata Rodrigues, referindo-se à estrutura exclusiva para o pagamento de propinas, dentro da empresa-alvo da operação.
Uma pessoa com pedido de prisão preventiva ainda não foi localizada em Salvador, segundo a superintendência. Outra, o funcionário Luiz Roque Silva foi conduzido coercitivamente para prestar esclarecimentos à Superintendência da Polícia Federal e já foi liberado.
Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos na sede da Odebrecht,na Praia do Forte (Mata de São João), no aeroporto e em uma empresa de câmbio e turismo, dentro de um shopping da cidade.
A Operação Xepa é a 26ª fase da Lava Jato, um desdobramento da 23ª fase, a Operação Acarajé.
Segundo a PF, cerca de 380 policiais federais cumprem 110 ordens judiciais nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco.
Ao todo, são 28 mandados de condução coercitiva, nove mandados de prisão temporária e 4 mandados de prisão preventiva, em todo o país. Segundo a PF, os investigados responderão por crimes de corrupção, evasão de divisas, organização criminosa e lavagem de ativos, segundo a polícia.
Em nota, a Odebrecht confirma o cumprimento dos mandados da Polícia Federal “em escritórios e residências de integrantes em algumas cidades no Brasil”. A nota diz ainda que “a empresa tem prestado todo o auxílio nas investigações em curso, colaborando com os esclarecimentos necessários”.
PF diz que Odebrecht mantinha setor dedicado somente ao pagamento de propinas
Em planilhas apreendidas ainda na 23ª fase da Lava Jata, chamada Acarajé, foram identificados pagamentos em espécie a centenas de recebedores
Por redação, com ABr – de Brasília:
A força-tarefa responsável pelas investigações da Operação Lava Jato identificou, dentro da estrutura organizacional da empreiteira Odebrecht, um setor inteiramente destinado ao pagamento de propinas, com funcionários dedicados e um sistema eletrônico desenvolvido especificamente para este fim, disseram delegados da Polícia Federal e procuradores da República em entrevista nesta terça-feira, na sede da Polícia Federal, em Curitiba.
Em planilhas apreendidas ainda na 23ª fase da Lava Jata, chamada Acarajé, foram identificados pagamentos em espécie a centenas de recebedores. O dinheiro, de acordo com as investigações, seria fornecido por meio de até oito contas mantidas por doleiros em favor da Odebrecht. Em apenas uma das contas, foram identificados R$ 66 milhões disponíveis para o pagamento de propinas.
Segundo avaliação dos procuradores do Ministério Público Federal, os pagamentos foram aprovados por diretores responsáveis pela supervisão de obras como as da Arena Corinthians, em São Paulo, uma das sedes da Copa do Mundo de 2014; de metrôs no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul e do aeroporto de Goiânia.
Nas tabelas, constavam valores, endereços e codinomes de recebedores de propina e dos executivos de alto escalão da Odebrecht que autorizavam os pagamentos, entre eles a sigla MBO, que segundo a equipe responsável pela investigação, corresponde a Marcelo Bahia Odebrecht, presidente-executivo da companhia.
– A sigla MBO surge em diversas planilhas – disse a procuradora da República Luana Gonçalves. “A nosso ver não há qualquer dúvida da participação pessoal de Marcelo Bahia Odebrecht, não só no sentido de ter conhecimento, mas também de pessoalmente agir para pedir o pagamento a terceiros.”
A 26ª fase da Lava Jato é chamada Operação Xepa e envolveu cerca de 380 policiais federais, no cumprimento de 110 ordens judiciais nos Estados de São Paulo, Rio de janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco. Estão sendo cumpridos 67 mandados de busca e apreensão, 28 mandados de condução coercitiva, 11 mandados de prisão temporária e 4 mandados de prisão preventiva.
O procurador da República Carlos Fernando Lima afirmou que não há agentes política alvos de mandados nesta fase da Lava Jato. Foram presos temporariamente ou preventivamente diversos executivos da Odebrecht e operadores financeiros do esquema na empresa.
Lava Jato: Odebrecht confirma ser alvo da operação
As investigações mostram que houve pagamento em espécie a terceiros, indicados por altos executivos da Odebrecht, em várias áreas de atuação do grupo
Por Redação, com ABr – de Brasília:
O grupo empresarial Odebrecht confirmou, em nota divulgada, ter sido alvo da 26ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta terça-feira em oito Estados e o Distrito Federal . No comunicado, porém, não são citados os nomes dos envolvidos. A empresa garante que está ajudando nas investigações sobre ações de corrupção e desvios de recursos públicos.
– A Odebrecht confirma que a Polícia Federal cumpriu hoje mandados de prisão, condução coercitiva e busca e apreensão em escritórios e residências de integrantes em algumas cidades no Brasil. A empresa tem prestado todo o auxílio nas investigações em curso, colaborando com os esclarecimentos necessários.
Denominada de Xepa, esta nova etapa da operação é um desdobramento da 23ª fase e desvendou um esquema de contabilidade paralela no âmbito da empreiteira, para pagamento de vantagens indevidas a terceiros, “vários deles com vínculos diretos ou indiretos com o Poder Público em todas as esferas”.
As investigações mostram que houve pagamento em espécie a terceiros, indicados por altos executivos da Odebrecht, em várias áreas de atuação do grupo.
De acordo com nota da PF, “há indícios concretos de que o grupo Odebrecht se utilizou de operadores financeiros ligados ao mercado paralelo de câmbio para a disponibilização de tais recursos”.
As investigações envolveram cerca de 380 policiais federais que cumprem 110 ordens judiciais nos estados de São Paulo, do Rio de janeiro, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, da Bahia, do Piauí, Distrito Federal, de Minas Gerais e Pernambuco. Estão sendo cumpridos 67 mandados de busca e apreensão, 28 mandados de condução coercitiva, 11 mandados de prisão temporária e quatro mandados de prisão preventiva.
Lava Jato: veja a íntegra da nota em que a Odebrecht promete colaborar com a operação
A empresa liberou um comunicado chamado “Compromisso com o Brasil” em que diz que a decisão foi tomada após avaliações e reflexões de acionistas e dos executivos
Por Redação, com ABr – de Brasília:
A empreiteira Odebrecht, investigada na Operação Lava Jato, informou que decidiu colaborar de forma “definitiva” com a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF), que cuida das investigações. Os executivos da empresa deverão fazer acordos de delação premiada.
A empresa liberou um comunicado chamado “Compromisso com o Brasil” em que diz que a decisão foi tomada após avaliações e reflexões de acionistas e dos executivos.
Veja abaixo a íntegra da nota:
– As avaliações e reflexões levadas a efeito por nossos acionistas e executivos levaram a Odebrecht a decidir por uma colaboração definitiva com as investigações da Operação Lava Jato.
A empresa, que identificou a necessidade de implantar melhorias em suas práticas, vem mantendo contato com as autoridades com o objetivo de colaborar com as investigações, além da iniciativa de leniência já adotada em dezembro junto à Controladoria Geral da União.
Esperamos que os esclarecimentos da colaboração contribuam significativamente com a Justiça brasileira e com a construção de um Brasil melhor.
Na mesma direção, seguimos aperfeiçoando nosso sistema de conformidade e nosso modelo de governança; estamos em processo avançado de adesão ao Pacto Global, da ONU, que visa mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de valores reconhecidos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção; estabelecemos metas de conformidade para que nossos negócios se enquadrem como Empresa Pró-Ética (da CGU), iniciativa que incentiva as empresas a implantarem medidas de prevenção e combate à corrupção e outros tipos de fraudes. Vamos, também, adotar novas práticas de relacionamento com a esfera pública.
Apesar de todas as dificuldades e da consciência de não termos responsabilidade dominante sobre os fatos apurados na Operação Lava Jato, que revela na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país, seguimos acreditando no Brasil.
Ao contribuir com o aprimoramento do contexto institucional, a Odebrecht olha para si e procura evoluir, mirando o futuro. Entendemos nossa responsabilidade social e econômica, e iremos cumprir nossos contratos e manter os nossos investimentos. Assim, poderemos preservar os empregos diretos e indiretos que geramos e prosseguir no papel de agente econômico relevante, de forma responsável e sustentável.
Em respeito aos nossos mais de 130 mil integrantes, alguns deles tantas vezes injustamente retratados, às suas famílias, aos nossos clientes, às comunidades em que atuamos, aos nossos parceiros e à sociedade em geral, manifestamos nosso compromisso com o país. São 72 anos de história e sabemos que temos que avançar por meio de ações práticas, do diálogo e da transparência.
Nosso compromisso é o de evoluir com o Brasil e para o Brasil.
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